Mandou-me o Cepeda uns versos
Que tirou da cachimónia
- Duvido que por paródia
Mas sim por estar ralado
Por se encontrar acamado
- Ao que não está habituado.
Eis os versos do CEPEDA,
Nome próprio em trocadilho
De cariz pejorativo,
A brincar p’ra disfarçar
Em realismo sem pejo:
«CEPEDA»
«Quando dorme a sono solto
Cuidando que ninguém
ouve,
Com o intestino
revolto
Cepeda vai gaseando.
E o mundo à sua volta
Adormece sem querer.
O próprio nem bem o
sente
Mas na verdade dele
emana
Um odor nauseabundo.
E o quarto onde dorme,
Por não ser a céu
aberto,
Por não ter frinchas
na porta,
Enche como balão de ar
quente,
E transporta toda a
gente
Até aos confins do
mundo.
E, do seu sono
profundo,
Ele acorda nauseado,
Pelo cheiro por si
provocado.
E pergunta onde é que
está.
Faz um grande alarido.
Clama por não ter
dormido.
Cepeda entediado,
Barafusta endiabrado,
Com a gente a seu
lado,
Pois o cheiro
envolvente
Não pode, de todo, vir
de si.
E para fugir dali,
Abre a porta de
rompante.
E eis que naquele
instante,
O quarto levanta voo,
Dá piruetas no ar,
E só consegue parar
No local de onde veio.
E Cepeda dá um passo,
Em direção ao passeio,
E, num tremendo
anseio,
Ele encontra a primavera.»
Não deixo de responder
P’ra desejar o melhor
Ao Cepeda, sem brincar:
Retrato de um homem doente
Que esteve
hospitalizado,
E se
sente revoltado
Por não
estar habituado
À doença
que a tanta gente
Amofina,
de vez em quando,
E numa
cama confina
De uma
enfermaria
Necessária
e clemente.
Teremos
que desculpar
As expressões
da malícia
E pedir-lhe
paciência
Na
vida que a tantos destrói
Com
mais rispidez ainda,
E
desejar-lhe as melhoras
Com
todo o amor que lhe temos.
Do coração
o pedimos
A quem
o pode safar:
Os batas-brancas dedicados
Ou mesmo o Deus das Alturas,
De quem
sempre nos socorremos
Em caso
de amarguras
E a quem
com fervor suplicamos
Menos rigidez
nos danos.
O certo é que o Cepeda
Com seus meios procurou
A Primavera e a encontrou,
Que lhe sorriu…
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