segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Sonho que sou um capitalista andante


Hoje não apetece pensar em coisas graves. Deixo a tarefa às pessoas cultas. Pessoas que lêem nos livros e dão lições. Pessoas que sabem das consequências e das justificações. Que falam de elites e das deformações. Sociais ou das nações. Com maiores ou menores aptidões. Para ludibriar ou invejar. Hoje apetece lembrar a bondade do dinheiro, seja a que preço for. Sem medos, sem preocupações. Seja ele falso, mas de muitos milhões. Money, Money, Money. Apenas.
Texto da Internet:
I - Money Money Money
I work all night, I work all day
To pay the bills I have to pay.
(Aint it sad)
And still there never seems to be a single penny left for me (Thats too bad)
In my dreams i Have a plan
If i got me a wealthy man.
I wouldnt have to work at all.
I'd fool around and have a ball!
[chorus]
Money, Money, Money
Must be funny
In a rich mans world.
Money, Money, Money
Always sunny
In a rich mans world
Ohh, Ohhhhhhh.
All the things i could do
If i had a little Money.
Its a rich mans world.
Its a rich mans world.
Christine: A man like that is hard to find
Meryl: But i cant get him off my mind
(aint it sad)
And if he happens to be free
I bet he wouldn't fancy me
(Thats too bad)
So i must leave and have to go
To Las Vegas or Monaco
And if I afford to win a game,
my life would never be the same.
[Chorus] x2

