De toleima e indiscrição, de falsa
simpatia humana, “rei verdadeiramente nu” no absurdo da vivência para que vamos
resvalando...
Um Presidente amigo do populismo
Marcelo Rebelo de Sousa corre o risco de ser um
Presidente que contribuiu para o populismo, criando problemas que não existem e
esquecendo os que são importantes para os portugueses.
HELENA GARRIDO Colunista
OBSERVADOR, 30
abr. 2024, 00:1948
“Onde
não temos problemas, não os devemos criar”. Esta foi uma das mensagens que o Presidente da República deixou ao
primeiro-ministro Luís Montenegro acabado de empossar no dia 2 de Abril. Aparentemente esqueceu-se de aplicar esse
conselho a si próprio, como percebemos pela conversa em tom de monólogo que teve com os jornalistas estrangeiros a viver em Portugal. O que
disse foi de tal forma estranho, que justificou a perplexidade dos jornalistas
na tentativa de perceberem o que pretende Marcelo Rebelo de Sousa. Defender o
seu legado? Sair da presidência como mais popular dos presidentes? Mesmo que
isso tenham custos para o país?
No universo da política e especialmente
da elite tradicional lisboeta, não há quem não identifique uma inteligência
superior no Presidente. É difícil perceber porquê, mas temos de aceitar que
quem conhece melhor o Presidente tenha razões para afirmar aquilo que não
conseguimos identificar, ao longo deste tempo de exercício da sua função e
principalmente nestes últimos anos. Aquilo
que nos é dado é uma personalidade centrada em si própria e viciada em cenários
e jogos políticos, que não se coíbe de dizer uma coisa e o seu contrário e a
quem tudo é perdoado pelo encanto que gera à sua volta, mas também por fazer
parte integrante da elite lisboeta que andou pelas mesmas escolas e
universidades.
Os
problemas que temos, que são muitos e constituem as principais explicações para
a atracção do eleitorado pelas mensagens populistas, não parecem preocupar o
Presidente.
A Justiça não funciona e temos parte relevante da classe política
contaminada por investigações. Mas para
o presidente o relevante é falar sobre o que considera serem as tácticas da
Procuradora-Geral da República, que classificou como maquiavélicas por ter aberto, no dia da
demissão do primeiro-ministro António Costa, um inquérito ao seu eventual
envolvimento numa cunha para gémeas de origem brasileira terem acesso rápido
aos serviços portugueses de saúde.
A Educação está repleta de problemas que
vão desde a falta de professores a um facilitismo que vai agravar
desigualdades e afectar toda uma geração. O acesso à Saúde agrava igualmente as desigualdades, com um país em
que uns têm melhores cuidados do que outros, porque têm dinheiro ou seguros. A
imigração está em descontrolo e há sintomas crescentes de tensão entre as
comunidades locais e quem procura o país para trabalhar. Os polícias e os militares estão
descontentes. A
economia cresce de forma medíocre,
baseada no turismo que está
longe de garantir salários mais elevados, enquanto vamos falhando projectos que
procuram localizações europeias, seguindo o movimento da desglobalização, de
aposta na segurança de abastecimento europeu ou de novos sectores ligados à
economia verde ou digital.
Manifestou o Presidente alguma ideia
sobre as suas preocupações com estes temas que afectam a vida dos portugueses?
Claro que não. Preferiu classificar o ex-primeiro-ministro como
“lento” por ser “oriental” insultando de caminho os orientais. E
olhar para o novo primeiro-ministro como um saloio, um “rural” como disse,
difícil de entender.
Como se tudo isto não bastasse e
contrariando o que recomendou a Luís Montenegro, lançou um tema que divide a
sociedade e alimenta o populismo: “reparar” os danos causados às ex-colónias. Aquilo que não era um tema na sociedade
portuguesa passou a ser o centro de uma polémica, quando basta pensar um bocado
para perceber a impossibilidade de tal “reparação”, quer em termos práticos
como pelo facto de estarmos a abrir uma autêntica caixa de pandora. A quem e
como vamos pagar? E qual é o corte temporal na história que vamos fazer? E
porque não deve também o Estado reparar o mal que fez aos seus próprios
cidadãos que foram enviados para a guerra ou àqueles que o regime ditatorial
prendeu e torturou?
E assim estamos a debater um tema sem
solução, quando os portugueses enfrentam problemas concretos no seu quotidiano
que ninguém parece preocupado em resolver. Enquanto se fazem debates sobre a
reparação do passado, deixamos de olhar para o presente de um país que tanta
acção precisa.
