Sobre
os seguintes TEXTOS - ao retardador, porque os deixei escapar, em
curto-circuito distraído, com pena minha: De HENRIQUE
SALLES DA FONSECA e os respectivos COMENTÁRIOS de
ADRIANO
MIRANDA LIMA.
Só posso alertar para a gravidade da
questão posta neste curto-circuito civilizacional de que tratam os magníficos
textos. Não com a graça da ironia habitual, mas com a preocupação - em pedagógica
sátira - sobre um mundo de perversão e ruína que preparamos, distraídos ou
indiferentes, o texto anterior, sobre a FÉ provando uma preocupação e talvez um
apelo à tal entidade de que a nossa irremediável fraqueza humana carece, como
justificação do TUDO/NADA que transportamos.
Ou
CURTO CIRCUITO
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 11.11.24
Hoje dirijo-me apenas ao Ocidente e
começo com uma pergunta: «O que é o Ocidente»? O Ocidente é o conjunto das Nações de
base civilizacional de cariz judaico-greco-latino e inerentes de base
religiosa, moral e ética revestindo necessariamente uma fórmula política,
humanista, democrática, pluripartidária e, como tal, tolerante. O
modelo vai da Nova Zelândia ao Canadá e da Noruega ao Chile, pelo o que não é
uma questão geográfica, mas sim civilizacional. Com a elevação da liberdade
de expressão ao superlativo e com os políticos ocidentais – sobretudo os
europeus em ambiente kantiano de «Paz Perpétua», fomos todos conduzidos às
chamadas «Lei de programação Militar»,
eufemismo de desarmamento e ao «politicamente correcto», ou seja, à
tolerância dos intolerantes radicais que pretendiam e continuam a pretender a
destruição da Civilização Ocidental. Esta destruição aponta picaretas a
três pilares: à História, com a vandalização ou até a destruição de grandes
símbolos (v.g. ao nível da estatuária); à Moral (v.g. nas chamadas «políticas»
de género) à Ética, dando, por exemplo, louvor ao hedonismo e ao «carpe diem».
Constatado o movimento disruptivo
tolerado pelo dormente
«politicamente correcto», começou a surgir o descontentamento… também por
secretismos negociais adivinhados. Alemanha
– Alternative für Deutschland Brasil – Bolsonaro Espanha – Vox França – Le Pen …
… … Portugal – Chega … e a cereja no topo do bolo, Trump nos EUA combinado com o seu amigo Putin o nosso inimigo.
Sim, os extremos imperialistas
tocam-se e nós, os ocidentais serenos entramos em curto circuito e ficamos
fundidos.
CONCLUSÃO
Urge que os serenos
socialistas-democratas, sociais-democratas, centristas-confessos,
democrata-cristãos, liberais e conservadores (british style) revejam(os) com
minúcia a cartilha do «politicamente correcto» sob pena de o mundo passar para
o domínio dos radicais de esquerda e de direita. Oxalá ainda vamos a tempo.
Novembro de 2024
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIO:
De: ADRIANO MIRANDA
LIMA 11.11.2024 19:43
Sr. Doutor, como desde há muito venho
afirmando, é com imenso gosto que leio as suas reflexões, aliás, sempre
ansiosamente aguardadas. O mesmo acontece com os textos do Seixas da
Costa e do Vital Moreira, nos respectivos blogues, porque são dois
estimáveis "serenos". Este último dissociou-se há muitos anos do
PCP, tornando-se um social-democrata semelhante ao Seixas da Costa. Ora,
devolvida a liberdade política ao povo em 1974, desde logo se me afigurou,
interiorizando-o como uma certeza inabalável, que os nossos
"serenos" pertenciam ao espectro em que se integravam Mário Soares,
Sá Carneiro e Freitas do Amaral. As diferenças entre eles estavam mais na forma
procedimental e em algum conteúdo programático do que na essência filosófica.
Esta é que inspira e modela a cultura
ocidental, usufruídora do legado "judaico-greco-latino e inerentes de base
religiosa, moral e ética revestindo necessariamente uma fórmula política,
humanista, democrática, pluripartidária e, como tal, tolerante", como o
Senhor bem explica. Portanto, esses nossos "serenos" não só
representavam a maioria esmagadora da nação como comungavam do firme propósito
de integrar o nosso país na vasta comunidade da "civilização
ocidental". Tiveram de se debater com "radicais" surgidos da
hibernação ou recém-convertidos, mas tudo ficou definitivamente resolvido, com
as contas claramente saldadas, em 25 de Novembro. Agora, nada na História pode considerar-se definitivamente encerrado ou
consumado, como, aliás, no-lo demonstram os vários episódios do seu percurso. Caso
contrário, não estaríamos hoje preocupados com a semelhança ou equivalência
entre certos acontecimentos da actualidade e os que precederam o conflito que
entre 1940 e 1945 dilaceraram o continente europeu e envolveram também o norte
de África e a Ásia. No fundo, os "radicais" nunca desarmam. Mesmo que
a civilização venha a garantir as mais gratas razões para o homem sonhar com um
tempo de paz e progresso, os
"radicais" encarregar-se-ão de lembrar aos sonhadores que têm de
tirar o cavalinho da chuva. Pois, a História demonstra que o
"ambiente kantiano de paz perpétua" não é uniformemente compreendido
por todos os europeus, sobretudo no mundo eslavo. A eleição de Trump pode ser a gota de água que faltava para que o
mundo ocidental, nomeadamente na Europa, saia do seu aparente torpor e mande às
urtigas o "politicamente correcto". Não é verdade, Sr. Doutor?
Peço desculpa por não ter a sua capacidade de síntese. Abraço ADRIANO LIMA
ADRIANO MIRANDA
LIMA 11.11.2024 21:48: É irresistível não prosseguir o
comentário. Diz o Dr. Salles da Fonseca que "...
e a cereja no topo do bolo, Trump nos EUA combinado com o seu amigo Putin o
nosso inimigo. Sim, os extremos imperialistas tocam-se e nós, os ocidentais
serenos entramos em curto circuito e ficamos fundidos." O novo
problema com que agora se depara é, efectivamente, a possibilidade de termos
nos EUA um extremo imperialista de sinal contrário ou no mínimo divergente do
resto do mundo ocidental. Tal introduz um dado novo no quadro geo-político,
mais que suficiente para a Europa Ocidental repensar de alto a baixo a
filosofia do seu pacifismo. Deitar contas à vida para se introduzir um novo
factor de cálculo na matemática da sua existência, para melhor compreender o peso dos vários antagonismos que o cercam
num mundo que dá sinais de estar longe da concórdia universal que alguns
prognosticaram com um triunfo da globalização. Repare-se que as ameaças
não terão apenas o rosto do belicismo armado de ferro e fogo fabricados pela
mão humana. Trump afirmou que se está nas tintas para a protecção do
ambiente, tanto que prometeu aumentar as explorações petrolíferas. Depois de vermos a dimensão da tragédia
ocorrida em Valência, penso que a inventariação e catalogação das ameaças terão
de obedecer a novos conceitos. Trump
não é minimamente confiável, mesmo que, do alto da sua prosápia e vaidade,
prometa acabar com as guerras em 24 horas. É homem até para prometer acabar com
os incêndios florestais que frequentemente devastam a Califórnia ou com os
furacões que arrasam a Flórida.
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