Mas voltemos aos textos, e às análises sérias e pertinentes. Sobre a Secessão das elites, de José Abrantes Amaral e seus comentadores, que apontam para o estado de sítio em que se vive, tudo por conta de um qualquer papel, pelos vistos extraordinariamente falso, mas sempre apetecido, a que Salles da Fonseca, no seu Chau Min 4 impõe regras de bom comportamento, com muitos ses, para uma honestidade, pelos vistos, ainda defendida pelos inquebráveis nos princípios. Leiamo-los, sim, os textos para, de seguida, retomarmos o Money, Money, Money do nosso optimismo e ambição, por inúteis que sejam, mas estamos no Natal:
II - FRANÇA
A secessão das elites /premium
ANDRÉ ABRANTES AMARAL
OBSERVADOR, 12/12/2018
O problema resume-se ao simples facto de o dinheiro não chegar. Simplesmente, chegámos ao salve-se quem puder. Os ricos fogem do país e os pobres saem para a rua, mas vivem todos o mesmo problema.
Vivemos tempos complexos. Tão complexos que há quem os procure decifrar com teses simples. “The Revolt of the Elites and the Betrayal of Democracy”, publicada em 1995, um ano após a morte do seu autor, Christopher Lasch, concluia que na América de então as elites se tinham afastado do país e das realidades em que vivia o resto da população. Segundo Lasch a ameaça à democracia já não viria da revolta das massas populares, mas da ruptura, tão económica quanto cultural e intelectual, entre o povo e as elites. Beneficiando de um ensino privado melhor que o da maioria (já que o ensino público se degradava a olhos vistos) e vivendo no centro das cidades, as elites teriam perdido o contacto com a maioria da população que se mantinha nos subúrbios mais complicados.
O estudo de Lasch foi repescado porque muitos vêem nele uma explicação para o fenómeno Trump. Também em França há quem queira seguir o mesmo caminho. Em Fevereiro deste ano, Jérôme Fourquet, analista político francês, publicou um pequeno estudo para a Fundação Jean-Jaurès (próxima do partido socialista) no qual transpôs o entendimento de Lasch para a realidade francesa. De acordo com Fourquet, a política de mistura social tem recuado em França nos últimos trinta anos. Tal terá sucedido de forma silenciosa e progressiva e em diversos sectores da vida quotidiana, como na escola, nos tempos livres e até nos bairros das cidades francesas. A sua tese é que, sem que as pessoas se tenham apercebido, se deu uma separação social entre os mais privilegiados e os menos favorecidos, ao ponto de os primeiros já não conhecerem os segundos, como se de dois países, duas populações diferentes, se tratasse. Fourquet chega a analisar vários dados estatísticos para sustentar a sua conclusão, entre estes até o fim do serviço militar obrigatório que forçava os membros das classes mais altas a conhecerem e a lidarem com os cidadãos, como o próprio qualifica, das classes populares.
A tese é tentadora, mas enganadora. Uma tentativa de recuperar os moldes da revolução marxista, maquilhando os intervenientes: em vez de ricos contra pobres, temos, cidadãos com um estilo de vida citadino contra os que vivem no mundo rural e nos subúrbios das cidades. Cosmopolitas vs. plebe. A tese cativa se tivermos em conta os tumultos das últimas semanas em França. Os coletes amarelos, cidadãos aparentemente sem filiação partidária que protestam contra a carga fiscal, são contra um presidente jovem, que teve uma educação cuidada, gosta de ler filosofia (pergunto-me como é que o gosto de Mitterrand pela arte seria apreciado hoje em dia), que atingiu o topo de uma carreira num grande banco, a figura típica do homem novo que chegou onde chegou por ter tido acesso a tudo de bom, lhe terem sido concedidas todas as benesses. Um sortudo que vive em cima de um tapete vermelho estendido aos seus pés. Ideia
COMENTÁRIOS:
António Hermínio Quadros Silva: Não concordo com a tese deste senhor, vê-se que ele próprio pertence a essas elites desligadas do país real. Os novos políticos, e chamo novos aos políticos que tomaram conta do país desde a revolução que foi baptizada na altura pela revolução dos cravas, mais não fizeram que criar cargos que para nada servem, veja-se o aumento significativo dos deputados depois de o país ter reduzido a um vigésimo (não premiado), dos funcionários públicos, de fundações e milhares de organismos que nada fazem mas custam caro. Veja-se o recente exemplo da protecção civil que não protege ninguém e que não existia antes. É por isso, e o mesmo deve acontecer em França, que os orçamentos do estado com despesas fixas não têm quase nenhuma flexibilidade. Posso dar um pequeno exemplo- a CP tinha antes da revolução 4 administradores, depois dividiram a CP em 16 empresas com 4 administradores cada. Resultado: 64 administradores políticos, claro. Há ainda uma pequena achega: em França e em Portugal as elites pertencem ao mesmo de sempre, são sempre os mesmos ou das mesmas familias, e só isso já responde a parte do problema, porque esta gente vive isolada dos restantes são os brâmanes do regime, a arraia miúda são os párias do país. Dizia Vilfredo Pareto que num país bem estruturado haveria circulação de elites, não sendo necessárias revoluções para alterar o stato quo 
L M: Mas se o Sistema não é sustentável precisa de uma nova ordem. Como é que isso se faz? E se o sistema está bloqueado legislativamente para reformas, como no caso Português? PPC tentou e mostrou bem esta evidência.
Marialima: Homem económico por todos os lados ele é marxistas ou "neo liberais".Parece não haver alternativa; ainda não perceberam que nem só de pão vive o  Homem.
maria perry: Análise brilhante!... Continuamos a viver episódios do capítulo da história intitulado "O fim do socialismo". E se utilizarmos um pensamento primário para simplificarmos a “coisa”, se os estados eliminassem as “offshores”, os paraísos fiscais e as benesses aos que dominam a economia dos países e promovessem uma redistribuição justa do esforço e uma solidariedade de estado ajustada a todos os cidadãos criando mecanismos de controlo na atribuição de subsídios e ajudas para aqueles que realmente precisam e sistemas de fiscalização sérios no controlo de pagamento de impostos, com julgamento dos casos de fuga e atribuição de condenações reais e não, como sempre tem acontecido, deixassem prescrever os casos dos grandes devedores nem atribuíssem amnistias consecutivas sempre para beneficiar os que não cumprem, talvez fosse possível promover um estado mais justo e solidário para todos.
José Ribeiro: E se utilizarmos um pensamento primário para simplificarmos a “coisa”, se os estados eliminassem as “offshores”, os paraísos fiscais e as benesses aos que dominam a economia dos países e promovessem uma redistribuição justa do esforço e uma solidariedade de estado ajustada a todos os cidadãos criando mecanismos de controlo na atribuição de subsídios e ajudas para aqueles que realmente precisam e sistemas de fiscalização sérios no controlo de pagamento de impostos, com julgamento dos casos de fuga e atribuição de condenações reais e não como sempre tem acontecido, deixarem prescrever os casos dos grandes devedores ou atribuírem amnistias consecutivas sempre para beneficiar os que não cumprem talvez fosse possível promover um estado mais justo e solidário para todos.
Antonio Fonseca > José Ribeiro:"se os estados eliminassem as “offshores”, os paraísos fiscais e as benesses aos que dominam a economia": Bem pode pedir a um tigre para ser vegetariano. São as elites a governar em proveito próprio.
Mike Az > José Ribeiro
A maioria dos offshores são estados independentes. Como farias para os eliminar? Uma guerra? Uma invasão?
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 17.12.18
THANK YOU, MR. NIXON!
Sim, reconheço que desde a queda do padrão ouro, todas as moedas são intrinsecamente falsas e a única verdade que as sustenta é a confiança que as pessoas nelas depositam – fiducia, como diziam os antigos.
Thank you again, Mr. Nixon!
Portanto, todas são falsas mas… há umas mais falsas que outras.
E se a confiança é o mais palpável que se encontra à volta duma moeda, reconheçamos que, para volatilidade, basta. Venha algo mais substancial que fundamente tanta espiritualidade.
O quê?
Várias coisas, de que destaco:
Política orçamental inclusiva, não parcial
Emissão monetária controlada, sem laxismos para cobertura de défices excessivos e descontrolados
Política cambial sem golpes baixos tais como as desvalorizações discretas
Banimento dos artificialismos na formação dos preços
Com este tipo de «coisas», acredito que se possa acreditar na moeda; sem elas, não!
É que, se queremos que a confiança sustente a moeda, temos de evitar desvirtuamentos por via das intervenções administrativas.
Em suma, temos que ser liberais.
Não estou a ver que nada disto aconteça na China nem que lhe seja possível imitar os EUA quando levaram o Dólar à liderança mundial.
E desde já declaro que não tenciono aplicar as minhas poupanças em títulos representativos de Yuans. Tenho mais confiança no BCE e no seu DM travestido em Euro do que na política de emissão americana e muitíssimo mais do que o que nestas matérias se passe em Pequim.
Enquanto escrevi as linhas que antecedem, lembrei-me de Varoufakis e do seu livro «O Minotauro global» onde disserta largamente sobre o tema relativamente aos EUA, donde resulta a minha convicção de que a China não possui a estrutura política (nem mental) para conseguir fazer algo semelhante e nem sequer parecido.
Dezembro de 2018
Henrique Salles da Fonseca


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