E à teoria do “bom selvagem”. Mas só por brincadeira. Ou por fúria de protesto que se sabe inútil, conquanto excelentemente traduzida - por JOSÉ MIGUEL PINTO DOS SANTOS Sussuro de brisa suave (e Professor Catedrático) – em desconcertante discurso.
Quando o estado desaparece, a solidariedade acontece
Os comunistas chineses conseguiram
introduzir o capitalismo na China. Será que com tal experiência logram induzir
juízo nesta nação, ensinar-nos que “quando o estado fenece, a solidariedade
floresce”?
JOSÉ MIGUEL PINTO DOS
SANTOS Sussuro de brisa
suave (e Professor Catedrático)
OBSERVADOR, 08
fev. 2023, 00:105
A humanidade1, todos nós, devemos
imenso à China2, por todas as suas contribuições para o nosso progresso
civilizacional incluindo a instituição do hétero-patriarcado, a descoberta da
pólvora3 e a popularização daquela variante da cultura pop
conhecida por maoísmo. É uma dívida4 que não nos exige
reparações, apenas agradecimento5.
Como se já fosse pouco o que a China
fez ao longo dos séculos pelo desenvolvimento humano, o governo chinês continua
activamente empenhado na melhoria do nosso bem-estar. Só assim se compreende
que tenha recentemente procedido, a grande custo para sua reputação como
planeador central, e a enorme perigo para a continuidade a longo-prazo do seu
regime, a uma arriscada experiência social de valor inaudito para o nosso
futuro6.
Depois
de ter orientado, durante anos, as nossas antoninas faucis no combate à
pandemia, exemplificando com medidas concretas e fáceis de entender como se pode
levar pessoas adultas & cultas a aceitar serem tratadas como bovinos, e a
comportarem-se como tal, os comunistas chineses decidiram, aparentemente
de repente, no final do ano passado, retirar o estado do combate à pandemia. Tal como os americanos se retiraram de
subitamente de Cabul, de um dia para o outro desapareceram da China os dabai7, os testes obrigatórios, as cercas sanitárias a prédios,
quarteirões, bairros, cidades e províncias e, crucialmente, o apoio estatal à
assistência médica & farmacêutica aos infectados. Da noite para o dia
milhões de chineses ficaram sozinhos no combate à doença, tal
como os vietnamitas em Março de 1973 no combate ao comunismo.
E o que aconteceu? A vitória
da pestilência8? O caos? Inicialmente,
sim. Mas rapidamente, a solidariedade9 humana, até aí castrada pela omnipresença do estado e da
sua agência, desapontou & floresceu e minorou a catástrofe anunciada. Assim, por exemplo, Share
Xue, de 31 anos, e a filha ficaram de repente
com febre de 40ºC poucos dias
depois da repentina deserção & fuga do estado. Aflitas, deram a conhecer a
sua penosa situação numa app do WeChat e imediatamente começaram a receber
ofertas de testes covid e de antipiréticos feitas por pessoas totalmente
desconhecidas. E qual foi a consequência? Declarou Share Xue: “Esta
foi a primeira vez que senti realmente o calor das pessoas que se entreajudam.
Ensinarei à minha filha a fazer o mesmo.”
Histórias
semelhantes a esta são inúmeras, e estão disponíveis online, na imprensa e nas
redes sociais. Quando uma familiar grávida da sra. Tang ficou com febre alta e a necessitar de um
antipirético apropriado à sua condição de expectante, esta contactou uma
associação de apoio alimentar que, após várias diligências, lhe conseguiu
arranjar o medicamento necessário.
Um
dentista de Gongcheng, em Guangxi, com um stock excedentário de antipiréticos,
dividiu-os em pequenas doses de 3 e 4 comprimidos, colou-as na montra da
sua clínica juntamente com o letreiro que dizia: “Medicamentos para a febre.
Gratuitos. Por favor leve apenas a dose necessária.” Conta ele: “As pessoas
já levaram o equivalente a mais de 20 caixas, mas ninguém levou mais do que
necessitava.”
Um
último exemplo, este mais sistémico: foram organizados inúmeros grupos locais,
um pouco por todo o país, com o objectivo de facilitar a partilha de
medicamentos excedentários, e que frequentemente contam com o apoio &
aconselhamento de profissionais de saúde na sua actividade solidária.
Que lições podemos tirar dos
resultados desta experiência científica, cuidadosamente planeada pelo estado
chinês? Primeiro que, em
caso de necessidade, o espírito social, gregário & solidário dos humanos
vem ao de cima e eles ajudam-se espontaneamente uns aos outros. É intrínseco da
nossa humanidade ver um irmão na pessoa que sofre & precisa da nossa ajuda.10 Se isto não parecer natural a algum tuga, isso é
evidencia de como os fumos tóxicos da pervasiva intervenção estatal na nossa
sociedade lhe estão a perverter a natureza humana.
