No mito da tal caixa dos males que
Pandora abriu e se espalharam na Terra, tenhamos esperança que a Ucrânia consiga
os seus objectivos, ao menos, segundo vem bem explicado na crónica seguinte, de
Tânia Pereirinha, e que os
males se polarizem em torno de Putin, como de justiça… Leiamos e confiemos, que
o Nuno Rogeiro e o José Milhazes não tardam
aí, nem deviam ter tantas férias, embora este texto também nos traga dessas
expectaticas de solução, para alimentarmos a nossa alma…
"Putin está a sacrificar o seu
exército e o seu povo pela sua sobrevivência pessoal", acusa Josep Borrell
Em entrevista ao El País, Josep
Borrell diz que Rússia está "a caminho da destruição sistemática" da Ucrânia e acusa Putin de
"sacrificar o seu exército e o seu povo pela sua sobrevivência pessoal".
OBSERVADOR, 19 ago. 2023, 13:362
▲Josep Borrell
diz que não cabe à UE "ditar aos ucranianos os termos da sua paz",
mas garante também que só há abertura para aceitar um acordo que
"reconheça que há um agressor e um agredido" OLIVIER
HOSLET/EPA
A
Rússia falhou no seu objetivo de conquistar rapidamente a Ucrânia, o que não
significa que, pelo caminho não tenha cometido crimes de guerra “só comparáveis
aos da Segunda Guerra Mundial”, e que não esteja “a caminho da destruição
sistemática desse país”, agora num esforço de guerra de alguma forma
autocentrado na figura de Vladimir Putin, que acusa de “sacrificar o seu
exército e o seu povo pela sua sobrevivência pessoal”.
Em traços largos, e no que à guerra na Ucrânia diz respeito, é este
o resumo da entrevista que o
espanhol El País publica este sábado ao chefe da diplomacia da União Europeia,
o também espanhol Josep Borrell.
Questionado sobre se a Europa fez e tem
feito o suficiente no auxílio à Ucrânia, Borrell garante que “fizemos o que tinha de ser feito, ajudando
a Ucrânia a defender-se sem alargar o conflito”, mas admite que nem sempre esse apoio chegou no tempo
devido, considerando mesmo que essa “ajuda foi demasiado gradual”. “Em vários casos, os tanques, os
mísseis Patriot, os aviões, começámos por dizer ‘não, não vamos fazer isto’ e
acabámos por o fazer”, disse o chefe da diplomacia da UE.
Na comparação da postura europeia com
a dos Estados Unidos, e questionado directamente sobre se, nessas tentativas de
evitar a todo o custo o alastrar da guerra para lá das fronteiras ucranianas, a
UE não terá “seguido demasiado de perto” os passos de Washington, Josep Borrell
preferiu recordar que esta é uma guerra sem precedentes, com características
nunca antes vistas — mas com consequências por outro lado já comparáveis às da
Segunda Guerra Mundial.
“Temos de compreender que se trata de uma
guerra convencional de alta intensidade que mistura as técnicas mais modernas
(sistemas de reconhecimento eletrónico e de comunicação, drones) com os
cenários mais clássicos da guerra de trincheiras. Vemos a Primeira Guerra
Mundial, a Segunda Guerra Mundial e a guerra do futuro, tudo ao mesmo tempo. E
com ataques sistemáticos e terríveis contra a população civil”, respondeu o
alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança. “É preciso recordar isto àqueles que dizem que se trata de uma luta
entre a Rússia e a NATO. Se assim é, qual é o objetivo destes bombardeamentos
contra a população civil? Só Mariupol é várias vezes maior do que
Guernica. Milhares de civis ucranianos foram deportados, incluindo crianças.
Trata-se de crimes de guerra de proporções históricas, só comparáveis aos da
Segunda Guerra Mundial.”
Atirando directamente a Putin,
que, considera, “enganou-se em quase tudo” e sobrestimou a dependência
energética da Europa em relação à Rússia, Borrell acusa ainda o Presidente
russo de ter falhado no seu objectivo de conquistar rapidamente a Ucrânia, numa
“guerra-relâmpago” — e de continuar a insistir na ofensiva contra o país
vizinho à custa do povo russo e por motivações de “sobrevivência pessoal”.
