São coisa passada para a Igreja do
actual Papa, está visto, mas o comentário de Joaquim
Ribeiro aos considerandos que implicam as dúvidas de Eugénia Vasconcellos e de tantos
de nós, parece uma resposta clara às hipocrisias dos nossos tempos humanitários.
Ou provocatórios, segundo outros conceitos mais reaccionários. Com grande
prazer o transcrevo:
Joaquim Ribeiro: A
homossexualidade é uma opção: não é uma condição da qual não se possa sair; o
catolicismo não é uma condição: é uma opção da qual se pode sair . As portas
estão abertas, mas não podemos ter um pé num lado e o outro pé no outro, porque
esses lados são incompatíveis. Quanto ao resto é activismo de quem tem por
propósito desconstruir a sociedade e isolar o ser humano, cortando-lhe os
vínculos que mamaram no leite materno, para os pretender substituir por
fanatismo e vitimismo, disfarçados de amor radical à tolerância. E sob a capa
da ultra tolerância, esconde-se um projecto de domínio social : estamos sobre
ataque de um novo totalitarismo, cujas consequências podem vir a ser terríveis.
A degradação da situação económica e social , a instabilidade da situação
internacional, a par dos golpes de crescente audácia daqueles que governam,
revelam que estamos uma situação pre-revolucionária , naquela fase em que o
descontrolo e a insegurança dos que mandam, desarma os povos e os deixa à mercê
das matilhas sectárias, para serem imolados, como cordeiros, assim que se
instale a revolução.
A porta escancarada da Igreja está fechada
A consciência de que estamos a viver
um limite civilizacional exige que a linguagem parta da mensagem revolucionária
do Evangelho, não da linguagem serôdia do catecismo.
EUGÉNIA DE VASCONCELLOS, Poeta, ensaísta,
escritora
OBSERVADOR, 04 ago. 2023, 00:1562
O
vídeo tornou-se viral. Um participante da Jornada Mundial da Juventude ergue
uma bandeira LGBT+. O rapaz que a ergue é interpelado por dois outros jovens
adultos. «Porque estás a fazer isto? Não devias fazer isto», dizem-lhe. Ele
responde que está a representar o seu povo, as suas pessoas, à semelhança dos
outros presentes com bandeiras, e que Deus ama a todos. Depois a troca de
palavras descamba.
De facto, é permitida a exibição de
símbolos LGBT+ nas Jornadas Mundiais da Juventude. E de facto, quer a igreja
o deseje ou não, há católicos homossexuais. Há católicos transsexuais. Mais. Há
famílias homossexuais, com filhos, e católicas. Em directa rota de colisão não
só com o catecismo mas com a porta dita «escancarada da Igreja, para todos,
todos, sejam eles quem forem, de onde vierem, as pessoas que forem». Estas são palavras do Papa Francisco. Não
são palavras do catecismo.
Em Janeiro deste ano, o Papa Francisco, em resposta a dois
jornalistas, afirmou: as leis que criminalizam a comunidade LGBT+ são uma
injustiça e um pecado para além de um problema que não pode ser ignorado já que
são 66 os países das Nações Unidas onde tal criminalização ocorre. «São todos
filhos de Deus, Deus ama a todos como cada um é, e a todos Deus acompanha».
Para a igreja a atracção entre pessoas
do mesmo sexo não é um pecado. Os actos homossexuais são um pecado, e em
conformidade com o catecismo os homossexuais são «chamados à castidade» – o Papa
Francisco disse, aliás, em 2018, que os pais católicos não podiam rejeitar os
seus filhos homossexuais antes deviam mantê-los no amoroso ambiente da família;
e à comunidade católica pediu o tratamento dos homossexuais com dignidade,
«respeito, compaixão e delicadeza». Isto não obsta a que a homossexualidade
seja tida no catecismo [Artigo 6; 2357] como «intrinsecamente desordenada». Mais especificamente: «Apoiando-se na Sagrada Escritura, que
os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que os actos
de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei
natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem de uma verdadeira
complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados».
Uma das finalidades do matrimónio
santificado pelo sacramento é a «transmissão da vida» — o outro é o «bem dos
próprios esposos». E aqui se reflecte o poder criador de Deus, ao transmitir e
educar a vida humana. E de igual forma a Sua paternidade.
Do lado de fora ficam os casais
homossexuais. Obrigatoriamente. Um casal homossexual não está
aberto à vida, ao dom da vida, quando tem ou adopta um filho? E nos filhos de
homossexuais não se reflecte nem a divina criação nem a divina paternidade? Não
é isto a desvalorização da vida? Não
é a vida o valor maior? Há vidas que valem mais do que outras? As «periferias
existenciais» constroem-se por exclusão.
