terça-feira, 12 de novembro de 2024

LEIAMOS e MEDITEMOS


Sobre os seguintes TEXTOS - ao retardador, porque os deixei escapar, em curto-circuito distraído, com pena minha: De  HENRIQUE SALLES DA FONSECA e os respectivos COMENTÁRIOS de ADRIANO MIRANDA LIMA.

Só posso alertar para a gravidade da questão posta neste curto-circuito civilizacional de que tratam os magníficos textos. Não com a graça da ironia habitual, mas com a preocupação - em pedagógica sátira - sobre um mundo de perversão e ruína que preparamos, distraídos ou indiferentes, o texto anterior, sobre a FÉ provando uma preocupação e talvez um apelo à tal entidade de que a nossa irremediável fraqueza humana carece, como justificação do TUDO/NADA que transportamos.

I- SERENOS vs RADICAIS

Ou
CURTO CIRCUITO

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 11.11.24

Hoje dirijo-me apenas ao Ocidente e começo com uma pergunta: «O que é o Ocidente»? O Ocidente é o conjunto das Nações de base civilizacional de cariz judaico-greco-latino e inerentes de base religiosa, moral e ética revestindo necessariamente uma fórmula política, humanista, democrática, pluripartidária e, como tal, tolerante. O modelo vai da Nova Zelândia ao Canadá e da Noruega ao Chile, pelo o que não é uma questão geográfica, mas sim civilizacional. Com a elevação da liberdade de expressão ao superlativo e com os políticos ocidentais – sobretudo os europeus em ambiente kantiano de «Paz Perpétua», fomos todos conduzidos às chamadas «Lei de programação Militar», eufemismo de desarmamento e ao «politicamente correcto», ou seja, à tolerância dos intolerantes radicais que pretendiam e continuam a pretender a destruição da Civilização Ocidental. Esta destruição aponta picaretas a três pilares: à História, com a vandalização ou até a destruição de grandes símbolos (v.g. ao nível da estatuária); à Moral (v.g. nas chamadas «políticas» de género) à Ética, dando, por exemplo, louvor ao hedonismo e ao «carpe diem».

Constatado o movimento disruptivo tolerado pelo dormente «politicamente correcto», começou a surgir o descontentamento… também por secretismos negociais adivinhados. Alemanha – Alternative für Deutschland Brasil – Bolsonaro Espanha – Vox França – Le Pen … … … Portugal – Chega … e a cereja no topo do bolo, Trump nos EUA combinado com o seu amigo Putin o nosso inimigo. Sim, os extremos imperialistas tocam-se e nós, os ocidentais serenos entramos em curto circuito e ficamos fundidos.

CONCLUSÃO
Urge que os serenos socialistas-democratas, sociais-democratas, centristas-confessos, democrata-cristãos, liberais e conservadores (british style) revejam(os) com minúcia a cartilha do «politicamente correcto» sob pena de o mundo passar para o domínio dos radicais de esquerda e de direita. Oxalá ainda vamos a tempo.

Novembro de 2024

Henrique Salles da Fonseca

 COMENTÁRIO:

 De: ADRIANO MIRANDA LIMA  11.11.2024  19:43

Sr. Doutor, como desde há muito venho afirmando, é com imenso gosto que leio as suas reflexões, aliás, sempre ansiosamente aguardadas. O mesmo acontece com os textos do Seixas da Costa e do Vital Moreira, nos respectivos blogues, porque são dois estimáveis "serenos". Este último dissociou-se há muitos anos do PCP, tornando-se um social-democrata semelhante ao Seixas da Costa. Ora, devolvida a liberdade política ao povo em 1974, desde logo se me afigurou, interiorizando-o como uma certeza inabalável, que os nossos "serenos" pertenciam ao espectro em que se integravam Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral. As diferenças entre eles estavam mais na forma procedimental e em algum conteúdo programático do que na essência filosófica. Esta é que inspira e modela a cultura ocidental, usufruídora do legado "judaico-greco-latino e inerentes de base religiosa, moral e ética revestindo necessariamente uma fórmula política, humanista, democrática, pluripartidária e, como tal, tolerante", como o Senhor bem explica. Portanto, esses nossos "serenos" não só representavam a maioria esmagadora da nação como comungavam do firme propósito de integrar o nosso país na vasta comunidade da "civilização ocidental". Tiveram de se debater com "radicais" surgidos da hibernação ou recém-convertidos, mas tudo ficou definitivamente resolvido, com as contas claramente saldadas, em 25 de Novembro. Agora, nada na História pode considerar-se definitivamente encerrado ou consumado, como, aliás, no-lo demonstram os vários episódios do seu percurso. Caso contrário, não estaríamos hoje preocupados com a semelhança ou equivalência entre certos acontecimentos da actualidade e os que precederam o conflito que entre 1940 e 1945 dilaceraram o continente europeu e envolveram também o norte de África e a Ásia. No fundo, os "radicais" nunca desarmam. Mesmo que a civilização venha a garantir as mais gratas razões para o homem sonhar com um tempo de paz e progresso, os "radicais" encarregar-se-ão de lembrar aos sonhadores que têm de tirar o cavalinho da chuva. Pois, a História demonstra que o "ambiente kantiano de paz perpétua" não é uniformemente compreendido por todos os europeus, sobretudo no mundo eslavo. A eleição de Trump pode ser a gota de água que faltava para que o mundo ocidental, nomeadamente na Europa, saia do seu aparente torpor e mande às urtigas o "politicamente correcto". Não é verdade, Sr. Doutor? Peço desculpa por não ter a sua capacidade de síntese. Abraço ADRIANO LIMA

 ADRIANO MIRANDA LIMA  11.11.2024  21:48: É irresistível não prosseguir o comentário. Diz o Dr. Salles da Fonseca que "... e a cereja no topo do bolo, Trump nos EUA combinado com o seu amigo Putin o nosso inimigo. Sim, os extremos imperialistas tocam-se e nós, os ocidentais serenos entramos em curto circuito e ficamos fundidos." O novo problema com que agora se depara é, efectivamente, a possibilidade de termos nos EUA um extremo imperialista de sinal contrário ou no mínimo divergente do resto do mundo ocidental. Tal introduz um dado novo no quadro geo-político, mais que suficiente para a Europa Ocidental repensar de alto a baixo a filosofia do seu pacifismo. Deitar contas à vida para se introduzir um novo factor de cálculo na matemática da sua existência, para melhor compreender o peso dos vários antagonismos que o cercam num mundo que dá sinais de estar longe da concórdia universal que alguns prognosticaram com um triunfo da globalização. Repare-se que as ameaças não terão apenas o rosto do belicismo armado de ferro e fogo fabricados pela mão humana. Trump afirmou que se está nas tintas para a protecção do ambiente, tanto que prometeu aumentar as explorações petrolíferas. Depois de vermos a dimensão da tragédia ocorrida em Valência, penso que a inventariação e catalogação das ameaças terão de obedecer a novos conceitos. Trump não é minimamente confiável, mesmo que, do alto da sua prosápia e vaidade, prometa acabar com as guerras em 24 horas. É homem até para prometer acabar com os incêndios florestais que frequentemente devastam a Califórnia ou com os furacões que arrasam a Flórida.

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