quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Cenários sim, mas os encenadores importam muito


E tudo parece tão infantil! Os discursos emotivos de acusação, dos chefes desses partidos, que só sabem acusar, quando o que se pede são propostas de trabalho para real produção, num país desleixado e mandrião. Eu ouvi a entrevista do “Chicão”, pelo M L Goucha, e fiquei rendida ao encanto desse jovem sadio – Francisco Rodrigues dos Santos - que me pareceu excelente para uma orientação nacional de maior seriedade, mas esse não tem hipótese, porque o povo não vota mais no CDS, vota no Chega e no seu mentor, igualmente exaltado, enquanto o do PSD perora, sentado num baloiço, numa infantilidade imitativa, talvez, dos gestos do chefe primeiro – primário também - Mário Soares de sua graça, embora  Luís Montenegro – aliás jovem simpático - em nítida desvantagem transportadora – ou embaladora - pois Soares escolhera, antes, tartarugas e elefantes dos seus confins viageiros dissipadores dos dinheiros - talvez dos que Salazar acumulara, para o país que muito amara, mas não o reconhecera. Mas cada um desses chefes partidários, quer ser primeiro, como Costa, afinal, em vez de se unirem, sem emulação, ao serviço da nação. Sim, os encenadores importam muito, o que se quer é gente séria e trabalhadora de verdade, não gente narcisista e provocadora, embora também saibam defender pontos de vista cordatos, como o tal Ventura.

A marginalização do Chega ou o poder absoluto do PS?

Os liberais deviam recordar Lord Acton: “se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.” Esse é o perigo em Portugal, não são os entusiasmos populistas e retóricos do André Ventura.

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 15 fev. 2023, 07:1066

O debate sobre uma eventual coligação entre o PSD e o Chega é, no fundo, uma tentativa dos socialistas de perpetuarem o seu partido no poder. Querem usar o Chega para fazer de Portugal um regime político de partido único, sob a aparência formal do pluralismo democrático. Para o PSD, muito mais importante do que discutir o que fazer com o Chega, é impedir a hegemonia socialista em Portugal, essa sim a maior ameaça à democracia nacional. Quem na área do PSD não perceber o elementar, não viveu em Portugal nas últimas décadas. A IL também deveria perceber isso, mas não entende porque está demasiado ocupada em ser uma espécie de virgem liberal. Já agora, os pensadores liberais deveriam recordar as palavras de um grande liberal do século XIX, Lord Acton, “se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.” Esse é o perigo em Portugal, não são os entusiasmos populistas e retóricos do André Ventura.

Mas vamos aos cenários da marginalização do Chega. Antes de mais, estes cenários só se colocam se houver uma maioria de direita na Assembleia da República. Se houver uma maioria de esquerda, mesmo que o PSD seja o partido mais votado, haverá de novo uma geringonça. Os socialistas só abandonarão o poder com uma maioria de direita.

O cenário mais óbvio é a maioria absoluta do PSD. Ficaria tudo resolvido. Se os portugueses centristas se preocupam com o Chega, mas querem tirar o PS do poder, devem ajudar o PSD a conquistar uma maioria absoluta, evitando assim a necessidade de coligações. É um cenário possível, mas muito difícil.

O segundo cenário seria uma maioria absoluta entre o PSD e a IL. Haveria um governo de coligação, mas sem o Chega. A IL passaria a ser um “CDS 2”, o que aliás é desejado por muitos que ainda estão no CDS actual. Haveria, contudo, nesta solução um problema. A IL viveria com o síndrome do CDS: o perigo de desaparecimento após uma coligação com o PSD.

O terceiro cenário seria uma maioria de direita dos três partidos, o PSD, o Chega e a IL. Neste caso, para afastar o Chega do poder, teria que haver um governo minoritário do PSD. O PS enfrentaria um teste à sua preocupação com a “extrema direita do Chega.” Se se preocupar genuinamente com a “extrema direita”, viabilizará um governo minoritário do PSD para evitar o apoio do Chega.

Mas esta solução nunca duraria mais de um ano, dois anos. Duvido muito que o PS aprovasse mais de dois orçamentos de um governo do PSD. Haveria ainda um problema maior. Um governo dependente dos votos do PS no parlamento nunca seria um governo com capacidade para fazer as mudanças que o país precisa. O mais provável seria a realização de eleições antecipadas, com o PSD a pedir maioria absoluta para poder governar um mandato inteiro sem depender de outros partidos. Também não podemos excluir, com o tempo, a transformação do Chega num partido mais moderado e reformista com quem o PSD se pudesse aliar (uma evolução semelhante à de Meloni em Itália).

