domingo, 26 de fevereiro de 2023

Imparável já

 

Por muito que se esforcem em advertir, Alberto Gonçalves e outros mais, António Barreto entre outros, sobre o destroço em que nos estamos a tornar. Não somos muito bons em leitura nem interpretação, os cursos tirados hoje só nos preparam para espectáculos grevistas, que, esses sim, nos levam até pontes-dormitórios, a conselho de uma tal jovem assessora de ministra… Não, não somos bons em leitura, e as pontes já só servem para dormir, não mais passagens para outras margens. Somos, de resto, o país mais velho da Europa e de gente mais velha em quantidade, estamos por um triz.


Este PS dá razão a Kissinger

Não é certo que perante uma catástrofe evidentemente suscitada pelo PS os nossos concidadãos desatem a concluir que a catástrofe se deve ao PS. O bom povo não é bom a interpretar evidências.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 25 fev. 2023, 00:3070

As sondagens continuam a mostrar o PS ao lado do PSD. Independentemente dos méritos (?) do actual PSD. Em sociedades normais, sete anos de desnorte, incompetência, arrogância, prepotência, nepotismo, trafulhices e miséria costumam ter consequências aborrecidas para as agremiações responsáveis. Em Portugal, nem tanto.

Em Portugal, há imensa gente a desejar a continuação do governo socialista. Os que são marxistas por convicção e que, apesar das três mil setecentas e doze medonhas experiências anteriores, acreditam mesmo que essa é a única via para a felicidade dos homens (e das senhoras). Os que fazem carreira no PS. Os que aspiram a fazer carreira no PS. Os que lucram com a presença do PS no poder. Os que aspiram a lucrar com a presença do PS no poder. Os que empobrecem com a presença do PS no poder mas engolem a propaganda oficial e julgam estar benzinho. Os que, devido à presença do PS no poder, vivem na penúria absoluta mas padecem de perturbações cognitivas que os impedem de reparar nos aspectos subtis da realidade, como o preço do arroz e dos combustíveis, as negociatas omnipresentes e o riso escarninho do dr. Costa.

Há outro conjunto de pessoas interessadas na continuação do governo socialista. Não são pessoas que votam PS. Também não são pessoas que gostam do PS. Na verdade, são pessoas que acham trágica a governação do PS e que, apesar disso ou graças a isso, querem que a tragédia prossiga até às últimas instâncias. O argumento é o de que é necessário que o PS, conforme lhe compete, rebente com isto tudo de modo a que se perceba claramente que foi o PS a rebentar com isto tudo. Ou seja, permite-se que o PS complete a tarefa de desgraçar os portugueses e, na ausência de bodes expiatórios plausíveis ou implausíveis, os portugueses irão finalmente culpar o PS pela desgraça e agir em conformidade, privando a quadrilha de frequentar a sociedade civilizada e as disputas eleitorais.

É uma tese curiosa. De repente, lembra a “vacina” de Henry Kissinger, que em 1975 nos achava perdidos para o comunismo e pretendia exibir-nos a título dissuasor ao resto da Europa. No caso em apreço, os destinatários da dissuasão somos nós próprios. É um plano matreiro. Infelizmente, conta com um ou dois obstáculos.

O primeiro é a estratégia implicar um salto de fé, para usar expressão cara a um filósofo dinamarquês. Salvo no curto prazo, o PS nunca pagou politicamente – ou judicialmente, já agora – pelas três bancarrotas que provocou durante o regime. Nada garante que pague pela quarta, por devastadora que esta venha a ser. Dito de maneira diferente: não é certo, longe disso, que perante uma catástrofe evidentemente suscitada pelo PS os nossos concidadãos desatem a concluir sem hesitações que a catástrofe se deve ao PS. O bom povo não é bom a interpretar evidências. Nem a estabelecer nexos de causalidade. Nem a admitir o erro de eleger sucessivamente o PS.

O segundo obstáculo é o tempo, que na situação vigente é um luxo a que não nos podemos dar. Além de uma crueldade escusada, prolongar a agonia das pessoas apenas para tentar demonstrar que o PS, espanto dos espantos, governa contra elas é, no mínimo, um acto leviano e susceptível de danos irreversíveis. Os danos já causados são suficientes e suficientemente complicados de reverter. Quando um sujeito recebe recorrentes mocadas na cabeça, não é preciso esperar que o crânio se estilhace em pedacinhos a fim de provar que o exercício faz mal. É melhor parar enquanto há crânio. É melhor parar enquanto há país. Não importa o método (há vários), e não importa se há alternativa impecável (não há): importa compreender que, assim, isto não aguentará muito mais.

Para cúmulo, a demolição e o saque levados a cabo pelo PS têm vindo a intensificar-se desde que se livrou dos partidos assumidamente leninistas e adquiriu maioria absoluta. Em parte por fervor ideológico, em parte para monopolizar a esquerda, o leninismo vive confortavelmente na corte do dr. Costa, a qual, só a título de exemplo, nos últimos dias anunciou o ataque à propriedade privada e a veneração de Lula em “Abril”. Depois das casas e do célebre condenado brasileiro, nada impede que em breve se passe a confiscar carros ou camisas e a homenagear Putin ou Maduro. Nada impede – a menos que alguma coisa, quiçá um milagre, impeça o PS de prosseguir e aprimorar a loucura em curso.

É uma loucura que a História não ensina: há quase meio século, o PS de então fez por assegurar que Portugal não cairia no abismo comunista e desmentiu Kissinger. Hoje o PS faz por dar-lhe razão. Convinha não lhe fazer a vontade.

PS    POLÍTICA

COMENTÁRIOS (de 70)

Liberales Semper Erexitque: É melhor parar enquanto há país.

É isso que está em causa, mas sejamos realistas, mais realistas do que Alberto Gonçalves: os tugas nunca deram um chavo pelo país, e são essas mesmas pessoas que eles apreciam (e elegem!), além de jogadores e aficcionados de football, claro. Se a minha modesta pessoa ainda existir quando se der o colapso, gostaria de que fosse a Europa a tomar conta "disto". Não é certo...                 Maria Paula Silva: Muito bom, como sempre. A primeira condição ou obstáculo nunca se daria ou seria ultrapassado, pois que o "salto da fé" implica auto-análise, muita reflexão e muita Coragem. Tudo isso falta.              Paulo Alves: Infelizmente, os esclarecidos estão em minoria. A grande maioria do nosso "bom povo" é pobre ou remediada. E pouco sensível a questões políticas, desde que funcionem (bem ou mal) as instituições do Estado. É este "bom povo" que fica feliz quando lhe é dado um punhado de amendoins... quando se emociona ao estar ao lado de um presidente para tirar uma selfie, ou quando gasta horas a discutir sentado a metafísica do futebol. Não me espanta, portanto, que também ache enternecedor o "riso" do nosso PM e os seus dotes de espertalhão. Costa é o Herói que o "bom povo" gostaria de ser, um dia. E quanto ao resto? O resto não interessa pra nada! Entre uma bifana e um escrito do Alberto Gonçalves, aposto que sei qual é a escolha do nosso "bom povo". Ha!                   Alexandre Barreira > Paulo Alves: Pois. Caro Paulo, Se não fosse o nosso "bom povo". Os Albertos Gonçalves. Não comiam "bifanas"....!   João Bastos: Excelente artigo, repleto de evidentes verdades, infelizmente                           Geraldo Sem Pavor: O artigo seria hilariante não fosse a tragédia socialista em Portugal.              Francisco Almeida: Mais um artigo excelente não fôra o ante-final. O 25 de Novembro não foi contra os comunistas do PCP. Foi sim contra a esquerda miitar e extrema-esquerda política. Já o lembrei neste espaço umas três vezes. Os comícios de Otelo no Alentejo já tinham mais gente do que os do PCP. O PCP negociou com Melo Antunes que o protegeu de desquites populares na televisão um ou dois dias depois. Mais tarde o Conselho da Revolução anulou na prática o "Relatório das Sevícias" que identificava crimes por pessoas e estruturas regionais do PCP. E o "patrão" do contra-relatório, que recomendava que não se desse seguimento aos crimes identificados para "não pòr em perigo a jovem democracia portuguesa" foi o dr Jorge Soares. Sem qualquer oposição visível do PS. Se quiserem louvar o PS e o Grupo dos Nove por terem evitado uma guerra civil, tudo bem. Acho que foi verdade. Mas dizerem-nos contra o PCP é mentira  E esse branqueamento do PCP e dos seus crimes no PREC, desiludiu muitos. Até o herói do 25/11, o coronel Jaime Neves, em vez de colher os louros da sua acção vitoriosa, pediu a passagem à reserva e retirou-se para Trás-os-Montes. Somos cada vez menos, os ainda vivos mas, pelo menos, não nos falseiem a memória               Maria Emília Ranhada Santos: O problema é a falsidade da comunicação social sempre pronta a apoiar a mentira e os mentirosos, para levar à total confusäo! Enquanto estes jornalistas assalariados não saírem da televisão teremos sempre enganação, manipulação e frustração!                   