Dum Palácio que mais que uma vez visitei, e, ao evocá-lo hoje, transcrito o texto historiográfico do OBSERVADOR, presto íntima homenagem bem entusiástica ao Presidente da AD, e Primeiro-Ministro do Governo português, Luís Montenegro, no entusiasmo por uma actuação hoje, de real grandeza – eficientemente timbrada e “rija”, de um verdadeiro dirigente, que “Deus” proteja… e os portugueses também. Sem medos. Sem traições.
Sintra em Cin.co Séculos: Palácio Nacional de Sintra
Este conjunto de paços reais, espaço
predilecto de muitos monarcas portugueses, é um marco não só na paisagem de
Sintra, pelas suas imponentes chaminés brancas, mas também na História de
Portugal.
OBSERVADOR, 15 mai. 2024, 12:19
Numa observação à distância do Palácio Nacional de Sintra saltam de imediato à vista dois
pormenores: as enormes chaminés
cónicas que se elevam a partir da respectiva cozinha e o
facto de o Palácio parecer um aglomerado de edifícios sobrepostos em diferentes
níveis, como se formassem um vilarejo dentro da vila que o acolhe.
Este segundo pormenor revela-nos um factor
importante sobre a sua origem: o Palácio
não é apenas um edifício, mas vários, construídos em diferentes épocas. Não se sabe, ao certo, quando é que surgiu o
primeiro. Sabe-se, isso sim, que remonta ao período de domínio árabe, que
terminou em 1147, com a rendição dos almorávidas de Sintra. Seria naquele
local, denominado Chão de Oliva, numa
estrutura cujos vestígios ainda estão por encontrar, que os governadores mouros
teriam a sua residência.
A primeira menção deste edificado num
documento oficial data do reinado de D. Dinis. Nele, o rei ordenava que os muçulmanos
libertos de Colares zelassem pela sua manutenção. D. Dinis concedeu-o, bem como
à vila de Sintra, à sua mulher Isabel de Aragão, que ficaria popularmente
conhecida como Rainha Santa Isabel. A prática tornou-se tradição entre os reis
subsequentes – faria parte do património designado Casa das Rainhas, que lhes permitia ter rendimento próprio e
pessoas que dela dependiam.
Ao longo dos séculos
seguintes, o Palácio foi habitado e ampliado pelos reis e rainhas vigentes,
incorporando estilos das épocas correspondentes, o que explica a panóplia de
referências arquitectónicas que lá podemos encontrar, do gótico ao manuelino,
com destaque, também, para o revestimento em azulejos mudéjares ou
hispano-mouriscos.
As
famosas chaminés
cónicas, com 33
metros de altura, que marcam a silhueta do Palácio e a paisagem da vila
de Sintra, surgiram
durante o reinado de D. João I,
responsável pela construção de um novo Paço Real, cheio de opulência – de que é
exemplo a Sala dos Cisnes
– e monumentalidade, bem patente na cozinha, onde se serviam as centenas de
pessoas da corte e se preparavam banquetes com o produto das caçadas reais. Essas
caçadas foram uma das razões da paixão de muitos monarcas por Sintra, onde
podiam – sem se afastarem muito de Lisboa, cada vez mais o centro de decisão
nacional – desfrutar de um local abundante em espécies de maior e menor porte, dos javalis às perdizes.
Já no século XVI, D. Manuel I decorou as salas do Palácio com azulejos
hispano-mouriscos importados de Sevilha. Edificou a Ala Nascente e a
Sala dos Brasões, onde
inscreveu os brasões das famílias mais importantes da nobreza, com o seu ao
centro, em grande destaque. O seu sucessor, D. João III,
prosseguiu os trabalhos de engrandecimento do Palácio, construindo um novo
Paço. Ao longo deste século, o palácio continuou a receber as mais altas
figuras do Estado, tendo sido um dos espaços favoritos de D. Sebastião.
No século seguinte, foi no
Palácio Nacional de Sintra que D. Afonso VI, afastado do trono pelo seu irmão
D. Pedro, passou, encarcerado, os últimos nove anos de vida. Morreu no quarto que ainda hoje tem o seu
nome e cujo pavimento cerâmico, com múltiplos padrões, é dos mais antigos de
todo o edifício.
O terramoto de 1755 deixou marcas no Palácio, que foi,
posteriormente, restaurado. A Sala dos Cisnes sofreu danos e foi recuperada já
na década de 1780. Poderá ter sido também o terramoto o responsável pela queda da torre que se elevava sobre a
Sala dos Árabes – sem certezas, porém, dado que o último registo
oficial da torre datava de 1508.
Nos últimos anos da monarquia e nos
primeiros da República, o Palácio
continuou a ser alvo de obras de melhoramento e redecoração, com o objectivo de
adequá-lo às necessidades da Família Real, dotando-o de maiores níveis de
conforto. Durante o Estado Novo, entre as décadas de 1930 e 1940, há
novas intervenções no Palácio com vista à sua utilização como instrumento da
propaganda política, com destaque para o trabalho conduzido pelo arquitecto Raúl Lino, cuja teorização do conceito da “Casa Portuguesa” marcou a época.
Foi, aliás, nessa época que o Palácio
abriu ao público, tendo vindo a tornar-se uma das mais importantes atracções da
vila de Sintra e da sua Paisagem Cultural, Património Mundial da Unesco desde 1995. A Parques de Sintra assumiu a sua gestão em 2012 e em
2013, passou a constar da Rede de Residências Reais Europeias.
Os seus mais de 1000 anos de história
continuam a ser estudados em permanência. Recentemente, identificou-se que a Sala das Galés terá funcionado como galeria, a
única galeria palatina em Portugal do século XVI. E não só, no final de
2022, a equipa de investigadores revelou a existência da chamada Casa do Conselho de Estado, que
terá funcionado no Palácio entre os séculos XVI e XVIII – ficando provado que
mais do que mera residência, o espaço também acolheu instituições tão
importantes para a nação como os tribunais superiores, e, mais tarde, reuniões
de Conselho de Estado.
Para ficar a saber mais histórias sobre
o Palácio Nacional de Sintra, oiça aqui o episódio dedicado no podcast Sintra em Cinco Séculos, com os
convidados António Nunes
Pereira (director dos Palácios geridos pela
Parques de Sintra), Bruno Martinho
(conservador da Parques de Sintra / Palácio Nacional de Sintra) e Ana
Sanches (arquiteta paisagista, responsável
pelos jardins do Palácio Nacional de Sintra).
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