De contar seja a quem for”. Ontem, como hoje.
Mas não vale a pena
preocuparmo-nos. Há sempre uma acácia crescendo e ramificando, envolta, que
seja, no seu vento suão. Leiamos, sim, o resto da mensagem contida na longa “Toada
de Portalegre”, toda ela, um Hino de Amor e de Esperança. Que esta não falte nunca,
apesar das trapalhadas surgidas nos brumosos relacionamentos mundanos, de todos
os tempos, afinal. Em viagem pelos meus
tempos passados, recordo o passeio a Portalegre, em “visita de estudo” com duas
turmas do 11º e a visita à casa de José Régio, espreitando pelo varandim da tal
casa da sua “TOADA”, que aqui veio à baila. Por conta dos contrastes, nas
vivências, terminando em recordações e crenças, ainda que na simples imagem de uma
acácia ramificando.
…………………..
«E era então que sucedia
Que em
Portalegre, cidade
Do
Alto Alentejo, cercada
De
serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos
pés lá da casa velha
Cheia
dos maus e bons cheiros
Das
casas que têm história,
Cheia
da ténue, mas viva, obsidiante memória
De
antigas gentes e traças,
Cheia
de sol nas vidraças
E de
escuro nos recantos,
Cheia
de medo e sossego,
De
silêncios e de espantos,
- A
minha acácia crescia.
Vento suão! obrigado...
Pela
doce companhia
Que em
teu hálito empestado
Sem eu
sonhar, me chegara!
E a cada raminho novo
Que a
tenra acácia deitava,
Será
loucura!... mas era
Uma
alegria
Na
longa e negra apatia
Daquela
miséria extrema
Em que
vivia,
E
vivera,
Como
se fizera um poema,
Ou se
um filho me nascera.”
A
fragmentação do voto do PS
Hoje, o PS está dividido entre quem quer um partido centrista,
social-democrata no sentido europeu; e entre aqueles que desejam uma frente de
esquerda com o Bloco e com o Livre (e até com o PCP).
JOÃO MARQUES DE ALMEIDA Colunista do Observador
OBSERVADOR, 16 dez. 2025, 00:2146
Um dia destes pensei em como
votariam os antigos líderes do PS nestas eleições presidenciais. Obviamente, o actual líder, José Luís
Carneiro,
votará em António José Seguro. Mas
dos quatro líderes anteriores, desconfio que Seguro será o único a votar em Seguro. Sócrates já anunciou o seu voto em Gouveia e
Melo. No caso de António Costa, julgava que também votaria em Gouveia e Melo,
mas depois do apoio de Sócrates, estou a inclinado a pensar que já não votará.
O mais provável será votar em Marques Mendes, afinal de contas a sua
carreira política foi muito beneficiada pela liderança partidária do candidato
presidencial do PSD. Pedro Nuno Santos
votará, naturalmente, em Catarina Martins.
Os votos dos antigos líderes nas
presidenciais mostram o nível de fragmentação dos socialistas. É verdade que há
uma tradição de divisão no PS em eleições presidenciais. Muitos se lembram do combate entre Mário Soares e
Salgado Zenha e, muito mais tarde entre Soares (de novo) e Manuel Alegre. Mas a
disputa pessoal não é fragmentação política. O PS dividiu-se, mas não era um
partido fragmentado. Hoje é.
A fragmentação começou com a liderança de Sócrates e sobretudo o modo como acabou o seu segundo
governo. Essa primeira
divergência estratégica foi entre uma orientação despesista e uma conversão às
contas públicas equilibradas. Como líder do PS, Seguro assumiu a responsabilidade de
aceitar as políticas de equilíbrio fiscal impostas pela União Europeia e o FMI. Por
isso, foi muito atacado por membros do seu partido. Por exemplo Pedro Nuno Santos na altura dizia que não se devia
pagar a dívida externa. As
posições de Seguro custaram-lhe mesmo a liderança do partido. Ainda hoje, a conversão do PS
a contas públicas equilibradas é mais aparente do que real. Muitos
ministros dos últimos governos socialistas nunca concordaram com a cultura das
contas equilibradas de Centeno.
Mas a principal causa de fragmentação do PS foi a
geringonça. O PS nunca se tinha aliado no passado às extremas
esquerdas. Muitos socialistas não gostaram da solução
de 2015, mas ficaram calados porque o poder cala. Hoje, o PS está dividido entre quem quer um partido
centrista, social-democrata no sentido europeu; e entre aqueles que desejam uma
frente de esquerda com o Bloco e com o Livre (e até com o PCP). Foi esse PS que concorreu nas eleições em
Lisboa. Mas o PS que apoia Seguro é
outro: é o PS centrista. No passado, houve lutas pessoais; mas agora há
divergências estratégias e ideológicas que fragmentam os socialistas.
A greve geral da semana
passada ainda vai fragmentar mais o voto socialista. Favorece os votos nos
candidatos do Bloco e do PCP e prejudica a unidade das esquerdas à volta da
candidatura de Seguro. Esta
fragmentação pode levar ao pior resultado de sempre de um candidato presidencial
apoiado pelo PS. O problema é o PS, não é
António José Seguro.
PS POLÍTICA PRESIDENCIAIS
2026 ELEIÇÕES 16
COMENTÁRIOS (de 46)
SDC Cruz: A fragmentação deste
PS é um bem para a nossa democracia. Está tão extremista que mais parece o BE.
E, como diz o outro, o original é sempre melhor que a cópia. Ainda pensei que o
José Luís Carneiro fosse dar algum crédito a um PS completamente espartilhado,
mas foi engolido pela ala mais extremista. É uma marioneta nas mãos do PNS e de
outros quejandos. Por isso, não admira que, estando 6 candidatos a
concorrerem no espaço da esquerda, o PS, e já agora, também o PS2, estejam
completamente à nora quanto ao seu sentido de voto. Carlos
Chaves: “O problema é o PS, não é António José Seguro.” Caro
João Marques de Almeida o PS sempre, mas sempre, foi um grande problema para
o nosso país, não entendo a admiração! E quem vota em Seguro não deixa de
ser alguém que acha que continuando a votar em socialistas os resultados vão
ser diferentes… Se mais de 50 anos não chegaram para chegar à conclusão de
que este partido é pernicioso para Portugal então não sei o quê que é preciso
para abrirem os olhos! P.S. Triste, triste é ver
um PSD com o seu apêndice do CDS, a quererem tomar o lugar dos socialistas (os
sonsos ditos moderados), por palavras actos e omissões!
Daniel José: A implosão socialista
demorou, mas chegou com estrondo e está só a começar. Obrigado, Costa. Nuno Abreu: A realidade sócio
económica do país mudou muito neste século. O PS está hoje tão fragmentado
ideologicamente como os povos do médio oriente. Desde que o seu Abraão - Mário
Soares - morreu cada um tem a sua bíblia. Ou melhor, uns defendem o Torá,
outros a Bíblia e outros ainda o Alcorão. Odeiam-se uns aos outros
tanto, como judeus, muçulmanos e cristãos. Jorge Afonso: E esperem pelo aparecimento de um novo partido
lançado por PNS, tentando agregar as várias esquerdas, nunca o PCP, que partirá
o PS ao meio. PNS tem um ego expansivo e é ultra ambicioso para ficar quieto.
Será o tempo em que o PS se tornará irrelevante por volta dos 12% seguido por
uma espécie de Portugal Insubmisso de PNS. Vou rir-me muito. Bye bye
socialistas! Carlos
Chaves > João Floriano: Caro João Floriano, eu sou um desses eleitores,
desde os meus 18 anos que sempre votei ora no PSD ora no CDS, ou nos dois ao
mesmo tempo quando se coligaram! Uma direita de nome, pois se até o partido
mais a direita na altura se chamava (e chama), de CENTRO Democrático e Social,
é revelador de que nunca tivemos um partido verdadeiramente de direita em
Portugal (mas era o que existia)! Quando o primeiro partido apareceu a
reclamar-se de direita (o CHEGA), rapidamente e infelizmente, se percebeu que
sim era de direita nos costumes, conservador (e muito bem), mas na economia de
direita não tinha (não tem), nada, é simplesmente mais um do clube socialista,
aprovando medidas sempre de aumento de despesa ao lado desses mesmos
socialistas. É esta a nossa tragédia, gostemos ou não, somos um país demasiado
dependente do Estado, ou seja, um país socialista/comunista! Enquanto
não aparecer um partido verdadeiramente de direita, conservador nos costumes e
liberal na economia com a força dada pelos eleitores para transformar este
país, não sairemos da cepa torta! E não é preciso inventar nada, e só copiar
onde esta receita funcionou, e muito bem! João
Floriano: Achei
a crónica desta vez um tanto ou quanto modesta. Afinal não vi mais além
daquilo que todos nós já sabemos: o PS está dividido, fragmentado e sem
liderança, que quanto a mim é o pior de tudo. Carneiro é muito fraco
e não convence de modo algum a parte mais extrema do PS, a de Pedro Nuno,
Alexandra Leitão, Isabel Moreira e outros que estão muito mais próximos dos
cacos do Bloco ou das aspirações do LIVRE. E pior do que isso não convence o
eleitorado. A derrota em Lisboa foi um golpe para este grupo. Entretanto os
Jovens Turcos dos quais muito se falava já perderam a juventude. Penso
que o PS não conseguirá sair da cepa torta enquanto não resolver o problema do
líder. Mas olhe-se para o PSD e também há ali sinais de que nem tudo são rosas.
Mas tal como aconteceu no caso do PS, o poder, mesmo que discutível no caso
de Montenegro, funciona como uma boa cola. Em equipa que ganha não se
mexe.........enquanto continuar a ganhar. Miguel Laginha: Nem o
Carneiro é centrista. Mas parte do PSD será, certamente. O PSD é o verdadeiro
partido de centro-esquerda em PT, sendo natural que não tenhamos um verdadeiro
partido liberal conservador. Um dia, quem sabe. João Floriano > Carlos Chaves: P.S. Triste, triste é ver um PSD com o seu
apêndice do CDS, a quererem tomar o lugar dos socialistas (os sonsos ditos
moderados), por palavras actos e omissões! Totalmente de acordo. Esse é o nosso grande
problema da actualidade. Mas grande parte dos eleitores que votam PSD não
compreendem que o facto de o PSD estar à direita do PS, não faz dele (PSD) um
partido de direita. O apêndice CDS está lá precisamente para
servir essa ilusão. Ultimamente o CDS tem feito algum esforço para provar
que ainda goza de certa autonomia apesar de ser o parente pobre vivendo num
anexo cedido pelo primo rico, nos fundos do quintal. Mas pouco pode fazer para
se demarcar. Xico
Nhoca: No
que às eleições presidenciais, passadas e vindouras, diz respeito, a
fragmentação do PS deve-se mais ao facto de o Presidente da República não poder
decidir sobre avultadas quantias de dinheiro. Esse poder está na governação
central ou municipal e, aí: unidade, companheiros, não há fragmentação, há sim
que alimentar o partido e os que vivem dele. O articulista diz que o poder
cala, eu sou mais específico: o dinheiro é que os cala. David
Pinheiro > Daniel José_ Afinal a maioria absoluta foi boa para o país.
Serviu para acordar. Pena o Costa não ter mais tempo de antena. A cada
"aparição" são 1000 votos que o PS perde. Xico
Nhoca > David Pinheiro: O Costa é de longe o melhor e mais competente
aldrabão da política portuguesa. Perguntem a qualquer funcionário público quem
lhe cortou o seu próprio salário e ele vai responder que foi o PPC quando foi o
Sócrates em 2010. E isso é obra do Costa, obra que não está ao alcance de
qualquer um! David e Daniel, troquem nos vossos comentários o Costa pelo
PNS. Miguel
Magalhães: É bem
feito. Andámos (eu só até 1975) tantos anos a proclamar que "temos a
direita mais estúpida do mundo", eis à vista de todos a esquerda mais
estúpida do mundo. maria
santos: A
avassaladora incompetência do PS de
Soares, Guterres, Sócrates, António Costa e similares tem de ser arrasada pelo
voto das classes médias. Soares era "centrista social-democrata" como
diz o articulista, e deu-nos duas
bancarrotas e uma corrupção endémica (caso da mala de Macau). O PS
tem de continuar arredado da governação do País, tal como foi nas gerais de
Maio e autárquicas de Outubro, os socialistas não têm cultura de competência,
têm cultura de aproveitamento
partidário e pessoal das Instituições Públicas. José
Costa-Deitado: o PS português chegou tarde ao
seu próprio declínio? O PS português vive hoje aquilo que os seus congéneres
europeus viveram há dez ou quinze anos. A diferença é que chega mais tarde — e,
talvez por isso, com menos margem de manobra. Já não se trata de escolher
líderes. Trata-se de escolher o que o partido é — ou se ainda é alguma coisa.
Enquanto essa escolha não for feita, o PS continuará a fragmentar-se em
eleições presidenciais, autárquicas e legislativas. Continuará a perder votos
para a esquerda radical e credibilidade para o centro. Continuará, sobretudo, a
ser um partido que fala a várias vozes — e já não convence ninguém. O
problema não é o candidato. O problema é o partido. Carlos
Chaves > David Pinheiro: Caro David Pinheiro, infelizmente somos, mas
também devemos ser masoquistas, pois anda o socialismo/comunismo a rebentar
com o país há mais de 50 anos e continuamos a adorar a esquerda, basta
ligar a televisão ao final do dia… parece missa cantada, seja qual for o canal
escolhido! Quando acabarem os subsídios e as bazucas que afinal ninguém viu,
talvez isto comece a piar mais fino! David Pinheiro > Miguel Laginha: O CDS tentou sê-lo, mas o Paulinho das Feiras
trocou-lhe as voltas.
Rui Delvas: O PS é a maior desgraça do nosso país, muito pior que o clã Mortágua. antonyo
antonyo > Carlos Chaves: Nunca fomos um país sociologicamente de esquerda.
Bem tentaram, durante décadas, felizmente não conseguiram. No entanto a
lenga-lenga sobre os malefícios da direita fez mossa. A literacia política não
é o forte do povão.
João Floriano > Jorge Afonso: Sempre achei que isso irá acontece mais- dia
menos dia, e talvez esteja mais perto do que pensamos: o Pureza a tentar manter
o Bloco a flutuar, o novo-riquismo de Rui Tavares que se arvora no líder da
extrema-esquerda, a senhora do PAN que se sair da política fica desempregada.
Repare como os espanhóis tentaram algo semelhante com o SUMAR. O que vai
acontecer com Seguro, pode ser determinante.
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