De sabor medieval, nas tais “prácticas” destes tempos
de tenebrosa virtude.
Buenas prácticas
O discurso de ódio contra a “extrema-direita”, não é discurso de
ódio, são “boas prácticas de comunicação”, que moem, não matam mas podem levar
a matar.
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador
OBSERVADOR, 25 mai.
2024, 08:1941
É uma jornalista de referência. Foi
conselheira da RTVE, chefe de redacção da edição catalã do jornal El Mundo e recebeu o prémio Buenas Prácticas de Comunicación No Sexista.
Pauta-se, portanto, pelo rigor, pela verdade, pela tolerância e pelas boas
prácticas de comunicação. Por tudo isto, poderia pensar-se, ninguém melhor do
que Cristina Fallarás Sánchez para comentar de forma objectiva a reunião Viva 24.
E o que foi a reunião Viva 24? Um
encontro de líderes de partidos da direita nacional-conservadora em Madrid,
no passado Domingo, 19 de Maio? Nada disso. Diz-nos a escritora e jornalista
no jornal digital espanhol Público que se
tratou, isso sim, do tenebroso
conclave de um “gangue” de malfeitores a que acorreu “lo más granadado del
fascismo internacional”. Quem encabeçou o “sinistro elenco” foi o presidente Milei da Argentina,
acabado de chegar do país “depois do assassinato por ódio de quatro lésbicas, queimadas vivas em Buenos Aires”–
com as mãos ainda chamuscadas, poderíamos supor, se na pensão onde moravam as
vítimas o fogo não tivesse sido ateado por um cocktail incendiário, atirado por
um vizinho, que a seguir tentou suicidar-se e que está preso, dando fortes
indícios de paranóia… mas isso são pormenores que a jornalista de referência
não achou dignos de referência, preferindo
associar Milei a uma “queima das bruxas” das antigas.
Seguia-se então, no jornal digital
espanhol, a lista dos malfeitores: a francesa
Marine Le Pen, o polaco Mateusz Morawiecki, o chileno José António Kast, o português André Ventura e, não
presenciais, a “líder fascista italiana Giorgia
Meloni” e o primeiro ministro húngaro Viktor
Orbán (estranhamente sem adjectivos de referência).
O gangue
E qual o programa, o objectivo, de
semelhante “panda de dirigentes fascistas”? Organizarem-se para “destrozar la mera idea de derechos
humanos, la decencia, toda ética, toda igualdad y la paz a las que aspiramos
como sociedad”. O que não é de estranhar, uma vez que é de vilões de
filme B conluiados para praticar o mal que Fallarás fala.
Cristina
tinha apelado para que todos os antifascistas de boa-vontade denunciassem o
gangue, reunindo-se em protesto no centro de Madrid no Sábado 18 de Maio,
véspera da cimeira da “extrema-direita fascista europeia”.
Infelizmente, foram quase tantos os manifestantes como as organizações
convocantes, velhos conhecidos que ali se juntavam para professar
bem alto a sua fé na tolerância, na inclusão, nos direitos humanos, na
decência, na ética, na igualdade, na paz e no diálogo – e para renunciar ao ódio e aos seus
agentes, destilando ódio e empunhando tenebrosas caricaturas dos filhos do
Maligno, a esconjurar.
Ora
acontece que os agentes do mal, os inimigos da democracia, os odiosos fascistas
em causa foram eleitos em eleições livres e justas pelos respectivos povos e
eleitores: Milei, Meloni e Orbán estão no poder depois de grandes vitórias
eleitorais e não acabaram com a democracia; Le Pen é a líder histórica do maior
partido francês, Le Rassemblement National; os outros representam forças
políticas que, nas eleições, têm recebido o apoio de milhões de europeus de
todas as proveniências e classes sociais.
Vive e deixa morrer
Outro sinal dos resultados destes
discursos e campanhas de ódio contra adversários políticos, neste caso contra
os “fascistas e nacionalistas da extrema-direita”, os únicos emissores oficiais
de “discurso de ódio”, foi a tentativa
de assassinato do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico. Fico, que
até há pouco tempo alinhou em posições de Esquerda, está hoje empenhado numa
linha independente e nacionalista, próxima da do primeiro-ministro húngaro,
Viktor Orbán. À semelhança do Papa Francisco, Fico apelou recentemente à
procura urgente de uma solução negociada para a guerra na Europa, defendendo o não-envolvimento directo da NATO no
conflito. Tal levou a uma violenta campanha mediática, acusando-o de ultra-direitista e de cúmplice de Putin, pelo que um
septuagenário de nome Juraj Cintula, escritor, poeta e membro da Associação
Eslovaca de Autores com indícios de instabilidade mental, resolveu disparar
cinco tiros à queima-roupa contra o primeiro-ministro, que se encontra ainda em
estado crítico. À boa moda da esquerda virtuosa, Cintula tentara em 2016 lançar
um “movimento cívico contra a violência”… dos outros.