Joaquim Lopes > Maria Emília Ranhada Santos: Qual comunicação social que jornalistas? Os que eram locutores e apresentadores passaram a ser jornalistas, na sua esmagadora maioria, os jornalistas verdadeiros, esse não existem, a vida é dura e o patrão Costa é que manda. Não espere nada dessa gente, eu já deixei de ver e ler essa podridão. Toda ela a que chama comunicação social, recebe subsídios do dinheiro dos impostos dos portugueses que os pagam e não vivem de subsídios, se não fossem subsidiadas as televisões: TVI, RTP, CM, SIC e os jornais tipo JN, DN, estariam falidas e não exibiam os luxos que os portugueses na sua maioria gostam de ver nos outros, sem olhar para os andrajos chineses que usam, esta é a comunicação social ou seja a censura, falta falar no Público e no seu dono a SONAE, como é estranho um jornal de extrema esquerda ser detida por um grupo capitalista, ora tudo isto tem um nome criado por Costa que aprendeu com Sócrates: Censura!                    Maria Paula Silva > Joaquim Lopes :Exactamente. Ia responder exactamente isso à Maria Emilia. A maioria da CS está comprada (o Público inclusive, e o Expresso) e a maioria dos que se intitulam "jornalistas" não honram sequer os Princípios básicos da profissão. Penso que dos poucos jornais que recusaram os tais "subsídios" foi o Observador.                Seknevasse: Mas que stress com o País... Calma, já estão a chegar os 10 euros mensais para os professores e demais funcionários públicos e para o conjunto dos reformados (9 para os de regime não contributivo!) e assim vamos ter o PS a mandar por mais 10 anos. É evidente.              Paulo Orlando: São poucos os que sacrificam a ideologia petrificada por anos de propaganda e o conforto egoísta de se estarem a marimbar sobre o que os outros pensam ou padecem. Anos de vivência em sociedade tornaram-me num cínico convicto que não merece a pena tentar destituir os outros de dogmas ideológicos nem motivá-los para causas altruístas. Contemporizo perante o poder da estupidez e da subserviência cobarde quase imutável de quem só ouve o que lhe interessa ou distorce e omite a realidade daquilo que não quer entender. Resta-nos abandonar esta comunidade urbana, desligar-nos disto tudo e viver a nossa vida à nossa maneira, longe desta gente. Nem tudo é mau, só temos de estar junto de quem nos respeita e distantes do que abominamos. Essa é a luta.                   Amigo do Camolas: Realmente é um enigma um partido como o PS - responsável por todas as bancarrotas, por ter a carga fiscal maior de sempre e um estado num estado miserável nunca visto, responsável pelo governo (Sócrates) mais corrupto da história e actualmente num estado em que é mais fácil encontrar um governante ou um socialista envolvido em escândalos de corrupção no estado do que uma mulher grávida na rua - ainda não ter desaparecido Mas Costa, talvez seja o portador do enigma mais transcendental da política portuguesa. Como pode um indivíduo de passado tão duvidoso e de presente tão manhoso e aldrabão ser considerado um político inteligente? Mais ainda: por que um homem claramente de esquerda é odiado mortalmente pela ala esquerdista da sociedade e por todos os dependente do estado e consegue ainda estar na frente das sondagens? Surreal. Surreal e caricato: Os esquerdistas, sempre que confrontados com as consequências das suas politicas: Venezuela o quê? Nunca ouvi falar... Ou seja: um dos pré-requisitos para se ser comunista é o total desprezo pela lógica. Sendo assim, tal postura, advinda dessa gente, é compreensível. Patética, mas compreensível. Agora, a grande novidade é até os socialistas não quererem assumir a paternidade da bancarrota do "ingenheiro", nem das suas promessas não cumpridas, nem de suas opções políticas desastrosas dos últimos sete anos seguidos de governação. Isso é algo que, devo confessar, nunca vi. Deve ser mais um daqueles cofres gigantes da mãe do Sócrates. E já não é a primeira vez que ouço esta dos socialistas: "a direita representa a austeridade da troika". Ou seja, venha quem vier para a direita vai ter sempre o passado, o PS só tem o futuro. E é assim com esta emoção de quem vê uma crença se concretizar fica órfã. Deixando-nos só um conselho futuro: pedir resgates pode ser evitado, não os pagar é bem mais complicado. Levar o País à bancarrota pode ser evitado, não ser o próprio povo a sofrer as consequências é mais um milagre.      João Angolano: Só que meu caro amigo você esquece-se da última cartada dos socialistas, técnica muito antiga, muito simples e eficaz que outros utilizavam seja nas feiras no porta a porta ou onde calhar: toma lá uma torradeira toma lá um frigorífico toma lá uma reforma toma lá isto é aquilo                 Tristão: Um partido que teve um primeiro-ministro corrupto que levou o país a uma intervenção estrangeira, onde ninguém viu nada, desconfiou ou se interrogou, e que passado 4 anos está outra vez no poder levando consigo parte da quadrilha e mais tarde ainda lhe vai dar uma maioria absoluta,  então esse povo tem emenda quando? NUNCA!. …………………………………………………………………..

 

Nenhum comentário: