domingo, 13 de agosto de 2023

O conformismo está-nos mais no sangue

 

De conivência com a palhaçada. Seriedade, bom senso, estudo de rigor e clareza nos critérios para a eficiência desprovida de compadrio ou auto promoção correm ao lado, como sempre, não só nos governantes como nos governados, farinha do mesmo saco.

Derrotar a apatia

Por um lado, pedem-se reformas estruturais do SNS. Por outro, quando aparecem propostas, estas são (quase) ignoradas. O país vive refém de consensos inconsequentes e da sua incapacidade para mudar.

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 10 ago. 2023, 00:2312

O acesso aos serviços de saúde degradou-se nos últimos anos e ascendeu, desde então, à primeira linha das preocupações da população, que pede reformas no sector. Semanalmente, as notícias sobre falta de médicos e sobre serviços de urgência encerrados servem de lembrete para a magnitude dos desafios organizacionais do SNS — onde faltam recursos humanos e uma gestão adequada da rede, prejudicando milhares de utentes que não recebem atempadamente os cuidados de saúde de que carecem. Este diagnóstico de um SNS em crise e sob enorme pressão já se pode considerar consensual. Com maior ou menor dramatismo retórico, todos (utentes, especialistas, partidos políticos) insistem no óbvio: a situação actual não pode perdurar e medidas reformistas devem ser implementadas, de forma a enfrentar as “muitas dificuldades a superar” no SNS (nas palavras do próprio ministro da Saúde).

Consequentemente, são incontáveis os editoriais e artigos de opinião que reclamam melhorias na gestão do sector da Saúde e reformas estruturais do SNS. Ou seja, o debate público está inundado de apelos a reformas estruturais, legitimados por sondagens que confirmam ser esta uma das grandes expectativas da população quanto às políticas públicas. Esta urgência levar-nos-ia a confiar que propostas reformistas sérias e bem elaboradas fossem recebidas com entusiasmo pelo debate público — não forçosamente com concordância, mas pelo menos com a satisfação de se poder discutir soluções possíveis e promover algum tipo de entendimento para melhorar o acesso aos cuidados de saúde.

Não foi o que aconteceu. PSD e IL apresentaram recentemente as suas propostas para o sector da Saúde. Estas têm pontos em comum, como seria de esperar, mas também abordagens estratégicas muito distintas — por exemplo, a IL avança com uma proposta de mudança sistémica através de uma nova Lei de Bases, enquanto o PSD opta por alterações cirúrgicas (e, por isso, mais fáceis de negociar na arena política). Mais importante para o ponto deste artigo: as propostas foram recebidas com indiferença e remetidas ao silêncio — não suscitaram um debate público alargado e ficaram limitadas à bolha parlamentar, onde a maioria absoluta do PS manda. Como tal,os socialistas chumbaram em bloco as propostas do PSD, sem que tal atitude gerasse ruído na opinião pública.

Este contraste deveria fazer-nos reflectir. Na expressão certeira de José Miguel Júdice, “muito do que é importante é realmente, vezes de mais, inaudível”. Por um lado, pedem-se reformas estruturais para o SNS. Por outro lado, quando aparecem propostas de reformas estruturais para o SNS, estas são (quase) ignoradas. Na semana passada, escrevi sobre um contraste semelhante na Educação, que todos consideram ser prioritária mas cujas falhas geram indiferença quase absoluta no debate público. Portanto, o problema é transversal, não pertence a um ou a outro sector. O país vive refém de consensos inconsequentes, de uma sociedade civil pouco exigente e da sua incapacidade para mudar. Por mais ingrato que seja, é também essa apatia que os partidos na oposição têm de derrotar.

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE    PAÍS    INICIATIVA LIBERAL    POLÍTICA    PSD   PS

COMENTÁRIOS:

Maria Cordes: Acabei de escrever um comentário, no artigo sobre a observação do MAI relativa aos incêndios, que menciona a apatia, indiferença e incompetência do governo sobre o ataque à propriedade, de que os incêndios são só uma das faces mais visíveis e dolorosas. Por detrás estão episódios de abuso, roubo e vandalismo, sem qq criminalização, por falta de meios de investigação e da GNR. A Câmara de Leiria, pela voz do seu Presidente, mencionou este facto. É a primeira vez que vejo esta chamada de atenção. O fatalismo, irmão gémeo da apatia, é a respiração deste país, faz de conta. O milagre das Jornadas, foi único e é excepção no todo. Para onde viajou o nosso direito à indignação, alforrecas.            João Ramos: Faltou ao articulista referir que grande parte da culpa por esta apatia sobre questões importantes, deve-se em grande parte aos media, sejam televisões ou jornais que sobrevivem à custa da sua subserviência ao poder político em contraponto com as suas obrigações profissionais que deveriam ser completamente independentes do actual poder político e teriam a obrigação estrita de informar o público do que realmente se passa e está em jogo e não como o fazem normalmente de escamotear esses assuntos e sempre a favor do PS…              Luis Freitas: Este regime está tão podre que transformou este país falido, penhorado e há venda em saldos numa grande pocilga. Não é possível haver qualquer solução para um países como Portugal desgovernados por gatunos, corruptos e incompetentes  , travestidos de democracias com uma justiça especializada em lavar e branquear os grandes roubos, corrupção e gestões danosas. Agora a grande maioria dos jovens portugueses tiram a licenciatura ou o mestrado ou o doutoramento fogem de Portugal "como o diabo da cruz" pois não estão disponíveis para serem escravizados com salários de miséria,  para a colmatar o grande défice de mão de obra existente em Portugal,  este regime de traidores abre as portas aos imigrantes praticamente analfabetos de países super pobres, para depois serem escravizados em Portugal. Portugal com o PS+BE+PCP e PSD+CDS conseguiram para 3 bancarrotas, a maior dívida pública de toda a história de Portugal e derreteram carradas de biliões de euros vindos da União Europeia para alimentar a corrupção instalada em todos os sectores do Estado e da economia português. O PS ajudado pelos extremistas da esquerda do PCP e BE conseguiram arrebentar com a Educação e SNS   a justiça está em coma e o zé povinho imbecilizado continua a votar nessas gentes para empobrecer aceleradamente Portugal. Portanto não tenho nenhuma pena da Tugalhada que continua a votar nesses bandos de mafiosos que nos desgovernam e nem sequer têm um pingo de honestidade para acabar com a super criminosa lei das rendas das casas congeladas desde Novembro de 1910.               Luis Figueiredo > Luis Freitas: o curioso é que esta cambada de vigaristas segue a política do tão criticado, por eles, Salazar. Só com uma diferença: Salazar era honesto. No resto, seguem a política das contas certas, muito por força das obrigações com a UE, é claro, do congelamento de rendas, da ineficiência do sistema de saúde e educação. Porque não se pode gastar dinheiro. Tal como Salazar, somos um país sem rumo. Mas enchem a boca com democracia. E o povinho, satisfeito com migalhas na mesa, anda todo eufórico, sempre com medo do Chega, não se apercebendo do logro e do engano em que está o país enredado...                   Rui Pedro Matos: Uma crónica apática....o importante é que o Costa poucochinho está bem blindado, em férias a preparar o oe2024, em contactos internacionais, aparecendo cirurgicamente aos fins de semana e os jornalistas a fazerem o papel de cronistas do ministério da propaganda do polvo Costa! O sr. Cronista Homem Cristo, parece-me apático, tal como me pareceu na semana passada. Maria Gomes: Quantos artigos ou programas o Observador já dedicou ao projecto da IL para a saúde?

 

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