PS: Despindo a roupa de analista, o meu cenário preferido seria a recuperação do CDS, e a formação de uma nova AD. Sou um filho político da AD de Sá Carneiro e a orfandade é difícil de aceitar. Infelizmente, não acredito que a minha preferência se possa concretizar. O Chega e mesmo a IL estão com uma dinâmica de crescimento que tornará quase impossível a recuperação do CDS.    

GOVERNO   POLÍTICA   PSD   PARTIDO CHEGA (de 66)

COMENTÁRIOS:

Miguel Nobre Leitão: A solução dos Açores (PSD+Chega+IL) é demonstrativo do sucesso da coligação de direita com resultados visíveis. Não vislumbro nenhuma proposta do Chega nos Açores que seja atentatória dos direitos e da liberdade.                 Carlos Chaves: Caríssimo João Marques de Almeida, subscrevo na integra o seu PS. Permita-me acrescentar um quarto cenário, o CHEGA ter uma votação superior ao PSD… E olhe que não é difícil acontecer, vendo o estado do PSD, as declarações inaceitáveis do PR, o jogo da esquerda e do SS com a ajuda descarada da CS, por exemplo os “Paulos Baldaias” que por aqui pululam!                                    João Floriano: No início dos anos 60, Edward Albee escreve uma peça de teatro que se tornará um clássico: «Quem tem medo de Virgínia Woolf?». Destaca-se pelo seu tom ansioso e depressivo. Passados 60 anos  JMA reescreve a obra que se poderá intitular: «Quem tem medo de André Ventura?». Fá-lo sem alegria ou brilho, partilhando o mesmo tom de desânimo. Confiando-nos o seu sonho de um tempo a voltar para trás e a ressuscitar a AD, o articulista está apenas a dar força ao PS e a menorizar o PSD. Vejamos então cada um dos cenários propostos: 1 - Parece cada vez mais possível que apesar de todas as trapalhadas o PS consiga ter uma nova maioria absoluta. Como AG explicou claramente ontem em «Ideias Feitas», o PS hegemónico consegue alcançar toda a esquerda. O PCP devido ao seu apoio a Putin, à greve interminável dos professores e à sua liderança sem carisma, diminuirá bastante a sua participação parlamentar e não se sabe bem que efeito terá Mariana Mortágua como lider do Bloco. 2  - Igualmente improvável, com o PSD a revelar-se tão fraquinho e frouxo, tão medroso, com intervenções desastradas como a mais recente de Montenegro sobre os imigrantes trazerem as famílias para viver em tendas debaixo da ponte. Há expectativas exageradas sobre o IL. Rui Rocha não agrega e de acordo com a CS a facção Carla Castro está insatisfeita tal como aquela ala mais conservadora que se sente orfã por não partilhar as ideias avançadas do IL sobre os costumes. Os argumentos de economia liberal cairão rapidamente por terra quando o PS explorar o medo dos mais desfavorecidos perderem apoios como é habitual. 3 - Um governo minoritário do PSD. Espera-se mais discernimento por parte de um dos principais cronistas do Observador, a menos que queira entrar pelo nonsense. O PSD seria ferozmente atacado pelo PS e pelo CHEGA, manietado na acção governativa. Seria a armadilha perfeita do PS para acabar de vez com o PSD. 4 - Entendimento com o CHEGA. Oh que horror! Que desgraça! o fim do mundo! o CHEGA é populista, o CHEGA é imoderado. Todos estes argumentos são muito ao gosto do PS. O CHEGA é populista quando denuncia as falcatruas do PS e pede explicações claras? O CHEGA é populista quando as suas propostas para a vice presidência da assembleia são recusadas num exercício de arrogância, falta de democracia e de respeito por que votou CHEGA? O CHEGA é populista quando ASS grosseiramente extrapola os seus poderes? O CHEGA é populista por denunciar tratamentos diferentes no caso das deputadas do Bloco. primeiro Mariana Mortágua com os comentários televisivos e depois Catarina quando o Parlamento recusou levantar a imunidade da deputada? Reconheço que há teatralidade nas intervenções de Ventura mas ainda bem porque aquele Parlamento não passa de um sarcófago de múmias paralíticas, pelo menos a nível da actividade cerebral. Muitos deputados parecem ligados à máquina. O PS no governo significa um partido muito mais à esquerda, em que a Visão terá de expor uma chaise longue em frente ao reposteiro vermelho para acomodar os metros de pernas de PNS e já agora de pé por trás do novo lider, Mariana e Louçã. É isso que queremos para Portugal? Entendam-se com o CHEGA porque caso contrário não será apenas o CDS a desaparecer do cenário político. O PSD irá pelo mesmo caminho. Eu nunca usei o voto útil e agora ainda muito menos. Votarei CHEGA ainda que acabemos sós a pregar no deserto. Pelo menos a dignidade não nos vai faltar. O articulista prestou um péssim >o serviço ao PSD e a Montenegro. Já o PS deve ter ficado muito contente.                  voto em branco > Miguel Nobre Leitão: o Costa coligar-se-ia com o hitler e com o Lenine, se isso lhe permitisse manter o poleiro mesmo depois de uma grande derrota. e o hitler e o lenine seguramente que encontrariam uma "plataforma de entendimento" com o Costa     João Ramos: O país só se conseguiria reformar se houvesse uma maioria de direita que incluísse o Chega, de outro modo será sempre mais do mesmo, decadência!!!              Luis Oliveira > Miguel Nobre Leitão: O PS é uma agência de empregos, não é verdadeiramente um partido de governo.  Aos socialistas não lhes interessa com quem fazem a coligação, só lhes interessa manter os empregos bem remunerados e manter a vidinha boa para si e para os seus.               Luis Oliveira > voto em branco: O PS, na figura do execrável António Costa, foi o pioneiro das geringonças, abriu a caixa de Pandora.  Agora não há volta atrás.  Quem quiser governo terá que ser como António Costa, nunca poderá revelar o jogo, e não pode excluir geringonças (sejam elas quais forem). Pensar de outra forma é ser ingénuo. E não, o psd nunca deve fazer governo minoritário com o PS; nenhuma reforma de fundo seria feita.             voto em branco: começaste bem e acabaste mal. desde o Passos que nos vendem que um governo sem coligação que assegura maioria absoluta no parlamento é um desastre, quando isso seria o cenário que mais expressaria a vontade democrática de cada eleitor. o Eleitor que vota IL, ou Chega, ou PSD, não vota para que o seu partido depois das eleições altere o programa eleitoral para chegar a um compromisso que lhe permita chegar aos 50% dos deputados. isso é uma mentira democrática. Se o partido tenciona fazer uma coligação governativa, então que se apresente coligado a eleições com um programa político comum, tal como na coligação Passos-Portas .qual é o problema de governar sem maioria absoluta? O PSD passaria umas leis à esquerda, outras à direita, outras apenas com o "centrão"...enfim, isso sim expressaria a diversidade democrática expressa pelo voto dos eleitores. Esta coisa da normalização nos media de que um partido perdedor pode assaltar o poder caso se coligue com todos os outros é nojenta      João Floriano > JP: Bom dia JP: Estamos a esquecer PAN e LIVRE. E ao contrário de si considero que PCP e Bloco estão mais do que disponíveis para a repetição da geringonça. Ou isso ou acabam por desaparecer. Para o negócio familiar que é o Bloco, o problema é simples: mudam para o PS e continuam a viver à conta porque aquelas criaturas não sabem fazer seja o que for a não ser vomitar doutrina. O PCP vai ser mais dificil mas acabarão por alinhar em nome do ódio à direita e à democracia.                  Fernando Cascais: A moderação é um estado de alma. Se há uns anos podia cair o carmo e a trindade se alguém avançasse com a simples ideia do cheque ensino para cada família escolher a escola para os filhos estudarem, hoje, esse radicalismo passado é uma alternativa discutida sem receio. Também com o nacionalismo está a acontecer a mesmíssima coisa com a regulação da emigração. Estamos no limbo, com muitos votantes, incluindo de esquerda a reclamarem com a concorrência de emigrantes ilegais a ocuparem empregos a preço de saldo e a criarem desemprego. Pouco tempo faltará para as políticas de emigração começarem a ser discutidas sem histerismo (presidenciais)  na AR.

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