Sempre gostei de Macron. Pelo seu ar
decidido, e discurso límpido, leiga que sou na questão política, e também pela
posição que tomou em relação à Ucrânia. A análise de JORGE FERNANDES parece-me justa na sua apreciação
política esclarecedora, mas o certo é que as políticas de abertura aos “invasores”
fugitivos dos seus países, têm criado uma instabilidade crescente na França do
nosso amor, como pátria de tantos espíritos que nos deram vida a nós também, ao
longo da vida.
Macron e a Europa à beira do abismo
Apesar da extrema-direita e da
direita radical estarem já no governo em variadíssimos países, é evidentemente
diferente que ocupem um cargo de tanta importância em França ou na Alemanha.
JORGE FERNANDES: Doutorado em Ciência Política pelo Instituto
Universitário Europeu, Florença, Investigador Ramón y Cajal no Conselho
Superior de Investigação Científica, Madrid
OBSERVADOR, 19 jun. 2024, 00:1825
Confesso que sempre gostei de
Macron e da vontade de mudança política que ele representa. França é um país
esclerosado com fortíssimas forças de bloqueio que impedem as reformas
necessárias para garantir que o país permanece relevante na cena internacional. Um
exemplo claro do atavismo de muitas forças políticas em França é a proposta da
Nova Frente Popular, que se uniu para disputar as eleições legislativas de 30
de Junho e 7 de Julho, para descer a
idade da reforma para os 60 anos. Em
2024, com a pressão demográfica que se faz sentir e o aumento da esperança de
vida, uma medida desta natureza revela um mundo mental que já não existe. A
Esquerda Francesa não habita o mundo real. De outra maneira, não faria
propostas populistas desta natureza.
Apesar da vontade de mudança que Macron
trazia desde o início do seu mandato, era
mais ou menos evidente que a sua passagem pelo Eliseu dificilmente acabaria
bem. Em primeiro lugar,
Macron conseguiu fazer-se eleger presidente sobre os escombros do sistema
partidário que alicerçava a V República. À excepção do partido de Marine Le Pen, nenhum
dos partidos clássicos que estruturaram a política Francesa ao longo dos
últimos 60 anos sobrevivem com força suficiente para gerar uma alternativa
política ao actual presidente. Apesar da má fama que têm, os partidos
políticos são fundamentais enquanto mecanismos de formação de elites,
organização do espaço político e capacidade de mobilização dos cidadãos. Só
existe uma coisa pior do que maus partidos políticos: o vácuo criado por partidos políticos sem
força suficiente para cumprirem a sua função no sistema político.
Em segundo lugar, a natureza unipessoal da presidência de
Macron, depois da tentativa falhada de montar um partido centrista que pudesse
institucionalizar o Macronismo, tornou a sua sucessão muitíssimo complexa.
Quando entrou no Eliseu em 2017, a aposta de Macron — um eterno
optimista — era evidente: se conseguisse reformar o país e
torná-lo novamente competitivo, isso dar-lhe-ia a capacidade de montar um
movimento político mais perene que pudesse sobreviver à sua inevitável retirada
do Eliseu. Sejamos
honestos. O contexto internacional dos últimos anos foi, talvez, o mais
complexo desde 1945. O Brexit, uma pandemia, a Guerra na Ucrânia e uma crise
inflacionista não são de molde a realizar reformas profundas em nenhum país,
muito menos num país com a complexidade social e política como França.
Neste contexto, Macron decidiu
jogar aquela que poderá ser a sua última grande cartada. Na sequência do resultado humilhante das eleições
Europeias, Macron escolheu a espada ao dissolver a Assembleia Nacional e
convocar eleições legislativas antecipadas, num gesto que deixou a Europa
perplexa. Na V República Francesa só houve três eleições
legislativas antecipadas e todas terminaram em períodos de coabitação.
