Por sinal, portuguesa por excelência, tal como a sua autora, HELENA
MATOS, de uma cabeça e peras. Para nos pôr hilariantes… Se não, plutôt, lacrimosos…
Cabeças há muitas. Em defesa da honra das avestruzes
Ora, ora senhor Presidente. Porque haveríamos nós portugueses de
meter a cabeça na areia coisa que muitos estudiosos garantem que as avestruzes
não fazem nem nunca fizeram?
HELENA MATOS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 09
jun. 2024, 07:4312
O Presidente disse que não votar
equivale a meter cabeça na areia. Lamento informar mas nesta matéria, a das
cabeças, há muito mais a ter em conta. Senão vejamos:
Atirarmo-nos de cabeça. Impulso irresistível que afecta os
portugueses de cada vez que ouvem a expressão “o governo dá…”
Cabeça à roda. Um fenómenos facílimo de observar entre todos aqueles
que tentam perceber o que distingue os diferentes escalões de IRS nas propostas
do Governo e da oposição.
Cabeça de vento. É a versão intelectual da transição energética: uma
maravilha maravilhosa que não se sabe onde levará mas que a cabeça de vento
apregoa. Aos quatros ventos como não pode deixar de ser.
Cabeça no ar. Mais ou menos o mesmo que a cabeça de vento mas sem
a vertente da transição para as energias alternativas. É só uma cabeça parva e
pronto.
Cabeça de burro. No tempo em que os animais falavam, os humanos
tornavam-se burros por castigo. Agora que alguns partidos dizem que falam pelos
animais (e os demais fazem de conta que acreditam) aguardo notícias do
capital de ofensa dos burros pela imagem que demos deles. E já agora também
das avestruzes.
Cabeça à razão de juros. Da dívida pública e das pessoais, a mais portuguesa das cabeças.
Cabeça rija. Há quem garanta que a cabeça rija também é dura.
Francamente não sei. Mas que las hay, las hay.
Cada cabeça sua sentença. Vai acontecer já daqui a pouco quando houver que
explicar o resultado das eleições europeias. Pessoalmente adoro o “cada cabeça sua sentença” embora ache ainda mais graça às cabeças
com duas e três sentenças, que usam a gosto com quem polvilha com salsa o
bacalhau à Brás.
Comer as papas na cabeça. Comer papas na cabeça é viciante. Quanto mais papas
se comem na cabeça dos outros mais se acredita que esse é um direito adquirido.
Dar cabo da cabeça. Exercício indissociável do vitimismo. Na falta de
melhor argumento arma-se um banzé e dá-se cabo da cabeça dos outros. Podem
perguntar à Climáximo que eles explicam isto melhor que eu.
Dar com a cabeça nas paredes. Em primeiro lugar não vale a pena. Em segundo não
vale a pena. Em terceiro não culpem os candidatos. E deixem as paredes em paz.
De cabeça erguida. Resultado antecipado para os todos os partidos que
participam nestas eleições. Garantidamente vão todos afirmar que saem de cabeça
erguida. Não vai ser verdade.
Deitar as mãos à cabeça. Gesto de milhões de portugueses após cada surgimento
da presidencial figura
Estar à cabeça de. Qual CEO, CAO, CAE… (nem imaginam as siglas que
descobri na wikipedia para o pretérito e português director!) nada se
compara com o “estar à cabeça de”. Politicamente falando Portugal prova que
se pode ser uma antiquíssima nação apesar de volta e meia ter à sua cabeça quem
está com a cabeça noutro sítio. Sim, estou a pensar em José Sócrates.
Fazer a cabeça em água. Tanto quanto se sabe nunca uma cabeça se transformou
em água ou noutro líquido qualquer mas note-se que vários políticos ainda não
desistiram de tentar este processo alquímico.
Levantar cabeça. Fenómeno em que os portugueses já acreditaram mais.
Meter na cabeça de uma vez por todas que ganhar um debate é conseguir que os eleitores dos
candidatos antagonistas fiquem em casa e não necessariamente esmagar os
adversários.
