Como sou das que não entende o motivo de
tanta execração em torno dos judeus, absurda que me pareceu sempre, a sua
exclusão ao longo dos tempos, até por os supor um povo bem arguto, com exemplos
sensíveis neste nosso pequeno mundo português, e para sempre julgar o crime
nazi de extinção, perseguição, expulsão daquele, de uma hediondez sem limite,
gostei a valer do texto - de MIRIAN ASSOR - apontador virulento da
inflexibilidade crítica pretensiosa de Miguel de Sousa Tavares.
Dás e Levarás
Para mim, judia e sionista, portuguesa
e brasileira e marroquina, o que Miguel Sousa Tavares vomita não me interessa
nada porque o seu raciocínio sobre o tema é um conjunto vazio cheio de
execração.
MIRIAM ASSOR Jornalista e escritora
OBSERVADOR, 07 jun. 2024, 00:13
Convicto de que é sócio maioritário da
verdade. Mania séria que é o comentador sabichão dos jornais e da televisão.
Ele é que sabe. Usa caneta com a ponta de cianeto para matar Israel,
Israelitas, judeus. Um país,
cidadãos e pessoas de uma religião que lhe merecemos o chão e que mortos ou
vivos fazemos a mesma falta que um edredom na Guiné ao meio-dia.
Para
mim, que sou judia e sionista, portuguesa e brasileira e marroquina, o que
Miguel Sousa Tavares vomita não me interessa para nada porque o seu raciocínio
sobre o tema é um conjunto vazio cheio de execração. Contudo, a
sua desvairada visão publicada no semanário Expresso encoraja que nunca se opte
pelo deixa andar ou deixa que lhe passe, não obstante o desprezo merecido. Um
texto antissemita assinado logicamente por um antissemita, que não gosta de ser
chamado de antissemita. Tenha paciência. É antissemita, e essa má formação moral não nasceu no Shabat 7 de
Outubro de 2023. O asco que nutre por Israel, israelitas e judeus tem barba de
anos e cabelo oleoso.
“Traição de Israel” é um hino insultuoso com cambalhotas de
história . O lead avisa
logo que tipo de estrume nos dão para ler: “acabou-se a factura do Holocausto:
os judeus de hoje acabaram com ela, cobrindo de vergonha o nome de Israel “. Acabado
parece Miguel Sousa Tavares com o imenso estrabismo das ideias e o jornal
Expresso que desalinha do seu lema Liberdade para Pensar.
Liberdade para pensar o quê?
Contratou um cronista que precisa escovar o interior da boca para falar da
Shoah. Vergonha. Vergonha, isso, sim, é a esterco de liberdade
que dali sai. Um tiroteio de ódio ilustrado por uma imagem assinada por
Hugo Pinto em perfeita e obscena simbiose com o teor que o Expresso deu para
leitura: símbolo nazi e Israel. Um texto de opinião ilustrado. Ena. Qualquer
dia fumas.
Na idade média éramos odiados
pela nossa religião. Nos séculos XIX e XX, fomos queimados porque nos tinham
como uma raça inferior. Neste duro século, odeiam-nos pela existência de
Israel. O antisionismo é o anti semitismo moderno. Um raio que lhes desloque a
alma.
A favor da liberdade de expressão e do
livre pensamento, naturalmente, o que não
invalida dizer, escrever, propagar que a miserável dupla escrita e visual
desonra a linfa de um semanário outrora histórico. Sousa
Tavares só não range a dentadura quando o assunto inclui o defunto Banco
Espírito Santo, cujo dono era tudo menos santo, mas laços familiares, quiçá, o
impediram de usar a esferográfica de pseudo justiça. Adiante.
Curiosamente, por essas bandas também há
judeus. Estamos em toda a parte, somos, como dizem as bestas com ranho no
nariz, a comandar o mundo. Saiba sempre que a cada afronta que fizer terá
sempre resposta, directa, sem tricô, sem cerimónia e sem palavras que passeiam
ao lado para não mostrar comprometimento, levará troco nem quer seja para lhe
relembrar da sua insignificância. Como
está em todo o lado, numa espécie de deus de clínica geral da imprensa, na SIC
Notícias, na rubrica “Miguel Sousa Tavares de Viva Voz” ouve-se Sousa Tavares a
matar lucidez ao citar Erdogan, o ditador turco, H20 não faria tanto estrago.
Apoiar-se num político da laia de Erdogan traduz na íntegra a falta que faz o
bom funcionamento da massa cinzenta no cérebro.
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