Este assunto da despenalização do
aborto, onde o factor político do ataque ao governo da gestão actual pelos ou
pela da passada gestão, e acompanhantes desta, do peito –( ou do ventre, para o
caso é indiferente –) está tratado por HELENA MARQUES com a competência e honradez
de sempre, a falcatrua sendo disciplina praticada por esses tais apoiantes ou
oponentes, lembrados ou deslembrados, conforme a conveniência da actuação, mais
do que do assunto em si. Daí o título do texto magnífico, de HM.
A desmemória
Bugalho disse o óbvio: a IVG é um
equilíbrio entre dois direitos. Mas não disse tudo. Não disse que nesta matéria
Marta candidata desmentia Marta ministra e que Catarina Martins se fazia de
esquecida.
HELENA MATOS Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 26
mai. 2024, 00:20153
O último debate entre os candidatos às
europeias ficou resumido assim: “Aborto
deixou Bugalho embaraçado no último debate a quatro” (Público); “Bugalho chocou com a esquerda por causa
do aborto mas deixou um compromisso para as mulheres” (CNN); “Num debate ao ritmo dos candidatos,
aborto e Von der Leyen puseram todos contra Bugalho” (Expresso)…
Bugalho disse o óbvio: a IVG é
um equilíbrio entre dois direitos. Mas não disse tudo. Sobretudo não disse que nesta matéria Marta
candidata desmentia Marta ministra e que Catarina Martins se fazia de esquecida
por razões tácticas.
Recuemos a 10 de Maio de 2022. No parlamento a então ministra da Saúde
irrita-se. Com quem? Com Catarina Martins, a então líder do BE. Em causa estava a proposta da Administração Central do Sistema de Saúde
relativa a novos critérios para avaliação das equipas nas Unidades de Saúde Familiar. O
Público revelara na sua primeira página que um dos critérios a
utilizar nessa avaliação seria o do número de interrupções voluntárias da
gravidez realizadas pelas utentes. A equipa
médica perderia o direito a um valor adicional ao salário base se as pacientes
tivessem feito abortos ou tivessem contraído doenças sexualmente transmissíveis
nos doze meses anteriores. Como se percebe, esta proposta gerou uma polémica imediata, quanto mais não fosse porque
os médicos e os demais membros das equipas das Unidades de Saúde Familiar
acabavam a ser penalizados por circunstâncias que não controlavam. A pedido do mesmo PSD que agora integra a
coligação por que se candidata Sebastião Bugalho, e que por obra e graça
mediática está transformado em ogre machista anti-direito à IVG, a 10 de Maio
de 2022 Marta Temido foi à comissão parlamentar de Saúde. Foi aí que aconteceu
o enfrentamento com Catarina Martins que a acusou de pretender “um policiamento
do corpo das mulheres”. A ministra argumentou que se estava a tratar
simplesmente duma proposta feita por uma comissão técnica, condenou “ e esclareceu: “Acho que todos entendem que a
circunstância de fazer uma IVG para as mulheres que a fizeram, e há nesta casa
de certeza quem a já tenha feito, é profundamente penalizadora para a saúde
física e mental.E, portanto, não considerar esse
aspeto é, no mínimo, hipocrisia”
Onde está agora esta Marta Temido que em 2022 alertava para as
consequências penalizadoras do aborto e chamava hipócritas aos deputados que
negavam essa evidência? Agora, em
2024, no debate com Sebastião Bugalho, Catarina Martins e Pedro Fidalgo Marques, a antiga ministra da Saúde banalizou o recurso ao
aborto, fazendo de conta que ser contra a equiparação a direito
humano do direito ao aborto é ser contra a IVG. E Catarina Martins estará agora esquecida da tensão que este mesmo
assunto provocou em 2022 entre si e a então ministra da Saúde, agora candidata
do PS às europeias? Obviamente que aqui não há esquecimento algum. Mais
importante ainda, ambas, independentemente do que recordem desse Maio
de 2022, sabem que podem contar com o esquecimento geralmente reservado a quem
fala pela esquerda. Ora em tempos de politização da memória usufruir da
indulgência da desmemória é um extraordinário activo. Permite, como permitiu no debate desta
sexta-feira, que se faça de conta que, em Portugal, o acesso das mulheres ao
aborto está a ser posto em causa por forças retrógradas e obscuras, obviamente
de direita, e não, como de facto aconteceu, pela incompetência dos seus
dirigentes políticos. Convém
recordar que no ano de 2022, ano em que Marta
Temido foi ministra da Saúde até Setembro, pelo menos 3069 mulheres que
pretendiam fazer uma IVG no SNS não foram atendidas nos cinco dias que a lei
estipula como prazo máximo para o primeiro atendimento nestes casos.