O cardeal Jean-Claude Hollerich,
jesuíta, arcebispo do Luxemburgo, presidente da Comissão das Conferências
Episcopais da União Europeia e relator geral do Sínodo dos bispos, homem de uma
lucidez cortante quanto às falhas sistémicas da Igreja, como a pedofilia, ou o apagamento das mulheres,
e de posições claras como em relação à indispensabilidade do celibato dos
padres, o divórcio, ou ao aproveitamento político da religião, tem reflectido
sobre as questões que a Europa secularizada coloca à Igreja.
Jean-Claude Hollercih acredita que a
mensagem do Evangelho responde a essas questões, porém, a resposta vem em
velhas roupagens o que é um desserviço à mensagem. Esta consciência de que estamos a viver um limite civilizacional
exige que a linguagem parta da mensagem revolucionária do Evangelho, não da
linguagem serôdia do catecismo.
Mas tudo isto veremos depois de Outubro,
quando a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos reunir, e desta vez com
direito de voto para padres, homens e mulheres leigos, jovens e, por último mas
não em último lugar, 50% de participação de mulheres. Com que voz a igreja
proclamará o Evangelho ao mundo. De hoje.
Por enquanto, a tal porta escancarada
a todos, todos, é pouco sinodal, é só para alguns, alguns.
PS: Acabo de saber que a Igreja de Nossa
Senhora da Encarnação, na Ameixoeira, em Lisboa, onde o Centro Arco Íris,
centro de acolhimento para a comunidade LGBT+ durante as JMJ, iria dar início à
celebração da Eucaristia, foi invadido por jovens católicos ultra-conservadores.
Repito: a Igreja é uma porta escancarada para todos ou para alguns?
IGREJA
CATÓLICA RELIGIÃO SOCIEDADE PAPA FRANCISCO
COMENTÁRIOS de 65:
Luisa Lourenço: Se a igreja
católica já praticasse totalmente essa abertura o discurso do Papa era inútil Luís Pombo: Eu estive nas jornadas e, tem toda a razão, vi lá
bandeiras de todos os países que, representavam, e bem, o povo desses países,
agora quando perguntam ao jovem o que é que ele estava ali a fazer com a
bandeira lgbti e ele responde que está a representar o seu povo!!??? Então os
lgbti já são um povo??? Sim eu sei que são o que dizem que são, agora um povo
não são. Foram estimadas 500 000 pessoas, houve este incidente, houve um
desconforto, o incidente foi sanado e a senhora escreve um artigo sobre a
intolerância da Igreja, desculpe lá mas é vontade de ver a agulha no palheiro.
Umas jornadas que têm sido um somatório de coisas boas, alegria, comunhão,
felicidade, energia e a senhora ignora tudo isto, ofende os jovens que vieram
de todo o mundo e aponta a coisa menos boa, Desculpe lá.... Maria João Pestana: Parece-me que ao levarem a bandeira Lgbt eles é que se
estavam a segregar de um todo que não estava ali num recado político de
ideologias de género. Porquê demarcarem-se ostensivamente? E se os
heterossexuais levassem também cartazes? Meio Vazio: Os critérios da D. Eugénia são, para dizer o mínimo,
bizarros: os "ultra-progressistas" podem (e ainda bem!) participar em
todas as celebrações ("portas escancaradas"), já os
"ultra-conservadores" devem ser impedidos de entrar nalgumas delas. Pobre Portugal: Ó minha senhora. As Sagradas Escrituras têm que ser
lidas com os olhos do tempo em que foram escritas. Hoje, em 2023, a Igreja
Católica está aberta às mulheres, homens, divorciados e por divorciar. Aos
homossexuais, heterossexuais e todos os sexuais que possa imaginar. Esta é a
realidade da Igreja Católica. Agora,
e infelizmente, homofobia, pedofilia e demais perversidades estão presentes em
todos os locais onde há pessoas a viver em sociedade. Mais: a Igreja Católica é
a instituição mais tolerante e a que mais combate essas desumanidades. Logo,
este seu artigo está completamente desfasado da realidade. João Angolano: O Papa separa muito bem a questão da ideologia e o
indivíduo e o que se passou foi uma cena de ideologia e de provocação pois
ninguém pode impedir quem quer que seja de participar mas não num registo de
promoção e provocação ideológica. Francisco Figueiredo: A Igreja acolhe pessoas e não activismos, sejam eles
quais forem. De todo o modo, para se pertencer à Igreja católica é necessário
aceitar e aderir ao que Ela propõe (há, portanto, um acto de adesão à doutrina,
plasmada no catecismo). O catolicismo é parte do cristianismo, mas não o
esgota. Queria também aproveitar para lhe dizer que se eu me afirmar
Napoleão vou parar à psiquiatria, não veja por que não deverá acontecer o mesmo
a quem seja homem e diga que é mulher, ou vice-versa, ou a quem sendo humano se
afirma como cão (o japonês) ou gato (como aconteceu numa escola em Inglaterra).
