sexta-feira, 7 de junho de 2024

Esplêndido tiro

 

Como sou das que não entende o motivo de tanta execração em torno dos judeus, absurda que me pareceu sempre, a sua exclusão ao longo dos tempos, até por os supor um povo bem arguto, com exemplos sensíveis neste nosso pequeno mundo português, e para sempre julgar o crime nazi de extinção, perseguição, expulsão daquele, de uma hediondez sem limite, gostei a valer do texto - de MIRIAN ASSOR - apontador virulento da inflexibilidade crítica pretensiosa de Miguel de Sousa Tavares.

Dás e Levarás

Para mim, judia e sionista, portuguesa e brasileira e marroquina, o que Miguel Sousa Tavares vomita não me interessa nada porque o seu raciocínio sobre o tema é um conjunto vazio cheio de execração.

MIRIAM ASSOR Jornalista e escritora

OBSERVADOR, 07 jun. 2024, 00:13

Convicto de que é sócio maioritário da verdade. Mania séria que é o comentador sabichão dos jornais e da televisão. Ele é que sabe. Usa caneta com a ponta de cianeto para matar Israel, Israelitas, judeus. Um país, cidadãos e pessoas de uma religião que lhe merecemos o chão e que mortos ou vivos fazemos a mesma falta que um edredom na Guiné ao meio-dia.

Para mim, que sou judia e sionista, portuguesa e brasileira e marroquina, o que Miguel Sousa Tavares vomita não me interessa para nada porque o seu raciocínio sobre o tema é um conjunto vazio cheio de execração. Contudo, a sua desvairada visão publicada no semanário Expresso encoraja que nunca se opte pelo deixa andar ou deixa que lhe passe, não obstante o desprezo merecido. Um texto antissemita assinado logicamente por um antissemita, que não gosta de ser chamado de antissemita. Tenha paciência. É antissemita, e essa má formação moral não nasceu no Shabat 7 de Outubro de 2023. O asco que nutre por Israel, israelitas e judeus tem barba de anos e cabelo oleoso.

Traição de Israelé um hino insultuoso com cambalhotas de história . O lead avisa logo que tipo de estrume nos dão para ler: “acabou-se a factura do Holocausto: os judeus de hoje acabaram com ela, cobrindo de vergonha o nome de Israel “. Acabado parece Miguel Sousa Tavares com o imenso estrabismo das ideias e o jornal Expresso que desalinha do seu lema Liberdade para Pensar.

Liberdade para pensar o quê? Contratou um cronista que precisa escovar o interior da boca para falar da Shoah. Vergonha. Vergonha, isso, sim, é a esterco de liberdade que dali sai. Um tiroteio de ódio ilustrado por uma imagem assinada por Hugo Pinto em perfeita e obscena simbiose com o teor que o Expresso deu para leitura: símbolo nazi e Israel. Um texto de opinião ilustrado. Ena. Qualquer dia fumas.

Na idade média éramos odiados pela nossa religião. Nos séculos XIX e XX, fomos queimados porque nos tinham como uma raça inferior. Neste duro século, odeiam-nos pela existência de Israel. O antisionismo é o anti semitismo moderno. Um raio que lhes desloque a alma.

A favor da liberdade de expressão e do livre pensamento, naturalmente, o que não invalida dizer, escrever, propagar que a miserável dupla escrita e visual desonra a linfa de um semanário outrora histórico. Sousa Tavares só não range a dentadura quando o assunto inclui o defunto Banco Espírito Santo, cujo dono era tudo menos santo, mas laços familiares, quiçá, o impediram de usar a esferográfica de pseudo justiça. Adiante.

Curiosamente, por essas bandas também há judeus. Estamos em toda a parte, somos, como dizem as bestas com ranho no nariz, a comandar o mundo. Saiba sempre que a cada afronta que fizer terá sempre resposta, directa, sem tricô, sem cerimónia e sem palavras que passeiam ao lado para não mostrar comprometimento, levará troco nem quer seja para lhe relembrar da sua insignificância. Como está em todo o lado, numa espécie de deus de clínica geral da imprensa, na SIC Notícias, na rubrica “Miguel Sousa Tavares de Viva Voz” ouve-se Sousa Tavares a matar lucidez ao citar Erdogan, o ditador turco, H20 não faria tanto estrago. Apoiar-se num político da laia de Erdogan traduz na íntegra a falta que faz o bom funcionamento da massa cinzenta no cérebro.

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