quinta-feira, 6 de junho de 2024

Sim


Foi muito badalada, a imigração, que, aliás, está na berra, embora não solitária. Outros problemas foram focados, parece, não assisti aos debates e exposições com grande firmeza, sempre à procura de outros filmes – geralmente os filmes simpáticos que revejo, de cada vez que aparecem, caso do de hoje, “Encontro em Manhattan”, bonito e à la page para a minha actualização democrática, (iniciada, de resto, muito tempo antes, com a leitura de uma Jane Eyre de firmeza), e revisão dos meus gostos antigos por amores delicados na questão dos filmes, avessa que fui, e continuo a ser, às violências sem nexo de tantos filmes desordeiros, bastando-me as que os noticiários demonstram, resultantes da prevaricação diária dos chefes amantes dela, da violência sem écran (ou mesmo com), e do poder sem limites. Quanto às migrações… vamos, talvez, a caminho do caldeamento e fusão na questão dos povos, as distinções tendentes a degradarem-se, os territórios a preencherem-se anomalamente, as fronteiras a destruírem-se, as Histórias do passado a perverterem-se ou a ignorarem-se, como revestimento inútil de uma memória puramente pessoal de cada ser e seus compinchas. De resto, acaba de me surgir a seguinte notícia, na Internet: “NASA CAPTURA IMAGEM E SOM NA SUPERFÍCIE DE MARTE”. Que importa, pois, a superfície terrestre e os seus desastres? Álvaro de Campos sempre o soube, pelo menos o disse, na sua expressão triunfal, a respeito das coisas mais tremendas por cá passadas, desde que em confronto, então, com os poderosos ruídos e violências da moderna civilização do seu tempo que, esses sim, mereciam todo o entusiasmo do bicho-homem masoquista e sádico, qual ele se descreve, a rever-se nesses mecanismos e seus sons, do seu encantamento selvático, traduzido em verso – não de arroubo mas de estridência íntima feroz:

«………….Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?
Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,
O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,
O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,
O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes
Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.

Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar,
Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos, Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar,
Engenhos brocas, máquinas rotativas!

Eia! eia! eia!
Eia electricidade, nervos doentes da Matéria!............ (ODE TRIUNFAL)

Hoje temos a continuação. Com a cambalhota civilizacional aberrante e desordeira, e as descobertas minimizadoras do nosso estar. E do nosso ser também. Que importa, pois, tudo isso, desses tempos definitivamente arrumados? Os Chineses não pensam, é certo, assim, dos seus passados, de respeito e conserva. E vão avassalando a esfera. Terrestre, mas a lunática também lhes serve já. E vão enxotando, na persistência segura e suave e indiferente aos outros. Sem triunfalismos, mas com seguro passo, para mais, o das mulheres acompanhando, já desenfaixados e no tamanho preciso. Para o pontapé final.

A imigração entrou campanha adentro à bruta

O governo quer exigir visto de trabalho a quem imigra para Portugal, a dias dos candidatos às europeias saberem se emigram para Estrasburgo, onde, está visto, o trabalho não será por aí além.

TIAGO DORES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 05 jun. 2024, 00:1536

Junho é mês de Santos Populares. De Lisboa ao Porto, passando por Pyongyang, há arcos, manjericos e balões coloridos por todo o lado. Quer dizer, desconheço se Pyongyang é dada a arcos – embora o líder supremo seja bastante circular – e o manjericão, a existir, já foi todo ingerido, à falta da deliciosamente nutritiva proteína animal. Mas balões há, na capital da Coreia do Norte, e dos bons. Ficam é lá pouco tempo. Falo dos 600 balões que as autoridades norte-coreanas enviaram rumo à Coreia do Sul. Um gesto de boa vontade, harmonia e paz? Não. Um gesto de má vizinhança e porcaria que o vento traz. Uma vez que os balões foram previamente carregados com lixo, beatas e plásticos.

Ainda assim, bem bom. De tudo o que o chalupa líder da Coreia do Norte já se lembrou de lançar até hoje, balões repletos de entulho é, de longe, o mais benigno. Com sorte, falta-lhe verba para mísseis intercontinentais. O que é pena para o Bloco de Esquerda, que assim perde uma potencial fonte de financiamento. Bloco que, também necessitado de capital, lançou uma campanha de angariação de fundos. Ou seja, em aperto financeiro, a primeira coisa que Mariana Mortágua fez foi perder a vergonha de ir buscar dinheiro aos seus apoiantes que estão a acumular dinheiro. Mas como “a acumular dinheiro”, se eles não acreditam cá em economias de mercado e assim? Boa pergunta. Suspeito que seja por conta das poupanças feitas, durante décadas, ao nível higiene pessoal.

O lancinante apelo da líder do Bloco de Esquerda prende-se com a necessidade de angariar verbas para, entre outros imprescindíveis eventos, o habitual acampamento de jovens do partido e o Fórum Socialismo 2024. Mas será assim tão problemático? Um sítio onde toda a gente é uma espécie de sem-abrigo a viver em tendas, e onde não haja dinheiro sequer para sandes e água corrente é, já por si, um fórum onde se testam os bons resultados do socialismo. São dois eventos num só. E ainda poupam no cachet dos oradores do Fórum Socialismo. Imagino quanto não estará a cobrar, por exemplo, uma vedeta tipo Boaventura de Sousa Santos, com todo o acrescido mediatismo internacional que tem merecido nos últimos tempos.