Naturalmente que, no contexto actual, se
a RN ganhar as eleições, a coabitação revestir-se-á de maior complexidade na
medida em que seria a primeira vez desde o fim da Guerra que a extrema-direita
conseguiria ocupar o executivo. O gesto de Macron é de tal
maneira inusitado que vai contra o espírito da Constituição. Na última reforma Constitucional, que diminuiu o mandato presidencial de sete para cinco
anos, os
legisladores Franceses aproveitaram para mudar o calendário das legislativas,
marcando-as imediatamente a seguir às eleições presidenciais. O
objectivo era simples: diminuir a probabilidade de coabitação, aproveitando o
momentum eleitoral do presidente recém-eleito. Ao marcar eleições a meio de um
ciclo presidencial, Macron aumentou em muito a probabilidade de a oposição
conseguir utilizar as eleições legislativas como um voto de protesto contra a
sua presidência.
Apesar de ninguém ter a certeza do que
vai na cabeça de Macron para esta decisão – nos jornais internacionais diz-se que o
próprio primeiro-ministro em funções não foi antecipadamente informado da
decisão – há cenário que aparenta ter orientado a decisão do
presidente Francês: a teoria da vacina. No
sistema político Francês, enquanto Macron for presidente, os danos que o
partido de Le Pen pode provocar são, apesar de tudo, relativamente restritos.
Existirão dois potenciais cenários no actual contexto Francês. Em
primeiro, a expectativa de Macron será que estes três anos de RN à
frente do executivo mostrem, por um lado, a incapacidade do partido em governar,
e, por outro lado, exponham a ausência de soluções reais para o país. No fundo, ao cooptar a RN para o centro
do sistema político, Macron espera diminuir a capacidade do partido em bramir o
velho adágio populista do nós contra eles. Se for bem sucedido, as
hipóteses de Le Pen ganhar o Eliseu em 2027 sairão diminuídas. Em
segundo lugar, estas
eleições legislativas poderão servir como uma espécie de primeira volta das
presidenciais. Assim, estas eleições poderão servir para fomentar
alianças eleitorais à esquerda para que, em 2027, aparecerá um candidato
eleitoral forte naquela área política que consiga polarizar o voto popular com
Marine Le Pen.
A confirmarem-se as previsões, as eleições legislativas em França
serão um momento simbolicamente muito importante para a Europa. Pela primeira
vez desde a sua fundação a União Europeia terá um partido de extrema-direita no
poder num dos países do eixo Franco-Alemão. Apesar
da extrema-direita e da direita radical estarem já no governo em variadíssimos
países, é evidentemente diferente que ocupem um cargo de tanta importância em
França ou na Alemanha. No entanto, como os últimos anos provaram à saciedade,
três anos é uma eternidade e muita coisa pode acontecer entretanto. Nada está
escrito na pedra. Em última análise, numa democracia representativa,
o povo tem a capacidade de escolher quem quer a comandar os seus destinos.
FRANÇA EUROPA MUNDO EMMANUEL MACRON
COMENTÁRIOS (de 25)
Carlos Chaves: “Em última análise, numa democracia
representativa, o povo tem a capacidade de escolher quem quer a comandar os
seus destinos.” Nada mais acertado! Mas em completa contradição com o que o cronista escreveu! Nota: Nunca vi tamanha
preocupação de certos articulistas e jornaleiros, com a extrema esquerda como
com a suposta extrema direita! Não vêem os estragos que a extrema esquerda
trouxe ao nosso país desde há 50 anos? Não foram os últimos quase 9 anos
elucidativos? Caro cronista, tem todo o direito à sua opinião, mas por favor
não mascare a realidade! Ricardo Pinheiro Alves: O artigo é bom, mas não
consegue ultrapassar o complexo mais antigo da política: de um lado está a
direita radical, do outro está a frente popular. A direita nunca pode ser
popular, só pode ser extremista. A esquerda nunca é extremista, é sempre
a favor do povo. Um atavismo que requer maior seriedade intelectual. Jorge
Espinha: O centro direita traiu o seu eleitorado. É isto, é esta a razão do avanço
da extrema-direita e afins. O centro virou as costas às preocupações legítimas
dos Europeus. As ilhas de imigrantes e descendentes de imigrantes que se auto
excluem da sociedade e são violentamente hostis ao modo de vida Europeu. Leia por favor o artigo
escrito pra Ayann Hirsi Ali no último número da revista commentary dos EUA.
Lá descreve um político do centro esquerda holandês (mr Consensus) mas que se
aplica ao ser Jorge Fernandes. Que repete as patacuda das PC que estão a pôr em
perigo as nossas sociedades. Nuno
Abreu: Não é só a esquerda francesa que não habita um mundo real. É a esquerda
esquerda do mundo inteiro. Os seus profetas morreram há mais de cem anos e
eles continuam a ter por base dogmas fundados em mundos arcaicos. Vivem
da organização do nada. Raimundo Narciso conta uma anedota simpática que descreve bem o comunismo, neste
caso do que foi o seu PCP. O partido anuncia que vai dar sapatos. Forma-se uma
fila á porta da sede do partido. Sola de borracha ou de coiro? - pergunta o
funcionário: Borracha. Então porta da sala ao lado. Camurça ou cabedal?
Cabedal. Então porta em frente. Pretos ou castanhos? Pretos. Sala da esquerda.
Esgotadas as vinte salas e os vinte modelos, o zé povinho encontrou a porta da
rua. Resultados? Zero. Mas uma organização excelente! Maria
Emília Santos Santos: Macron é o menino bem amado de Klaus Schwab o fundador e autoproclamado
diretor do FEM, que serve unicamente para trair e amordaçar a Europa enquanto
foi fundada com intenção de proteger a economia europeia! Macron nunca lutou pela
França, assim como António Costa nunca lutou por Portugal e todos os outros
adeptos dos novos deuses do mundo! Fundaram universidades meteram-nos lá e
disseram-lhes: Vocês devem aprender a prometer tudo em eleições ao povo, mas
depois não fazem nada do que prometem! vocês devem obedecer é a nós, que somos
os vossos chefes! O que nós queremos é tudo desmantelado para instaurar a NOM.
É para isso que vocês têm de trabalhar, entendido? E eles, esta comandita toda
que governou a Europa neste últimos anos, foi excepcionalmente obediente para
não dizer submissa! O resultado? A Europa tornou-se uma bandalheira, de
assaltos, corrupção, pobreza, deseducação, descristianização, desmoralização,
sexualização, prostituição, abortação, medo de tudo e de todos e desconfiança
dos governantes, etc.. Montenegro veio para confundir e impedir o CHEGA de
ganhar, mas na realidade ele é do mesmo grupo do PS. Enquanto Soros mandar em
Portugal através dos seus (suas) servidores estaremos cada vez a escorregar
mais para o cataclismo e não nos conseguiremos desenvencilhar do PS e afins! Americo Magalhaes > Liberales
Semper Erexitque: Informada? torcida, enviesada, estes cronistas são autênticos fabricantes
de narrativas Carlos
Costa > Carlos
Chaves: Concordo consigo plenamente. José
Alberto: Meu Deus estes Clichês do Jornalismo !!! Extrema direita , Direita Radical
............etc e tal ......vocês nunca se lembraram de arranjar tantos nomes ,
esses sim RADICAIS !!! Dos Estalinistas assassinos (PCP) Troskistas, etc Joaquim
Almeida: Infelizmente, o sistema político da França tem-se revelado incapaz de
tratar uma chaga profunda e crescente veementemente apontada já há quatro
décadas pela FN de Le Pen - a imigração islamizante. A factura torna-se cada
vez mais pesada e ameaçadora de insolvência. E ainda vem o imb..il esquerdista
Melenchon atirar lenha para a fogueira, com a resignada conversa da
"créolisation"...
Nenhum comentário:
Postar um comentário