Que se reproduzem consciente ou
inconscientemente, como descarga da generosa condição masculina, quer se trate
de plantas quer de peixes que os respectivos receptáculos femininos colherão ou
não, conforme os incêndios ou as tempestades o permitam, com certeza, o Dr.
Salles não nos esclarece sobre tal. Julgava que se ia referir ao filme francês
do Claude Lelouch, quando li o seu título, mas em vez da história francesa de
amor e de vidas, o Dr. Salles enveredou pela lição biológica, aproveitando,
naturalmente, para expor sobre as suas convicções meio antiquadas, pois não
abdicam nem por sombras – que de resto não são precisas, já que falseariam a
realidade – não abdicam das convicções, não direi machistas, mas
encaminhando-se orgulhosamente no sentido da oposição força / generosidade /
acuidade perceptiva masculinas, vs. fragilidade / curiosidade / envolvimento
femininos, trazendo as respectivas consequências nas sociedades, ao longo dos
tempos. Especulando, é certo, sobre a questão do “carregamento” dos caixotes
como condição – humilhante para o homem - da força masculina, no fundo passa ao
largo o uso dessa força, como meio de subjugação da mulher ao longo dos tempos. Não
abdicando, pois, das suas convicções, para mais conclusivas sobre a necessária
complementaridade dos casais, o amor sendo necessariamente um factor ditado
pela inteligência que complementa os casais, dá-nos o Dr. Salles uma saudável e
graciosa lição sobre a vida e a criação - como deveriam ser, de resto.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 16.08.23
DA GENEROSIDADE E DA ESCOLHA
No reino vegetal, é da condição
masculina espalhar o pólen ao vento para que alcance uma ou mais congéneres
femininas e assim se faça a propagação da espécie. O mesmo se diga do que
acontece no meio aquático em que o macho expele as sementes para que as
correntes as conduzam às fêmeas.
Em
linguagem vulgar, digamos que, nos exemplos anteriores, a reprodução se faz «ao
calhas», sem uma vontade consciente pois que, na maior parte daquelas espécies
nem sequer há o órgão da consciência, o cérebro. Trata-se,
pois, de um acto irracional sobre cuja génese, creio eu, assenta grande
polémica entre Darwin e os sacerdotes. Hoje, não vou por aí. Limito-me ao cérebro, como sede da
consciência da racionalidade e dos sentimentos.
Passando directamente para os
mamíferos sei que todos comunicam entre si e que, uma vez domesticados, comunicam
connosco, os humanos. Esta
comunicação pode ser gestual, corporal e até sonora – o miar do gato, o ladrar
do cão, o relincho do cavalo… transmitindo vontades, afectos e desafectos.
O exemplo que melhor conheço é o da reprodução “en nature” das éguas em
manada em que cada semental só é aceite por certas éguas e rejeitado (ao coice
e à dentada) pelas outras. Ou seja, a evidente generosidade fecundante do
cavalo é condicionada pela escolha que a égua faz do semental por que quer ser
fecundada.
Exactamente
como na espécie humana: o homem só vai até onde a mulher permite e tudo quanto
ultrapasse essa fronteira é violação. Sim, a generosidade é masculina, mas
a decisão é feminina.
E, agora, venham cá dizer qual
é o sexo forte… O masculino?
Sim, para acarretar com caixotes.
* * *
DA ESTRADA E DAS SUAS BERMAS
Posto
o homem perante um conjunto de factos, logo recorre ao seu típico raciocínio
selectivo, elegendo um facto como principal e relegando todos os demais para um
plano subalterno; posta numa situação equivalente, a mulher tende a distribuir
equitativamente a sua atenção por todos os factos, sem relevância especial para
qualquer deles.
Ou seja, o homem define um objectivo
mas corre o risco de perder a noção do conjunto enquanto a mulher tende a ter
um conhecimento holístico mas corre o risco de perder o rumo. Ele olha para a estrada e ela para as
bermas. Eis por que a sociedade perfeita é constituída por
homem e mulher.
DA CORRENTE DO PENSAMENTO
Como as cerejas, as palavras pegam-se
umas às outras mas isso acontece por causa das ideias que lhes subjazem. As
ideias, sim, são como as cerejas desde que ligadas pela lógica. A corrente do pensamento ou é lógica ou não
é pensamento. O encadeamento
do processo mental exije ponderação e a sua verbalização é mais rápida ou mais
lenta conforme a dita ponderação, E esta, afinal, é a tomada de
consciências sobre as envolvências, as bermas de há pouco. O homem fala pausadamente porque precisa de olhar para as bermas da
via lógica; a mulher fala ininterruptamente porque conhece todas as bermas do
caminho e, se perde o rumo, repete tudo até se reencontrar. Resta um
enigma: o que leva os madrilenos a falar ao ritmo de uma metralhadora?
* * *
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento empírico é o dos factos; o
conhecimento científico é o das causas. Nestas matérias, o meu conhecimento é
quase todo empírico. Venha a Ciência!
Agosto de 2023
Henrique Salles da Fonseca
Francisco G.
de Amorim 20.08.2023 15:17:Com o avanço da idade
já não sei se os meus conhecimentos são empíricos ou de ciências!
COMENTÁRIOS:
Francisco G.
de Amorim 20.08.2023 15:17:Com o avanço da idade
já não sei se os meus conhecimentos são empíricos ou de ciências!
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