Por muito que se esforcem em advertir, Alberto Gonçalves e outros mais, António Barreto entre outros, sobre o destroço em que nos estamos a tornar. Não somos muito bons em leitura nem interpretação, os cursos tirados hoje só nos preparam para espectáculos grevistas, que, esses sim, nos levam até pontes-dormitórios, a conselho de uma tal jovem assessora de ministra… Não, não somos bons em leitura, e as pontes já só servem para dormir, não mais passagens para outras margens. Somos, de resto, o país mais velho da Europa e de gente mais velha em quantidade, estamos por um triz.
Não é certo que perante uma catástrofe
evidentemente suscitada pelo PS os nossos concidadãos desatem a concluir que a
catástrofe se deve ao PS. O bom povo não é bom a interpretar evidências.
ALBERTO GONÇALVES Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 25 fev. 2023, 00:3070
As sondagens continuam a mostrar o PS
ao lado do PSD. Independentemente
dos méritos (?) do actual PSD. Em sociedades normais, sete anos de
desnorte, incompetência, arrogância, prepotência, nepotismo, trafulhices e
miséria costumam ter consequências aborrecidas para as agremiações
responsáveis. Em Portugal, nem tanto.
Em Portugal, há imensa gente a
desejar a continuação do governo socialista. Os que são marxistas por convicção
e que, apesar das três mil setecentas e doze medonhas experiências anteriores,
acreditam mesmo que essa é a única via para a felicidade dos homens (e das
senhoras). Os que fazem carreira no PS. Os
que aspiram a fazer carreira no PS. Os que lucram com a presença do PS no
poder. Os que aspiram a lucrar com a presença do PS no poder. Os que empobrecem
com a presença do PS no poder mas engolem a propaganda oficial e julgam estar
benzinho. Os que, devido à presença do PS no poder, vivem na penúria absoluta
mas padecem de perturbações cognitivas que os impedem de reparar nos aspectos
subtis da realidade, como o preço do arroz e dos combustíveis, as negociatas
omnipresentes e o riso escarninho do dr. Costa.
Há outro conjunto de pessoas interessadas na continuação do governo
socialista. Não são pessoas que votam PS.
Também não são pessoas que gostam do PS. Na verdade, são pessoas que acham
trágica a governação do PS e que, apesar disso ou graças a isso, querem que a
tragédia prossiga até às últimas instâncias. O argumento é o de que é
necessário que o PS, conforme lhe compete, rebente com isto tudo de modo a que
se perceba claramente que foi o PS a rebentar com isto tudo. Ou seja,
permite-se que o PS complete a tarefa de desgraçar os portugueses e, na
ausência de bodes expiatórios plausíveis ou implausíveis, os portugueses irão
finalmente culpar o PS pela desgraça e agir em conformidade, privando a
quadrilha de frequentar a sociedade civilizada e as disputas eleitorais.
É uma tese curiosa. De repente, lembra a
“vacina” de Henry Kissinger, que em 1975 nos achava perdidos para o comunismo e
pretendia exibir-nos a título dissuasor ao resto da Europa. No caso em apreço,
os destinatários da dissuasão somos nós próprios. É um plano matreiro.
Infelizmente, conta com um ou dois obstáculos.
O
primeiro é a estratégia implicar um salto de fé, para usar expressão cara a um
filósofo dinamarquês. Salvo no curto prazo, o PS nunca pagou politicamente – ou judicialmente, já
agora – pelas três bancarrotas que provocou durante o regime. Nada garante que pague pela quarta,
por devastadora que esta venha a ser. Dito de maneira diferente: não é
certo, longe disso, que perante uma catástrofe evidentemente suscitada pelo PS
os nossos concidadãos desatem a concluir sem hesitações que a catástrofe se
deve ao PS. O bom povo não é bom a interpretar evidências. Nem a estabelecer
nexos de causalidade. Nem a admitir o erro de eleger sucessivamente o PS.
O segundo obstáculo é o tempo,
que na situação vigente é um luxo a que não nos podemos dar. Além de uma crueldade escusada, prolongar a agonia
das pessoas apenas para tentar demonstrar que o PS, espanto dos espantos,
governa contra elas é, no mínimo, um acto leviano e susceptível de danos
irreversíveis. Os danos já
causados são suficientes e suficientemente complicados de reverter. Quando um
sujeito recebe recorrentes mocadas na cabeça, não é preciso esperar que o
crânio se estilhace em pedacinhos a fim de provar que o exercício faz mal. É
melhor parar enquanto há crânio. É melhor parar enquanto há país. Não
importa o método (há vários), e não importa se há alternativa impecável (não
há): importa compreender que, assim, isto não aguentará muito mais.
Para cúmulo, a demolição e o saque levados a cabo pelo PS têm vindo
a intensificar-se desde que se livrou dos partidos assumidamente leninistas e
adquiriu maioria absoluta. Em parte por fervor ideológico, em parte para
monopolizar a esquerda, o leninismo vive confortavelmente na corte do dr.
Costa, a qual, só a título de exemplo, nos últimos dias anunciou o ataque à
propriedade privada e a veneração de Lula em “Abril”. Depois das casas e do célebre condenado
brasileiro, nada impede que em breve se passe a confiscar carros ou camisas e a
homenagear Putin ou Maduro. Nada impede – a menos que alguma coisa, quiçá um
milagre, impeça o PS de prosseguir e aprimorar a loucura em curso.
É uma loucura que a História não
ensina: há quase meio século, o PS de então fez por assegurar que Portugal não
cairia no abismo comunista e desmentiu Kissinger. Hoje o PS faz por dar-lhe
razão. Convinha não lhe fazer a vontade.
COMENTÁRIOS (de 70)
Liberales Semper Erexitque: É melhor parar enquanto há país.
É isso que está em causa, mas sejamos realistas, mais
realistas do que Alberto Gonçalves: os tugas nunca deram um chavo pelo país, e
são essas mesmas pessoas que eles apreciam (e elegem!), além de jogadores e aficcionados
de football, claro. Se a minha
modesta pessoa ainda existir quando se der o colapso, gostaria de que fosse a
Europa a tomar conta "disto". Não é certo... Maria Paula
Silva: Muito bom, como
sempre. A primeira condição ou obstáculo nunca se daria ou seria ultrapassado,
pois que o "salto da fé" implica auto-análise, muita reflexão e
muita Coragem. Tudo isso falta. Paulo Alves: Infelizmente, os esclarecidos
estão em minoria. A grande maioria do nosso "bom povo" é pobre ou remediada. E pouco
sensível a questões políticas, desde que funcionem (bem ou mal) as instituições
do Estado. É este "bom povo" que fica feliz quando lhe é dado um
punhado de amendoins... quando se emociona ao estar ao lado de um presidente
para tirar uma selfie, ou quando gasta horas a discutir sentado a metafísica do
futebol. Não me espanta, portanto, que também ache enternecedor o
"riso" do nosso PM e os seus dotes de espertalhão. Costa é o Herói
que o "bom povo" gostaria de ser, um dia. E quanto ao resto? O resto
não interessa pra nada! Entre uma bifana e um escrito do Alberto Gonçalves,
aposto que sei qual é a escolha do nosso "bom povo". Ha! Alexandre
Barreira > Paulo Alves: Pois. Caro Paulo, Se não fosse o nosso "bom
povo". Os Albertos Gonçalves. Não comiam "bifanas"....! João Bastos: Excelente artigo, repleto de
evidentes verdades, infelizmente Geraldo Sem Pavor: O artigo seria hilariante não
fosse a tragédia socialista em Portugal. Francisco Almeida: Mais um artigo excelente não
fôra o ante-final. O 25 de Novembro não foi contra os comunistas do PCP. Foi
sim contra a esquerda miitar e extrema-esquerda política. Já o lembrei
neste espaço umas três vezes. Os comícios de Otelo no Alentejo já tinham mais
gente do que os do PCP. O PCP negociou com Melo Antunes que o protegeu de
desquites populares na televisão um ou dois dias depois. Mais tarde o Conselho
da Revolução anulou na prática o "Relatório das Sevícias" que
identificava crimes por pessoas e estruturas regionais do PCP. E o
"patrão" do contra-relatório, que recomendava que não se desse
seguimento aos crimes identificados para "não
pòr em perigo a jovem democracia portuguesa" foi o dr Jorge Soares.
Sem qualquer oposição visível do PS. Se quiserem louvar o PS e o Grupo dos
Nove por terem evitado uma guerra civil, tudo bem. Acho que foi verdade. Mas
dizerem-nos contra o PCP é mentira E esse branqueamento do PCP e dos seus
crimes no PREC, desiludiu muitos. Até o herói do 25/11, o coronel Jaime Neves,
em vez de colher os louros da sua acção vitoriosa, pediu a passagem à reserva e
retirou-se para Trás-os-Montes. Somos cada vez menos, os ainda vivos mas, pelo
menos, não nos falseiem a memória
Maria
Emília Ranhada Santos: O problema é a falsidade da comunicação social sempre pronta a apoiar a
mentira e os mentirosos, para levar à total confusäo!