O que pretende o Presidente? Porque está a criar problemas que não existem, contrariando o que
sensatamente recomendou a Luís Montenegro que não fizesse? Revela o que disse uma maior preocupação
com a sua popularidade, consigo próprio, do que com o País? E é assim
que pensa que vai conseguir ser mais popular? Marcelo Rebelo de Sousa corre o
sério risco de terminar o seu mandato como o menos popular dos presidentes e
como um promotor do populismo, mesmo sem o querer.
MARCELO REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA
REPÚBLICA POLÍTICA
COMENTÁRIOS (de 48)
Rui Machado: Arrisca-se não. Seguramente o pior PR da democracia. Pior ainda que um
fanático comunista de nome Vasco dos tempos do PREC. Penso que existirá uma
explicação neurológica. Averigue-se. Carlos Vito: Marcelo não se arrisca a
concorrer para o fortalecimento do populismo, como diz a autora. Marcelo é (por
ventura) o maior populista, especialista em selfies e opiniões dissimuladas. Mais uma vez se repete aqui à exaustão a pretensa
inteligência sobrehumana do visado. Já não há paciência! Mas ele descobriu uma
nova teoria da relatividade? É autor de uma obra reconhecida internacionalmente
na sua área do saber? Escreveu os livros do Harry Potter? Descobriu a cura de
alguma doença? Mas afinal em que consiste tanta inteligência? Na criação de
factos políticos, na rapidez com que diz disparates e os procura corrigir a
seguir, não assumindo o que havia dito com a maior desfaçatez? Vitor
Dias: Eu já assinei a petição. Este
senhor não pode sair incólume desta situação. Tim do A: Devia ser preso por traição a Portugal e considerado inimputável. António
Martins: Oiço muita gente dizer que MRS é muito inteligente. Mas muito inteligente
para quê? Deve ser inteligência confidencial. É muito inteligente mas não se
sabe para quê Maria Nunes: Vou assinar a petição Demissão
do Presidente da República. O Observador devia informar os seus leitores sobre
esta petição. Américo
Silva: Imaginem um humilde cidadão que nunca votou Marcelo, nem sequer colocou
essa possibilidade, e agora tem que levar com ele. Aprendam pelo menos que
aparecer na televisão, ser comentador, não é caminho sério nem seguro para
altos cargos na política, vale mais começar por gerir bem uma junta de
freguesia. António
Soares: MRS é uma autêntica nódoa. João Ramos: Marcelo é erradamente
considerado muito inteligente, mas uma pessoa que no lugar de presidente da
república praticamente só tem feito e dito asneiras, para além de figuras
ridículas, veja-se a sua postura a mudar de fato de banho em plena praia para
só dar um exemplo, e até agora levantar problemas ao país inexistentes até à
data, passando por um apoio incondicional a Costa, o pior governo deste pais,
parece me que o tal princípio de Peter se lhe aplica que nem uma luva, ora se
ele próprio não consegue perceber isto, onde é que está a tal inteligência???
Carlos Chaves: “No universo da
política e especialmente da elite tradicional lisboeta, não há quem não
identifique uma inteligência superior no Presidente.” “(…) a quem tudo é
perdoado pelo encanto que gera à sua volta (…)” Pois, só se for em Lisboa e se
julguem igual a ele! Arrogantes! A Helena Garrido
passou aqui anos a elogiar o governo do Costa e os malditos socialistas… quem
ler esta crónica deve pensar que sofre de bipolaridade! John Doe: Estas declarações de Marcelo
estão ao nível das de PPC que quando confrontado com a degradação das condições
de Vida da população pela política do governo sugeriu "deixem de ser
piegas, abandonem a zona de conforto e emigrem". Em futuras Revisões
Constitucionais, o rol de critérios para a destituição dum Presidente da República,
deve ser alargado e se não existe, deve ser criado e com urgência. Rui Pedro
Matos: Infelizmente um texto déjà vu...e sem crítica explícita ao desgoverno PS e
das Esquerdas radicais, com o conluio do sr. Sousa, um verdadeiro papagaio e
que merece ter um impeachment! Alexandre
Arriaga e Cunha: Um tipo inteligente não sofre de incontinência verbal, não é inoportuno,
não desagrega aqueles que é suposto unir, não faz intriga, não critica em
público, não é desadequado, não é desleal, não é um insatisfeito crónico, não é
hipersensível e não sofre de egocentrismo doentio. Marcelo pode ter uma memória de elefante 🐘 mas, para além disso, não me
parece que seja um tipo inteligente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário