E tudo parece tão infantil! Os discursos
emotivos de acusação, dos chefes desses partidos, que só sabem acusar, quando o
que se pede são propostas de trabalho para real produção, num país desleixado e
mandrião. Eu ouvi a entrevista do “Chicão”, pelo M L Goucha, e fiquei rendida ao encanto desse jovem sadio – Francisco Rodrigues dos Santos - que me
pareceu excelente para uma orientação nacional de maior seriedade, mas esse não
tem hipótese, porque o povo não vota mais no CDS, vota no Chega e no seu
mentor, igualmente exaltado, enquanto o do PSD perora, sentado num baloiço, numa infantilidade imitativa,
talvez, dos gestos do chefe primeiro – primário também - Mário Soares de sua graça, embora Luís
Montenegro – aliás jovem simpático - em nítida desvantagem
transportadora – ou embaladora - pois Soares escolhera, antes, tartarugas e
elefantes dos seus confins viageiros dissipadores dos dinheiros - talvez dos
que Salazar acumulara,
para o país que muito amara, mas não o reconhecera. Mas cada um desses chefes
partidários, quer ser primeiro, como Costa, afinal, em vez de se unirem, sem
emulação, ao serviço da nação. Sim, os encenadores importam muito, o que se
quer é gente séria e trabalhadora de verdade, não gente narcisista e
provocadora, embora também saibam defender pontos de vista cordatos, como o tal
Ventura.
A marginalização do Chega ou o poder absoluto do PS?
Os liberais deviam recordar Lord Acton: “se o poder
corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.” Esse é o perigo em
Portugal, não são os entusiasmos populistas e retóricos do André Ventura.
JOÃO MARQUES DE ALMEIDA, Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 15
fev. 2023, 07:1066
O debate sobre uma eventual coligação
entre o PSD e o Chega é, no
fundo, uma tentativa dos socialistas de perpetuarem o seu partido no poder. Querem usar o Chega para fazer de Portugal um regime
político de partido único, sob a aparência formal do pluralismo democrático. Para o PSD, muito mais importante do que discutir o
que fazer com o Chega, é impedir a hegemonia socialista em Portugal, essa sim a
maior ameaça à democracia nacional. Quem na área do PSD não perceber o
elementar, não viveu em Portugal nas últimas décadas. A IL também deveria
perceber isso, mas não entende porque está demasiado ocupada em ser uma espécie
de virgem liberal. Já agora, os pensadores liberais deveriam recordar as
palavras de um grande liberal do século XIX, Lord Acton, “se o poder corrompe,
o poder absoluto corrompe absolutamente.” Esse é o perigo em
Portugal, não são os entusiasmos populistas e retóricos do André Ventura.
Mas
vamos aos cenários da marginalização do Chega. Antes de mais, estes cenários só
se colocam se houver uma maioria de direita na Assembleia da República. Se
houver uma maioria de esquerda, mesmo que o PSD seja o partido mais votado,
haverá de novo uma geringonça. Os socialistas só abandonarão o poder com uma
maioria de direita.
O cenário mais óbvio é a maioria
absoluta do PSD. Ficaria
tudo resolvido. Se os portugueses centristas se preocupam com o Chega, mas
querem tirar o PS do poder, devem ajudar o PSD a conquistar uma maioria
absoluta, evitando assim a necessidade de coligações. É um cenário possível,
mas muito difícil.
O segundo cenário seria uma maioria
absoluta entre o PSD e a IL. Haveria
um governo de coligação, mas sem o Chega. A IL passaria a ser um “CDS
2”, o que aliás é desejado por muitos que ainda estão no CDS actual. Haveria,
contudo, nesta solução um problema. A IL viveria com o síndrome do CDS: o
perigo de desaparecimento após uma coligação com o PSD.
O terceiro cenário seria uma maioria de direita dos três partidos, o
PSD, o Chega e a IL. Neste caso,
para afastar o Chega do poder, teria que haver um governo minoritário do PSD. O
PS enfrentaria um teste à sua preocupação com a “extrema direita do Chega.” Se
se preocupar genuinamente com a “extrema direita”, viabilizará um governo
minoritário do PSD para evitar o apoio do Chega.
