segunda-feira, 10 de junho de 2024

Por lá e por cá


Dois textos, para melhor integração no contexto: europeu e nacional.

I TEXTO:

Mundo europeu a votos.

Vinte países vão a votos para eleger próximo Parlamento Europeu

No total, cerca de 361 milhões de eleitores dos 27 países da UE são chamados a escolher a composição do próximo Parlamento Europeu, elegendo 720 eurodeputados, mais 15 que na legislatura anterior.

AGÊNCIA LUSA; TEXTO

OBSERVADOR, 09 jun. 2024, 09:57  

Os eleitores da Roménia, Bélgica, Croácia e Hungria já começaram a votar para as eleições para o Parlamento Europeu, que terminam este domingo, com votações em 20 Estados-membros da União Europeia (UE), incluindo Portugal.

No total, cerca de 361 milhões de eleitores dos 27 países da UE são chamados a escolher a composição do próximo Parlamento Europeu (PE), elegendo 720 eurodeputados, mais 15 que na legislatura anterior. A Portugal cabem 21 lugares no hemiciclo.

Uma vez eleitos, os eurodeputados organizam-se por grupos, mas vai ser preciso esperar cerca de um mês para conhecer a formação definitiva do Parlamento Europeu.

A partir de dia 18 deste mês, os grupos políticos começam a reunir-se e têm até 15 de julho para “fechar” a sua constituição — apesar de ser possível formar novos grupos em qualquer momento da legislatura.

Os eurodeputados eleitos iniciam funções com a sessão plenária constitutiva, entre 16 e 19 de julho em Estrasburgo, durante a qual elegem o líder do Parlamento Europeu, cargo atualmente ocupado pela maltesa Roberta Metsola (PPE), que pode renovar por mais um mandato de dois anos e meio.

Actualmente, o hemiciclo conta com oito grupos: Partido Popular Europeu – PPE (inclui PSD e CDS-PP); Socialistas e Democratas (a que pertence o PS); Renovar a Europa (inclui Iniciativa Liberal); Identidade e Democracia (que o Chega integra); Verdes (Livre e PAN); Conservadores e Reformistas — ECR, e Esquerda (PCP e Bloco de Esquerda), além dos não inscritos.

A campanha foi dominada pelo debate sobre a previsível subida dos movimentos de extrema-direita e eurocépticos, para que as sondagens apontam. O alargamento da UE, o apoio à Ucrânia, migrações, economia e ambiente também marcaram a agenda dos candidatos.

Os primeiros resultados provisórios só começam a ser divulgados depois do encerramento das urnas em Itália, às 23:00 locais (22:00 em Lisboa).

PARLAMENTO EUROPEU    UNIÃO EUROPEIA    EUROPA    MUNDO

Tópicos:

Em directo/ Meloni vence sem surpresas em Itália

00:19 Alberto Núñez Feijóo fala num "novo ciclo político", Sánchez diz que PSOE é a "única opção de governo capaz" de derrotar extrema-direita

23:53 Eslovénia. Centro-direita arrasa e socialistas não elegem

23:36 Lituânia. Centro-direita vence eleições europeias, mas com centro-esquerda perto

23:27 Letónia. Centro-direita vence. Em segundo fica a direita radical

23:11 Von der Leyen assume que vai contactar socialistas e liberais para replicar solução no Parlamento Europeu: "O centro aguentou-se"

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ELEIÇÕES EUROPEIAS

Em directo/Pedro Nuno: "PS é hoje a primeira força política"

00:56 Le Pen teve o resultado que Ventura "gostava de ter em Portugal"

00:50 Ventura recusa que tenha havido castigo ao Chega por posições no Parlamento

00:39 Pedro Nuno Santos diz que derrota é impactante "para um Governo que ainda não tem desgaste e que faz anúncios de dois em dois dias"

II TEXTO:

Culpa do Zé Povinho? “Pois quanto mais tu me bates mais gosto de ti…” O Zé Povinho das greves dê por onde der… Amante do Costa risonho e burlão, e do Pedro espertalhão e choroso, que continua a chorar-se, a gabar-se, a trucidar, hipócrita e manhoso… Mas o povo gosta assim, e colabora, que também é manhoso e se está nas tintas para a correcção e a seriedade de um verdadeiro sentimento nacional…

Montenegro assume objectivo falhado, mas diz que não muda nada. E deixa agrado ao PS

Líder do PSD tenta estancar resultado na noite das Europeias e diz que o Governo não esteve na estrada e que aí só sentiu "confiança renovada". Avisa PS, mas deixou anúncio que agrada socialistas.