Enquanto estes jornalistas assalariados não saírem da televisão teremos
sempre enganação, manipulação e frustração! Joaquim Lopes
> Maria Emília Ranhada Santos: Qual comunicação social que
jornalistas? Os que eram locutores e apresentadores passaram a ser jornalistas,
na sua esmagadora maioria, os jornalistas verdadeiros, esse não existem, a vida
é dura e o patrão Costa é que manda. Não espere nada dessa gente, eu já deixei
de ver e ler essa podridão. Toda ela a que chama comunicação social, recebe
subsídios do dinheiro dos impostos dos portugueses que os pagam e não vivem de
subsídios, se não fossem subsidiadas as televisões: TVI, RTP, CM, SIC e os
jornais tipo JN, DN, estariam falidas e não exibiam os luxos que os portugueses
na sua maioria gostam de ver nos outros, sem olhar para os andrajos chineses
que usam, esta é a comunicação social ou seja a censura, falta falar no Público
e no seu dono a SONAE, como é estranho um jornal de extrema esquerda ser detida
por um grupo capitalista, ora tudo isto tem um nome criado por Costa que
aprendeu com Sócrates: Censura! Maria Paula
Silva > Joaquim Lopes :Exactamente. Ia responder exactamente isso à Maria
Emilia. A maioria da CS está comprada (o Público inclusive, e o Expresso) e a
maioria dos que se intitulam "jornalistas" não honram sequer os
Princípios básicos da profissão. Penso que dos poucos jornais que recusaram os
tais "subsídios" foi o Observador. Seknevasse:
Mas que stress
com o País... Calma, já estão a chegar os 10 euros mensais para os professores
e demais funcionários públicos e para o conjunto dos reformados (9 para os de
regime não contributivo!) e assim vamos ter o PS a mandar por mais 10 anos. É
evidente. Paulo
Orlando: São poucos os que
sacrificam a ideologia petrificada por anos de propaganda e o conforto egoísta
de se estarem a marimbar sobre o que os outros pensam ou padecem. Anos de
vivência em sociedade tornaram-me num cínico convicto que não merece a pena
tentar destituir os outros de dogmas ideológicos nem motivá-los para causas
altruístas. Contemporizo perante o poder da estupidez e da subserviência
cobarde quase imutável de quem só ouve o que lhe interessa ou distorce e omite
a realidade daquilo que não quer entender. Resta-nos abandonar esta comunidade
urbana, desligar-nos disto tudo e viver a nossa vida à nossa maneira, longe
desta gente. Nem tudo é mau, só temos de estar junto de quem nos respeita e
distantes do que abominamos. Essa é a luta. Amigo do
Camolas: Realmente é um enigma um
partido como o PS - responsável por todas as bancarrotas, por ter a carga
fiscal maior de sempre e um estado num estado miserável nunca visto,
responsável pelo governo (Sócrates) mais corrupto da história e actualmente num
estado em que é mais fácil encontrar um governante ou um socialista envolvido
em escândalos de corrupção no estado do que uma mulher grávida na rua - ainda
não ter desaparecido Mas Costa, talvez seja
o portador do enigma mais transcendental da política portuguesa. Como pode um
indivíduo de passado tão duvidoso e de presente tão manhoso e aldrabão ser
considerado um político inteligente? Mais ainda: por que um homem claramente de
esquerda é odiado mortalmente pela ala esquerdista da sociedade e por todos os
dependente do estado e consegue ainda estar na frente das sondagens? Surreal. Surreal
e caricato: Os esquerdistas, sempre que confrontados com as consequências das
suas politicas: Venezuela o quê? Nunca ouvi falar... Ou seja: um dos
pré-requisitos para se ser comunista é o total desprezo pela lógica. Sendo
assim, tal postura, advinda dessa gente, é compreensível. Patética, mas
compreensível. Agora, a grande novidade é até os socialistas não quererem
assumir a paternidade da bancarrota do "ingenheiro", nem das suas
promessas não cumpridas, nem de suas opções políticas desastrosas dos últimos
sete anos seguidos de governação. Isso é algo que, devo confessar, nunca vi. Deve
ser mais um daqueles cofres gigantes da mãe do Sócrates. E já não é a primeira
vez que ouço esta dos socialistas: "a direita representa a austeridade
da troika". Ou seja, venha quem vier para a direita vai ter sempre o
passado, o PS só tem o futuro. E é assim com esta emoção de quem vê uma crença
se concretizar fica órfã. Deixando-nos só um conselho futuro: pedir resgates
pode ser evitado, não os pagar é bem mais complicado. Levar o País à bancarrota
pode ser evitado, não ser o próprio povo a sofrer as consequências é mais um
milagre. João Angolano: Só que meu caro amigo você
esquece-se da última cartada dos socialistas, técnica muito antiga, muito
simples e eficaz que outros utilizavam seja nas feiras no porta a porta ou onde
calhar: toma lá uma torradeira toma lá um frigorífico toma lá uma reforma toma
lá isto é aquilo Tristão:
Um partido que
teve um primeiro-ministro corrupto que levou o país a uma intervenção
estrangeira, onde ninguém viu nada, desconfiou ou se interrogou, e que passado
4 anos está outra vez no poder levando consigo parte da quadrilha e mais tarde
ainda lhe vai dar uma maioria absoluta, então esse povo tem emenda
quando? NUNCA!. …………………………………………………………………..
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