sábado, 15 de junho de 2024

A respeito das redes sociais

 

Tema proposto na Versão 2 do Exame Final Nacional de Português do 12ºAno de Escolaridade deste ano, sem pretender seguir, todavia, as normas estruturais da composição, provavelmente incutidas nas aulas, pois que apenas me interessou o assunto em si, e nele peguei pelo prazer da reflexão pessoal, que nem sequer contará para os poucos leitores que venha a merecer.

É, pois, sobre as redes sociais que o mecanismo da rede mediática favorece, de uma forma profusa, que trata o tema proposto no grupo III da prova de Exame, onde se afirma que “elas são usadas pelas pessoas, quer para se mostrarem ao mundo, quer para se esconderem por detrás de uma imagem falsa, e que por isso são formas igualmente questionáveis de comunicação.”

Julgo, todavia, que, mais do que para se mostrarem ao mundo, as redes sociais implicam, pelo menos inicialmente, uma curiosidade, quantas vezes acrescida de real prazer, de saber o que é feito dos amigos espalhados no mundo, e encontrados no acaso de um meio de comunicação que trouxe o passado até nós, sobre vivências que cada um deles se construiu, e que desconhecíamos, por vezes com pesar, pelo irreparável das distâncias, afogadas nos diversos ritmos que cada um projectou ou seguiu. Daí, talvez, uma efusividade própria de quem se revive num passado de alegre harmonia, retomada numa actualidade saudosista, que uma proximidade real tantas vezes trai, afinal.

Mas a proposta do texto é sobre exibicionismo próprio – “quer para se mostrarem ao mundo, quer para se esconderem por detrás de uma imagem falsa” – e também esse aspecto me parece imposto com bastante dureza. Porque o expor a opinião própria não tem forçosamente que implicar uma arrogância positiva ou negativa, de exposição ou de ocultação do “eu”, este último item, pela falsidade de um pensamento menos verdadeiro que se pretende defender por puro maquiavelismo, quantas vezes irónico.

De toda a maneira, hoje põe-se muito em causa qualquer opinião, numa sociedade democrática que tudo afirma e tudo contesta, sem um apoio nesses mestres mores do saber, que foram os clássicos, e isso parece pura tontice.

PS- Como o texto anterior atingiu as 350 palavras do máximo permitido, ponho ponto final na minha redacção, em que este PS não conta, pois acrescentou mais 28.

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