Zelensky tem os seus homens. Nós temos o nosso cravo. O cravo é a nossa fé, que todos os anos renasce. Bendito cravo.
Entre o “governo” do Parlamento… e a imigração desgovernada
António Costa especializou-se, durante seis anos de governo, em
“empurrar os problemas com a barriga”, e, no caso da imigração por maioria de
razão, para não arriscar ser “mal amado“ pelas esquerdas.
DINIS DE ABREU, Jornalista e
colunista do Observador
OBSERVADOR, 27 mai. 2024, 00:1622
Quando em 2011, o governo de Pedro Passos Coelho herdou, do governo de José Sócrates, o descalabro de um país a beira
da insolvência, com um memorando de austeridade assinado pelos socialistas e
sob a vigilância apertada da troika, poucos seriam capazes de prever o que
aconteceu a seguir.
Para pasmo de gente de bem, o PS logo adoptou uma narrativa impúdica,
como se nada tivesse a ver com a bancarrota iminente e a ruptura de tesouraria,
culpando, sem vergonha nem arrependimento, a coligação PSD/CDS por todas as
desgraças que afligiam as contas do Estado.
Ao regressar ao poder em 2015,
António Costa e o PS não só “mandaram às malvas” os princípios,
inventando a “geringonça” – sem “linhas vermelhas” com os adversários
da véspera -, como tiveram o engenho de criar o “slogan” das “contas
certas” para aliviar a consciência das malfeitorias de Sócrates, e
parecerem definitivamente alheios a qualquer responsabilidade no pré-colapso a
que conduziram o país nessa altura.
Volvidas décadas, a cena repete-se, embora o PS tenha reescrito o guião.
Agora já não se trata de “sacudir a água do capote” em matéria de austeridade, mas, sim,
de fazer aprovar no parlamento, de “braço
dado” com o Chega, um conjunto de medidas que recusaram ou adiaram
enquanto governo, apesar da folgada maioria de deputados.
Viu-se agora com
o IVA da luz, ao forçarem a
descida para 6% que António Costa, acolitado por Pedro Nuno Santos, rejeitara
por duas vezes, sendo essa opção agora considerada por Alexandra Leitão “socialmente justa”. Um descarado volte-face.
A repetição
desta atitude camaleónica do PS – substituindo o PCP e o BE
pelo Chega, ilustra bem a tendência socialista para defender uma coisa e o seu
contrário, com a maior desfaçatez. E ainda se gabam, como se ouviu a
Pedro Nuno Santos, para quem “o governo
não conseguiu até agora aprovar uma única proposta na Assembleia da república”.
Ou seja: o bloqueio da AD funciona e recomenda-se…. E
não é bonito.
Desde a abolição das portagens nas ex-Scuts, ao IVA na
electricidade, o PS passou a actuar no parlamento como se não fosse o mesmo
partido e com os mesmos personagens, que sustentaram o oposto como governantes.
Poderá achar-se que a memória colectiva é curta. E selectiva. Mas, neste
particular, o PS abusa. E lançou uma nova fórmula – a “governação” parlamentar.
Vem, a
propósito, recordar, que António Costa recuperou antigos e indefectíveis “socráticos”,
puxando-os para o seu lado no anterior governo, no parlamento e, até, em
Estrasburgo, enquanto estes se comportavam como se não tivessem sido servidores
fieis e colaborado de perto com o ex-primeiro ministro, ainda a contas com a
Justiça.
Mas não só. Houve já quem achasse Pedro
Nuno Santos um “avatar” de José
Sócrates. De facto, muito cedo, Pedro
Nuno dedicou a Sócrates uma admiração ilimitada. E em junho de 2011
proclamava em Santa Maria da Feira, que “só
há uma liderança que coloca Portugal à frente de tudo: é a de José Sócrates, é
a liderança do Partido Socialista”. Não mudou muito de opinião,
embora finja que se esqueceu.
Mais tarde,
Sócrates retribuiria o elogio de Pedro Nuno ao distingui-lo como “um grande político” e “um dos melhores quadros políticos que o PS
tem ao nível nacional”. Enfim, tudo em família.
A realidade é que o ambiente político
está turvo, e no parlamento mandam as
oposições e dançam consoante a música.
Bastou, por exemplo, ao presidente da Assembleia da
República, José Pedro Aguiar Branco não ter calado o Chega, em nome da defesa
da liberdade de expressão dos deputados – num episódio dispensável, mas banal
-, para desabar a indignação das esquerdas, que ainda dura, a “fazer render o peixe”, comandada
pelos seus prosélitos mais radicalizados.
