Instrumento de comunicação e aprendizagem
por excelência, o telemóvel, nestes tempos de ruído e imagem, que autoridade
resta ao professor que pretende despertar os espíritos para os valores das
matérias que transmite? Falou-se, de facto, na proibição do uso dos telemóveis
na escola, mas, pelo texto crítico da professora ELISA MANERO, ao que parece,
isso não passou de atoarda posta a correr pelos governos timoratos, que não se
atrevem a provocar os pais das crianças, de cujo voto dependem, afinal, pelo
que convém amenizar todas essas imposições, não as aplicando, como, uma vez
mais, ficamos a saber segundo este texto de urgência séria da professora provavelmente
massacrada, na desatenção que o telemóvel favorece. Sim, não passamos de uns
pobres jogadores driblando, torcendo, enganando, no objectivo certeiro do
remate à baliza, impedidos, contudo pelos jogadores contrários, ainda que estes
não passem de crianças, mas com toda a força da sua autoridade permitida,
apesar da lei decretada, que o não foi, afinal. Pobres tolos que somos,
favorecedores do surgimento em massa, de outros tolos, na continuidade de uma
educação de normas de pura ficção, por conveniência não fictícia.
Telemóveis nas Escolas: Uma Intervenção Urgente!
Se não existir protecção aos mais
novos teremos uma geração viciada e um custo para a saúde pública nos próximos
10 anos.
ELISA MANERO, Professora
de Matemática
OBSERVADOR, 05
nov. 2024, 00:119
Hoje recordo a minha adolescência, nos
anos 80, na altura os vícios dos jovens eram o álcool e o tabaco.
Na altura o álcool fazia parte da
alimentação dos mais pobres, existiam
crianças que ao pequeno almoço ingeriam sopas de vinho.
Em
1977, foi lançada em Portugal a Campanha de Educação Alimentar, “ Saber comer é
saber viver” , foi criada a roda dos alimentos, uma representação geométrica e
gráfica que ajudava a escolher e combinar os alimentos que deveriam fazer
parte da alimentação diária.
Em 1978, as crianças bebiam
leite fornecido pelo Estado, nos intervalos das aulas, o Curso de Nutricionismo
tinha sido criado dois anos antes na Universidade do Porto
No final dos anos 80, contaram-me a
seguinte história: um nutricionista foi fazer uma palestra para a zona do
Tâmega sobre a importância da ingestão do leite. No fim, um agricultor disse ao
nutricionista: “Doutor, o meu filho é um homem, não bebe leite”.
Desde esse tempo, já passaram mais de 30
anos.
Na
altura, em Portugal existia um problema de saúde pública, o alcoolismo.
Existiam de Norte a Sul centros de tratamento e prevenção. Os governos na
altura souberam legislar. O que o decreto-lei n.º 106/2015, publicado 16
de Junho, regulamentou que a partir dessa data
estaria proibida a venda e comercialização de todo o tipo de álcool a
menores de 18 anos, o que, na prática, passaria a englobar também o vinho
e a cerveja.
Se
as crianças e jovens não podem beber e fumar, porque é que crianças de dois
anos podem estar com o telemóvel? Ou crianças de 5 anos, que vão agarradas ao
telemóvel nos transportes?
No dia 18 de Setembro a Direcção-Geral
da Educação divulgou um artigo de evidência científica da autoria da Professora Doutora Ivone Patrão sobre o
uso dos telemóveis no espaço escolar. O artigo pretende sintetizar a
revisão da literatura sobre o impacto do uso dos telemóveis em crianças e
jovens (6-18 anos). Apresentam-se
os impactos ao nível da saúde mental, na socialização e orientações práticas
para a gestão saudável do uso do telemóvel no contexto escolar.
Já foram realizados muitos
estudos sobre o uso excessivo de telemóveis e o seu impacto em
crianças e adolescentes, e em muitos países da União Europeia foi restringido o
uso do telemóvel em contexto escolar. Os Médicos Pediatras, e
Psicólogos têm identificado sinais e sintomas na saúde física, mental e social
originados pelo uso excessivo da tecnologia, a saber:
Ansiedade,
depressão e isolamento social são comuns.
Redução
da actividade física e aumento da obesidade
Dificuldades
de concentração e problemas de resolução de problemas
Comportamentos
agressivos: A exposição a conteúdos inadequados como pornografia, vídeos com
conteúdos violentos, podem influenciar comportamentos abusivos.
Dependência
e vício: O uso excessivo pode levar a comportamentos aditivos.
Estes estudos destacam a importância
de limitar e supervisionar o uso de telemóveis, e limitar em idade precoce.
Como mãe, tive sempre a preocupação de
afastar os meus filhos da televisão, do computador e do telemóvel até aos
12 anos. Por vezes a roupa não era passada era só dobrada, não ia para os
centros comerciais, mas eu frequentava todos os parques infantis e locais ao ar
livre da zona que resido. Hoje não me arrependo da roupa que não passei, ou
do tempo que não perdi a passear nos centros comerciais.
Li uma notícia do Jornal Público: “Proibir telemóveis nas escolas? Deputados
querem estudar melhor antes de decidir”. O Parlamento debateu, esta
quinta-feira, a proibição do uso de telemóveis nas escolas. A maioria dos partidos quer estudar melhor o tema e
esperar pelos resultados da recomendação do Governo.”
Como Professora considero que, se
os Políticos têm medo de regulamentar , os Directores da Escolas
também analisam a recomendação, eu na sala de aula pouco posso fazer, a não ser comunicar: O aluno faz uso pessoal do telemóvel durante
a aula.
Em conclusão, se não existir protecção
aos mais novos teremos uma geração viciada e um custo para a saúde pública nos
próximos 10 anos. Quem compra os telemóveis às crianças e jovens
são os Encarregados de Educação e no fim são os Professores que têm de limitar
o seu uso. Esta
questão, põe em causa a relação pedagógica e tem impacto no ambiente de sala de
aula.
COMENTÁRIOS (de 9)
João Floriano: Os deputados não precisam de
mais tempo para pensar. Os deputados sabem perfeitamente que o uso constante do
telemóvel seja onde for, à mesa, nos transportes, na escola, até altas horas da
noite, só pode ser prejudicial. O que há é medo de desagradar aos pais,
porque esses são os primeiros a dizer: «Sim, têm razão acerca dos
telemóveis, MAS....« e é neste MAS que está o verdadeiro problema. O
governo aponta o caminho mas sugere apenas que sejam as escolas a resolver, ou
seja, tem medo de proibir o uso dos telemóveis na escola. O governo
retira-lhes autoridade e por sua vez os órgãos directivos das Escolas continuam
no patamar do Sugerir e puxam o tapete aos professores. Intervenção Urgente
e inequívoca, precisa-se! Liberales
Semper Erexitque: Muita conversa virtuosa mas não se atreve a proíbi-los na sala de aulas. Típica
tuga! Maria Elisa Manero Lemos Rodrigues > Liberales Semper Erexitque: Grata pelo seu
comentário. Cumprimentos Liberales
Semper Erexitque > Maria Elisa Manero Lemos Rodrigues: Cumprimentos e menos
"rissóis" por aí, como uma vez o professor César das Neves chamou aos
telefones móveis. São uma praga. Lígia
Violas: "Quem compra os telemóveis às crianças e jovens são os
Encarregados de Educação e no fim são os Professores que têm de limitar o seu
uso." A questão é mesmo essa: as escolas não têm os meios para assegurar o
cumprimento das regras de utilização de telemóveis que os pais impõem em casa;
e por isso ninguém pode garantir que o próprio filho não vai ser vítima ou o
agressor/responsável por um uso abusivo de telemóvel. Ora isto resolve-se
facilmente: com a imposição de caixas/cacifos de recolha logo à entrada da
Escola ou no 1º tempo da manhã, e consequente devolução à saída. Se o fizermos
já, desde o 5º ano (ou mesmo 7º ano) e mantivermos a medida para os anos
subsequentes, temos o problema resolvido em pouco tempo. Para combater a
inoperância de muitas Escolas, que só prejudica os alunos, as autarquias (ou o
MECI) deveriam assegurar estes armários/cacifos/caixas quanto antes. Maria Elisa Manero Lemos Rodrigues
> Lígia Violas: Grata pelo seu
comentário. Cumprimentos
Maria Augusta Martins: O assunto resolvia-se com imensa facilidade e ganhos
para o Erário, bastava que por cada minuto de uso do dito cujo telelé, pagando
por exemplo 20 ou 30 cêntimos. Depois era só fazer contas, arrecadar o imposto
e ver o uso a decrescer. Fazia-se como se faz no tabaco onde 80% do custo é
imposto. Maria
Elisa Manero Lemos Rodrigues > Maria Augusta Martins: Grata pelo seu comentário, uma
excelente ideia. Cumprimentos
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