De MARGARIDA BENTES PENEDO, Arquitecta
e deputada municipal.
Reponho os comentários que
mereceu – outros mais virão – totalmente de acordo com os seus autores. Muito feliz,
por termos gente portuguesa desta fibra.
Comentários em duplicado:
Manuel Elias: Mais uma vez excelente. MBP tem
desmontado todos os dogmas da extrema esquerda. Impossível rebater os seus
argumentos.
Maria Paula Silva: Muito bom! Não conheço ninguém que defina melhor estas
questões que a MBP. Fartinha de ignorância a rodos e com tanto palco! Parem de
dar palco aos reis dos clichés, é mediocridade a mais. José B
Dias > Maria Paula Silva:
Subscrevo!
Esquerda insustentável
A extrema-esquerda usa a
“sustentabilidade” adulterada como palavra de ordem contra os carros
particulares. Serve a agenda “climática”, uma das principais frentes de luta
contra o capitalismo.
MARGARIDA BENTES PENEDO Arquitecta
e deputada municipal
OBSERVADOR, 27
jun. 2024, 00:184
Há palavras horríveis. E há maneiras de torturar palavras comuns até
que se tornem horríveis, pelo excesso de uso, pela apropriação de uma seita,
pela aproximação a uma língua de pau, ou pela distorção oportunista, como
sucedeu á “sustentabilidade”. Hoje, tudo o que essa palavra consegue é provocar
no cidadão temente a Deus o gesto instintivo de deitar a mão à carteira para se
proteger. Como é que chegámos aqui?
Vamos, como de costume, usar a
vidinha política quotidiana do município de Lisboa para tentar perceber.
A Assembleia Municipal aprovou uma proposta da Câmara que permite a um
concessionário privado construir um parque de estacionamento, em Alvalade, ao
lado do Mercado, muito perto do quartel dos bombeiros. Onde faz imensa falta:
moradores e comerciantes suplicavam para aquela zona uma resposta de
estacionamento. A extrema-esquerda opôs-se, alegando que o parque de
estacionamento ia contra a “sustentabilidade”. E explicaram-se: em vez de
facilitar a vida a estas pessoas, a Câmara devia levantar obstáculos ao uso de
carros particulares, para forçar os relapsos a andar de bicicleta e tirar os
carros de dentro da cidade.
Mas afinal, o que é verdadeiramente a
“sustentabilidade”?, como se aplica à mobilidade em Lisboa?, porque havemos de
repudiar o argumento da esquerda?
Da
“sustentabilidade”, palavra gasta em tratos de polé, ainda assim sobra um
significado. A “sustentabilidade” é uma disciplina. Fundamentalmente, procura responder às nossas
necessidades de tal maneira que as gerações futuras não fiquem impedidas de
responder às necessidades delas. Para isso, a “sustentabilidade”
estabelece uma série de critérios assentes em três
princípios como bases indispensáveis: o princípio
social ou humano, o princípio económico, e o princípio ambiental. Estes princípios seguram a
“sustentabilidade” como um tripé.
O
princípio humano diz que é
preciso responder a uma determinada necessidade, ou conjunto de necessidades,
com o máximo grau de conforto e bem estar – para o indivíduo, os cidadãos, as
famílias, o bairro, seja qual for o universo aplicável. O princípio económico diz que
essa resposta tem de ser barata, tão mais barata quanto possível. E o princípio ambiental também tem uma formulação própria. Ele reconhece a
limitação dos recursos naturais e a velocidade a que são produzidos. E diz que
não se deve retirar à natureza quaisquer recursos a uma velocidade superior
àquela que a própria natureza demora para voltar a produzi-los.
Como se vê, o princípio ambiental não é uma fantasia genérica,
elástica, e abstracta sobre “o clima”. Nem sobre bonitas amizades com “o
planeta”. Tudo isso é demagogia e retórica, sem substância mas com objectivos
políticos muito bem identificados. A manobra da extrema-esquerda consiste em reduzir a
“sustentabilidade” a uma única dimensão; apaga duas bases fundamentais, a base
humana e a base económica, e limita tudo a um princípio ambiental
convenientemente deturpado.
No caso da mobilidade urbana
dentro da cidade de Lisboa, a extrema-esquerda corrompe o conceito de
“sustentabilidade” logo no primeiro princípio. Se as pessoas forem impedidas
de usar o carro delas, por falta de estacionamento deliberado, a Câmara
estará a levantar obstáculos, como pedem os eleitos do fanatismo, em vez de
responder a uma necessidade, como exige a disciplina que eles alegam. Estranho?
Nem por isso. A extrema-esquerda nunca se preocupou com o bem-estar
de ninguém, nem dos seus próprios intérpretes, que ao longo da história assassinou
descomplexadamente. À
esquerda interessa uma ideia abstracta e brutal de sociedade, cujos contornos
vão mudando com o tempo e com o déspota. E para a
extrema-esquerda a “sustentabilidade” não é uma maneira racional e
sistematizada de resolver os nossos problemas. É
uma arma. Uma arma
consciente e de ocasião. De modo que a extrema-esquerda
instrumentaliza a “sustentabilidade” mentindo: deixa
de ser uma disciplina para se transformar numa palavra de ordem contra os
carros particulares. Esta “sustentabilidade” adulterada serve a agenda
“climática”, uma das principais frentes de luta da extrema-esquerda contra o
capitalismo.
SUSTENTABILIDADE AMBIENTE CIÊNCIA MOBILIDADE
URBANA AUTO DEMOCRACIA SOCIEDADE POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
Joao Cadete: Bom
artigo. Felizmente, a nível nacional, temos o chega (os socialistas de direita)
a fazer o que tem de ser feito juntamente com a esquerda. Manuel
Elias: Mais uma vez
excelente. MBP tem desmontado todos os dogmas da extrema esquerda. Impossível
rebater os seus argumentos. Maria Paula Silva:
Muito bom! Não conheço ninguém que
defina melhor estas questões que a MBP. Fartinha de ignorância a rodos e com
tanto palco! Parem de dar palco aos reis dos clichés, é mediocridade
a mais. José B
Dias > Maria Paula Silva:
Subscrevo!
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