quarta-feira, 12 de junho de 2024

A desesperança a imperar

 

Como sempre: Um texto que parece sério e criterioso, este de Helena Garrido.

Lições e riscos das eleições europeias

Aumentou a probabilidade de o Orçamento do Estado de 25 ser aprovado, embora com interrogações sobre o seu conteúdo final.

HELENA GARRIDO Colunista

OBSERVADOR, 11 jun. 2024, 00:2028

A diferença mínima que deu a vitória aos socialistas, a descida do BE e do PCP, a subida da Iniciativa Liberal e a acentuada queda do Chega conjugam-se para desincentivar uma antecipação das eleições legislativas a curto prazo. O maior número de votos do PS esconde que perdeu um eurodeputado e que os partidos de direita vão agora em maior número para Bruxelas e Estrasburgo – 11 em 21 agora quando eram 7 em 2019. Este equilíbrio de forças, embora não se podendo replicar para legislativas, aponta para uma dinâmica à direita que não se verificou à esquerda. Até porque pode ter existido um efeito Cotrim na Iniciativa Liberal enquanto um eventual efeito Temido não foi suficiente para afastar muito os socialistas da AD, com os votos da sua esquerda – que perdeu sem se perceber ainda bem para onde foram os seus eleitores.

Contrariamente ao abalo que as europeias provocaram em França – com eleições antecipadas para 30 de Junho – e até na Alemanha e em Espanha, os resultados eleitorais em Portugal parecem ter elevado a probabilidade de o Governo conseguir aprovar o Orçamento do Estado para 2025. A questão é que Orçamento. Como Cecília Meireles referiu na SIC, na noite eleitoral, o Orçamento pode ser aprovado na generalidade e ser completamente desvirtuado em sede de especialidade. Nada que não tenha acontecido até agora, com a oposição a impor já facturas para 2025, como é o caso da eliminação das portagens nas ex-Scuts (180 milhões na estimativa do Governo que o Banco de Portugal também considera).

O consenso que existe na sociedade portuguesa, quanto à importância de contas públicas equilibradas, pode chocar com a ambição de conquista ou manutenção do poder, alimentada pela ilusão do excedente de 2023 e pela descida da dívida. E neste ambiente de instabilidade podemos correr o sério risco de perder o que conquistámos até agora, não avaliando bem os problemas que temos pela frente e que os resultados das eleições europeias em França e na Alemanha tão bem indiciam. O ambiente bélico que se vive na Europa a par do crescimento dos nacionalismos é pouco amigo da construção europeia, um projeto que damos como adquirido, e da estabilidade económica e financeira.

Ainda bem que o Banco de Portugal resolveu começar a avaliar as finanças públicas, uma tradição que se perdeu no início da década de 90 do século XX, quando houve o conflito entre o então ministro das Finanças Jorge Braga de Macedo e o governador Miguel Beleza deu lugar a António de Sousa. Vítor Constâncio, enquanto governador, foi chamado a contribuir para a avaliação das contas públicas – primeiro para José Manuel Durão Barroso e depois para José Sócrates – mas os males estavam feitos.

Os alertas prévios são muito mais úteis, porque permitem fazer uma análise informada sobre as medidas que estão a ser aprovadas quer pelo Governo como pela oposição, criando uma sociedade civil com capacidade critica e capaz de pressionar os responsáveis políticos a não adoptarem medidas que nos podem sair caras.

É isso que o Banco de Portugal faz na sua análise, que vale a pena ler (a partir da página 23), e nos avisos que o governador Mário Centeno foi deixando na apresentação do Boletim Económico de Junho. A primeira frase que se pode ler no texto é especialmente elucidativa: “Com a informação disponível, é expectável o retorno a uma situação de défice, colocando em risco a trajetória desejável para a despesa pública no âmbito nas novas regras orçamentais europeias”. E fica igualmente a recomendação de Mário Centeno: “as políticas económicas devem manter a prudência e espaço para serem contra cíclicas”.

A tentação é grande, de quem está no poder, de criticar o banco central, e até de o tentar calar, sempre que alerta para os problemas que as decisões de política levantam. Esperemos que desta vez não venha a acontecer o mesmo do passado e que se respeite aquilo que está enquadrado nas funções previstas na lei orgânica do Banco de Portugal: “aconselhar o Governo nos domínios económico e financeiro, no âmbito das suas atribuições”. E avaliar a política orçamental está no âmbito das suas atribuições ou não fosse ela um factor de desestabilização económica e financeira, como aprendemos duramente no reajustamento que tivemos de fazer no tempo da designada troika. Quando precisámos de ajuda, como comunidade, o Estado não tinha dinheiro e foi obrigado a colocar-nos nas mãos dos credores.

O resultado eleitoral das europeias aponta para a estabilidade política a curto prazo, mas está longe de nos garantir responsabilidade financeira, levando em conta aquilo a que temos assistido nos últimos pouco mais de dois meses.