“A Ucrânia é actualmente o país mais
minado do mundo, com cinco minas por metro quadrado na linha da frente. Nestas condições, a guerra é uma guerra
de tentativa e de desgaste. Um ataque frontal seria suicida, especialmente sem
apoio aéreo. Mas, militarmente, a Rússia falhou. Putin queria uma blitzkrieg,
mas já passaram 18 meses e está na defensiva. O seu projecto de conquista rápida foi
um fiasco completo“, acusa o chefe da diplomacia da UE. “A Rússia
já pagou um preço enorme em termos materiais e humanos: perdeu dois mil
tanques, mais do que todos os exércitos da Europa juntos. Embora
isso não signifique que tenha esgotado as suas capacidades, Putin está agora a
sacrificar o seu exército e o seu povo pela sua sobrevivência pessoal.”
Os
erros cometidos pelo Presidente da Rússia, enumera Borrell, terão sido muitos — o
problema é que, por muito que tenham fragilizado Putin aos olhos da Europa e
não só, como bem deixou patente a recente sublevação dos mercenários do Grupo
Wagner, não o demoveram dos seus intentos, o que, diz, também ajudará a
explicar os motivos por que “é tão difícil negociar a paz”.
“Putin
pensou que a enorme dependência da Europa — especialmente da Alemanha — dos
seus hidrocarbonetos nos impediria de lhe fazer frente. E, em ano e meio, o
consumo de gás russo, com exceção da Hungria, caiu praticamente para zero. Ele
pensava que tinha tudo sob controlo e, de repente, parte do seu exército, ou
pelo menos parte das suas tropas, pega em armas contra os seus próprios
camaradas e avança 400 quilómetros em direção a Moscovo. Este facto põe em
evidência as fissuras do sistema político russo“, considera
Josep
Borrel.
“Putin
mostrou que não tem o monopólio do uso da força, que é a marca registada dos
regimes fortes. Num dia, diz que Prigozhin [líder do Grupo Wagner] é um traidor
e, no dia seguinte, recebe-o em São Petersburgo, porque precisa do Grupo Wagner
para as suas aventuras africanas. Repito: Putin vai sacrificar o seu
povo e o seu exército pela sua sobrevivência pessoal e política, e é por isso
que é tão difícil negociar a paz. E o que tem de ser negociado é um novo
sistema de segurança colectiva que esta guerra destruiu.”
A propósito dos termos em que pode ser
negociado esse mesmo sistema e um futuro acordo de paz para a Ucrânia, questionado
sobre se a UE poderá “obrigar” a Ucrânia a moderar ou reduzir as suas
pretensões, Borrell é taxativo ao dizer que não cabe à Europa “ditar aos ucranianos
os termos da sua paz”, mas garante também que só há abertura para aceitar uma
espécie de “paz”, aquela que “reconheça que há um agressor e um agredido, que o
agredido deve recuperar a sua integridade territorial e que o agressor deve
pagar as consequências da sua agressão”.
Depois dela, admite também, será
finalmente hora de trazer a Ucrânia para os 27, um processo que “é um grande
desafio”, mas que a guerra acabou por determinar e “acelerar”. “Sem a
guerra, a sua candidatura teria demorado anos. Trazer um país com a dimensão e
as condições socioeconómicas da Ucrânia para a UE é um grande desafio: se aderisse amanhã, seria o único
beneficiário líquido de fundos. Todos os outros tornar-se-iam contribuintes
líquidos”, admitiu.
“Mas as guerras aceleram a história. E
uma das consequências desta aceleração é o facto de a Ucrânia ser subitamente
um candidato, e essa candidatura é séria. Será feita tão rapidamente quanto
possível. A guerra empurrou definitivamente a Ucrânia para o lado que
Putin não queria que estivesse.”
GUERRA NA UCRÂNIA UCRÂNIA
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COMENTÁRIOS:
Cisca Impllit: É mesmo isso, é tão-só isso! Um egoísmo e uma vaidade sem tamanhos!! Eduardo Cunha:
a Rússia é uma
não nação. Não há uma instituição que funcione. para lá dos Urais, suspeito que
em poucos anos, vira tudo chinês Nuno Borges: Qualquer socialista sacrifica o
povo pelas suas ambições ideológicas. Alexandre Barreira: Pois. Não é bem assim. Existem mais interesses. Nos "bastidores"....!
joaquim Pocinho > Alexandre Barreira: Então como é? Anastácio Jorge >
Alexandre Barreira: Povo para Putin é carne para
canhão
Jorge Rodrigues Valente: Mas, onde está a notícia? Os
selvagens sempre foram assim. Matam pessoas inocentes é um desporto dos
Moscovitas.
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