Segundo, que o estado não é preciso para
nada em muitas áreas da vida humana em sociedade, nomeadamente na saúde. É
pouco provável que, por exemplo, um desaparecimento repentino do nosso SNS crie
uma onda de sofrimento e miséria inultrapassáveis, e quase certo que, na
ausência de barreiras policiais & legais, algo de muito melhor, mais barato
& mais humano surgiria rápida & espontaneamente para o substituir.
De
isto tudo segue um corolário: o estado não deve meter o bedelho em
áreas para que não é chamado, nem tem vocação, antes deve tentar actuar
competente & eficazmente naquelas que são a sua razão de ser: a defesa
nacional11, a justiça e a segurança pública.
Os
comunistas chineses conseguiram introduzir o capitalismo na China. Será que,
com esta experiência, conseguem introduzir juízo na nossa nação e ensinar-nos
que “quando o estado fenece, a solidariedade floresce”?
U
avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue
coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam
Humanidade: a colectividade de todos os seres humanos com a
exclusão dos antroPoideS políticos; a qualidade de se ser humano para os
outros, i.e. de tratar as pessoas como elas o merecem, sendo que EstaLine &
Mau são dois excelentes exemplos desta virtude.
China: nação cujos vícios são a arte, a cultura, o empreendedorismo,
a frugalidade, a indústria, e a perícia; terra onde a indústria barateia uma
miríade de produtos de modo a os tornar acessíveis aos pobres, até em Portugal,
e torna possível que os portugueses trabalhem em gabinetes y escritórios (não
nos campos ou fábricas); país cujo desenvolvimento capitalista não causa nem
perplexidade a warxistas nem admiração a eurocratas, mas ressentimento &
inveja a ambos e a muitos outros.
Pólvora: tipo de incenso usado em cerimónias militares; pó
cuja invenção é atribuída aos chineses, e cujo uso na resolução pacífica de
conflitos é evidência da sua influência civilizacional; o Pe. Mário Centavo
discorda desta teoria e defende que a pólvora foi inventada pelos demónios para
destruir os anjos, uma espécie em vias de extinção, cuja raridade actual é
evidência conclusiva a favor da sua teoria, e cuja preservação ainda não é
defendida nem pelo pan nem por nenhuma outra organização ecologista; em
Portugal usa-se húmida.
Dívida: cadeia de anéis financeiros, ou fiscais, que
acorrentam indivíduos e nações à servidão e à escravatura; instrumento usado
pelus guvernos do ps/d para acorrentar a nação ao estado, à pobreza, e á
miséria.
Agradecimento: sentimento médio entre a satisfação e a inveja;
emoção a meio caminho entre lembrança de benefício recebido e expectativa de
benesse a receber.
Futuro:
aquele período em que Portugal prospera, os ministros são gente séria sem casos
& casinhos, o sns não tem listas de espera, as escolas ensinam a ler,
escrever e contar e o ps/d não está no governo
Dabai
大白:grandalhões
brancos; papões usados na China para meter medo a adultos que não querem ir
para a cama quando o governo manda; violência estatal mascarada; símbolo do
imperialismo europeu na sua encarnação neo-warxista.
Pestilência: doença sociável e sem preconceitos de raça,
religião, ou classe social; linha de produto pouco rentável para médicos, mas
extremamente pingue para empresas farmacêuticas.
Solidariedade:
aquilo de que os warxistas fogem como o diabo foge da cruz; antigénio que
despoleta na sociedade uma resposta imune ao comunismo & socialismo.
Que
outros primatas se entreajudavam já era conhecido da sciência. Agora,
que esta caraterística também é partilhada pelo ramo sapiens da malta, isso
apanhou de surpresa a comunidade scientifica e as agremiações warxistas. Se
eles são capazes de se ajudarem uns aos outros, para que serve o estado social?
Não será uma intromissão abusiva num ecossistema natural & saudável?
Se
a República de Cabo Verde invadisse agora Portugal, será que seriamos capazes
de nos defender sozinhos sem a ajuda da Nato?
COMENTÁRIOS:
José Miranda: Sempre acutilante, certeiro e com humor. Antonio Tavares: Na Tugalàndia a modalidade de
capitalismo mais popular é o capitalismo vigarista, ou seja : Se os negócios
privados tem lucro (com ou sem subsídios do estado , com ou sem benefícios
fiscais) o dinheiro passa todo para as contas bancárias dos privados. Se os
negócios privados têm prejuízo monetário esse assunto passa para os serviços do
estado e para o dinheiro dos contribuintes e o pessoal metido nos esquemas
desaparece de circulação por uns tempos.
Américo Silva: O estado é como as bombas de água, serve para retirar
os valores dos muitos que estão abaixo, para os poucos que estão acima. Maria Augusta Martins: Um belíssimo "conto
Chino" como diriam "nuestros hermanos" TIM DO Ó: Artigo curioso e interessante.
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