Não entra nada nessa cabeça. Pois não. Mas não posso dizer em quem estou a pensar
porque a CNE não deixa.
Não estar com cabeça para. É a chamada cabeça selectiva. Numa campanha
eleitoral vários candidatos além de não estarem com cabeça para responder ao
que lhe perguntam também não estão com cabeça para explicar ao que vêm.
Não sair da cabeça. Da minha não sai o engenheiro Guterres. Eu sei que
devia escrever: o resultados das eleições europeias mas não é verdade.
Passar pela cabeça. O que passará pela cabeça do engenheiro Guterres?
Passado da cabeça.O engenheiro Guterres.
Perder a cabeça. Acontece a todos e a todas. Mas eleitoralmente falando
acontece a uns mais que outros e que a outras.
Pôr a cabeça no cepo. Há quem a tenha colocado nestas eleições. Não
completamente mas um pouco.
Puxar pela cabeça. É uma falácia. Depois de assistir a vários
dos debates destas europeias tenho a certeza que há gente que por mais que puxe
pela cabeça nunca chega lá, entendendo-se por lá um pensamento minimamente
coerente.
Quebrar a cabeça. A minha está quebrada, garanto, depois deste
exercício. Para a próxima enterro-a na areia.
Rolar cabeças. Rola uma, rolam duas… Daqui a umas horas falamos.
Mas sempre acrescento que não acho que role alguma. Para já.
Sem pés nem cabeça. Algo que não faz sentido segundo a wikipedia que
recua a Cícero e Catão para explicar o sentido desta frase. Nós não
precisamos de ir tão longe basta-nos pensar no dia de reflexão e percebemos
logo o significado de “sem pé nem cabeça”.
LÍNGUA CULTURA ELEIÇÕES EUROPEIAS ELEIÇÕES POLÍTICA
COMENTÁRIOS (de 12)
Maria Tubucci: Muy bien, Sra. HM. Esperemos
que hoje os votantes não sejam cabeças-de-alho-chocho e não votem em cabeças
ocas, que consideram a Europa uma vaca leiteira, para quem lá vai... Filipe Paes de Vasconcellos:
Pois é, é tudo
uma questão de tola. Quanto mais se tem mais se sofre ao ver aqueles que não a
têm a rebentar com o país. Fernando
Cascais: - Mãe, os meninos na escola dizem que tenho uma cabeça muito grande! - Não tens nada meu filho, mas mete a cabeça para
dentro e fecha a janela que estás a impedir o trânsito Mario
Figueiredo > Maria Tubucci: Em boa verdade, não há partido que concorra a estas
eleições europeias que não ache que a Europa deve servir para nos dar fundos. Domingas Coutinho: De rir para não chorar. Bom Domingo, Helena Matos logo
vemo-nos. Gosto de ler o que escreve e de ouvir o que diz: tudo com pés e
cabeça. bento
guerra: Ele bem meteu
as gémeas debaixo da areia, mas veio o vento e ficou uma k. gada mais um: Cabeça de alho Chocho: MRS Carlos
Chaves: Genial,
simplesmete genial! Obrigado Helena Matos! joaquim zacarias: Quem vai perder a cabeça hoje,é o PNS com mais uma
derrota. João
Floriano: Há também as
associações felizes da cabeça com hortícolas: cabeça de alho chocho, cabeça de
abóbora, ficar com um grande melão. Estas três expressões sobre cabeças vão
assentar como uma luva em várias forças partidárias logo à noite. e vão ter de
puxar pela cabeça para transformar derrotas em vitórias. E depois temos ainda a
cabecinha de alfinete e adivinhe-se em quem é que estou a pensar. Hoje depois
das 23, não perca num canal televisivo perto de si o desfile dos cabeçudos. Maria
Tubucci > Mario Figueiredo: Principalmente
os cabeças de lista... Paula Barata Dias: cabeça
de família: que raio de expressão para designar o desgraçado/a que tem de fazer
o trabalho de todos...
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