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COMENTÁRIOS (de 28)

bento guerra: Ainda é cedo, para saber se o PS quer voltar ao poder. Mas, a mim, parece-me que Montenegro é um pacóvio, apenas teimoso e esperto e não tem capacidade política para ser PM.O Bugalhinho foi mais uma esperteza que não resultou (excepto para ele)                  Novo Assinante: Meus amigos, tal como dizia Guterres é só fazer as contas: passámos de 1.169.836 votos em 10 de Março para 386.648 votos em 09 de Junho, ou seja, em apenas três meses, perdemos:(1.169.836-386.648)/1.169.836*100=66,9% de todo o nosso eleitorado. Os restantes 33,1% vamos perdê-los nas próximas legislativas.              Carlos Chaves: Esta crónica enferma de duas falsidades:  1)      O CHEGA não sofreu de uma acentuada queda, passou de 0 deputados para 2 deputados! 2)      O sr. Mário Centeno esteve de bico calado enquanto os seus comparsas do partido destruidor estiveram no governo e agora lança avisos que a cronista elogia, sem cuidar de criticar quando escondia os desvarios socialistas, como por exemplo uso de dinheiro da segurança social para baixar o défice, despesas astronómicas sem orçamentação e muitas outras “engenharias” financeiras! Isto não é sério Helena Garrido!                         Maria Tubucci: Diz a Sra HG, “O resultado eleitoral das europeias aponta para a estabilidade política a curto prazo”. Espero bem que sim. Entendam-se, porra! Deixem-se de politiquices. O pessoal já atingiu a saturação eleitoral, o circo eleitoral já cansa, as eleições já enjoam, mais não please 🥺

Por último, desculpe que lhe diga, o Sem Tino, cativador-mor do PS e profissional da hipocrisia, não tem qualquer credibilidade nem é exemplo para ninguém…                Nazare Dias: Gostava de saber o que é que a HG propõe que o governo faça para resolver todos os problemas que o anterior não resolveu, na Saúde, Educação, Forças Armadas, Segurança, Oficiais de Justiça...eu sei lá que mais! Baixar o défice e a dívida é óptimo, mas quando isso é feito com "Chico espertices" e á custa de serviços essenciais, a coisa muda de figura. A última que se conhece é o esperto do Medina, além de ter sacado tudo o que pôde às Águas De Portugal, Casa da Moeda e não se sabe quem mais também ter exigido ao Infarmed oitenta milhões dos cento e cinquenta que era o seu orçamento, apesar do mesmo ser financiado pelos nossos seguros e entregue directamente pelas Cias. De seguros. Por tudo isto se exige um pouco mais de hombridade ao sr. Governador que foi um dos grandes coveiros dos serviços públicos com as suas cativaçoes.                    Ronin: O pântano vai manter-se. O SNS nunca se irá renovar foi destruído. As contas certas dependem da despesa de pessoal que está a mais com milhares de nomeações, no Poder Local e Central. Os subsídios na Segurança Social vão retirando dinheiro ao sistema contributivo, até que cada vez mais percebam a coisa. A segurança e a invasão de migrantes continua uma maravilha, já não são só "os grupos de famílias" ou "os grupos de jovens" que vão ter concorrência que não vai ser bonita. A política de gestão de merceeiro vai continuar, quando for a hora outra vez de novas eleições legislativas que interessam, segundo a perspectiva da maioria dos eleitores, não terão 2/3 de não votantes, será invertida para !/3 e aí se verá que o sapateiro e o voz de falsete, nada têm par oferecer ao país a não ser mais degradação e miséria.

Reformas de fundo, limpeza do Estado de parasitas nomeados e empresas, Associações, Fundações, IPSSs, ONGs, isso fará o que as eleições de Março mostraram, mais desaparecimento da Extrema-esquerda e do Centrão. O Chega manteve apesar de toda a campanha suja de "jornalistas" tipo marçanos e dos comentadores vindos do Centrão e da Extrema esquerda, como a 3 ª força a IL ficou muito atrás o que deixou essa gente muito aborrecida nos resultados finais, mesmo levado ao colo pelos avençados comentadores da treta e pelos marçanos dos Media, afinal os Liberais levaram porrada em toda a Europa, o método de Hondt safou da extinção o PCP, o BE, o Livre tramou-se no voto útil das hienas da extrema esquerda.               Rui Pedro Matos: D. Helena Garrido! Um texto muito ao seu jeito e que enferma, na minha opinião, de alguns desvios ideológicos nomeadamente: A) abstenção = 63%; B) PS perde um eurodeputado; C) Chega alcança dois eurodeputados; D) IL alcança dois eurodeputados; E) PSD mantém o mesmo número de eurodeputados; F) BE e PCP perdem, um eurodeputado, respectivamente; G) o CR7 das finanças, hoje na administração do BdP, esteve sempre pronto a ajudar o Costa poucochinho. Actualmente, comporta-se como um cauteloso conselheiro. Por que será?; H) o sr. Santos do PS, enquanto ministro e figura principal dos governos de Costa poucochinho sempre a puxar para trás nas exigências dos cidadãos portugueses quanto às scut's aos professores ao SNS no IRS etc etc. Agora na oposição é um mãos largas. Por que será?; I) por fim, Não Há Almoços Grátis! Lisboa continua a ser a capital do império porque, depois das portagens de Alverca, é e será sempre, a Província!               GateKeeper: HG continua na senda da mistificação "bajulanteira" e genúflexa do, agora e por fim, centrão ps+ps2d de portas e janelas abertas pelo lmonty na fatídica noite em que pronunciou a abertura oficial da sua despedida da "campanha governizável", liderada pelo pedrito berloque do rato. Vai daí, desata a "amandar" "bocas falsas" à "direita" ( de 0 para 2) e odes desafinadas às esquerdó-liberalecas ( de 9+7 para 8+7). Em o fazendo, não cansada de elogiar cega e pateticamente o pateta alegre, desata numa espécie de ópera bufa sob o libreto do famigerado "OdoE de 2025", como se não soubesse muito bem o que "a casa do centrão" [ 2 moradas a reter : largo dos ratos e a ru[el]a dos buenos aires poluídos) vai gastar - ou seja o que NÓS e a UE vamos gastar. HG definiu um perfil para si própria. Mais valia "mudar-se" para os seus "lares d'avença - o publi-cuzinho & o expresso da - tanga.

 

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