Mais grave: 767 dessas mulheres aguardaram entre 11 e
15 dias por essa primeira consulta. Em conclusão, se alguns governos em
Portugal comprometeram o acesso à IVG de forma legal, segura e dentro dos
prazos estabelecidos foram os governos socialistas de António Costa, de que
Marta Temido fez parte.
É claro que é muito mais fácil
avançar para uma retórica demagógica e populista, como fez Marta Temido que, à
semelhança de Catarina Martins, respondeu como se estivéssemos nos anos 60 e 70
do século passado, quando as mulheres morriam e sofriam as consequências da
prática de abortos clandestinos: “Eu nem consigo explicar que sob o ponto de vista
civilizacional que haja quem entende que este é um direito que não deve constar
da carta dos direitos fundamentais. Mas aquilo que nos estão a dizer é
escudarem-se atrás de um argumento jurídico, de um argumento de valorização de
direitos. Pois
bem aqui é a questão das mulheres poderem morrer mais, poderem morrer menos em
função dos direitos sexuais reprodutivos que lhes sejam conferidos. Acho que não há qualquer dúvida que deveria
constar porque isso seria o limiar a partir do qual os países teriam de
organizar os seus sistemas.”
De que sistemas e de qual limiar
falaria Marta Temido? Não creio que alguém naquele debate o tenha percebido. Ou sequer a própria. Nem isso
interessava. O que interessava ao frentismo de esquerda que ali se estabelecera
era a criação dum antagonista. E por isso, apesar de o candidato da AD ter dito
o óbvio a — IVG é um equilíbrio entre dois direitos —, havia que fazer de conta que Sebastião
Bugalho estava ali a representar um retrocesso, quiçá a suspensão da
despenalização do aborto. Sintomaticamente ficámos a saber o que a AD
defende nesta matéria — manter a actual legislação — mas não
sabemos, até porque nunca o dizem e também porque não se lhes pergunta, o que defendem os promotores da passagem
do aborto a direito humano. Mas
teria sido mesmo muito útil saber o que os demais presentes naquela mesa
defendem quando dizem defender o direito ao aborto enquanto direito humano.
Concordam, por exemplo, Marta Temido,
Pedro Fidalgo Marques e Catarina Martins que se acabe com o direito à objecção
de consciência por parte dos médicos e pessoal de enfermagem, como pretendem
vários eurodeputados? É
que ao transformar o aborto num direito humano faz-se equivaler a objecção de
consciência a uma recusa de prestação de cuidados médicos. O
resultado da proibição da objecção de consciência é a fuga de médicos e
enfermeiros dos serviços públicos como forma de escapar a esta obrigatoriedade,
com óbvio prejuízo para as mulheres. Mas
isso nada interessa aos defensores da constitucionalização do direito ao
aborto, que sofrem da mesma indiferença ao sofrimento das mulheres que aqueles
que recusam o aborto em todas as circunstâncias. Só lhes
interessa o absoluto da ideia que defendem.
Também não se percebeu — até porque os demais debatentes ficaram
convenientemente em silêncio quando Sebastião Bugalho aludiu ao assunto — o que
defendem em matéria de prazos. O candidato da AD afirmou que certamente ninguém
entre os presentes defenderia o aborto aos oito meses. Ora não só há quem defenda como também
quem pratique o aborto a pedido da mulher até aos oito meses, ou mesmo mais, de
gestação. Nos estados norte-americanos do Alasca, Novo México, Colorado, Vermont,
Minnesota tal é possível. E
se baixarmos dos 8/9 meses de gestação para os 6/7 a lista alarga-se não só a
vários outros estados do EUA como a países como a Colômbia, o Reino Unido ou a Finlândia. O
alargamento dos prazos é neste momento a tendência, o que para quem, como é o
meu caso, participou em Portugal na campanha pela descriminalização, é um
absurdo. Com mais meios de
diagnóstico, mais facilidades de deslocação e mais liberdade, este alargamento
dos prazos é um contra-senso. Marta Temido, Pedro Fidalgo
Marques e Catarina Martins pretendem manter as actuais 10/12 semanas prevista
na lei portuguesa para a realização do aborto a pedido da mulher ou pretendem
alterar o prazo? Não se soube.
E assim, por obra e graça desse poder
da predestinação que se concede à esquerda, está instituído que o futuro
inevitavelmente trará a constitucionalização do direito ao aborto. A transformação da despenalização do
aborto no imperativo da sua constitucionalização é um bom símbolo dos tempos
que vivemos, aqueles em que, em nome da correcção das imperfeições das
liberdades que conquistámos e dos compromisso que estabelecemos, nos impõem a
desumanidade das certezas absolutas.
ELEIÇÕES EUROPEIAS ELEIÇÕES POLÍTICA ABORTO SAÚDE
COMENTÁRIOS (DE 183)
Manuel Martins: A vida em sociedade só é possível se existirem
determinados valores, comuns, que todos têm de respeitar. Quem não quer viver
sob esses princípios, pode tentar mudá-los, ou se não for possível, conformar-se
ou mudar de sociedade. Para mim, a questão do aborto, ou da eutanásia,
serão sempre complexas, porque existe uma morte provocada que: envolve o cidadão,
envolve o pessoal médico, mas também envolve a sociedade que decide como se
enquadra juridicamente essas acções. Não consigo conceber que numa democracia, que respeita
a liberdade e a dignidade humana, se
consiga obrigar alguém a ser parte de um procedimento de aborto ou eutanásia,
esteja ou não constitucionalmente garantido.
Vitor Batista: Matem muitos
portugueses ainda antes de nascer e importem seres humanos do Industão, parece
ser o lema da esquerdalhada fascista do caviar comuna/beluga. Rui Lima: A forma como a esquerda e toda a sua máquina intimida
os adversários (muitos não dizem o que pensam todos temos de ser pelo aborto ou
por fronteiras abertas), levando todos da direita para a esquerda , quando
aparece alguém com ideias diferentes leva no mínimo com o rótulo de fascista ,
retrógrado … Eu para ter a noção da realidade vou ler e ouvir o que diziam «dirigentes
socialista na Europa nos anos 70 e 80 , hoje seriam tratados de racistas no
mínimo, o deslizamento para a esquerda e extrema esquerda de quase toda a
classe política e jornalística na Europa Ocidental é um feito dos marxistas ,
foi feito sem oposição tem o domínio total na UE e da sua justiça, tal como em
vários países , há apenas resistência em alguns ex-países comunistas a leste
mas que se tem de vergar perante as mais diversas ameaças de cortes no dinheiro
a que têm direto como membros da comunidade . Luís
Marques: Hoje o aborto
como direito humano, amanhã a eutanásia obrigatória para aqueles que já não
'vivem com dignidade' ou quando o peso dos pagamentos das pensões for
incomportável. Ana Luís
da Silva: Alguns
apontamentos de coisas demasiado sérias para serem comprimidas assim… mas é o
possível numa caixa de comentários. 1. Ninguém consegue estar fora do “caldo cultural” em
que nasceu. Somos influenciados pelos valores das nossas famílias, pelas ideias
da nossa sociedade, mas também pelo modo com pensa o nosso tempo, i.e., pelo
que os pensadores/filósofos debitaram na cátedra ou escreveram em livros, por
exemplo, influenciando revoluções. 2. Do nosso particular “caldo
cultural” de 2024 faz parte o “pensamento crítico”, que sofre de um preconceito
base: que é impossível conhecer a verdade. Na linha marxista este “pensamento
crítico” dedicou-se à desconstrução de ideias. A sociedade aderiu. Tudo é
maleável, a ética também é maleável porque não assenta na verdade (lá atrás já
se tinha eliminado Deus), mas sim em qualquer substrato cultural do momento.3.
