sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Mando, posso e quero

 

Ou a força contra a fraqueza, estão na origem dos actos de violência, parece-me, e assim foi sempre, desde que o mundo é mundo e o Jeová foi um dos que a praticou com a superioridade do seu poder sobre os nossos pais primeiros e mesmo sobre os segundos de que trata a Bíblia, seguindo-se-lhe as violências entre os muitos heróis gregos e troianos, com as respectivas ajudas das divindades protectoras respectivas, que tinham as suas forças especiais. Mas o deus bíblico foi o mais convincente, pois até pôde arrasar a raça humana com dilúvio providencial castigador, de uma violência inédita.

Julgo que faz parte, a violência, da natureza animal, corroborada pela inteligência e o poder, motivada por vezes, por invejas, por isso não vai extinguir-se nunca. Por cá, ultimamente, os socialistas pregadores da virtude, embora, também a usaram, e vão continuar. Desestabilizando, por terem a faca e o queijo nas mãos da fraternidade condicionada, mas quanto ao que nos importa a nós, vemos bem como o tal domínio da força – e da forca, por figurada que esta possa parecer – resulta também da força retórica dos partidos do contra, representantes das tais maiorias populares, e que se beneficiam da doutrinação desses seus apoiantes, tendo como impulsionadores, os tais que andam hoje em lutas da sua força opressora, sempre apoiados e seguidos - à distância, embora - pelos que os muito amam por cá, e usam da sua liberdade oratória para destruir o próprio país…

O tema  vem a propósito do brilhante texto de LUÍS SOARES DE OLIVEIRA:

LUIS SOARES DE OLIVEIRA

3 d  · 

DA VIOLÊNCIA

Seria certo, como pretendia Engels, que os socialistas não poderiam usar argumentos para persuadir os capitalistas? Embora a humanidade tivesse atingido a era da racionalidade, não seria mesmo assim possível apelar para a razão objectiva. A racionalidade não era suficiente para remover do caminho, adversários gananciosos. O "nosso" Afonso Costa raciocinava de modo semelhante. O cuidado com que escolheu os meios de violência a usar combinado com a secura da sua oratória mostram que não esperava muito da verbalização, mas contava com os trolhas.

A velha sabedoria política diz-nos que o que produz efeito num movimento político são os meios usados e não tanto os objectivos invocados. Um movimento despido de doutrina moral, permeável ao uso da força não impõe ordem em parte nenhuma, mas atrai terroristas e outros sociopatas. O terrorista que adere, fá-lo porque quer praticar terrorismo e não porque deseje acabar com uma injustiça. O terrorismo estimula o seu amor próprio, a vontade de ser respeitado. Liberdade está longe de ser o fim supremo:

A violência manifesta-se em várias circunstâncias, entre as quais, nas situações de perplexidade. Quando o homem não consegue conjugar a sabedoria recebida com os desafios reais que lhe surgem, tende a recorrer à violência. Isso é patente na criança, mas tem recorrências na fase adulta.

Hannah Arendt que estudou violência a fundo - diz-nos que esta é a forma última do poder. Toda a diminuição de poder ou qualquer sinal de fraqueza da parte do poderoso é um convite aberto à violência.

A violência nasce do medo. Os chineses têm um ditado que diz quando dois cobardes se encontram numa ponte suspensa pedonal resulta violência. Hannah Arendt notou mais que a violência repressiva acontece sempre que o aparelho produtivo está ameaçado.

E assim foi. Segundo J. Pacheco Pereira, «a I Republica portuguesa foi um tempo de varapaus físicos e teóricos com um cultura política belicosa e bastante menos tolerante do que em geral se presume. Durante 16 anos, republicanos sovaram padres e trabalhadores rurais, carbonários colocaram bombas. A confederação patronal armou pistoleiros, houve assassinatos políticos e a sociedade enveredou pela intolerância religiosa». Isto aconteceu porque, o povo tendo sido afastado do processo decisório, nunca assimilou o conceito de ordem pública como ganho colectivo e não individual ou de facção. Pior porém, não assimilou a ideia de responsabilidade pessoal.

 

Todas as reacções: 1616

 

6 COMENTÁRIOS

Augusto Correia: Muito claro. Atrevo-me respeitosamente a reforçar citando do último artigo de António Barreto: Nada substitui a responsabilidade individual. Sem responsabilidade individual, não há cidadania nem direitos humanos.”

Luis Soares de Oliveira: É isso mesmo...

Nuno Santos Pinheiro: O terrorismo é efectivamente estimulado pelo amor-próprio mas também pela ideologia.

Luis Soares de Oliveira: Também, mas pouco ...

Nuno Santos Pinheiro

Luis Soares de Oliveira: não me parece que tenhas razão!!

Aida Franco Nogueira: Será que estamos a regressar aos tais 16 anos da I República?

Gosto.

Nenhum comentário: