É que ele opinou em tempos junto de Putin,
com coragem meio esbatida, pareceu-me então, de voz triste mas mansa, os pés
nada assentes e mesmo em bico, debaixo da cadeira, distante da de Putin, este
de sorriso tranquilo, e ao qual desaconselhou a guerra, com virtude, desse
outro lado da mesa separadora. Porém, junto de Netanyahu, foi muito incisivo,
de pé, a mandá-lo não responder aos ataques do Hamas, o que provocou a ira de
Netanyahu, como vimos, o qual, furioso, achou até que ele devia ser despedido
do seu cargo alto da ONU. Agora, Guterres faz guerra – a terceira - ao clima,
como nos conta com o humor de sempre, ALBERTO GONÇALVES, atento e descrente. Dos
homens em geral, mas com muitos casos particulares. De portugueses, está visto,
com os seus cargos particulares por vezes em discrepância.
O inferno do eng. Guterres
Mal posso
esperar pelas hipérboles seguintes do eng. Guterres, que elevou a fasquia a
ponto de dificultar a tarefa dos assessores em 2025, 2026 e por aí fora.
ALBERTO GONÇALVES
OBSERVADOR, 08
jun. 2024, 00:511
Nos
intervalos do apoio ao regime de Pol Pot e a sistemas de extermínio similares,
o filósofo Jean-Paul Sartre famosamente proclamou que o Inferno são os outros. Num
raro momento em que não reproduz propaganda do Hamas ou posa para o retrato com
tiranos de renome, o filósofo
António Guterres menos famosamente corrigiu: o Inferno é a situação actual do clima. “Inferno climático”, disse o secretário-geral da ONU
no Dia Mundial do Ambiente. Em matéria de definições do lugar de suplício
eterno, desde Dante e Milton que isto tem sido sempre a descer.
Já o eng. Guterres tem vindo sempre a
subir, em matéria de definições alarmistas que, vai-se a ver, não alarmam
ninguém. Há quase
um ano, a criatura decretara o fim do Aquecimento Global e o início da Era da
Ebulição. “A menos que haja uma
mini-Era do Gelo nos próximos dias, Julho de 2023 quebrará recordes”,
afirmou então, fundamentado, rezavam as agências noticiosas, em informações
da conceituada emissora Al Jazeera. Como as idades do gelo se formam e
ocorrem devagarinho (os meus esforçados estudos no Google mostram que por sinal
estamos a viver a mais recente,
iniciada há 2,6 milhões de anos) e não entre terça e quinta-feira, os tais recordes se calhar foram mesmo
quebrados em Julho passado. Quebrados, espatifados e reduzidos a cinzas
causadas por temperaturas nunca sentidas pela humanidade ou, vá lá, pelos
termómetros das limousines em que o eng. Guterres é transportado.
A Era da Ebulição, coitadita, não
durou onze meses. E os
chineses, perdão, os publicitários, perdão, os especialistas que assessoram o
eng. Guterres tiveram que trabalhar arduamente cerca de vinte minutos para
desencantar nova tendência para a estação: o Inferno
Climático, a loucura do Verão que aí vem. Depois
de gasto o vermelho sangue, não ouso antecipar a cor com que os boletins
meteorológicos vão ilustrar uma tarde quentinha de Agosto. Mas estou
ansioso por descobrir. Aliás, mal posso
esperar pelas hipérboles seguintes do eng. Guterres, que elevou a fasquia a
ponto de dificultar a tarefa dos assessores em 2025, 2026 e por aí fora. Churrasco Climático? Crematório
Climático? Escalfeta climática? Queimadura de Terceiro Grau Climática? Após o
Inferno é complicado
manter o embalo. A esperança dos desgraçados é que o mundo acabe antes disso,
ou no prazo de 18 meses concedido pelo nosso homem nas Nações Unidas para que
se faça não sei o quê com os combustíveis fósseis. De uma coisa estou certo: em
nome da coerência e da vergonha na cara, o nosso homem não voltará a viajar de
avião. Nem sequer para visitar o Qatar, hábito que pratica com curiosa
frequência.
Suponho que as “renováveis” pagam bem,
e que determinadas personalidades
no Qatar e na China e onde calha pagam melhor para corroer o Ocidente, e que
muitos governos ocidentais apreciam o pânico para terminar de sufocar o
contribuinte com impostos “verdes”. Porém, não possuo provas de que o
empenho do eng. Guterres nestes temas seja motivado pela cobiça. Uma
segunda hipótese, avançada por alguns, é o eng. Guterres ser um boneco
manipulável por interesses que o transcendem e capaz de repetir enormidades a
pedido, convencido de que as enormidades são autênticas. Também não vou por aí.
A minha tese, ainda em esboço, é a de
que a retórica do eng. Guterres é tão primitiva que não pode servir os
objectivos dos que de facto se preocupam com a evolução do clima. Pelo contrário: o primitivismo da
retórica parece amanhado à medida de objectivos opostos. Se os senhores
das petrolíferas e afins quisessem ridicularizar a ortodoxia relativa às
“alterações climáticas”, dava-lhes
imenso jeito despejar um verbo de encher num cargo de notoriedade
internacional, a aliviar-se diariamente de patacoadas em crescendo. Não arrisco
decidir se o verbo de encher faria semelhante figura a troco de um bónus ou se
a pratica de borla e por engano.
Confesso que, por puro egoísmo, os efeitos do clima no futuro do
planeta me importam pouco. Ou não me importam mais do que aos campeões da
“causa” que apenas condenam o uso de combustíveis fósseis quando é a populaça a
usá-los. A verdade é que, à revelia de
toda a histeria patrocinada em vigor, consigo imaginar cientistas bem
intencionados, daqueles que crêem nalguma influência da acção humana nas
mudanças ambientais, daqueles que não recebem fartos subsídios pelas suas
convicções, daqueles que são coerentes com os respectivos estudos e se deslocam
de bicicleta até em passeios ao estrangeiro. Imagino que devem ser
uns quinze ou dezasseis na Terra inteira. Imagino o desalento que devem
experimentar de cada vez que o eng. Guterres abre a boca e, através de
sucessivos delírios, lhes prejudica a investigação séria. E imagino, por fim, a
conversa entre dois deles:
–
Ouviste?
–
O quê?
–
O indivíduo… O que se assemelha a um trompetista de mariachi… Voltou a falar.
–
Jura! E o que lhe saiu agora?
–
Agora veio com o Inferno Climático.
–
O Inverno Climático?
–
Não: o Inferno.
–
Valha-me Deus… Não era a Ebulição?
–
Pelos vistos não pegou. Quer ver se o Inferno pega. E de brinde balbuciou uns
palpites acerca dos dinossauros e do meteoro…
–
Meteoro?
–
Diz que nós somos um.
–
Há sujeitos que são um calhau, isso há…
–
E disse que…
–
Por favor não continues a deprimir-me. Mas o indivíduo não percebe que essas
atoardas só retiram credibilidade a qualquer abordagem sensata do assunto?
–
Ninguém percebe se ele percebe. De resto, ele não está ali para ser credível ou
sensato.
–
Chiça! Está ali para quê, então?
–
Excelente pergunta, mas a ciência não explica tudo.
–
No caso dele não explica nada.
ANTÓNIO GUTERRES POLÍTICA CLIMA AMBIENTE CIÊNCIA
COMENTÁRIOS:
Miguel Sanches:
Hilariante! Não se enxergam, de
ridículos. Muito bem, AG.
Rui Lima: Sempre
pensei que o Guterres, que abraça todas as causas que possam fazer mal ao
Ocidente, pode abraçar o Hamas a China ou a Rússia como esta notícia confirma.
«O porta voz de António Guterres anunciou que o secretário-geral da ONU não vai
estar presente na Cimeira da Paz – que se realiza na Suíça nos dias 15 e 16 de
junho» Alexandre
Barreira: Pois. Caro AG, Já parece o outro: - Então amigo...feche o
guarda-chuva....estamos no Forum.- Obrigado....mas ouvi nas notícias que ia
chover....no Continente....!
José Paulo C Castro: Desde que esta personagem enganou os portugueses a
elegê-lo, -- baseado num slogan: "Os portugueses não são números, são
pessoas" -- é que as contas nunca mais bateram certo. Apenas palavras
esculpidas. 'Picareta falante' foi mesmo a melhor descrição feita. Alexandra
Ferraz: Sinto vergonha
alheia pelo Gugu da Onu cada vez que ele se lembra de perorar... É uma
'picareta falante' como dizia o saudoso Vasco Pulido Valente. Contam as más
línguas que Guterres um dia perguntou a Vasco Pulido Valente o que teria de
fazer para ser um bom político, ao que este lhe respondeu: cortas o bigode e
deixas de andar à pato.... 😉 parece que se ficou pela metade 😁 É o que temos!!! E é aguentar. Que tristeza !!!
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