E se é óbvio que
os deputados da Nação devem reger-se por normas de urbanidade e de respeito,
sem pisar a decência e muito menos descer ao insulto, também não pode a casa da
democracia ser um santuário virtuoso, frequentado apenas por santos e beatas
pudicas, proibidos de usar um vocábulo mais corrosivo ou vicentino no calor de
um debate. Ou nos Passos Perdidos…
Portanto, Aguiar
Branco limitou-se a salvaguardar princípios e valores que são fundamentais,
contrariando o extremismo esquerdista, que quer aplicar a “lei da rolha”
à custa do “discurso do ódio” e de outras modas de ocasião, para, na
prática, censurar tudo o que não faça parte do seu catecismo ideológico.
Felizmente, nem
o país é dominado por sentimentos racistas e xenófobos, como se pretende generalizar,
nem os “discursos de ódio” andam por aí a solta, a por em perigo os
imigrantes que escolheram Portugal para trabalhar e viver.
Por isso, quando o SOS Racismo reclama, em comunicado,
que Aguiar Branco não tem condições para continuar a exercer as suas funções
como segunda figura do Estado, só poderá concluir-se pelo exagero e
desproporcionalidade, ditados pela ligeireza em que incorrem, com frequência,
tais organizações de alegado e mal atribuído “interesse público”.
Vive-se, aliás,
uma época muito propícia a indignações desmedidas e a ressentimentos, com os media
sempre receptivos à “espuma dos dias”, enquanto o tema
da imigração, inscrito na ordem do dia, não foge à regra.
A imigração
clandestina, que tem assolado a
Europa, Portugal incluído – e foi muito responsável pelo “Brexit” -,
desnudou muita cobardia
política e vontade de conquistar votos, sacrificando a coerência e a ética.
É um sério
problema que se coloca ao Ocidente e às democracias liberais, se não forem
tomadas medidas adequadas, tanto de contenção como de integração efectiva.
Mas não são esses procedimentos que interessam aos objectivos dos
extremistas, que encontram nas comunidades de imigrantes uma via instrumental
para adubar as suas ambições.
Em vésperas de Jogos Olímpicos,
foi notícia há dias a operação desencadeada pela polícia francesa, ao desmantelar um acampamento improvisado de
imigrantes, perto do rio Sena, entre vários outros espalhados pela região parisiense.
Sem receber as Olimpíadas, mas já com problemas de
acolhimento de imigrantes, também foi notícia, ultimamente, o acampamento
montado à volta da igreja dos Anjos, em Lisboa, uma réplica, em escala muito
menor, daquilo que aflige as autoridades francesas.
Por isso, não
admira que o presidente do município, que já observou presencialmente, enquanto
comissário europeu, os dilemas que a imigração descontrolada coloca em várias
capitais da União, tenha tomado a iniciativa de confrontar o governo e o Presidente
da República com o problema dos sem-abrigo, que se tem avolumado na capital e
não só.
Os acampamentos à beira do
Sena ou junto à igreja dos Anjos e na gare do Oriente, são um sinal daquilo que
não deveria acontecer, e reflectem apenas a face mais visível da uma “invasão”
desregulada, explorada por redes de traficantes, que conhecem bem a atracção
exercida pela Europa sobre populações indefesas, deserdadas da fortuna,
oriundas de países amiúde sujeitos a regimes totalitários e fora dos
noticiários das televisões e das redes sociais.
A chamada “política de portas
escancaradas”, que as esquerdas cultivam no velho continente, constitui,
simultaneamente, um revés para as políticas de integração e um sério desafio,
com preocupante dimensão humanitária e sem solução à vista.
Portugal precisa da imigração para compensar a escassez de mão-de-obra e o
seu défice demográfico (um quarto dos bebés nascidos em maternidades
portuguesas são já de mães estrangeiras), mas deve acautelar, também, que esses
imigrantes não sejam vítimas de redes clandestinas ou de instrumentalização por
parte de organizações radicais.
Ora, o certo é
que se contam por milhares, os imigrantes que querem resolver a sua legalização
– há quem espere mais de um ano para
conseguir um cartão de residência –, e desesperam perante a incapacidade
da AIMA, sucessora do antigo SEF, extinto pelo anterior governo socialista.
Carlos Moedas
diz-se envergonhado por o país “não ter política de
imigração”. E tem razão.
António Costa especializou-se, durante seis anos de governo, em “empurrar os problemas com
a barriga”, e, no caso da imigração por maioria de razão, para não
arriscar ser “mal amado“ pelas
esquerdas.
As
consequências estão à vista e percebe-se que Moedas, autarca com a incumbência
de gerir a capital e a obrigação de conhecer as suas zonas de sombra, tenha
ficado alarmado com aquilo que viu ou que lhe constou.
É que para além do acampamento
dos Anjos há casas apinhadas de gente, a viver em condições deploráveis, quer na
zona limítrofe do Martim Moniz, quer noutros pontos da cidade, já fora do
perímetro e da jurisdição da freguesia de Arroios, uma das mais sacrificadas.
E acaba a
pedir-se a este governo que decida em contrarrelógio o que ficou “a marinar”
tempo demais no “jogo de empurra” de anteriores executivos.
De acordo com
elementos da Pordata, verificou-se no final do ano passado que o número de
imigrantes quase duplicou numa década, e só em 2023 entraram no país, cerca de
118 mil, um recorde desde que há registos.
A população estrangeira
residente já se aproxima da fasquia de um milhão de pessoas, sendo um terço de
brasileiros.
Quase um terço, também, da comunidade imigrante, vive em situação de
pobreza ou de exclusão social, um retrato inquietante e socialmente explosivo,
se essa tendência não for invertida, com realismo, e sem continuar a varrer o
problema “para debaixo do tapete”.
Recorde-se que já em março do ano passado, houve
especialistas em imigração, que se mostravam críticos com o rumo das coisas, em
vésperas da substituição do SEF pela AIMA, ainda na vigência do governo
socialista.
Num debate
promovido pelo DN/Observatório de Segurança, dizia na altura Ana Rita Gil, doutorada em Direitos
Fundamentais de imigração, que “Portugal não sabe quantos
imigrantes estão no país, não sabe em que condições vivem. Está a dizer às
redes, temos aqui um negócio espectacular para vocês“.
E apontava que temos uma regularização que “vai totalmente contra a orientação da União
Europeia”, o que “já é uma
política de imigração que considero irresponsável”.
Vale a pena
citar, também, outra especialista, Susana Amador, que foi
consultora jurídica do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados,
e que identificou o problema, comum a outros países, como “o crime parasitário“, onde as “redes se aproveitam desta vulnerabilidade,
a que temos de estar particularmente
atentos”.
Há muito,
portanto, que o diagnóstico estava feito e se antevia a “enxurrada” de
imigrantes, frequentemente indocumentados, sendo o ex-governo socialista
objectivamente responsável pela degradação das condições de acolhimento e
regularização dessa nova vaga, em boa parte devido à trapalhada que se seguiu à
extinção do SEF, que colocou 400 mil processos em fila de espera.
Neste contexto,
percebe-se o desassossego do presidente do Município. Mas os problemas dos imigrantes que chegam “a salto”, contornando as vias legais,
sem contrato de trabalho nem morada certa, tenderá a agravar-se, impulsionado,
também, pela necessidade de mão de obra sazonal na agricultura.
Prometeu o actual governo “corrigir a grande asneira que o Governo
anterior fez, incluindo a forma como extinguiu o SEF e mudou as regras“,
e que vai rever o modelo institucional de gestão da entrada de imigrantes. Foi
Leitão Amaro quem o disse. Veremos.
Para lá da euforia do turismo e dos sucessivos recordes de
visitantes estrangeiros, há outro país que vive
abaixo dos mínimos. Conviria que não fosse ignorado.
COMENTÁRIOS
(DE 22)
Rui Lima: A imigração descontrolada que toda
a esquerda forçou e impôs à Europa caso único no mundo, devia ser investigada,
é esta invasão a mãe de todos os partidos ditos populistas, radicais ou de
extrema direita este partidos não existiam nos anos 80 quando a imigração tinha
regras . De momento é a confusão , a prazo será o estoiro da Europa os
marxistas pensam que no caos podem tirar beneficio, o que espanta é os partidos
moderados não irem em defesa do futuro da Europa e dos seus países , a posição
dos partidos de centro-direta não tem explicação. Cobardia ? Estão infiltrados
pela esquerda ? Miguel
Sousa: Até ao dia 10 de Março de 2024 não tínhamos oficialmente problema nenhum! A
criminalidade diminuia (LOL...), as contas eram perfeitas, o problema do SNS
era algo conjuntural, ninguém parecia incomodado por os serviços públicos
estarem paralisados e a imigração descontrolada era uma dádiva dos céus para
combater a falta de profissionais e o problema demográfico - todos os
jornalistas levavam Aldrabónio Costa em ombros cantando loas pelos grandes
avanços esquerdalhos - passaram pouco mais de 60 dias e a comunicação social
descobriu agora que, afinal, o país está destruído e não só não se resolveu