Há limites e nem tudo é aceitável mais um: Vão para as
arábias para ver o que acontece à Bandeira Lgbtqrtsuvxyx Joaquim Ribeiro: A homossexualidade é uma opção: não é uma condição da
qual não se possa sair; o catolicismo não é uma condição: é uma opção da qual
se pode sair . As portas estão abertas, mas não podemos ter um pé num lado e o
outro pé no outro, porque esses lados são incompatíveis. Quanto ao resto é
activismo de quem tem por propósito desconstruir a sociedade e isolar o ser
humano, cortando-lhe os vínculos que mamaram no leite materno, para os
pretender substituir por fanatismo e vitimismo, disfarçados de amor radical à
tolerância. E sob a capa da ultra tolerância, esconde-se um projecto de domínio
social : estamos sobre ataque de um novo totalitarismo, cujas consequências
podem vir a ser terríveis. A degradação da situação económica e social , a
instabilidade da situação internacional, a par dos golpes de crescente audácia
daqueles que governam, revelam que estamos uma situação pre-revolucionária ,
naquela fase em que o descontrolo e a insegurança dos que mandam, desarma os
povos e os deixa à mercê das matilhas sectárias, para serem imolados, como
cordeiros, assim que se instale a revolução.
Walter Humberto
subiza Pina: A
igreja sempre foi aberta a todos, só lembrar do episódio da prostituta a ser
apedrejada, Jesus falou que estava perdoada, que fosse, mas não cometesse mais
o pecado. Todo pecador é aceito, deve estar arrependido e não voltar a pecar...
o problema aparece quando pecadores querem que seu pecado continue a ser
aceite.... Nuno
Borges > Walter Humberto subiza Pina: Com o Bergoglio a igreja caminha para a extinção ou
para a repescagem por ideologias esquerdoidas. Oremos para que este cavalheiro desapareça depressa e
um sucessor mais digno endireite o Vaticano. Filipe Costa: "Ele responde que está a representar o seu
povo", o seu povo de que país??? Esta gente está a ficar atrofiada, parece
o reino do Pineal.
Ana Luís da Silva: O
Catecismo da Igreja Católica não é um documento “serôdio”, bem pelo contrário,
é um documento recente, que faz a compilação da doutrina da Igreja Católica de
modo a torná-la acessível a todos os católicos. É uma preciosa ajuda para quem
pertence à Igreja. Quanto às
portas escancaradas da Igreja: todos são acolhidos, justos e pecadores, mas
isso não significa que o Papa esteja a sugerir passar uma borracha sobre o
pecado. Jesus veio nas suas próprias palavras para salvar os pecadores (entre
os quais me incluo). Mas salvar-nos do pecado para nos reconciliar com o Pai.
Acolher o pecador não é a mesma coisa que acolher o seu pecado e muito menos
aceitá-lo como facto consumado ou concordar com ele. A Igreja é mãe e como qualquer boa mãe acolhe todos os
filhos, mas corrige-os com exigência. Trata-se nada menos nada mais que planear
o futuro (a vida para além deste mundo) e como vivê-lo na eternidade. Joaquim Ribeiro > Car Los: Aqui está a breve argumentação de um emissário do
TERROR ROUSSEAUNIANO : que leu, certamente, no livro da razão e da ciência .
Parafraseando o Michel Houellebecq, “vá tomar no cu” Francisco Almeida: A Igreja universal é a comunidade de todos os católicos,
bispos, presbíteros e laicos. Eugénia de Vasconcellos parece não perceber a
distinção entre a realidade que é a Igreja e as opiniões do papa, que é a sua
cabeça. Além do mais, é falta de senso comum. E, sem sombra de dúvida, considerada a realidade que é
hoje a Igreja - em mutação, é certo, mas não rápida como nunca poderia ser -
considerando especialmente a realidade da vivência religiosa em África, na
América do Sul a e parte considerável da Europa do Sul, a exibição de uma
bandeira trans, é uma provocação. Entendo mesmo que poderia constituir um
incitamento à violência. A intervenção
na igreja da Ameixoeira, está tipificada no Código Penal e deve ser tratada
como tal. É contraditório - mais falta de senso - associar toda a Igreja, às
acções de um pequeno grupo. Quanto ao
facto - clarividentemente apontado por Luís Pombo - de Eugénia de Vasconcellos
ter apenas apontado dois incidentes mínimos, num universo enorme de factos
positivos, fez-me pena. Muita pena, pois até gostei dos seus artigos
anteriores.
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