Além de mês de Santos Populares, Junho é também mês de Eleições Europeias. E a campanha eleitoral, que estava meio mortiça, levou uma injecção de imigração e, qual Uma Thurman em Pulp Fiction, ganhou um inesperado novo fôlego. Imigração que entrou na campanha — mesmo à bruta — à conta da apresentação, pelo governo, do Plano de Acção para as Migrações. E o que pode dizer-se sobre o Plano de Acção para as Migrações? Por certo inúmeras e pertinentíssimas coisas. Infelizmente, dá-se o caso de eu não saber nenhuma delas. Mas sempre posso adiantar que “ação” devia ter um segundo “c”. E que, a julgar pelas reacções extremamente negativas ao Plano de toda a esquerda e — caso não esteja incluído na categoria anterior — do Chega, devemos estar na presença do melhor plano desde o célebre plano do interrogatório da Sharon Stone em Instinto Fatal.

Em particular o PS, pela voz de Pedro Nuno Santos, diz que o Governo faz um “diagnóstico errado” sobre a imigração e que o novo plano pode “criar novo problema”. Incrível, a perspicácia e capacidade de análise que Pedro Nuno Santos e seus camaradas ganham assim que saem do governo. Enquanto estão no governo não vêm nada, não percebem nada, não fazem nada. Assim que abandonam cargos executivos, pumba!, tudo o que é dirigente socialista torna-se indistinguível do Churchill. Há os treinadores de bancada e depois há Pedro Nuno Santos, o Primeiro-Ministro de bancada parlamentar.

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COMENTÁRIOS (de 36):

José B Dias: Enquanto estão no governo não vêem nada, não percebem nada, não fazem nada. Assim que abandonam cargos executivos, pumba! Só que não é só PNS ... veja-se tudo o que outras mentes, do mesmo e de outros partidos, foram iluminadas com a perda do Poder de agir! A mero título de exemplo, compare-se o Portas vice primeiro-ministro de Passos Coelho com o Paulo comentador da TVI/              Maria Paula Silva: 1) o mundo está a ser governado por psicopatas. 2) a candidata a eurodeputada pelo BE pode dar metade dos faustos ordenados que vai receber (e ainda fica com muito) para ajudar o seu partido. A Marianinha fica assim livre daquilo que detesta: pedinchices e caridadezinhas. 3) desde o dia 10 março os socialistas ficaram hiper activos. Embora tenham total alergia ao trabalho, fica provado que são mais úteis fora do que dentro do governo. Vou dormir, obrigada pelos sorrisos.           Pedro Santos > Maria Paula Silva: Muito bem, não podia estar mais de acordo               João Floriano: Eu sabia que Mariana Mortágua lê o Observador logo de manhã antes de reunir o staff para decidirem o discurso de ódio que vão lançar contra o Ventura. Foi daí que veio  a ideia de encetar uma campanha de angariação de fundos. Antes o Fabian Figueiredo tinha sugerido uma barraquinha de beijos, mas desistiram perante a concorrência do Bugalho, do Cotrim e sem dúvida alguma de Marta Temido que ao fim do dia tem de passar por uma linha de lavagem automática de camiões TIR tanta é a gosma que largam em cima da candidata. As bactérias, fungos e até liquens são visíveis a olho nu. Se eu fosse candidato, esta seria a parte que mais me custaria, ser beijocado, apalpado, tocado e muitas vezes maliciosamente. Aposto que o Cotrim já levou muito beliscão naqueles glúteos e o Bugalho nem tanto porque, oh inveja, Bugalho é elegante como um fio de azeite e ninguém vai apalpar um fio de azeite. Voltando aos problemas financeiros do Bloco, tomaram conhecimento da campanha do Observador e vá de copiar: «Contribua para o partido trotkista que faz a diferença. » Posso estar desmemorizado porque a PDI é implacável, mas a última vez que lançaram uma campanha, esperavam angariar à volta de 80.000 euros. Obtiveram um pouco mais de 10% do esperado. Peço desculpa se estou enganado. Desta vez o Bloco espera que o CHEGA seja o seu mais generoso benfeitor, já que cada vez que a Catarina e a Mariana lançam as suas línguas bífidas auscultando os ares para determinar se há «fascistas» na área, são mais uns votos que vão para o embaixador Casablanca, perdão Tãnger. Estive a consultar a playlist do candidato e aquilo é tão retro, tão retro, com a Françoise Hardy, que não me admirava nada de ver Tânger como no filme Casablanca, na despedida para Bruxelas e a dizer: «Play it again, André!».               bento guerra: O embaixador Tânger , foi o primeiro a referir o escândalo da Igreja dos Anjos, que ele considerou, obviamente, pior do que campo de refugiados. As comentadeiras e "analistas" reagiram ofendidas com tal dislate."Finalmente" fizeram reportagens e apareceu o escândalo dos 400 mil que o PS deixou entregues à sua sorte. Agora,né o próprio PSD a seguir as recomendações do Chega, a ver se sacam alguns votos. Vergonha é o que falta            Paulo Machado: A da higiene pessoal foi na muche, hehehe             Paulo Valente Ferreira > João Floriano: Comentários sempre à altura dos artigos. Muito bom!          mais um As Europ

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