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Artigo de opinião que pretende esclarecer-nos
a respeito de “como isto nos
vai”, cada vez mais sem esperança, acomodados que somos, poveri noi.
A batalha pela democracia
Portugal é hoje uma autocracia de
fachada democrática. A última maioria absoluta do Partido Socialista deu a
António Costa um poder absoluto sobre o Estado e sobre muitas instituições da
sociedade.
HENRIQUE NETO, Empresário
OBSERVADOR, 29 ago. 2023, 00:152
O jornal Expresso publicou um artigo sobre o estado de indigência a que chegaram as
nossas Forças Armadas. O tema, dada a sua importância, foi também tratado nas
diferentes televisões e feitos vários comentários e análises de especialistas,
a maioria militares de patentes superiores. No final, as análises não se afastam do que se passa na saúde, na
educação, na justiça e na economia, como reflexo dos cerca de catorze anos da
governação do Partido Socialista de José Sócrates e. de António Costa. O estado
de degradação e de desorganização de todos estes sectores não diferem, porque
as causas são as mesmas: a total incapacidade dos governantes e quadros do
PS para organizar e gerir organizações complexas. Nunca o fizeram, nunca
aprenderam como se faz e o resultado da sua intervenção no governo do País só
poderia ser este.
Para além da gritante incompetência do
PS, o País é confrontado com uma outra questão igualmente demolidora: a ausência de liderança perante o excesso
de ideologias esquerdizantes que convivem em plena contradição com as
democracias europeias e com as regras de mercado dominantes na Europa e no
Ocidente. Na habitação, na ferrovia, na saúde e em tudo o resto, os saldos de
uma cultura marxista fora do tempo dominam as decisões impostas de forma
crescentemente mais autocrática. Acresce a cultura do assistencialismo do Estado agora instalada, não com o objectivo de minorar as
crescentes dificuldades das famílias portuguesas, mas como um
instrumento do poder socialista com vista a ganhar eleições.
A grande família socialista domina o
Estado em todas as suas dimensões e através da cultura da subsidiação controla
as mais variadas instituições da sociedade. Os apoios da União Europeia e o
empobrecimento da classe média feita através dos impostos que atingiram níveis
insustentáveis, criaram em Portugal um Estado suficientemente rico para comprar
os votos dos portugueses, mantendo as famílias entre as mais pobres da Europa.
Infelizmente, a União Europeia é
também hoje parte do problema, em que o objectivo de Bruxelas se limita a
manter o equilíbrio financeiro e a ideia de que todos os problemas se resolvem
com dinheiro, muito dinheiro. Com esse fim a União Europeia esquece as
suas próprias regras e decisões, como acontece com a nossa ferrovia ou no caso da TAP, fecha os olhos às
ideologias extremistas da esquerda e da direita e convive com práticas de
corrupção que minam o tecido democrático. A União Europeia preocupa-se geralmente
com as pequenas questões burocráticas, aceitando que a má gestão domine alguns
países como é o nosso caso.
Portugal é hoje uma autocracia de fachada democrática. A última maioria absoluta do Partido Socialista deu a
António Costa um poder absoluto sobre o Estado e sobre muitas instituições da
sociedade. Após muitos anos de nomeações dos boys da grande família socialista
para tudo que é poder, António Costa tem hoje o domínio do partido e do País. Depois de
quatro anos de coabitação com o Presidente da República, agora o crescente
poder do primeiro-ministro permite-lhe confrontar Marcelo Rebelo de Sousa e
muitas das restantes instituições democráticas, mostrando ao País quem manda.
Neste processo, a separação de poderes é a última ficção e a máquina da Justiça
é mantida a pão e água por entre as mordomias das nomeações e das contractações
do Estado.
A
última batalha pela democracia trava-se agora na comunicação social entre os
vários textos de uma certa reserva democrática de universitários, jornalistas,
gestores e de políticos na reforma de um lado e os textos que, sob a capa de
uma certa independência formal e fortemente ideológica, da esquerda e da
direita, com que muitos modernistas e passadistas tentam justificar com boas
palavras e algum ganho as inconsequências da governação.
Nota: este texto foi escrito sob a
inspiração do extraordinário livro de Henry Kissinger “Liderança”, que, de
alguma forma, retrata a nossa tragédia nacional.
COMENTÁRIOS:
Momo, um Deus em Cascais: Cada vez que leio um artigo de opinião de Henrique
Neto bato com a cabeça na parede pelo menos três vezes. Em 2016 era o meu
candidato de eleição, sem conseguir entender até hoje a razão que me levou a
tal estupidez, acabei por votar Marcelo (1x). Parabéns por mais este
excelente artigo de opinião. JOHN MARTINS: E inspirou-se muito bem e com
grande sentido crítico, trazendo à tona muitos dos podres desta autocracia
socialista que nos tem desgovernado durante uns 15 anos, Sócrates & Costa.
Parabéns. Sabe dos podres socialistas como ninguém; e
tem coragem de os revelar como poucos.
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