Mais uma arremetida quixotesca
de JMT - e seus comentadores - contra moinhos de vento que vão moendo estranhos
processos de vivência neste país de muitos gigantes na sobrevivência:
OPINIÃO
- Freitas do
Amaral loves Ricardo Salgado
Há textos que explicam um regime
inteiro, e um desses textos foi publicado por Diogo Freitas do Amaral no
PÚBLICO de quarta-feira.
Os
senhores de colete amarelo, que ontem se manifestaram pelo país a atravessar
passadeiras com grande empenho, fartaram-se de resmungar diante das câmaras de
televisão acerca dos políticos e do tamanho da Assembleia da República – mas
para quem quer realmente perceber Portugal, os jornais continuam a ser bastante
mais úteis do que as manifestações. Há, aliás, textos que explicam um regime
inteiro, e um desses
textos foi publicado por Diogo Freitas do Amaral no PÚBLICO de quarta-feira.
Chamava-se “BES e GES – um só responsável? Novos ataques a Ricardo Salgado”, e
lê-lo com alguma atenção é perceber como é que Salgado foi possível, como é que
a queda do BES foi possível, como é que Sócrates foi possível, como é que a
bancarrota foi possível, como é que Zeinal Bava foi possível, como é que a
queda da PT foi possível, e por aí fora. E
tudo foi possível, em primeiro lugar, por causa da cupidez dos próprios; e, em
segundo lugar, por causa de políticos – melhor: de senadores – como Diogo
Freitas do Amaral.
A teoria de Freitas do
Amaral é fácil de resumir em três pontos. 1) Ricardo
Salgado não fez tudo sozinho. 2) Há mais responsáveis pela queda do BES,
incluindo o governador do Banco de Portugal e Passos Coelho, que o queria
substituir por José Maria Ricciardi (porque é que não o substituiu, então, é
mistério que fica por explicar). 3) Se o governo da altura tivesse dado uma
mãozinha, o banco ainda aí estaria, todo forte e viçoso. A interligar os vários pontos estão duas ou três
teorias da conspiração delirantes, mais aquele provérbio português que é sempre
piamente evocado nestas situações: não se bate em quem está no chão. Devo dizer que me apetece
sempre bater em quem nestes contextos diz que não se bate em quem está no chão.
Para Salgado, o chão, no presente, é uns motoristas, umas secretárias, umas
assessoras e talvez umas empregadas a menos. Já o chão, para mim, é o Linhó.
Contaram-me que Ricardo
Salgado, após sair do BES, instalou o seu gabinete (coitadinho) no Hotel
Palácio do Estoril, onde todos os dias era servido por um funcionário do hotel
que tinha perdido as suas poupanças na queda do banco. Estar no chão, para os Salgados e os Sócrates desta
vida, é andar dez e 15 e 20 anos a lutar na justiça, continuando a almoçar em
restaurantes Michelin e a fazer férias em hotéis de cinco estrelas. Tudo isso graças a leis que políticos
como Freitas do Amaral fizeram, e à forma como advogados pagos com dinheiro
tantas vezes adquirido de forma ilegal conseguem multiplicar as manobras
dilatórias, até ao ponto de os clientes já estarem demasiado velhos ou
demasiado doentes para ir para a cadeia.
Ricardo Salgado não é, com
certeza, o único responsável pela queda do BES. Mas é o maior. E
a quilométrica distância de todos os outros. Ele era – mesmo – o Dono Disto
Tudo, e entre redes financeiras, redes políticas e redes familiares, tinha meio
país na mão. Como eu não conseguia explicar o
despropósito do texto de Freitas do Amaral, fui à Wikipédia. No capítulo
“família” encontrei isto: “Filho de Duarte Pinto de Carvalho Freitas do Amaral
e de sua mulher, Maria Filomena de Campos Trocado, sobrinha-bisneta do 1.º
Barão da Póvoa de Varzim. Casou em Sintra, a 31 de Julho de 1965, com Maria
José Salgado Sarmento de Matos, escritora, com o pseudónimo de Maria Roma,
sobrinha paterna de Henrique Roma Machado Cardoso Salgado e prima-irmã do banqueiro
Ricardo Salgado.” Bendita
Wikipédia, que nos ensina tantas coisas.
COMENTÁRIOS
José Teixeira Gomes, Porto 24.12.2018: Na "mouche" João Miguel! Depois de tudo o
que os portugueses viveram nos últimos anos, o texto do Sr Amaral é obsceno!
CHINTZ,
Porto 23.12.2018:: Salgado
teve a sorte de encontrar o rei dos corruptos, Sócrates. Sem poder mexer os
cordelinhos que faziam Sócrates dançar, Salgado não tinha conseguido nada.
Ambos gozam de boa saúde e estão a banhos. Os milhões aldrabados pelo duo estão
mal mas esta é a justiça dos tempos socialistas. Milhões de portugueses gostam.
Carla Moreira, 23.12.2018:
Custa a acreditar naquilo em que se
converteu esta figura sinistra chamada Freitas do Amaral. Obrigada, JMT!