No encontro de Madrid promovido pelo
Vox, numa sala com mais de 10 mil pessoas, quer Le Pen, quer Meloni, que falou
por videoconferência, insistiram nos perigos da imigração descontrolada e na
necessidade de os partidos da direita patriótica mobilizarem os seus eleitores
para as eleições de 9 de Junho, a fim de reorientarem a política da União
Europeia em relação à imigração e a outras matérias de interesse público. Tudo
matérias sacrossantas, intocáveis, que não se podem evocar em vão, sob pena de
apedrejamento. E depois queixam-se.
li, todos queriam, sobretudo os
europeus, defender a sua independência e a sua identidade nacional; e ter liberdade
de levar por diante as políticas adequadas a essa defesa, impedindo que as
instituições europeias, não eleitas, lhes impusessem o seu Diktat.
Diziam-se também pela liberdade de
expressão, que a Esquerda Radical e a Comissão Europeia se propõem limitar
preventivamente, concomitantemente e posteriormente, por via de cancelamento ou
por via legislativa.
No jornalismo e no comentário de
referência, a denúncia de crimes como o “racismo” e de patologias como a
“xenofobia” ou “fobias” de outro género – em que só “a extrema-direita” incorre
por pensamentos, palavras, actos e omissões e cujos sintomas são o “discurso
de ódio” e o “populismo” – é obrigatória e confere virtude. E pouco importa se a denúncia é feita com
ódio, com demagogia e sacrificando a verdade ou até a racionalidade, desde que
seja feita pelos virtuosos do costume e em meios de comunicação fidedignos.
O grande mistério é que haja uma opinião
resistente a estas virtuosas e incessante denúncias, com significativo apoio
popular. Só pode ser pela desinformação, uma vez que a “extrema-direita” e o
povo ignaro desconhecem as buenas prácticas do jornalismo de referência.
A SEXTA COLUNA HISTÓRIA CULTURA
COMENTÁRIOS (de 41)
Ana Luís da Silva: Sempre excelente Jaime
Nogueira Pinto, repondo a verdade dos factos e desmontando discursos cheios de
ideologias baratas para enganar gente que desaproveita a inteligência, que só
convencem o público (ainda) com mentalidade débil, seguidista por preguiça, e
que recebem, também e sobretudo, o aplauso dos alinhados do pensamento correcto,
manipulador do debate público. Pobre
Portugal! Desde que vi a forma leviana e
desprezível como inventaram a “criança nepalesa”, que fiquei conhecedora da
abjecta podridão a que chegou a esquerda portuguesa (e europeia). Tim do A: Mais um excelente artigo de
JNP. Mas eu pergunto: quando é que a direita ocidental começa a comprar, ou
criar, também ela, canais ou órgãos de comunicação social? Tem uma grande parte
das populações do seu lado. Faltam os investimentos. Não se pode entregar,
assim, a comunicação social toda aos que querem destruir o ocidente. Eu próprio
tenho dificuldade em encontrar um canal de televisão portuguesa que não seja
claramente de esquerda. São todos de esquerda! Urge mudar isto. Se surgir um
canal de direita em Portugal, estou certo que terá muita audiência, pois os que
existem são todos iguais esquerdistas. Até agora a CMTV era o menos
esquerdista. Mas com os novos accionistas socialistas que para lá entraram,
recentemente, tornou-se mais um canal de esquerda. Não há alternativa, o que
configura uma clara oportunidade de negócio para os investidores de direita.
