Concordando com o sentido pessimista da mensagem de Salles da Fonseca – sobre a inanidade –
que é vento – da situação da Embaixada Portuguesa – em Itália, no caso presente
– discordo do comentário de Anónimo, sobre a atribuição a todos os políticos do
epíteto “perfunctório” em análise. Mau
grado tanto de negativo existente na actuação dos nossos políticos, a verdade é
que, segundo a sentença “da discussão
nasce a luz”, os comentadores das várias facções políticas despertaram no
país um fervilhar mais ou menos emocionado de consciências críticas, que se
repercutem nos muitos analistas que povoam o nosso jornalismo e não só. E por
isso devemos ser gratos a uma abertura democrática no país, que o possibilitou.
Quanto à questão da Embaixada nos espaços do Quirinal - « No nosso caso, ambas as Embaixadas estão instaladas
principescamente mas não investiguei se o seu périplo também se pode fazer
perfunctoriamente. A ver…» - do cepticismo de Salles da Fonseca, procurei, na Internet, traços da passagem do
último Embaixador por lá, que transcrevo, ciente de que, apesar da sua
convicção optimista, nem tudo corre segundo modelos de correcção. Mas há sempre
um amanhã…
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO 25.12.18
Foi
preciso ter uns maduros 73 anos para hoje ver pela primeira vez uma palavra tão
portuguesa como eu, mas com que nunca me tinha cruzado: «perfunctório».
Caramba,
estou sempre a aprender!
Ofereço-me
esta lição como presente de Natal mas, como sou magnânimo, divido-o
equitativamente com quem ler este escrito.
Ido
ao Dicionário Priberam, fiquei a saber que palavra
tão estranha significa algo que dura pouco, que é leve, passageiro, por
oposição a duradouro ou a permanente; que é pouco importante ou pouco
aprofundado, que é ligeiro, superficial, por oposição a profundo; que se faz só para se dizer que se fez e
não por necessidade ou com algum fim útil, por oposição a essencial, a indispensável.
Parece
que estou a ler uma frase jocosa do Eça em que, pela fonética, se assemelha a
«supositório». Mas também poderia ser o nome de algum instrumento próprio para
ele limpar as fossas nasais. Esta última hipótese deve ser por causa da sílaba
«func» e, claro está, pela sonoridade inerente à draconiana função
naso-expiratória.
Mas
não, a frase que li é a tradução portuguesa da que presumo sua homóloga
inglesa escrita por um americano
judeu auto-exilado em Roma na sequência do suicídio da mulher duma ponte
abaixo algures na Carolina do Sul.
Para
começo de livro[1] –
e isto passa-se logo na primeira página do primeiro capítulo - acho «especial»
para não dizer macabro.
Então,
foi pelas seis da manhã que os dois carabinieri de
guarda à Embaixada de França acenderam cigarros e puseram em marcha o carro de
serviço em que se preparavam para fazer «a
perfunctória ronda ao Palazzo Farnese».
E duma assentada fiquei a saber que a Embaixada
de França junto do Quirinale está instalada no Palácio Farnese cujo périplo se pode fazer
perfunctoriamente.
A
talhe de foice, o facto de uma Embaixada estar «junto do Quirinale» não tem
qualquer significado de proximidade geográfica mas sim de «acreditado junto da República Italiana», ou seja, do palácio que
é a residência oficial do Chefe do Estado Italiano.
Mais: qualquer país que se preze
tem duas Embaixadas em Roma sendo uma «junto do Quirinale» e outra «junto da
Santa Sé» (do Vaticano).
No
nosso caso, ambas as Embaixadas estão instaladas
principescamente mas não investiguei se o seu périplo também se pode fazer
perfunctoriamente. A ver…
24 de Dezembro de 2018
Henrique Salles da Fonseca
Um comentário
Anónimo 25.12.2018 12:57
Os políticos é que deviam ser definitivamente
perfunctórios!
Mensagem do
Embaixador
Ao assumir, com grande
satisfação, as funções de Embaixador de Portugal em Itália, gostaria de vos
saudar e dar as boas vindas a este espaço de encontro virtual da nossa
Embaixada.
As relações entre Portugal e a
Itália, apesar de milenares, conhecem hoje uma dinâmica de aprofundamento e
intensificação assinaláveis, não só no plano institucional, como também no
relacionamento entre os nossos dois povos. Além
da importância económica e cultural das relações luso-italianas, por todos
reconhecida, é notável o reforço do intercâmbio entre os cidadãos dos dois
países, seja no quadro laboral, na mobilidade de jovens estudantes
universitários, ou nos cada vez mais importantes fluxos turísticos, como atesta
o número cada vez maior de italianos que redescobrem Portugal, encontrando um
país moderno, inovador e acolhedor.
Um dos grandes contributos para
este reencontro vem, estou certo, da Comunidade Portuguesa em Itália, a quem
quero deixar uma palavra de profundo apreço e agradecimento pelo esforço,
dedicação e sucesso com que diariamente contribuem para o reconhecimento,
elevação e dignificação do nosso país aqui.
Nesta época em que os meios de
comunicação ao nosso dispor nos permitem chegar directamente a um número cada
vez maior de pessoas, quero reafirmar o empenho desta Missão na
disponibilização destes canais não apenas como espaços de informação e
divulgação, mas também como plataformas para acolher sugestões e comentários
que possam contribuir para a melhoria do serviço público que aqui prestamos.
Aproveito para reiterar o meu
empenho pessoal e de todos os colaboradores desta Missão na prossecução destes
objectivos.
Francisco Ribeiro Telles
Embaixador de Portugal
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