António Cunha, 22.12.2018: O
texto de Freitas do Amaral veio expor um ponto muito sensível às vozes da
extrema direita: a infantilização da narrativa 'saída limpa' e as
incongruências diabólicas do governo da direita radical de Passos, Portas,
Albuquerque e Louçã. Temos pena. Responder
Esnor-Escoramentos do Norte
Lda, 23.12.2018: O
que é que o governo de Passos Coelho tem a ver com a extrema direita? Que se
saiba foi o único que lhe fez frente e acabou com a pilhagem ignóbil desse
trafulha do Salgado.
Visitante da Noite En
un lugar de La Mancha, ou por aí perto 22.12.2018: O artigo do Freitas deu-me vergonha alheia. O texto do
JMT é absolutamente demolidor e era necessário. Parabéns!
Aónio Eliphis,
Algures nos pólderes da ordem de Orange! 22.12.2018:
JMT a incorrer na falácia do argumento
ad hominem. O que é que intetessa as relações familiares de Freitas do Amaral?
Também posso dizer que os argumentos de JMT anti-Sócrates são inválidos, porque
o último colocou sobre o primeiro um processo de difamação?
Álvaro Athayde, Coimbra 22.12.2018:
O que acho e não acho normal: 1. Acho normal
que uma pessoa defenda um familiar que considera estar sendo injustamente
acusado, ou vítima de um ‘linchamento mediático’. 2. Não acho
normal que o faça sem assumir claramente que é isso que está fazendo. Acontece
que foi exactamente isso que Diogo Freitas do Amaral e Miguel Sousa Tavares
fizeram. Os gregos que inventaram o termo ‘oligarquia’ para
designar “uma forma distorcida, degenerada e negativa
de ‘aristocracia’” estavam cheio de razão, os melhores não fazem
coisas destas. Quanto
ao resto… [1] Acho que João Miguel Tavares está cheio de razão
quando afirma que os Sistema Ultra-Garantístico vigente tem como consequência
que, na prática, exits uma Justiça para Ricos e uma justiça para pobres.? [2] Acho
que João Miguel Tavares faz mal em embarcar na onda do linchamento
mediático de Ricardo Salgado.?[3] Acho que o ambiente
de “denúncia institucionalizada” e de “linchamento
mediático” em que vivemo é, esse sim “Uma Questão de Civilização”.
nelsonfari, Portela-Loures 22.12.2018 Falando também de parentesco: a filha de Miguel Sousa
Tavares, Rita Sousa Tavares, é casada com um filho de Salgado. Compadres, portanto.
JMT está a meio caminho entre os advogados agregados em Sociedades que nos
minam a vida e a Plataforma de crowdfunding de que os enfermeiros se estão a
servir para fintarem a trindade Governo-Patrões-Sindicatos. Passo a explicar: o ISF da França que fez saltar para
a ribalta os "Gilets Jaunes" está na base da revolta. Mas é preciso
contar a história: O ISF foi suprimido mas em sua substituição foi erigido o
IFI (Imposto sobre a fortuna imobiliária). Em suma: o que conta é a tributação sobre o imobiliário, uma
grande abébia para quem detenha activos financeiros que, ao abrigo da Lei, podem
ser incorporados como "bens profissionais" e serem considerados como
activos das empresas detidas pelos ricos. Uma jogada da classe dominante em
ordem à "financeirização da economia". Jogos jurídicos... Ora, tudo isto encerra ensinamentos para Tiago Caiado
Guerreiro, Morais Sarmento e José Miguel Júdice, advogados de negócios. Os
enfermeiros, fartos do jogo estéril da trindade atrás referida,
fizeram inovação social na luta sindical, na esteira de Nuno Markle. O duo CGTP/UGT que se acautele e, por
tabela, os partidos que ditam as regras dentro destas estruturas. Pode ser uma
viragem - reconheça-se engenho nisto (os privados estão a interferir? Teoria duvidosa).
Os dois lados da luta estão aqui representados: à argúcia dos advogados de negócios contrapõem os
enfermeiros uma nova forma de pressão social.
Onde está JMT nisto tudo? JMT é lento, o Freitas, da Quinta da Marinha, aluno dilecto de
Marcelo Caetano, familiar e vizinho de Salgado...Estão no mesmo saco. JMT foi curto... Isso pode ser verificado, embora a bastonária tenha
garantido que as situações-limite foram todas acauteladas. Do que se trata é que as centrais sindicais estão
aburguesadas e não lutam. Até a historiadora Bonifácio, noutro local deste Jornal
de hoje, já se conciliou com o que se passa: isto é incontrolável. Eu digo: a causa remota está na década de 80: vide
Reagan, Dama de Ferro e a queda do muro e, last but not least. a querida
Alemanha, com grandes culpas no cartório dos ditos "social-democratas"
(SPD). Os sindicatos têm andado numa actuação estranha: o líder da CGTP assobia
para o ar ao declarar que o patronato não franqueia as portas aos órgãos
representativos dos trabalhadores.
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