Após os extremismos insensatos, de
presunção de uma justiça apressada, como urgente e exibicionista, a moderação
virá, talvez, assente numa racionalidade de menor toleima. Mas outros
comentadores, da excelente reflexão de Vicente Ferreira da Silva, não pensam assim, mais sabedores e sem falsos lirismos.
I have a dream – O sonho desfeito
Já não se trata de cumprir o sonho. 60
anos depois, os actuais activistas desfizeram o sonho de Martin Luther King,
Jr.
VICENTE FERREIRA DA SILVA Investigador do Centro de Investigação em
Ciência Política da Universidade do Minho, fundador da Iniciativa Liberal
OBSERVADOR, 28
ago. 2023, 00:206
Qualquer
homem, independentemente da sua raça, da sua etnia e da sua nacionalidade, pode
ser preconceituoso. O preconceito é uma forma de discriminação, manifestável
através de pensamentos e de acções. Ora, o preconceito e a discriminação não
são circunstâncias novas ou recentes. Existem desde que há diversidade
biológica, contexto humano e organização social. O racismo é um preconceito.
Não deve surpreender ninguém que a definição de racismo tenha
evoluído de forma a acompanhar o desenvolvimento e a complexidade da sociedade. De todas
as diferentes formulações, saliento a de Kovel,
Dovidio e Gaertner, que
definiram o racismo aversivo como os comportamentos raciais dum grupo étnico ou
racial, que racionalizam através de estereótipos a sua aversão face a um outro
grupo. Este tipo de
pessoas, que julgam advogar crenças igualitárias, negam a sua postura racial,
mesmo perante a evidência da discriminação que promovem para com outros.
Dito isto, é importante ter em mente que
tanto a ignorância como a manipulação alimentam o racismo. E estas
características são importantes para classificar movimentos como o Black Lives Matter (BLM) e o pseudo-activismo da Cancel Culture e do
movimento Woke. Estes exemplos são a negação das ideias e
dos ideais de Nelson Mandela e de Martin Luther King, Jr.
Hoje, já não se trata de cumprir o
sonho. 60
anos depois, os actuais activistas, ditos defensores dos direito civis,
desfizeram o sonho de Martin Luther King, Jr. e a postura de Mandela ao repudiar
os seus exemplos. Depois de ter passado 27 anos na cadeia, Mandela foi
libertado. Saiu das grades com o perdão no coração e foi capaz de unificar o
seu país. Martin Luther King, Jr., defendeu os direitos civis e políticos
através da não-violência e da desobediência civil (inspirado pelo activismo
não-violento de Mahatma Gandhi).
Sobre a não-violência, em 1958, Martin Luther King, Jr., afirmou
que “só através de uma abordagem não
violenta os medos da comunidade branca podem ser mitigados. Uma minoria branca
cheia de culpa vive com medo de que, se o negro algum dia alcançasse o poder,
agiria sem restrições ou piedade para vingar as injustiças e a brutalidade dos
anos. É algo como um pai que maltrata continuamente o filho. Um dia aquele pai
levanta a mão para bater no filho, apenas para descobrir que o filho já está
tão alto quanto ele. Subitamente, o pai fica com medo de que o filho use seu
novo poder físico para retribuir todos os golpes do passado.”
Em 1964, discursando perante a audiência que
o ouvia na Universidade de Oslo, Martin Luther King, Jr., expressou
que “a violência como forma de
alcançar a justiça racial é impraticável e imoral. É impraticável porque é uma
espiral descendente que termina na destruição para todos. A velha lei do olho
por olho deixa todos cegos. É imoral porque procura humilhar o oponente em vez
de conquistar a sua compreensão; procura aniquilar em vez de converter. A
violência é imoral porque prospera com base no ódio e não no amor. Destrói a
comunidade e torna a fraternidade impossível. Deixa a sociedade em monólogo em
vez de diálogo. A violência termina por se destruir. Cria amargura nos
sobreviventes e brutalidade nos destruidores.”
No meio destes dois episódios, a 28
de Agosto de 1963, precisamente há 60 anos, Martin
Luther King, Jr., proferiu o discurso “I have a dream” onde disse sonhar
com um mundo onde os “meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação
onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu
carácter”.
Mamadou Ba e os BLM são um insulto à
memória de Martin Luther King, Jr. (e de Nelson Mandela). Ao serem apologistas do fim da violência contra
negros, e apenas contra os negros, são sectários. Consideram-se inspirados pelo
Movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, mas não só renegam
a não-violência como, ao permanecerem em silêncio, defendem abertamente o
discurso do ódio e a promoção da violência pela destruição e pilhagens. Para mim,
inspiram-se muito mais nos Black Panthers, que tinham como fonte de inspiração
Frantz Fanon – um dos heróis de Mamadou Ba – um homem que só tinha ódio no
coração e que defendia a violência como única solução.
Os marxistas jamais abdicarão da
violência. 60 anos depois, o sonho foi desfeito.
RACISMO DISCRIMINAÇÃO SOCIEDADE HISTÓRIA CULTURA
COMENTÁRIOS
Belo: Muito bem! hugo Carreira:
O sonho não foi nada desfeito, existem é
mais uns idiotas racistas com que tem de se lidar (em Portugal trata-se de
Mamadous e Bloco de Esquerda em geral). António Coutinho: O interessante é que Marx era anti semita e racista
para com os negros Meio Vazio >António Coutinho: Marx era judeu. Reveja essas etiquetas. Nms: Excelente artigo! observador censurado: Enquanto as associações "anti" racismo
receberem dinheiro dos contribuintes por um suposto combate ao racismo nunca
irão ter interesse em que o racismo acabe. Meio Vazio
> observador
censurado: Exactamente
como acontece com os "salvadores de planetas" - mortinhos por que o
nosso não "se salve".
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