Força! Não esperem, a oportunidade está aí. Isabel Amorim Como sempre muito claro e muito
bom. A incoerência dessa gente é tão óbvia que é constrangedora... Há uns anos,
tendo eu uma estudante albergada em minha casa num regime de troca/voluntariado
(a miúda vivia nos Estados Unidos e tinha origem da Eritreia) e querendo-lhe
organizar uns dias de visita ao Porto, pedi a uma prima minha que vivia numa
zona ideal para a miúda poder visitar a pé vários sítios de interesse à volta
que ela cedesse o quarto extra que tinha por uns parcos dias. (essa minha prima
ia mudando de causas e movimentos de esquerda, conforme acordava de manhã,
sempre sobressaltada... assídua em manifestações, à procura desesperadamente de
causas) -A miúda vivia nos Estados Unidos e tinha origem da Eritreia Perante a
relutância da minha prima que não lhe apetecia ter lá ninguém em casa fui
enumerando as suas qualidades, que não era desarrumada que era um amor,
simpática, culta e eu sei lá. A minha prima continuava sem se convencer... Até
que... me perguntou com ar maçado de onde ela era e lá lhe disse que vivia nos
USA mas tinha origem na Eritreia, portanto preta (e muito bonita) a reacção foi
explosiva. Preta?? Já podias ter dito!! Claro que sim!! Se é preta claro que pode
vir e estar o tempo que quiser!! Fiquei estupefacta. Foi o cicerone perfeito,
teve pelos vistos a oportunidade de mostrar aos amigos de luta o quão tolerante
era com outras raças, deve ter subido na consideração dos camaradas. A miúda
não se apercebeu de nada (eu acho e asdim espero) mas para mim foi a prova viva
da incoerência e oportunismo. Nunca mais me esqueci e quando vejo esta maltosia
a defender "causas" mal aparecem lembro-me imediatamente deste episódio... Henrique Nobre: Caro Jaime Nogueira Pinto. A
Imprensa está, na generalidade, capturada pelos missionários do Politicamente
Correcto, formados nas madrassas das escolas de comunicação social. Mais nuns,
menos noutros, nenhum mídia escapa á
contaminação, nem aqui o Observador. Sendo óbvio, é importante relembrar sempre
esse facto. Muito Obrigado! Cumprimentos. Maria
Nunes: Excelente. Bem sei que JNP é uma mais-valia para o Observador. No entanto,
dado que os seus artigos são muito esclarecedores, esses mesmos artigos
deveriam ser de leitura aberta para todos os leitores. Seria uma forma de
combater a falta de rigor e de profissionalismo de muitos comentadores e
jornalistas. Rui Lima: Domingo passado «Gens du voyage
«em Portugal são conhecidos por ciganos ) cem caravanas se instalam à força num
estacionamento no centre-ville ao norte de Nantes. O que espanta não é a
ocupação selvagem é um comportamento dos jornalistas total compreensão , já
destilam ódio quando há um pequeno acampamento de patriotas ou conservadores
não importa o lugar . Outro aspecto deste Ocidente implacável com os
conservadores mesmo brutal e insultuoso , é a impotência de todos os poderes ,
da polícia ao presidente da câmara passado pelo responsável do governo , há
leis como o tamanho de caravanas em centro vila mas nenhuma pode se aplicada
contra uma minoria , porque todos tem medo ser acusados de racistas , trememos
de medo .caminhamos para uma sociedade onde nos cortaram a raiz ao
pensamento. bento
guerra: A campanha
contra a direita "fascista" está por todo o lado, incluindo
insinuações nesta folha, o que mostra que esta"esquerda" é
verdadeiramente ignorante. Em Espanha a coisa atinge o paradoxo, porque se
percebe a manipulação pelo Sanchez, um dos tipos com menos vergonha que o PSOE
já teve Jorge
Lopes: Excelente artigo. Muito obrigado,
Dr.Jaime Nogueira Pinto! Coxinho: JNP, infelizmente tudo quanto você escreve é
rigorosamente verdadeiro. Não o reconhecer -- só por má-fé, ou, em alternativa,
por esquerdismo devoto. Sendo que, nos tempos que correm, má fé e esquerdismo
devoto concorrem habitualmente para destroçar e eliminar quem se atreve a
pensar pela própria cabeça. José
Miranda > Pedra Nussapato: Pareces a jornalista que motivou esta crónica. José B
Dias: Subscrevo na íntegra!! João Floriano > Liberales Semper Erexitque: 1.169.836, sejamos rigorosos e
o gostinho saborosíssimo de ver ASS ir de patins. Tim do A
> Isabel Amorim: Ainda bem que ela conseguiu.
Mas há muito racismo anti-branco. É o que há mais hoje em dia no ocidente. Miguel Vilaverde > Isabel Amorim: Interessante
história a da sua prima e da estudante americana da eritreia....conheço várias
dessas criaturas da esquerda boazinha e das "causas"...são tão óbvias...se
pudessem teriam um "pretinho" de estimação privado para poder exibir
aos camaradas da "luta" como uma espécie de diploma ou medalha da
"diversidade" "benévola" e multicultural. Joaquim
Silva: Qualquer jornalista ou comentador que
se preze e queira estar de bem com todos principalmente com a esquerda radical
que prolifera pela CS, tem de começar sempre pela seguinte frase " eu
abomino o CHEGA e tudo aquilo que representa mas............... " depois
dizem umas barbaridades quaisquer que nem eles acreditam na realidade pois
sabem o degredo em que se encontra o país e lá continuam a fazer tempo, mas na
realidade a percentagem que os ouve ou neles acredita já é tão insignificante e
tão mínima que eles até já perderam a noção do que ali vão fazer aos programas
de comentário.
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