sábado, 8 de dezembro de 2018

Se, ao menos tivéssemos algum poder económico…



É aí também que está o busílis. Fôssemos nós mais capazes financeiramente, não tínhamos que nos sujeitar a tanta leviandade e subserviência perante os povos da nossa triste dependência. Hoje a conversa do nosso desespero – meu e do meu filho mais novo – versou sobre as quatro casas chinesas posicionadas numa estreita área da terra onde vivo, as quais, de vez em quando, abrem falência, fechando as portas. Curiosamente, dias depois reabrem, talvez com novas gerências, ainda que os empregados permaneçam os mesmos. Parece que as lojas chinesas não pagam impostos durante cinco anos, por isso, de cinco em cinco anos, fecham, para reabrir, a abarrotar de coisas necessárias, embora de fraca aparência, o “made in China” facilmente danificável e não tão barato assim, que a China vai alastrando, calmamente, imperiosamente, sem dar cavaco, embora agora os presidentes já se visitem, Marcelo aí vai à China, também, qualquer dia, talvez leve uns vinhos para as ofertas. E o comércio português, por cá, vai abrindo e fechando, mas por insolvência, que os impostos anuais não perdoam, ao contrário do chinês. Um país grevista, o nosso, prova de que quem faz a greve, dias seguidos, não está tão mal de fundos como dizem os que os instigam às greves, pois não recebem nesses dias e arriscam-se, alguns deles, a perder o emprego, se as suas empresas fecharem. Parece insensatez.
Mas afinal, desviei-me do comentário ao texto de Alberto Gonçalves, que não perdoa – aos governantes também, é certo, que têm que engolir todos esses sapos do rebaixamento de uma falsa civilidade - mas sobretudo aos radicalismos apatetados dos novos inquisidores na mudança dos conceitos – se é que são conceitos essas mutações de pontos de vista sócio-gramaticais que Alberto Gonçalves ridiculariza tão pertinentemente, e bem assim os seus comentadores, por vezes, em longas tiradas de indignação.

Os mariquinhas da Inquisição e outras histórias de encantar /premium
OBSERVADOR, 8/12/18
Da anexação do Ritz e do trânsito lisboeta à tomada da EDP, do BCP e etc., é natural notar-se quem manda e quem obedece. Mas o prof. Marcelo escusava de tornar a diferença de estatuto tão evidente.
Brian Griffin: Senhoras e senhores, estou aqui hoje para me desculpar…
Voz na multidão de linchamento: Porque é que dizes “senhoras” primeiro?
Voz 2: Isso é sexista!
Brian: Era apenas uma saudação convencional… Deixem-me recomeçar: senhores e senhoras…
Voz 3: Ó, diz o homem…
Brian: Certo, desculpem. Humanos presentes…
Voz 4: Eu identifico-me como bola de basquete!
Brian: Humanos e bolas de basquete…
Voz 5: Eu sou um papagaio que repete palavras mas não as compreende! (…)
Brian:
Bem, bem, vamos ter calma, ok?
Voz 6: Agora estás a policiar o nosso tom!
Voz 7: Isso faz-me sentir desconfortável. E tudo o que me faça sentir desconfortável em 2017 deve ser ilegalizado.
Family Guy, temporada 16/episódio 6 (“The D in Apartment 23”)
Enquanto na Irlanda se exige a censura de uma canção dos Pogues (“Fairytale of New York”, porque inclui a palavra “faggot”, pejorativo de homossexual), na América o comediante Kevin Hart foi forçado a desistir da apresentação dos Óscares após as patrulhas da moral terem desencantado remotas considerações do homem sobre os “faggots”, perdão, os homossexuais. Além de pedir dispensa do convite, Hart pediu desculpa. Era escusado.
Os Novos Inquisidores não querem ouvir desculpas: à semelhança dos Velhos, querem farejar blasfêmias, perseguir os blasfemos, arruinar-lhes as vidas e, no final do serviço, experimentar a satisfação do dever cumprido. Espreguiçam-se no sofá, reservam uma pausa para a autocongratulação e, num instante, estão de regresso ao trabalho, à descoberta de outras transgressões e outros incautos para humilhar e destruir. Eles apontam com o dedinho trémulo a “homofobia”, o “machismo”, o “racismo” e o que calha de ferir a “sensibilidade” de “minorias” largamente imaginárias. Eles são bons e castos e superiores. Alguns deles transformam o sujo exercício numa carreira, com frequência lucrativa.
Porém, é um erro presumir que só o materialismo e a sede de poder movem essa gente.  Acredito piamente que quem se presta a tão grotescas figuras, na maior parte das vezes apenas a troco de uns “likes” ou “retweets” dos seus pares, tem de sofrer de algum distúrbio mental, ou, em linguagem pré-totalitária, é doido varrido. Não arrisco decidir que a doideira é consequência de frustrações recalcadas ou possui origens biológicas. Em qualquer dos casos, trata-se de indivíduos muito doentes, merecedores de que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para os ofender, com entusiasmo proporcional à respectiva susceptibilidade.
Termino com uma nota. No episódio de “Family Guy” em epígrafe, o que mobilizou os inquisidores contra Brian foi o seguinte tweet: “A caminho do último filme de Kevin Hart. Estou a brincar. Sou branco e frequentei a universidade.”

