Tanta necessidade aborrecida»: Já o disse Camões, há quase seis séculos. Porque seria
diferente hoje? É que hoje, estamos numa EU onde entrámos há quase 40 anos, CEE
então chamada, onde, segundo leio na famigerada Internet, “Partilhamos os mesmos valores e crescemos
juntos. Juntos somos mais fortes!”
Vamos a isso. Temos candidatos de sobra, hoje, para escolher no próximo domingo, HELENA GARRIDO os descreve, para votarmos sem engano. Nem dano, este último, contudo, em ameaça. Bélica, acima de tudo.
A
Europa que nos espera
A União Europeia viveu cinco anos de
pesadelo e prepara-se para um novo tempo consequência
desse passado. Estão os candidatos a eurodeputados conscientes disso?
HELENA GARRIDO Colunista
OBSERVADOR, 04
jun. 2024, 00:2121
Durante
os últimos cinco anos a União Europeia viu, pela primeira vez na sua história,
sair um Estado-membro por vontade própria, enfrentou uma pandemia que fez cair
o tabu do apoio com endividamento europeu, geriu como conseguiu crises
migratórias, e vive sob a ameaça de a guerra entrar pelas suas fronteiras,
quebrando-se a ligação que tinha à Rússia e abalando-se o escudo que tinha nos
Estados Unidos. No meio deste turbilhão enfrentou e está
prestes a controlar um surto inflacionista e lançou-se num ambicioso plano de combate
às alterações climáticas.
Os
eurodeputados que vamos eleger de 6 (na Holanda) a 9 de Junho (em Portugal e na
maioria dos países) recebem uma União Europeia submersa em desafios internos e
externos. E terão de se preparar para um Parlamento
deslocado para a direita e eventualmente sem a capacidade de socialistas e
populares determinarem os principais cargos europeus. É, assim se pode
interpretar, uma consequência das tempestades que se abateram sobre a
construção europeia no passado recente. E que terá consequências no desenho das
políticas europeias.
No grupo dos partidos com representação parlamentar em Portugal
poucos nos transmitiram essas preocupações, embora, com exceção de Marta
Temido, todos tenham revelado algum trabalho de casa. Da
avaliação dos debates destacam-se João Cotrim de Figueiredo e Sebastião
Bugalho pelo
conteúdo do que disseram – mesmo levando em conta a embrulhada em que o
candidato da AD se meteu nos temas do aborto e dos direitos das mulheres.
À esquerda Catarina Martins revelou bem como tem qualidade política
e João Oliveira mostrou uma
combatividade ímpar na defesa do que é difícil se não impossível de defender.
Do Livre Francisco Paupério
foi uma surpresa positiva e é lamentável que Rui Tavares o tenha isolado, corrigindo apenas essa actuação
depois de ter sido criticado.
Pedro Fidalgo Marques do PAN, em
contrapartida, parecia estar concentrado apenas no combate às touradas
quando tinha tanto tema ambiental para desenvolver. Quanto a António
Tânger-Corrêa foi o peixe fora da água, um diplomata que foi
fugindo como pôde ao confronto a que muitas vezes foi chamado pelos seus
opositores, e que se enredou logo de
início em teorias da conspiração que se lhe colaram até ao fim.
Finalmente Marta Temido, a inexplicável escolha de Pedro Nuno
Santos para liderar os candidatos do PS às europeias, quando tinha Francisco Assis e até Ana Catarina Mendes
– que vão em segundo e terceiro lugar. Não se entende aliás como
aceitou Francisco Assis ser número dois e, se as imagens não mentem, o que se
vê é o seu constrangimento quando aparece ao lado de Marta Temido– até agora
pouco, tal como Ana Catarina Mendes.
A ex-ministra e líder da lista do PS já era candidata a pior
responsável da Saúde da era da democracia portuguesa, sujeitando os portugueses
às suas opções ideológicas, em vez de se focar nas soluções que tinha
disponíveis para lhes prestar os cuidados de que precisavam. Se hoje temos a
Saúde no estado em que está podemos dizer que parte é herança da pandemia, do
envelhecimento e do aumento da procura, mas há uma boa parte que se deve à
ausência de soluções práticas para os problemas.
Nos debates – recusou ir ao frente-a-frente
organizado pelo Observador – Marta Temido mostrou estar mal preparada, o que
tentou disfarçar com truques politiqueiros – como o que usou com Sebastião
Bugalho sobre a visita do presidente da Ucrânia -, falando da pandemia ou
fazendo afirmações genéricas sobre a Europa. Consideram alguns
analistas políticos que é eficaz nesses truques e popular entre os portugueses,
tendo sido esta última a razão que conduziu à sua escolha. Esperemos que não
tenham razão e que durante esta última semana de campanha a ex-ministra mostre
aos eleitores que é mais do que apenas popular e eficaz em truques políticos.
Porque
vamos precisar de eurodeputados – mesmo tendo poucos – que sejam capazes de
enfrentar os desafios que a União Europeia vai ter. Desde logo porque não
sabemos se este novo tempo vai ser o da entrada da guerra num espaço que pensou
um projecto para que nunca mais isso acontecesse.
Mesmo sem ser num cenário de conflito, a União Europeia terá de
escolher de forma mais activa a sua estratégia de defesa. Mesmo que
Donald Trump não seja eleito presidente dos Estados Unidos, Bruxelas aprendeu que não pode deixar a
sua Defesa nas mãos dos Estados Unidos – esse tempo já passou. E as
escolhas não são fáceis, como até aqui. Gastar mais dinheiro em Defesa pode
significar menos para o Estado Social, mesmo que se siga o modelo da pandemia
com a emissão de Obrigações europeias – porque, ao contrário do que pareceu
transparecer em alguns debates, a dívida paga-se.
A perspectiva de viragem à
direita, como apontam as sondagens, perspectiva
igualmente alterações em políticas como a ambiental. Com prováveis retrocessos na transição
verde em matérias, por exemplo, como a biodiversidade – em parte já danificadas
por oposição dos agricultores. Mas também podemos ver um abrandamento
ou mesmo retrocesso no caminho para
uma economia de carbono zero, como por exemplo na mobilidade. Teremos
igualmente políticas mais proteccionistas e mais anti-imigração (Sobre as
mudanças nas políticas vale a pena ler este artigo do Político).
Os turbulentos últimos cincos anos da
vida da União Europeia lançaram as raízes dos problemas que agora vamos
enfrentar – e as escolhas que os eleitores vão fazer. Os eurodeputados que
vamos eleger, por poucos que sejam, nunca foram tão importantes. Especialmente
para quem considera que as soluções para os problemas de Portugal e da Europa
estão na União Europeia. Em
tempos difíceis como estes precisamos de mais e não menos União Europeia.
ELEIÇÕES
EUROPEIAS ELEIÇÕES POLÍTICA DEFESA SOCIEDADE SAÚDE
COMENTÁRIOS (de 25)
Carlos Real: O grande drama que assistimos é ver o Bugalho e o
Cotrim a terem a mesma atitude dos chuchialistas. Querem que os ilegais se
transformem em legais. Todos sabemos que as mafias já estão completamente
instaladas com as frutarias, mercearias e barbearias de fachada. As novas
pretensas medidas de contratos de trabalho não vão servir para nada. Os falsários
vão usar a dita obrigatoriedade para fingir que são trabalhadores. A
direita dita civilizada só pensa nos coitadinhos do 3º mundo a quem os europeus
estão obrigados moralmente a acudir. A emigração que é necessária só deve
existir devidamente organizada e controlada através das associações patronais que
tem de contratar nos países de origem. Quem estiver ilegal tem de ser
repatriado na hora. Só por isto é importante no dia 9 votar Chega. A subida da
extrema-direita é a única solução que a nível europeu pode levar o Centrão a
tomar medidas contra o descalabro da emigração de portas abertas. Montenegro,
o PS e a IL continuam a pensar nas fantasias humanísticas, mas ingénuas, de que
a imigração ilegal se controla com paninhos quentes. Nada de muros nem medidas
duras. Já não tenho idade e paciência para acreditar no Pai Natal. Maria
Tubucci: A Europa que
nos espera tem de levar uma grande volta Sra. HG. Pois a Europa que temos
quer destruir cultura e as nações que a formaram, preocupando-se muito mais com
os extra-europeus. Considerando que os europeus nativos só servem para
sacrificar no altar do multiculturalismo, para escravizar e servir outros
povos. Eu não quero uma Europa destas, eu não quero uma Europa do Islão.
Quero uma Europa que se preocupe em primeiro lugar com os europeus, na
manutenção das suas nações e da sua identidade cultural. Onde quem
quiser vir para a Europa tem de respeitar a cultura para onde vai,
integrando-se e deixando a sua “cultura” à porta da entrada. Rui Pedro
Matos: Todos os
partidos, principalmente os da esquerda reaccionária, incluindo o PS, estão em
campanha eleitoral tal como se fosse uma eleição para o Parlamento Português.
AD IL e Chega, na pessoa de Tânger Correa, muita maturidade e discursos
europeístas! ACORDAI ACORDAI HOMENS QUE DORMIS Tim do A Rui Pessoa: Defender a Europa é só o que os portugueses sabem
fazer. Sobretudo, dizer amém aos outros e às causas dos outros. Defender Portugal
nenhum tem coragem. Veja-se a bitola ibérica na ferrovia, o incumprimento dos
espanhóis nas águas dos rios, os acordos na agricultura e pescas, etc. Mas já a
pedir dinheiro de forma humilhante e sem dignidade, como ciganos romenos, disso
já são capazes. Não têm vergonha.
bento guerra: No meio de
tanta efabulação inútil , esqueceu o candidato do Chega, o único que está ali
com conhecimento do tema. Mas conhecimento não conta para estes linguados de
encher papel
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