Países do continente africano a
participar no encontro. Faltaram os adoradores que a Rússia poderosa e há muito
atenta – por via do subsolo - domina em África. E a Rússia ri-se, raça! Pobre
Ucrânia! Pobre Zelensky, tão ajudado por armas e bagagens, mas não chega isso! Afinal
a Rússia está para ficar. E ri-se, raça!, a babar-se de gozo. Que sentirá
Zelensky, a mexer-se e remexer-se, pedindo ajuda inutilmente? Muito cinismo dos
povos “ajudantes”, é o que parece aos leigos… A Ucrânia que vá lutando. E é se
quer!
"Um raio de esperança" ou
"uma tentativa infrutífera" de resolver a guerra na Ucrânia? O que
ficou do encontro de paz saudita
Não houve texto final sobre encontro
de paz em Jeddah, mas Kiev faz balanço positivo. Pequim pede mais uma ronda de
negociações e diz que estará na próxima. Brasil deixa críticas pela ausência
russa.
OBSERVADOR, 06 AGO. 2023, 20:06 2
As expectativas eram altas para o encontro de paz que reunia mais de
40 delegações oriundas de todos os continentes e que tinha como objetivo tentar
resolver a guerra na Ucrânia. Apesar da ausência da potência agressora o
encontro juntou países que têm sido apontados como mais próximos da Rússia,
como a China ou a Índia.
Em Jeddah, no oeste da Arábia Saudita, as comitivas discutiram durante longas
horas —sempre à porta fechada
— qual seria a melhor maneira de terminar com o conflito que
já dura há quase 17 meses. Ainda
assim, a organização do evento, que terminou este domingo, não divulgou qualquer
texto final que reunisse os principais pontos abordados. Esse nem sequer era,
aliás, o objectivo, tendo em considerações as diferentes posições que os países
adoptaram desde 24 de fevereiro de 2022.
A Ucrânia fez um balanço positivo do
encontro. Ressalvando que havia “diferentes visões” durante a
reunião, o chefe do gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak, classificou as
conversas como “produtivas” sobretudo sobre os “princípios em que se deve
ancorar uma paz justa e duradoura”. “Nós tivemos uma conversa honesta e aberta, durante a qual os
representantes de cada país podiam apresentar a sua posição e visão”,
afirmou.
Adicionalmente, o chefe do gabinete da
Ucrânia realçou que os participantes mostraram um “compromisso” relativamente
ao respeito pela “Carta das Nações Unidas, pelo direito internacional, pelo
respeito pela soberania e pela inviolabilidade da integridade territorial dos
Estados”, princípios que Kiev considera essenciais para firmar um acordo de
paz.
Por sua vez, o país ausente mais presente foi a Rússia, que nem sequer foi convidado para o
encontro, ainda que o Kremlin tenha assegurado que ia “acompanhar” a reunião
com mais de 40 países. Criticando
a iniciativa de paz saudita, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei
Ryabkov, considera que a
reunião foi uma “tentativa fútil e infrutífera” do Ocidente “mobilizar a
comunidade internacional, mais concretamente o Sul Global, para apoiar a
fórmula de Zelensky”.
O Sul Global — que inclui a América Latina, África e a grande parte
do continente asiático — tem mantido uma posição pouco clara sobre o conflito
na Ucrânia. Maioria dos países condena a invasão e pede o fim
do conflito, mas não aplica qualquer sanção à Rússia. A diplomacia ucraniana
tem-se multiplicado em iniciativas para tentar convencer vários países de que
não só devem diminuir a proximidade com Moscovo, como também devem apoiar uma
proposta de paz de Kiev.
Mesmo assim, um dos países do Sul Global não se manifestou
completamente satisfeito com este encontro de paz. Antes
do início da reunião, Celso Amorim, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do
Brasil e o enviado da presidência brasileira para Jeddah, deixou críticas à
organização. “Qualquer negociação real deve incluir todas as
partes”, afirmou o diplomata à
G1, aludindo à ausência da Rússia. Reforçando que
a Ucrânia é a “maior vítima”, o responsável sublinhou que, se a comunidade
internacional quiser a “paz”, deve “envolver Moscovo neste processo de alguma
forma”.
De todos os países do Sul Global, a presença da China era a mais
esperada. “Foi uma vitória histórica”,
chegou a adjetivar o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano. Dmytro
Kuleba agradeceu à Arábia Saudita ter convencido Pequim, que mantém uma grande
influência sob Moscovo, a estar presente. E o resultado não foi claro — mas não
foi negativo: delegação chinesa pediu, no final de reunião, uma terceira ronda
de encontros para chegar a uma estrutura capaz de abrir portas a um acordo
de paz.
“Há vários pontos de desacordo e ouvimos
posições diferentes, mas é importante que os nossos princípios sejam
partilhados”, declarou Li Hui, representante especial chinês para os assuntos
euro-asiáticos. A China não esteve presente no primeiro encontro de paz em
Copenhaga, mas inverteu a posição.
O que foi discutido no encontro de
paz?
Devido ao encontro ter sido à porta
fechada, poucos são os detalhes que vieram a público. Ainda
assim, de acordo com o que apurou a agência de notícias alemã DPA, as delegações terão discutido um novo
acordo de paz elaborado pela Arábia Saudita, além da formula de paz apresentada
há meses pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Neste acordo saudita estaria previsto um
cessar-fogo imediato, o início de negociações de paz sob a supervisão
das Nações Unidas e ainda uma troca de prisioneiros. A Rússia foi igualmente informada
destas condições da diplomacia de Riade.
A única governante a pronunciar-se sobre o encontro foi a ministra
dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena
Baerbock. Em
declarações à imprensa alemã, a chefe da diplomacia germânica enfatizou que
este encontro de paz mostra que a guerra na Ucrânia também “afecta pessoas da
África, da Ásia e da América do Sul”.
Mantendo uma postura cautelosamente optimista,
Annalena Baerbock indicou
ainda que “todos os milímetros de progresso para uma paz justa trazem um raio
de esperança” para o povo ucraniano. E deixou elogios à fórmula de paz de
Volodymyr Zelensky, definindo-o como sendo um “caminho decisivo” para terminar
o conflito.
No encontro, estiveram presentes as
seguintes delegações:
Europa: Alemanha, Bulgária, Chéquia, Dinamarca,
Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Itália, Letónia, Lituânia,
Noruega, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, Roménia, Suécia, Turquia e ainda
a União Europeia.
América do Norte: Estados Unidos e Canadá (México confirmou que foi convidado,
mas não esteve presente).
América do Sul: Argentina, Brasil e Chile.
África: África do Sul e Egipto.
Ásia: Arábia Saudita, Austrália, Bahrein, China,
Comores, Coreia do Sul, Índia, Japão, Jordânia, Kuwait, Qatar e Turquia.
Oceânia: Austrália.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
RÚSSIA RÚSSIA-UCRÂNIA jduarte@observador.pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário