sábado, 15 de dezembro de 2018

Evolução passiva mas eficaz

Duas crónicas acrescidas dos respectivos comentários que denunciam o estado de sítio a que chegámos – por enquanto ainda só de preocupação, entre nós, que não temos mais para dar, a não ser servir de passagem (para a Europa, está visto), até ver. Servir de passagem, no caso desses do Pacto, questão tratada valentemente por Alberto Gonçalves, e seus apoiantes, e que o nosso camarada Guterres tanto contribuiu para estabelecer, que se vê mesmo que é alma boa, não a de Setsuan, mas a do nosso Portugal, amante dos que sofrem, pois tem-no dito, com o seu ar sofredor e contrito, de defensor – democraticamente informado - das igualdades sociais, justificativas das tais políticas da globalização, que ora apontam para as competências da China para se infiltrar em todo o terreno - como fazem alguns veículos automóveis compinchas – assunto da magnífica resenha historiográfica de Salles da Fonseca sobre o avanço chinês no espaço terráqueo – como a da magnífica demonstração de Alberto Gonçalves – a respeito do tal Pacto permissivo do avanço de tantas gentes por este farto mundo ocidental, que lhes abriu as portas do desenrascanço, depois de lhes ter fechado as portas da civilização e da segurança, com a expulsão dos seus colonizadores e entrega aos seus dirigentes naturais.

Mas é uma evolução histórica passiva e aturada, esta, da penetração da China e dos povos fugitivos migratórios, por uma Europa cordial, sobretudo, não a tão sumária dessas duas guerrazitas de 4 anos ou 5, apenas, embora com muito inferno de bulha destruidora, do passado século. Esta deste século, da globalização em fraternidade, só desestabiliza um pouco, criando mais fome e muita guerrilha. Mas é uma guerra circunscrita a breves focos, posto que vistosos, que a mídia fornece calorosamente, com o aval do nosso Guterres sofredor, tal como o Santo Papa Francisco - apoiado pelos nossos, também infiltrados, em tempos, Costa e parceria, sem aval ainda, mas que vão continuar a sê-lo – infiltrados, digo, embora já com aval - tais como os migrantes do Pacto avalizador. Não há que temer, pois eles vão bem e dão certezas e sorrisos, para manutenção da nossa passividade e simpatia, conquanto não tão esclarecida como a dos heróis e heroínas de Brecht.
I - CHAU-MIN – 2
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 14.12.18
O TIRO NO PÉ
A grandeza da China deve-se, em primeiro lugar, ao facto de ela ser grande em termos absolutos e, em segundo lugar, ao outro facto de ter sido o Ocidente que a fez grande em termos relativos.
Cada um de nós, com mais de 60 anos, é um autêntico documento coevo do processo de deslocalização empresarial do centro civilizacional e de progresso formado pelo eixo Europa Ocidental-América do Norte para as respectivas periferias e para o Extremo Oriente. Bem nos lembramos como tudo começou com o encontro Nixon-Chu En Lai em 1972…
O objectivo imediato era o de ajudar a China a «dar o salto» por cima do atoleiro em que Mao Tsé Tung a metera e, numa fase posterior, o de a afastar progressivamente do vício comunista. O instrumento seria pela instalação na China de empresas que criassem novos postos de trabalho, introduzissem tecnologia moderna, formassem o pessoal e abastecessem o mercado doméstico chinês de modo a que a população pudesse ir ganhando melhores níveis de satisfação das respectivas necessidades.
E o que aconteceu?
Sim, aconteceu isso e muito mais. As empresas ocidentais gostaram de uma mão de obra muito barata, de um ambiente laboral avesso à contestação por estar domesticado por «sindicatos» fictícios e pela inexistência dessa maçada que é a legislação ambiental. De tal modo que começaram a pensar que a China poderia ser um antídoto contra os Sindicatos ocidentais e uma fuga aos maçadores do ozono e outras bexiguices quejandas. E se bem o pensaram, melhor o fizeram deslocalizando para a China não apenas as empresas destinadas ao abastecimento daquele mercado mas também as que tinham ficado na base. E o mercado mundial ficou espojado aos seus pés.
A consequência mais mediática foi a falência da Cidade de Detroit mas convenhamos que deve ser interessante trabalhar em capitalismo descontrolado, selvagem, com desobrigações sociais, mão de obra especialmente barata e dócil, em défice ambiental sem preocupações com efluentes gasosos, pastosos, sólidos ou…
A globalização é isto mesmo: o nivelamento por baixo, um tiro nos pés de quem estava habituado a mordomias que não existem em Xangai.
COMENTÁRIOS:
Anónimo: E a procissão ainda vai no adro!



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