domingo, 2 de junho de 2024

Brincando aos médicos, aos doentes e aos pedintes

 Mandou-me o Cepeda uns versos

Que tirou da cachimónia

- Duvido que por paródia

Mas sim por estar ralado

Por se encontrar acamado

- Ao que não está habituado.

Eis os versos do CEPEDA,

Nome próprio em trocadilho

De cariz pejorativo,

A brincar p’ra disfarçar

Em realismo sem pejo:

 

«CEPEDA»

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif«Quando dorme a sono solto

Cuidando que ninguém ouve,

Com o intestino revolto

Cepeda vai gaseando.

E o mundo à sua volta

Adormece sem querer.

O próprio nem bem o sente

Mas na verdade dele emana

Um odor nauseabundo.

E o quarto onde dorme,

Por não ser a céu aberto,

Por não ter frinchas na porta,

Enche como balão de ar quente,

E transporta toda a gente

Até aos confins do mundo.

E, do seu sono profundo,

Ele acorda nauseado,

Pelo cheiro por si provocado.

E pergunta onde é que está.

Faz um grande alarido.

Clama por não ter dormido.

Cepeda entediado,

Barafusta endiabrado,

Com a gente a seu lado,

Pois o cheiro envolvente

Não pode, de todo, vir de si.

E para fugir dali,

Abre a porta de rompante.

E eis que naquele instante,

O quarto levanta voo,

Dá piruetas no ar,

E só consegue parar

No local de onde veio.

E Cepeda dá um passo,

Em direção ao passeio,

E, num tremendo anseio,

Ele encontra a primavera.»


Não deixo de responder

P’ra desejar o melhor

Ao Cepeda, sem brincar:

Retrato de um homem doente

Que esteve hospitalizado,

E se sente revoltado

Por não estar habituado

À doença que a tanta gente

Amofina, de vez em quando,

E numa cama confina

De uma enfermaria

Necessária e clemente.

Teremos que desculpar

As expressões da malícia

E pedir-lhe paciência

Na vida que a tantos destrói

Com mais rispidez ainda,

E desejar-lhe as melhoras

Com todo o amor que lhe temos.

Do coração o pedimos

A quem o pode safar:

Os batas-brancas dedicados

Ou mesmo o Deus das Alturas,

De quem sempre nos socorremos

Em caso de amarguras

E a quem com fervor suplicamos

Menos rigidez nos danos.


O certo é que o Cepeda

Com seus meios procurou

A Primavera e a encontrou,

Que lhe sorriu…


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