RITA TAVARES: Texto

DIOGO VENTURA: Fotografia

OBSERVADOR10 jun. 2024, 02:246

Na campanha Luís Montenegro começou por dizer que era muito difícil” ganhar, mas acabou a revelar que afinal o que queria era uma “vitória substancial”. Não só não a teve, como saiu derrotado pela primeira vez desde que é líder do PSD (juntando no mesmo saco regionais e uma nacional, que foi o que fez durante a campanha) e precisamente quando um primeiro-ministro em situação periclitante. Mas afasta que isso faça diferença na governação e agarra-se ao que pode para afastar esse peso que a partir de agora tem sobre os ombros.

Quem via Montenegro e Sebastião Bugalho entrar na sala do Hotel Sana, em Lisboa, para a declaração final, não imaginaria que tinham acabado de ter uma derrota. Sorrisos rasgados, bandeiras ao alto e gritos pela coligação, mas em total contraste com o silêncio absoluto que se abateu sobre o quartel-general da AD durante toda a noite eleitoral e que não apareceu em directo nas televisões. Só mesmo a entrada dos dois na sala fez com que as hostes reagissem, sedentas por ouvir Montenegro afugentar os fantasmas que entraram pela sala da coligação.

Começou por assumir que a AD “não cumpriu os objectivos”, mas depois seguiu caminho tentando driblar o que já sabe que é certo na leitura dos resultados. E um dos pesos que leva desta noite é a ultrapassagem socialista, que acabou a cerca de 40 mil votos à frente da AD, invertendo o que aconteceu nas legislativas. Questionado se vai seguir o conselho do presidente do PS e ser “mais humilde” depois desta derrota, Montenegro garantiu que a AD se mostrou “disponível desde a primeira hora para dialogar negociar e encontrar consensos com todas as forças políticas”. Mas acrescentou que “naturalmente dentro delas, aquela com que temos necessidade de aprofundar mais esse diálogo é o PS”. Disse que o fez “em tudo o que foi relevante” na governação até aqui, com a abertura de canais de diálogo directos”. Mas para atirar a responsabilidade para o lado de lá: “Não conseguimos obrigar  quem não quer consensualizar a fazê-lo.”

Garantiu continuar “com a mesma disponibilidade” e “com humildade”, mas também continua a lembrar que a partir do momento em que o PS não inviabilizou o programa do seu Governo “assume a responsabilidade de o deixar executar”. Mas também foi para a declaração final com uma deixa pronta para agradar ao socialismo, ao dizer que se António Costa decidir avançar para a presidência do Conselho Europeu, terá o seu apoio. “A AD e o Governo não só apoiarão como farão tudo para que essa candidatura tenha sucesso”, garantiu.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Montenegro sentiu “renovada confiança” na rua e promete “compromisso férreo”.

Quanto à sua leitura desta noite e o que leva para o Governo, Montenegro deixa-a para comentadores, já que garante ter ouvido “na rua” uma “renovada confiança” nas “interações” que foi tendo nesta campanha das Europeias. O líder do PSD empenhou-se na estrada eleitoral e apareceu cinco vezes ao lado de Sebastião Bugalho, a sua escolha para cabeça de lista, mas isso agora é passado. O que Montenegro (e também o seu candidato) tentou fazer esta noite foi a separação das águas.

“O Governo não esteve em campanha eleitoral, esteve a cumprir os seus compromissos”, afirmou. Em campanha, esta mesma ideia, foi usada várias vezes para rejeitar as críticas de “eleitoralismo” que vinham do lado socialista. Também Sebastião Bugalho viria de seguida garantir que “a estrutura decisional e política do Governo era, e foi, totalmente autónoma da estrutura decisional e política da candidatura”.

Mas a verdade é que foram várias as medidas do Governo aprovadas ao longo desta campanha e a AD tenta agora evitar que seja feita qualquer associação entre o que o Governo foi fazendo nestes dois primeiros meses em funções — e que usou em campanha — com o que saiu das eleições. Avisa mesmo quem faz “análise política” que também é “apaixonado” por essa prática, mas que só “em segundo plano, porque no primeiro”, disse, está o seu “compromisso férreo com a população portuguesa” e que isso lhe vai “dar força para continuar a governar”.

Primeira tábua de salvação: comparar com o pior resultado dos últimos 20 anos

A AD conseguiu manter os mesmos eurodeputados (seis do PSD e um do CDS) que tinha em 2019 e também teve “mais votos e a correlação de força com os outros partidos também foi maior”. O que Montenegro não disse na sua análise aos resultados é que estava a comparar com o pior resultado dos últimos 20 anos, já que em 2019 o PSD teve 21,9% e o CDS 6%.

Agarrou-se, assim, à “circunstância política onde à direita” da AD “foram eleitos pelo menos quatro deputados de duas forças políticas que eram inexpressivas nesse último acto eleitoral”, referindo-se ao Chega e à Iniciativa Liberal que, nestas eleições, elegeram dois eurodeputados cada.

Teve uma ajuda de Sebastião Bugalho nesta tentativa de desinsuflar o PS, com o cabeça de lista que agora vai para Bruxelas a dizer que “alguém podia dizer que foi mesmo por poucochinho“. A expressão é da antologia política, já que foi usada numa noite de Europeias pelo então comentador António Costa em relação ao PS e, a partir daí, saltou num desafio à liderança socialista de António José Seguro.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Compreendo que quem não ganhava há quatro eleições esteja a festejar, eu também estaria”. Foi a outra frase que a AD levava preparada com esse mesmo objectivo: desvalorizar a vantagem socialista. Mas ambos os rostos da AD nesta noite reconheceram a vitória, numa altura em que o resultado é suficientemente parecido com o das legislativas para que possam fazer outra coisa. Afinal, foi com base numa diferença da mesma dimensão que a AD conseguiu cantar vitória e assumir o Governo a 10 de março.

O desconforto com essa magra diferença foi, no entanto, patente deste início entre as hostes da coligação. Quando as projeções chegaram às oito da noite, a sala gelada do Hotel Sana onde estavam alguns apoiantes foi também fria nas reacções. Silêncio total entre o grupo de mais de duas dezenas de pessoas que se juntavam frente às televisões com a emissão dos quatro canais em simultâneo para ver os primeiros números. Até aí tinha havido apenas uma declaração curtíssima do director de campanha que vinha em linha com os elogios à estrutura eleitoral que tinha funcionado com a novidade do voto em mobilidade.

Só muito depois das projecções veio Nuno Melo, presidente do CDS, numa declaração que esteve hesitante durante mais de uma hora porque os resultados estavam suficientemente renhidos para dizer o que quer que fosse. Mas o líder centrista lá apareceu para fazer as primeiras despesas da noite que acabaram por mostrar que as expectativas eram baixas. Afinal, Melo focou-se na parte meio cheia do copo: que Portugal continuava a ser um “espaço de moderação”, tendo em contra o crescimento da extrema-direita noutros estados-membros, que o resultado seria melhor do que o último e que o Chega estaria “muito abaixo das expectativas” — aproveitando logo para dizer que “ser muleta do PS em Portugal não compensa”. Um exercício de forçado optimismo que a AD manteve até ao fim da noite eleitoral.

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COMENTÁRIOS

Pertinaz: Que eu saiba a meta do bugalho eram os 29%… ultrapassou-a…!!!                  Lupus Maris: Que alívio! Descansar destes dois "grandes" jornalistas "independentes" a malhar quotidianamente no Luís Montenegro...                     Isabel Gomes: O Montenegro não serve. O PSD não quer reformar. Ainda por cima apoia a candidatura do Costa.                  Joao Cadete: O positivo é que vou deixar de ter de ler os textos destes dois jornalistas "isentos".                       Carlos Quartel: Uma lição que espero que lhe sirva de emenda. As bolhas mediáticas não funcionam com todos, O universo da AD tem muita gente que poderia ter feito melhor. Teve sorte Montenegro, a sua posição está mais consolidada. Ventura hesitará em manobras que possam implicar novas eleições e PNS sabe que está muito longe de uma maioria que lhe permita governar. Cabe a Montenegro aproveitar esta oportunidade. Se não cometer asneiras garrafais pode aspirar a uma legislatura tranquila.              Jorge Espinha: Custa muito ter um gráfico resumo do resultado eleitoral? Para não ter de ir ao site da sic e não ler um a tonelada de palha mal alinhavada?

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