Deste modo, passámos a relativizar até os direitos mais essenciais, como o
direito à vida, ou a inventar e absolutizar outros, como o direito da mulher ao
próprio corpo. 4. Este pretenso direito da mulher é (des) construído a partir
da objectiva e inalienável dignidade da pessoa humana, deformada pela nossa
mentalidade que nega haver uma natureza/verdade das coisas e que, por isso, tem
que preencher o vazio recorrendo ao ego, ao sentimento/sofrimento, portanto ao
subjetivo, para justificar o poder de decidir eliminar ou não uma vida humana
em gestação. 5. Deste modo, a IVG não poderá nunca ser “um equilíbrio entre
dois direitos”. Porque se o direito à vida advém da inalienável dignidade de
qualquer ser humano desde a concepção à morte natural, o “direito” ao próprio
corpo é uma deturpação subjectiva daquela dignidade. Com efeito, o suposto
direito de (decidir) abortar significa obnubilar a verdade acerca da nossa
humanidade, designadamente, que somos seres de relação, com responsabilidades
para com os outros, e não indivíduos isolados, todo-poderosos, apenas
obedientes às nossas vontades subjetivas. Além disso, o poder discricionário
(dependente da própria vontade e apenas disso, sem mais referências) de abortar
elimina de uma assentada só, sem apelo nem agravo, o direito à vida, a vida de
outro ser humano e o próprio corpo deste, que terá além disso em 50% das vezes
cromossoma xx… Onde está mesmo o equilíbrio? Joao
Cadete: Belo artigo a sinalizar o que é óbvio para a esmagadora maioria dos
portugueses. Existem claro alguns jornaleiros que têm uma agenda e tentam
transmitir algo que não faz sentido. J.
Gabriel: Bugalho É o meu candidato. Estudioso, parece ser, marrão e inteligente
também. É novo e tem muito para aprender, EM ESPECIAL COM HIPOCRISIA., de duas
manhosas ( atriz) e outra( risonha) livros que bugalho ainda não estudou
aprofundadamente. A vida o vai ensinar a lidar com estas HIPOCRISIAS que é o
melhor livro que é a convivência e a defesa dessas pessoas hipócritas Ana Luís
da Silva: É profundamente injusta a acusação de Helena Matos de “indiferença ao sofrimento das mulheres”
àqueles que recusam o aborto em todas as
circunstâncias” pois “só
lhes interessa o absoluto da ideia que defendem”. Os factos desmentem-na. As pessoas que se afirmam
contra o aborto são muito mais solidárias com a mulher que está só, desempregada,
abandonada pelo companheiro ou forçada a abortar por este ou pelos próprios
familiares. AJUDA DE MÃE AJUDA DE BERÇO APOIO À VIDA são concretizações dessa
preocupação com as mulheres. Engana-se redondamente Helena Matos em toda a
linha: as pessoas que estão contra o aborto sem concessões pensam NOS DOIS, mãe
e filho, querem salvar os dois! Para que o
sentimento de rejeição de um filho por causa de uma gravidez inesperada se
transforme na aceitação desse filho e no início da construção desse laço no
amor maternal e filial que é, na sua verdadeira essência, muito mais que um
sentimento, uma angústia, uma dúvida, uma dificuldade ainda que muito grande,
cuja solução seja a separação dos dois com a eliminação de um deles. Pelo
contrário, muitas vezes esse filho torna-se a razão de viver da sua mãe A D:
Helena Matos a
lembrar a todos que o garoto Bugalho é um impreparado para a alta política.
Obrigado. José Rego: Como se chegou aqui? Até há uns
anos, mesmo os defensores do aborto, admitiam que seria um mal, mas um mal
necessário nalguns casos. Hoje em dia, passou a ser um direito inquestionável.
E agora, como se não chegasse, querem elevá-lo a direito humano. Ora, um
direito humano é uma coisa intrinsecamente boa, uma coisa consensualmente
aceite como boa. O aborto é isso? Este é um dos problemas com o progressismo,
tem sempre de estar a “ avançar”, nunca há nada que lhes chegue, para se
justificar a si próprio tem de estar em constante “ avanço “ cada vez mais
radical. E o discurso fica prisioneiro desta retórica. Quem não aceita este “
avanço”, quem não aceita estas agendas como progresso é insultado, desprezado e
menosprezado, como se a sua posição fosse minoritária na sociedade, de nicho
quase, quando na verdade , em muitas destas matérias , é exactamente o
contrário, apesar de na bolha mediática aparecerem como consensuais. É o afastamento
cada vez maior entre essa bolha ( comunicação social e política) e o povo. J.
Gabriel: Sobre IVG não tenho conhecimentos para falar, mas tenho uma opinião. A medicamento de prevenção.
Antes é depois. Quem quiser fazer, PAGA DO SEU BOLSO Maria
Emília Ranhada Santos: Está mais que provado cientificamente, que após a concepção o que existe no
ventre materno é um ser humano! Aprovar a morte de um ser humano indefeso é
crime hediondo! Os traumas das mulheres que fizeram abortos são imensos e
muitas vezes a saúde da mulher que abortou é irrecuperável! Querer minimizar
este assunto, legalizando-o juridicamente não resolve em nada a situação, mas
pelo contrário cria cada vez mais mulheres deprimidas e sofredoras! O desejo de
virar tudo ao contrário, aquilo que Deus criou, significa querer dizer-LHE: Sai
que agora somos nós os governantes! Só que não pode ser assim, porque a
esquerda aliada às elites financeiras globalistas, não são os criadores do
universo e de tudo quanto nele existe! Não adianta querer ser aquilo que não se
é, quando na realidade, não se é! A falta de verdade é a maior crise que a
humanidade atravessa! Os compromissos com a mentira estão a encaminhar a
humanidade para a catástrofe! A humanidade vive na escuridão por que se afastou
de Deus, por isso caminha sem rumo, com grande sofrimento, imaginando o pior! As
guerras que se vislumbram próximas, são consequência deste afastamento de Deus
e, consequentemente, aproximação do inimigo! Aborto, eutanásia, barrigas de
aluguer, ideologia de género, homossexualidade activa, casamentos gays
aprovados, destruição da família, anulação da identidade pessoal e nacional,
suicídios de adolescentes e jovens, retirar os direitos aos pais sobre os seus
filhos, etc...tudo obra de Satanás! Voltemos para a nossa linda e pacífica
civilização cristã e seremos mais felizes e todos viveremos melhor! Francisco Almeida: Um homem, hetero, branco e
católico, está à partida, diminuído para falar sobre o aborto. Mas, no artigo -
notável como sempre - de Helena Matos, há dois pontos que não quero ignorar. O
primeiro, bem apontado por Helena Matos, é o das tentativas de ultrapassar a
objecção de consciência, tornando o aborto (recuso-me a chamar interrupção a
algo que é definitivo) um direito humano, como já aconteceu em França. É a
total anulação da liberdade humana face ao Estado. O segundo, não abordado por
Helena Matos, é considerar uma gravidez uma doença. E até uma doença com
privilégios pois, além da gratuitidade, tem precedência de atendimento até
sobre doentes oncológicos. Poucos saberão que (não sei se se mantém mas pelo
menos há três anos) uma mulher que teve um aborto voluntário, tem atendimento
psicológico automático enquanto uma que sofreu um aborto involuntário - no caso
com passagem de dias nos cuidados intensivos- não só não tem esse atendimento
psicológico pelo SNS, como de facto lhe é negada a possibilidade de o ter por
particular, no hospital, por não estar previsto nos protocolos que lhe possa
ser dispensado um quarto com privacidade (nos abortos voluntários dispensa-se
um dos quartos reservados para doenças contagiosas). Coxinho: Quando se discute, legitima e
finalmente se constitucionaliza o direito de matar -- seja ele um nascituro
seja um moribundo -- a coisa já não se apresenta como inocente. Se matar não é
crime, que razão haverá para condenar quem mata alguém que se pode defender? E
depois vêm aquelas vozes hipocritamente puritanas que apregoam a defesa
incontestável dos valores da vida e da natureza, dos animais e das pessoas que
nem podem defender-se, e afinal contribuem para essa legislação assassina que
nos vai desumanizando irremediavelmente. O
que já não admira é o jornalismo activista de esquerda que de forma deliberada
oculta aquilo que é evocado por Helena Matos e destaca o que possa embaraçar o
candidato Sebastião Bugalho. É por isso que é bom deixar de comprar jornais
como o DN. Ou o PÚBLICO. E escolher outra cadeia de supermercados que não o
CONTINENTE. Maria
Soares: Brilhante! A
forma como despudoradamente se ignora o facto de se estar a aniquilar um ser
humano, choca quem se lembra dos discursos brandos, contemporizadores,
excepcionais, de quem, há anos, defendia a descriminilização do aborto. E para
quem afirma que o direito ao aborto é um avanço civilizacional, desde logo, se
refere que não é. É sim, um retrocesso. Basta lembrar o direito romano que
permitia o poder de vida ou morte do pai sobre os seus filhos. Maria Cabral: A leviandade com que a esquerda se apropria da vida
privada faz parte da colectivização e perda de individualidade, implícita e
necessária para manter o poder, a dependência e controlo social. Nada de novo. L Faria: Esta esquerdalha é repugnante. Então agora passa a ser
um direito tirar a vida a outro ser humano? Ainda por cima completamente
indefeso. Há mais do que meios e informação para se evitar uma gravidez. Não
estou a falar em penalizar legalmente as mulheres que recorrem ao aborto. A lei
já prevê o prazo e as circunstâncias em pode ser realizado o aborto. Se passa a
ser um direito tirar a vida a outro ser humano, porque rasgam as vestes contra
a pena de morte? Pelo menos é decretada por um tribunal e não ao arbítrio de
uma mulher. Dizem que a mulher é que pronuncia sobre o seu próprio corpo. Assim
é. Esquecem-se que está a decidir não sobre o seu corpo mas sobre o de outro
ser humano. Estamos a caminhar por trilhos perigosos. Domingas Coutinho:Hoje em dia não faz sentido pois como diz, há mais
meios, mais liberdade e eu acrescento mais informação. Hoje salvo raras excepções
e aqui refiro-me a violações, só engravida quem quer. Gostava de saber se as
despesas saíssem directamente do bolso das pessoas visadas, se haveria tantos
abortos como há. As mulheres já nem se preocupam com a saúde ou seja com as
consequências que um aborto lhes pode trazer. José Paulo C Castro: A desmemória do PS é mais curta do que isso. Geralmente,
já não se lembram que assinaram um memorando com a troika uns meses depois de o
fazerem. Nem que eram contra portagens grátis ou contra o IVA barato na electricidade.
Nem que eram contra devoluções de tempo de serviço aos professores ou subsídios
de risco aos polícias. Nem que se sentiam responsáveis pelo Estado do SNS, como
disse esta semana um deputado agora apoiante da ex-ministra para Bruxelas. Isto
tem um nome diferente de desmemória. Hipocrisia é algo mais conciso e objectivo. José Miranda: Tristão: Abortar com 5/6 meses ou mais de gestação já não é
aborto é assassínio. paulo
mariano: Muitos dos
defensores do aborto não estariam cá se a despenalização tivesse acontecido há
mais tempo.
Fernando Prata Excelente
artigo que vem mostrar a hipocrisia e o cinismo desta esquerda completamente
enlouquecida pelas causas fracturantes. Não se importam de dizer uma coisa e o
seu contrário, com a falta de vergonha que lhes assiste. Vi esse debate e tive
a oportunidade de assistir ao longo silêncio existente depois de Sebastião
Bugalho ter feito a afirmação, seguida de uma total de falta de vergonha por
parte de Marta Temido e Catarina Martins, nas afirmações que fizeram. Mal vão
as mulheres que votarem nestas defensoras dos seus "direitos". José Paulo C Castro Era óbvio que, a partir do momento que se define o
direito ao aborto como um conflito entre dois direitos equivalentes, decidir
onde fica o limite tem o seu quê de arbitrário. Qual a fronteira onde um supera
o outro e vice-versa ? Dá para tudo. A actual constitucionalização do direito
ao aborto visa decidir que o da mulher prevalece face ao do feto por nascer. É
só isso. Ou seja, pode ser sempre. A anterior criminalização do aborto de fetos
viáveis visava decidir que era o direito do feto à vida que prevalecia. A
solução intermédia, qualquer uma delas, é sempre arbitrária e com fundamentos
ambíguos. Por exemplo, há algum motivo fundamental que impeça prevalecer o do
feto primeiro (aborto precoce criminalizado) e o da mulher depois de algumas
semanas (aborto legal a partir das x semanas de gestação até ao fim) ? Parece
absurdo, mas há algum motivo lógico e objectivo que diga que a vida é maior ou
menor ou que a integridade do corpo da mulher é menos ou mais violada ? Não há Alcides Longras >
klaus muller: Pois
considera mal. A gestão é a base da nossa existência como espécie. Atribuir o
poder absoluto de decisão sobre um pilar tão fundamental a apenas uma parte
dessa espécie é completamente ilógico e fatal. Maria Paula Silva: Enguias, todas umas enguias....... sonsas,
manhosas.... p.s. - ainda bem que HM tem uma excelente memória e uma boa base
de dados para lhes esfregar na cara as incoerências, que são muitas. Enguias..... Carlos Chaves: Resumindo, manipulação e mentira! Temos que nos
perguntar qual é o papel da comunicação social nestes processos eleitorais.
Será que os moderadores/entrevistadores/comentadores estão mal preparados (o
que não acredito), ou trazem todos em uníssono uma agenda escondida (o mais
provável)? Não é normal que as perguntas que se impõem não se façam, não se
confrontem os candidatos com as suas próprias incongruências, e ainda por cima
assistimos aos jornais de “referência” a construirem todos por igual uma narrativa
falsa! E já repararam na dança de comentadores entre os jornais e os canais
televisivos? Parece que querem ter a certeza que sua narrativa passa em todos
os possíveis meios de informação que chegam às pessoas! Isto é um sintoma que a
democracia está em risco! Em sério risco! Obrigado Helena Matos por ser das
poucas a denunciar estas poucas vergonhas! Maria Tejo: A interrupção da gravidez é encarada por muitas
mulheres como um meio anti-conceptivo. Daí recorrerem a abortos consecutivos.
Isso é inadmissível. Um azar, uma circunstância adversa, violação,
impossibilidade financeira, social ou familiar, irresponsabilidade, etc., acontecem
a qualquer rapariga/mulher. Uma vez. No ambiente seguro de hospital. A partir
daí sabem, ou devem ser instruídas de, que têm a pílula dispensada nalguns
casos graciosamente e sob receita médica sempre. Não se justificam recidivas.
Compreendo perfeitamente a objecção de consciência em muitos casos devido a
esta circunstância. E tudo o que passe as 12 semanas de gestação, do meu ponto
de vista, não é aceitável. Permitir a interrupção até 24/28 ou mais semanas é
impensável, a não ser em casos médicos complexos. Tudo o mais é a insanidade
wokista da esquerda. Francisco Figueiredo > Ana Luís da Silva: Totalmente de acordo. Lúcia Henriques: Vou ser politicamente incorrecta. Tantos direitos sobre
o aborto. Não faz mal temos aí os imigrantes e os muçulmanos para ocupar o
lugar dos portugueses inexistentes. Cada mulher muçulmana tem, em mêdia, 6
filhos. Façam as contas porque eles já as fizeram.
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