Digo, sobre os reis – pelo menos os reis pátrios – e o discurso
diferiria, no ódio contra a realeza. Um bonito texto educativo que tem a ver,
todavia, com o berço em que se nasce e com o tacho em que se come. Realmente, os
reis não precisam de lutar por nada desses requisitos, berço e tacho não lhes
são contestados - e oxalá que nunca o sejam, nem na Espanha nem nos outros
lugares da terra onde eles existem. De facto, rei é rei, tal como o leão o é da
selva, nobre entre os mais. E belo. E poderoso. Impõe-se como tal – falo do rei
humano - respeitado como tal, educado para tal. Para ser rei. O “Sttrugle for
life” é esmagador, de facto. E nem sempre compensador.
O Rei ao lado do povo
Pedro Sanchez mostrou que não tem e
que, por outro lado, o Rei de Espanha mostrou ter o saber de fazer com a
categoria de um grande líder.
BRUNO BOBONE, Presidente
do Grupo Pinto Basto
OBSERVADOR, 07 nov. 2024, 00:15
Esta semana assistimos a uma
manifestação daquilo que é a honorabilidade daqueles que verdadeiramente são
líderes responsáveis e comprometidos com o povo e aqueles que sem qualquer
vergonha apenas se beneficiam do poder que detêm e que apenas se preocupam
consigo mesmos.
Em Valência, depois da
desgraça sofrida com as inundações da passada semana, os reis de Espanha,
acompanhados do presidente do governo do seu país e do presidente da região,
visitaram uma localidade para manifestar a sua solidariedade ao povo que tanto
tem sofrido.
A reacção popular foi radical e, com
uma agressividade enorme, atacaram os representantes do Estado e da região, não
só com insultos, mas mesmo com agressões físicas que se tornaram muito difíceis
de aguentar.
Mas foi na reacção a essas agressões,
que assistimos àquilo que é a postura séria e responsável de um líder que não
volta as costas à população e que, em
frente de uma multidão em contestação agressiva, se mantém sereno, tenta
conversar com as pessoas tratando-os como tal e tentando compreender aquilo que
sentem e que necessitam, e outro que, sem
qualquer pejo e sem sequer olhar aos restantes membros da comitiva, na qual se
contava o Chefe de Estado, parte em debandada, salvando a pele sem querer saber
de nada nem de ninguém, que não de si próprio.
Ser líder significa ter a
responsabilidade sobre uma comunidade, seja nos tempos fáceis, seja nos tempos
difíceis.
É ter a capacidade de colocar os outros
antes de si mesmo, de olhar as necessidades dos outros antes das nossas, de
estar pronto para ter que sofrer pelo bem da comunidade.
Pois foi isso que Pedro Sanchez mostrou
que não tem e que, por outro lado, o Rei de Espanha mostrou ter o
saber de fazer com a categoria de um grande líder.
É
a diferença entre os líderes que durante séculos fomos habituados a reconhecer,
de quem sempre sabemos poder esperar e exigir, daqueles que hoje as nossas
sociedades produzem, gente que apenas se preocupa com a imagem para ganhar
eleições, mas que depois não está minimamente preparado para enfrentar as
dificuldades nem para nos ajudar nas nossas necessidades.
Líderes que olham para si e nunca para os que lideram.
Pedro Sanchez visitou Paiporta, para
ganhar votos e créditos para a sua carreira política e como não foi isso que aí
encontrou, fugiu covardemente, abandonando todos os que o acompanhavam deixando
inclusivamente o seu Rei à mercê de quem os contestava, sem sequer olhar para
trás.
Da
postura a que assistimos por parte de Filipe VI, a sua preocupação não era de
proveito próprio, mas sim de verdadeira preocupação pelo seu povo.
A liderança séria é hoje uma raridade
que temos a sorte de poder encontrar em poucos locais.
A promoção do facilitismo como forma
de conseguir aceder ao lugar de líder resulta na falta de qualidade dessas lideranças.
A falta de tolerância sobre a opinião
do adversário e a promoção do facilitismo para ganhar apoios resulta na
destruição da nossa sociedade e destrói os valores que tanto esforço levou a
criar.
E não é por ser monarca que o
Rei cumpriu a sua obrigação, foi por saber cumprir a sua obrigação que Filipe
VI, devolveu mais respeito à monarquia espanhola.
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