Ou a força contra a fraqueza, estão na
origem dos actos de violência, parece-me, e assim foi sempre, desde que o mundo
é mundo e o Jeová foi um dos que a praticou com a superioridade do seu poder
sobre os nossos pais primeiros e mesmo sobre os segundos de que trata a Bíblia,
seguindo-se-lhe as violências entre os muitos heróis gregos e troianos, com as
respectivas ajudas das divindades protectoras respectivas, que tinham as suas
forças especiais. Mas o deus bíblico foi o mais convincente, pois até pôde
arrasar a raça humana com dilúvio providencial castigador, de uma violência
inédita.
Julgo que faz parte, a violência, da
natureza animal, corroborada pela inteligência e o poder, motivada por vezes, por
invejas, por isso não vai extinguir-se nunca. Por cá, ultimamente, os
socialistas pregadores da virtude, embora, também a usaram, e vão continuar. Desestabilizando,
por terem a faca e o queijo nas mãos da fraternidade condicionada, mas quanto
ao que nos importa a nós, vemos bem como o tal domínio da força – e da forca,
por figurada que esta possa parecer – resulta também da força retórica dos
partidos do contra, representantes das tais maiorias populares, e que se
beneficiam da doutrinação desses seus apoiantes, tendo como impulsionadores, os
tais que andam hoje em lutas da sua força opressora, sempre apoiados e
seguidos - à distância, embora - pelos que os muito amam por cá, e usam da sua
liberdade oratória para destruir o próprio país…
3 d ·
DA VIOLÊNCIA
Seria certo, como pretendia
Engels, que os socialistas não poderiam usar argumentos para persuadir os
capitalistas? Embora a humanidade tivesse atingido a era da racionalidade, não
seria mesmo assim possível apelar para a razão objectiva. A racionalidade não era suficiente para remover
do caminho, adversários gananciosos. O
"nosso" Afonso Costa raciocinava de modo semelhante. O cuidado com que escolheu os
meios de violência a usar combinado com a secura da sua oratória mostram que
não esperava muito da verbalização, mas contava com os trolhas.
A velha sabedoria política
diz-nos que o que produz efeito num
movimento político são os meios usados e não tanto os objectivos
invocados. Um
movimento despido de doutrina moral, permeável ao uso da força não impõe ordem
em parte nenhuma, mas atrai terroristas e outros sociopatas. O terrorista que adere, fá-lo
porque quer
praticar terrorismo e não porque deseje acabar com uma injustiça. O
terrorismo estimula o seu amor próprio, a vontade de ser respeitado. Liberdade
está longe de ser o fim supremo:
A violência
manifesta-se em várias circunstâncias, entre as quais, nas situações de perplexidade. Quando o homem não consegue
conjugar a sabedoria recebida com os desafios reais que lhe surgem, tende a
recorrer à violência. Isso é patente na criança, mas tem recorrências na fase
adulta.
Hannah Arendt que estudou violência a fundo
- diz-nos que esta é a forma última do poder. Toda a
diminuição de poder ou qualquer sinal de fraqueza da parte do poderoso é um
convite aberto à violência.
A violência
nasce do medo. Os chineses têm um ditado que diz quando dois cobardes se encontram
numa ponte suspensa pedonal resulta violência. Hannah Arendt notou mais que a violência repressiva acontece
sempre que o aparelho produtivo está ameaçado.
E assim foi. Segundo J. Pacheco Pereira, «a I Republica portuguesa foi
um tempo de varapaus físicos e teóricos com um cultura política belicosa e
bastante menos tolerante do que em geral se presume. Durante 16 anos, republicanos sovaram padres e
trabalhadores rurais, carbonários colocaram bombas. A confederação patronal armou
pistoleiros, houve assassinatos políticos e a sociedade enveredou pela
intolerância religiosa». Isto aconteceu porque, o povo tendo sido afastado do processo
decisório, nunca assimilou o conceito de ordem pública como ganho colectivo e
não individual ou de facção. Pior porém,
não assimilou a ideia de responsabilidade pessoal.
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6 COMENTÁRIOS
Augusto Correia: Muito claro. Atrevo-me respeitosamente a
reforçar citando do último artigo de António Barreto: “Nada substitui a responsabilidade
individual. Sem responsabilidade individual, não há cidadania nem direitos
humanos.”
Luis Soares de Oliveira: É isso mesmo...
Nuno Santos Pinheiro: O terrorismo é efectivamente
estimulado pelo amor-próprio mas também pela ideologia.
Luis Soares de Oliveira: Também, mas pouco ...
Luis Soares de Oliveira: não me parece que tenhas
razão!!
Aida Franco Nogueira: Será que estamos a regressar
aos tais 16 anos da I República?
Gosto.
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