Viva o povo
Que é «quem mais ordena», na nossa “cidade” de Grândola - que afinal
não passa de uma “vila”, para mais morena, do mourejar nas campinas soalheiras
- daí os debates sem a visão política aristotélica, que - e transcrevo da
Internet, fonte habitual do meu saber esforçado – explica que
“Temos
na comunidade governantes e governados, cujas qualidades são diferentes, o bom
cidadão deve ter os conhecimentos e a capacidade indispensável tanto para ser
governado quanto para governar, e o mérito do bom cidadão está em conhecer o
governo de homens livres sob os dois aspectos; porém o discernimento é a
única qualidade específica de um governante.”
E é por isso que o Dr. Salles se rege
por conceitos que implicam os princípios de uma semântica mais trabalhada que
pretende dar lições com axiomas provindos desses clássicos, e não como é uso
hoje, nos nossos não-debates mas apenas discussões com atropelos constantes,
como se usa nas tabernas, embora hoje também nas excitações futebolísticas, mesmo
as televisivas, que vêm ao encontro da sua definição das discussões políticas,
que reponho: “O moderno
discurso político é sobretudo dogmático, raramente lacónico e quase nunca
axiomático; Aristóteles
votado ao ostracismo”.
Somos todos, povo de vila, e daí os
nossos debates populares de governantes que se prezam, como povo – embora vilão
- ou a democracia não passa de uma batata.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO20.05.24
Ou
A SEMÂNTICA DOS CONCEITOS
- Os turcos são mandriões;
- Os espanhóis andam na rua de «traje de luces y montera»;
- Os portugueses vestem-se como campinos.
CHEGA DE DISPARATES, HAJA TENTO NA LÍNGUA!
* * *
O moderno discurso político é
sobretudo dogmático, raramente lacónico e quase nunca axiomático; Aristóteles votado ao ostracismo,
convicção formulada por decibéis. Não
há debates, mas sim discussões em tons irados e dando a entender que os outros
são mentecaptos, corruptos, indignos. Assim, nada de bom virá ao
mundo.
* * * *
A discussão ora em curso no
Parlamento Português sobre a liberdade de expressão devia ter sido antecedida
por uma tentativa de harmonização semântica de conceitos para que, no
espectáculo televisivo no Plenário, uns não falem nos alhos e os outros nos
bugalhos induzindo a confusão nos eleitores incautos. A menos que o façam
propositadamente, o que poderá denotar má fé. Mas como isto não é
crível, mais vale o esforço da harmonia dos significados e dos conceitos.
Por exemplo quando um comunista se refere a democracia
(o Dr. Cunhal referia-se amiúde a «um Estado
verdadeiramente democrático»), significa
o despojamento das pessoas
relativamente à propriedade privada até que, aniquilada a individualidade, a
mole humana fique pronta para servir o Estado. Não vou perder
tempo a descrever o que nos separa: tudo.
Uma vez clarificada a Semântica, que se passe à análise do «politicamente correcto» cuja
estreita ligação ao bem-comum, deve proporcionar a busca de uma plataforma tão
ampla quanto possível de modo a que se criem áreas de entendimento. E uma
dessas áreas que seja a da liberdade
de expressão.
Se
não houver um esforço neste sentido, preparemo-nos para a berraria dos
megafones propalando dogmas e outros conceitos inexplicáveis.
Actualmente, o policamente correcto
Europeu consiste na tolerância dos intolerantes que militam na destruição dos
Valores europeus, nomeadamente os históricos e… mais não digo.
Maio de 2024
Henrique Salles da Fonseca
2 comentários
Antonio
21.05.202414:01: O Doutor Henrique Salles da Fonseca, no seu
inimitável estilo, toca no nervo sobre o que aflige as discussões Parlamentares
- um diálogo de surdos. Nota-se este comportamento em, praticamente, todos os
Parlamentos democráticos, inclusive no Parlamento inglês (a badalada mãe das democracias
modernas). No Parlamento Canadiano dá-se o mesmo. Pergunto - como se explica
isso? A meu ver:
1.Transposição de valores,
permitindo pôr o interesse do Partido à diante do interesse da Pátria
2. Abjecta submissão à disciplina
partidária
3. Mediocridade/preguiça mental
que prefere deferir a necessidade de um estudo aturado dos Projectos de Lei
à opinião do grupos parlamentares partidários.
Tudo isto contribui para espetáculos indecorosos nos Parlamentos dos
Países Democráticos. Muito Obrigado.
Adriano Miranda Lima 22.05.2024 12:42: Felicito o
Dr. Salles da Fonseca pela pertinência, clareza e assertividade deste seu texto
em que nos dá conta de como o debate político se degrada nas sociedades
democráticas. Dir-se-á que a democracia se enrola no estranho paradoxo de
permitir que seja a própria liberdade - sua filha dilecta - a urdir as suas
fragilidades intrínsecas e a oferecê-las de bandeja aos seus adversários. A
concepção abstracta da liberdade deve descer ao terreno da realidade humana
para a todo o momento reavaliar o vínculo jurídico e filosófico entre a
liberdade e a democracia? Julgo que sim, porque o contrário será como permitir
a intrusão de Cavalos de Tróia no reduto da democracia. A degradação do nosso
debate parlamentar tem sido de uma evidência tal nos últimos anos que leva a
concluir que há uma estratégia assumida para liquidar a democracia no que ela
tem de mais puro e genuíno. Os seus agentes estão bem identificados, uns agindo
com mais ruído e espalhafato e outros mais disfarçadamente. A dificuldade é que
a solução do problema está somente nas mãos do povo, mediante as suas escolhas
eleitorais, e aí nada poderá fazer o legislador, de onde se conclui que cada
povo tem a democracia que merece, podendo mesmo sentenciar a sua liquidação,
conscientemente ou não, o que reedita o paradoxo apontado por Karl Popper no
seu livro The Open Society and Its Enemies.
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