Mas esta solução nunca duraria mais de um ano, dois anos. Duvido muito que o PS aprovasse mais de dois orçamentos
de um governo do PSD. Haveria ainda um problema maior. Um governo
dependente dos votos do PS no parlamento nunca seria um governo com capacidade
para fazer as mudanças que o país precisa. O
mais provável seria a realização de eleições antecipadas, com o PSD a pedir
maioria absoluta para poder governar um mandato inteiro sem depender de outros
partidos. Também
não podemos excluir, com o tempo, a transformação do Chega num partido mais
moderado e reformista com quem o PSD se pudesse aliar (uma evolução semelhante
à de Meloni em Itália).
PS: Despindo a roupa de analista, o meu
cenário preferido seria a recuperação do CDS, e a formação de uma nova AD. Sou
um filho político da AD de Sá Carneiro e a orfandade é difícil de aceitar.
Infelizmente, não acredito que a minha preferência se possa concretizar. O
Chega e mesmo a IL estão com uma dinâmica de crescimento que tornará quase
impossível a recuperação do CDS.
GOVERNO POLÍTICA PSD PARTIDO CHEGA (de 66)
COMENTÁRIOS:
Miguel Nobre Leitão: A solução dos Açores (PSD+Chega+IL) é demonstrativo do
sucesso da coligação de direita com resultados visíveis. Não vislumbro nenhuma
proposta do Chega nos Açores que seja atentatória dos direitos e da liberdade. Carlos Chaves:
Caríssimo João
Marques de Almeida, subscrevo na integra o seu PS. Permita-me acrescentar um
quarto cenário, o CHEGA ter uma votação superior ao PSD… E olhe que não é difícil
acontecer, vendo o estado do PSD, as declarações inaceitáveis do PR, o jogo da
esquerda e do SS com a ajuda descarada da CS, por exemplo os “Paulos Baldaias”
que por aqui pululam!
João Floriano: No início dos anos 60, Edward Albee escreve uma peça de teatro que
se tornará um clássico: «Quem tem medo de Virgínia Woolf?». Destaca-se pelo seu tom ansioso e depressivo. Passados 60 anos JMA reescreve a obra que se poderá intitular:
«Quem tem medo de André Ventura?». Fá-lo sem alegria ou brilho, partilhando o mesmo tom de desânimo.
Confiando-nos o seu sonho de um tempo a voltar para trás e a ressuscitar a AD,
o articulista está apenas a dar força ao PS e a menorizar o PSD. Vejamos
então cada um dos cenários propostos: 1 - Parece cada vez mais possível que apesar de
todas as trapalhadas o PS consiga ter uma nova maioria absoluta. Como AG
explicou claramente ontem em «Ideias Feitas», o PS hegemónico consegue alcançar
toda a esquerda. O PCP devido ao seu
apoio a Putin, à greve interminável dos professores e à sua liderança sem
carisma, diminuirá bastante a sua participação parlamentar e não se sabe bem
que efeito terá Mariana Mortágua como lider do Bloco. 2
- Igualmente improvável, com o PSD a revelar-se tão
fraquinho e frouxo, tão medroso, com intervenções desastradas como a mais
recente de Montenegro sobre os imigrantes trazerem as famílias para viver em
tendas debaixo da ponte. Há expectativas exageradas sobre o IL. Rui Rocha não
agrega e de acordo com a CS a facção Carla Castro está insatisfeita tal como
aquela ala mais conservadora que se sente orfã por não partilhar as ideias
avançadas do IL sobre os costumes. Os
argumentos de economia liberal cairão rapidamente por terra quando o PS
explorar o medo dos mais desfavorecidos perderem apoios como é habitual.
3 - Um
governo minoritário do PSD. Espera-se mais discernimento por parte de um dos
principais cronistas do Observador, a menos que queira entrar pelo nonsense. O
PSD seria ferozmente atacado pelo PS e pelo CHEGA, manietado na acção
governativa. Seria a armadilha perfeita do PS para acabar de vez com o PSD.
4 - Entendimento com o CHEGA. Oh que horror! Que
desgraça! o fim do mundo! o CHEGA é populista, o CHEGA é imoderado. Todos estes
argumentos são muito ao gosto do PS. O CHEGA é populista quando denuncia as
falcatruas do PS e pede explicações claras? O
CHEGA é populista quando as suas propostas para a vice presidência da
assembleia são recusadas num exercício de arrogância, falta de democracia e de
respeito por que votou CHEGA? O
CHEGA é populista quando ASS grosseiramente extrapola os seus poderes? O CHEGA
é populista por denunciar tratamentos diferentes no caso das deputadas do
Bloco. primeiro Mariana Mortágua com os comentários televisivos e depois
Catarina quando o Parlamento recusou levantar a imunidade da deputada?
Reconheço que há teatralidade nas intervenções de Ventura mas ainda bem porque
aquele Parlamento não passa de um sarcófago de múmias paralíticas, pelo menos a
nível da actividade cerebral. Muitos deputados parecem ligados à
máquina. O PS no governo significa um
partido muito mais à esquerda, em que a Visão terá de expor uma chaise longue
em frente ao reposteiro vermelho para acomodar os metros de pernas de PNS e já
agora de pé por trás do novo lider, Mariana e Louçã. É isso que queremos para
Portugal? Entendam-se com o CHEGA porque
caso contrário não será apenas o CDS a desaparecer do cenário político. O PSD
irá pelo mesmo caminho. Eu nunca usei o voto útil e agora ainda muito menos.
Votarei CHEGA ainda que acabemos sós a pregar no deserto. Pelo menos a
dignidade não nos vai faltar. O articulista prestou um péssim >o serviço ao
PSD e a Montenegro. Já o PS deve ter ficado muito contente. voto em
branco > Miguel Nobre
Leitão: o Costa
coligar-se-ia com o hitler e com o Lenine, se isso lhe permitisse manter o
poleiro mesmo depois de uma grande derrota. e o hitler e o lenine seguramente que encontrariam uma "plataforma de
entendimento" com o Costa João
Ramos: O país só se conseguiria
reformar se houvesse uma maioria de direita que incluísse o Chega, de outro
modo será sempre mais do mesmo, decadência!!! Luis Oliveira > Miguel Nobre Leitão: O PS é uma
agência de empregos, não é verdadeiramente um partido de governo. Aos socialistas não lhes interessa com quem
fazem a coligação, só lhes interessa manter os empregos bem remunerados e
manter a vidinha boa para si e para os seus. Luis
Oliveira > voto em branco: O PS, na figura do execrável António Costa, foi o pioneiro das geringonças,
abriu a caixa de Pandora. Agora não há volta atrás. Quem quiser
governo terá que ser como António Costa, nunca poderá revelar o jogo, e não
pode excluir geringonças (sejam elas quais forem). Pensar de outra forma é ser
ingénuo. E não, o psd nunca deve fazer governo minoritário com o PS; nenhuma
reforma de fundo seria feita. voto
em branco: começaste bem e acabaste mal. desde
o Passos que nos vendem que um governo sem coligação que assegura maioria
absoluta no parlamento é um desastre, quando isso seria o cenário que mais
expressaria a vontade democrática de cada eleitor. o Eleitor que vota IL, ou
Chega, ou PSD, não vota para que o seu partido depois das eleições altere o
programa eleitoral para chegar a um compromisso que lhe permita chegar aos 50%
dos deputados. isso é uma mentira democrática. Se o partido tenciona fazer uma coligação governativa,
então que se apresente coligado a eleições com um programa político comum, tal
como na coligação Passos-Portas .qual é o problema de governar sem maioria
absoluta? O PSD passaria umas leis à esquerda, outras à direita, outras apenas com
o "centrão"...enfim, isso sim expressaria a diversidade
democrática expressa pelo voto dos eleitores. Esta coisa da normalização
nos media de que um partido perdedor pode assaltar o poder caso se coligue com
todos os outros é nojenta João
Floriano > JP: Bom dia JP: Estamos a esquecer PAN e LIVRE. E ao contrário de si
considero que PCP e Bloco estão mais do que disponíveis para a repetição da
geringonça. Ou isso ou acabam por desaparecer. Para o negócio familiar que é o
Bloco, o problema é simples: mudam para o PS e continuam a viver à conta porque
aquelas criaturas não sabem fazer seja o que for a não ser vomitar doutrina. O
PCP vai ser mais dificil mas acabarão por alinhar em nome do ódio à direita e à
democracia. Fernando
Cascais: A moderação é um estado de
alma. Se há uns anos podia cair o carmo e a trindade se alguém avançasse com a
simples ideia do cheque ensino para cada família escolher a escola para os
filhos estudarem, hoje, esse radicalismo passado é uma alternativa discutida
sem receio. Também com o nacionalismo está a acontecer a mesmíssima coisa com a
regulação da emigração. Estamos no limbo, com muitos votantes, incluindo de
esquerda a reclamarem com a concorrência de emigrantes ilegais a ocuparem
empregos a preço de saldo e a criarem desemprego. Pouco tempo faltará para as
políticas de emigração começarem a ser discutidas sem histerismo (presidenciais)
na AR.
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