qualquer problema em 8 anos como se criaram problemas gravíssimos para o futuro
..... Há muitas pessoas que deveriam pedir desculpa aos portugueses por os
terem enganado sistematicamente. bento guerra: Está enganado, o Chega não vai
"de braço dado" com o PS, Aprovou medidas que faziam parte do seu
programa, ou acha que devia negá-las por causa do idiota "não é não"
do PSD?O acampamento dos Anjos foi denunciado pelo embaixador Tânger e disse
mesmo ,que eram pior do que campo de refugiados, o que é óbvio. Logo os
galinheiros de "comentadeiras" saltaram sobre o
testemunho(CNN,RTP3,SIC...).Agora já há reportagens. Não tem vergonha
a nossa CS S N: Dois problemas actuais gravíssimos, que nunca será demais apontar, como
muito bem faz o autor desta crónica. A sua resolução é urgente. É anómalo um governo do
Parlamento. Os exemplos históricos de governos de assembleia foram trágicos. Não
menos grave é o problema da imigração, totalmente descontrolada desde 2015, sem
o mínimo respeito pela dignidade dos próprios imigrantes Antonio
Sennfelt: Infelizmente a situação resultante do total descontrolo da imigração é mais
grave da que transparece do presente artigo, aliás excelente. Para não sair da
zona de Santos, basta referir a existência de mesquitas ilegais e o flagrante
cada vez maior número de mulheres de burka e cara tapada! manuel
menezes: Concordo plenamente com os
alertas lançados por DA, para os perigos da situação a que se chegou com a
descontrolada imigração. Outro problema também lançado neste artigo prende-se com a difícil
governabilidade atual. É preciso ter em atenção que não é o Chega que dá o
braço ao PS, mas este que tenta dar o braço ao Chega. A linha vermelha traçada
por Montenegro continua a trabalhar em favor do PS. Ainda ontem, ouvi na TV, o
insuspeito Pacheco Pereira admitir a hipótese de um entendimento entre o PSD e
o Chega Pobre
Portugal: Artigo perfeito. Veremos o que o PSD vai fazer, e se o deixam fazer, para resolver os
inúmeros problemas que a esquerda nos deixou. A D: Não é inteiramente verdade que
o Costa recuperou indefectíveis socráticos. Ele foi um indefectível
socrático, diga-se em abono da verdade! João Vaz: Texto centrado nos imigrantes e
nos seus problemas. Para os nacionais que se vêem a braços com o fenómeno nem
uma palavra. Fernando
CE: Muito bem. GateKeeper: Se bem que este seu artigo seja, como habitual, "acima da média"
devo, por respeito, corrigir: A. O Chega! não tem, nunca teve, qualquer
"parceria", "acordo" ou outra iniciativa
"aproximativa" sequer com a "ala esquerdalha" [ nem com
a "modera-dita] do rato. B. A Ventura e os nossos 50 deputados ,
conscientes do programa que levou 1,2 milhões de Portugueses a votarem nele, e
também, previamente conscientes da ingovernabilidade actual de um
"governo" de "centrão parlamentar" ps+ps2d e com uma base
"campanheira" permanente "just in case" [não vá o
''controleiro" do centrão destronar o lmonty mais cedo do que a troca
combinada de lugares na "par" / fp ps2d para o ps daqui a 20 meses],
limitam-se a cumprir à risca, custe o que custar, o nosso programa eleitoral.
C. Ficou bem claro, logo à partida, desde a fundação do Chega!, que, se
necessário fosse para o cumprir os nossos deputados votariam a favor ou contra
ou abster-se-iam com quem quer que fosse. D. Só não assume esta verdade quem
não a quer assumir, por ignorância pura até ao extremo do "interesseirismo"
clubístico e eleitoral. E. E note, caro DdeA, que, para nós, este facto
inegável e as reacções cínicas, ordinárias e azedas de quem trai as suas bases
eleitorais diariamente , não é nenhum fardo que andemos a carregar. Tranquilos
estamos, agora e sempre, pois sobra-nos o tempo , esse mesmo tempo que
escasseia de forma clara, assumida e crescente, quer ao lmonty, quer ao
pedritoce às/aos seus "genúflexos" adoradores e votantes. Quanto à
"imigração" selvagem & inclusiva já está tudo dito e nada
feito, com bem sabe. Os Portugueses, especialmente os da ex-classe média
pagante e já os/as duma parte muito substancial da agora ( e de novo) acordada
Maioria Silenciosa já sabem " do que a casa gasta" desde todos os
consulados xuxús 1976-2024 e respectivos "polvos" de 1001 tentáculos.
O futuro dos nossos filhos e netos está seriamente ameaçado e estima-se como
revoltante, pelo menos para aquelas&aqueles que fiquem por cá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário