quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Amor pátrio


Recebi do OBSERVADOR um aviso de notificação possível no caso de publicar na íntegra os textos dos seus autores favoritos, pelo que terei de abster-me de os colocar no meu blog, como sempre fiz, no encanto de dar a conhecer autores da minha devoção e que são muitos, felizmente, e que usei, tal como uso os autores portugueses, ou outros, dos meus tempos passados de ensino, numa revivescência de prazer, na velhice, como companheiros de um percurso de vida que me ajudaram, quantas vezes, a eliminar reservas relativas aos tempos vividos, em atenção a esses tais que enobreciam o seu país, no fascínio da sua escrita e do seu saber. Julgo que nem os jornais nem os seus escritores ficam prejudicados, e, pelo contrário, terão maior projecção pela exaltação que merecem, tal como se faz - e eu sempre fiz – no meu ensino.

Julgo, todavia, que poderei referi-los, a esses autores, mas não é decididamente um resumo ou uma referência que dá conta do prazer colhido com a sua leitura integral e de tantos dos seus comentadores.

Por isso, porque se trata de amor pátrio, fixei-me no texto de Fernando Alexandre de 30/1/23 do Observador - “Porque é que Portugal existe” - porque se trata, talvez, de uma demonstração de um certo orgulho nacionalista, ao considerar que este pequeno território, além de ser o mais antigo país europeu, com cerca de 900 anos, entre todos os mais que formam a Península Ibérica, foi o único que se manteve independente, salvo durante os sessenta anos do domínio castelhano, cujos inícios Tomás Ribeiro exaltadamente retratou no seu «D. Jaime», que o meu pai tinha na estante e de que decorei versos da indignação ultra-romântica, hoje – como ontem – necessariamente retrógrada e risível.

“País improvável”, lhe chama Fernando Alexandre, referindo o contributo das serranias da Estrela como obstáculo para a dominação espanhola, mas aprendemos desde jovens que Portugal se deveu ao amor e valentia dos seus reis e povo conquistadores, que foram vencendo mouros e castelhanos e mais tarde solidificaram em saber e coragem esse sentimento de amor pátrio com os seus heróis reconhecidos e glorificados por um épico de extraordinário gabarito.

Parece, de facto, um “país improvável”, hoje dependente economicamente, como já o fora várias vezes, sempre salvo, todavia - a última vez, por um rígido homem honesto, que hoje se pretende desprezar - mas as desordens que nele se dão, actualmente, não sabemos se contribuirão para o desastre irreparável da indiferença, numa juventude em grande parte desordeira, devido a uma liberalização de costumes e a uma deficiência educativa de permissividade tola, que terá efeitos bem negativos numa afirmação como nação. Acredito, todavia, nos afectos e este pequeno país sempre mereceu o afecto do povo saudosista que somos, e que Amália Rodrigues tão bem exprimiu, e que se nota em tantos colaboradores dos jornais - como é este OBSERVADOR, afinal.

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