COMENTÁRIOS
António Moreira: O discurso alucinado dos professores e discípulos da ideologia do género está num ponto tal que eu já nem sei se quero que pare ou se quero que continue. É que o ridículo dos inquisidores de que fala AG é tanto que as reacções são não só inevitáveis, como já estão mesmo a aparecer. Veja-se o Bolsonaro no Brasil, que apesar da enorme “ajuda” que teve para ser eleito por via do fartar vilanagem que foram os governos PT, teve também uma enorme “ajuda” na sua eleição que foi o discurso da ideologia do género que a esquerda em peso adoptou nos últimos anos. Na verdade, acho que o melhor mesmo é que os inquisidores mariquinhas prossigam com a actividade frenética em que têm andado. Quanto mais isso acontecer mais perto estamos de eles se calarem de vez.
maco mape: "Não vou adjectivar a Assembleia da República porque não preciso: a circunstância de o dr. Ferro Rodrigues ser o respectivo presidente é insulto bastante. E a definição pertinente de um “órgão” que, ao invés do pâncreas, é tanto melhor quanto menos funcionar." - bullseye!! “Assim de repente, fica a ideia de que o prof. Marcelo só antipatiza com estadistas eleitos. Nisso compreendo-o: alguns são de facto embaraçosos." - pure gold!!
Maria Alva: Excelente, AG. Sublinho a subserviência agoniante demonstrada ao Xi  pelas nossas elites, a começar pelo Marcelo (que só faltou arrastar-se de joelhos para ser convidado a ir à China), e a delícia da frase " a circunstância do Dr. Ferro Rodrigues ser o respectivo presidente, é insulto bastante!
Paulo Silva: A interessante crónica de Alberto Gonçalves está indexada ao tópico ‘China’, provavelmente por ser um dos temas da nossa actualidade política abordados, mas devia estar sob o tópico ‘Moralistas e outros santos virtuosos’, e é o que o título logo a seguir parece sugerir com referência ao Santo Ofício.
De facto as brigadas da moral e dos bons costumes do Marxismo Cultural estão cada vez mais visíveis e activas engolindo tudo e todos - em especial os “idiotas úteis” que nem se dão conta. Um bom exemplo é dado nas últimas linhas da crónica. Tal como AG, também acho que estes patrulheiros carecem de estabilidade emocional, provocada pela sede de poder, e a sede de vingança que lhes corrói as entranhas e o espírito.
Não me choca que uma Democracia mantenha relações diplomáticas e comerciais com uma ditadura. Durante a Guerra Fria os opostos EUA e ex-URSS mantiveram-nas. Uma questão de ponderação de ‘princípios’ versus ‘interesses de Estado’. Como diz o outro, real politik… No caso da China até percebo, Cuba nem tanto. Só se for pelos médicos escravos… O que choca é a bajulação ideológica de certas organizações partidárias a essas tiranias, contraposta ao zelo democrático serôdio e funcional dessas testemunhas de Jeová que são os bloquistas. Quanto ao pecadilho ou fait-divers dos votos fantasma já aqui tive oportunidade de me manifestar. Esse parece um sintoma da hipocrisia e da imbecilização que grassa na sociedade portuguesa. Já quando foi para justificar a golpada de 2015 puseram o ‘deputado’, mero peão das direcções de bancada, nos píncaros. “Os eleitores não elegem primeiros ministros, apenas deputados.” diziam eles com a autoridade de um tecnocrata… Seria efectivo e honesto se os eleitores tivessem realmente consciência e conhecimento disso. Mas não passa de uma mera tecnicalidade conveniente. Agora querem nos fazer crer que a esmagadora maioria dos deputados não são mais que meros autómatos que mecanicamente votam segundo a disciplina de voto ou os centralismos ‘democráticos’… Foi a Maria que votou em vez do Manel, e depois?… Qual seria a diferença?...
André Ondine: Portugal está a passar um mau bocado, apesar das aparências paradisíacas. Uma geração Capaz, liderada por gente inCapaz. Um Presidente que aspira a Dalai Lama, suportado pelo comentarismo Marques Lopes, que nasceu do clube de ex-amigos de Sócrates. Um país cujos principais protagonistas são Marcelo, Costa, Rio e Ferro, qual deles o mais sedento de popularidade, só pode acabar mal.
ProtoTypical: É a apropriação da linguagem com o fito de obtenção de controlo sobre a consciência. Se o léxico que usamos for ditado por entidades abstractas, torna-se utilizado de forma igual por todos; logo, deixa de ser possível qualquer forma de emancipação social - e assim se consuma a revolução socialista. Na China de Mao, enfiavam-se picaretas nas cabeças dos insurgentes; hoje, passam-lhes a mão pelo cachaço e vencem-nos pelo cansaço. E a interminável torrente de notícias alusivas a agremiações como o PAN ou o LGBT não é senão uma gigantesca campanha publicitária que os media empreendem gratuitamente - e talvez com algum regozijo.
Sois Trumpa:  A ETAR VENDIDA EM ESCOMBROS (sempre é + barato, o Xi que o diga) A comissão liquidatária XI "xigou" e estiveram-se nas tintas par a parcimónia dos alados subservientes locais, eles até queriam "liquidatar" tudo por grosso para não perderem tempo, mas vá lá, tiveram paciência de "XInês" para que seja tudo rematado aos bochechos. Mas vai haver alguém que lhes vai pagar a ousadia de os terem feito perder tanto tempo com quinquilharias de feira da ladra e vão ser os 10 milhões de escravos que já o eram, exactamente pelos que assinaram tratados e armistícios liquidatários da coisa, da ETAR.

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