quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Escreveu


No seu facebook, o Sr.  Embaixador Luís Soares de Oliveira:

II LUIS SOARES DE OLIVEIRA: «NO PARTILHAR É QUE VAI O GANHO»

E já o provara no texto anterior, pois ficámos a ganhar com a sua partilha – a última carta de um seu amigo e colega, a quem rende, assim, homenagem, pelo pensamento livre a respeito da ortodoxia doutrinal católica sobre a questão da infalibilidade papal, como representante divino na Terra, que aquele nega, naturalmente, e aconselhando um livro comprovativo da tese contestatária.

I- LUIS SOARES DE OLIVEIRA

1 d

HOMENAGEM AO EMBAIXADOR SEBASTIÃO CASTELO-BRANCO (1929-2023), amigo desde a Universidade-

Em sua memória , transcrevo a última carta que dele recebi.

19/12 / 2014

Caro Luís,

A estimada Presidente do Pelotão do Reumático quis ouvir - sim ou não - o que cada um pensava das mudanças na maneira de ser do Papa e em reformas que Francisco está a lançar. A minha resposta foi que “não podia senão aprovar qualquer medida de regresso às grandes decisões do Vaticano II, que João-Paulo II e Bento XVI já tinham suficientemente atraiçoado. E depois fiz-lhe um breve relato da quase total ausência de santidade em “Suas Santidades Romanas” dos últimos 1600 anos. Apontei-lhe que Hans Küng, padre católico, doutor em Teologia, Filosofia e História de Arte, foi, aos 34 anos, o escolhido por João XXIII para orientar e aconselhar a secção de Teologia daquele magno Concílio. E que este enorme teólogo tem vezes sem conta negado o primado do Magistério e Doutrina Dogmática: que a Igreja não é a Cúria Romana, nem mesmo todo o conjunto dos Bispos, mas sim o conjunto de todos os crentes em Jesus. E de entre os dogmas que lhe merecem muito pouco respeito, refutou em tese escrita o da Infalibilidade Papal. João Paulo II, não o “despadrou”, mas proíbiu-o de ensinar Teologia Católica. Só que a categoria deste Teólogo era e sempre fora de tal ordem, que a sua Universidade de Tübingen criou, só para ele, a Faculdade de Teologia Ecuménica. A terminar, referi que Hans Küng, entre quase uma centena de excelentes livros, tinha há uns dois anos publicado mais um sob o título “Ist die Kirche noch zu rreten?” (Pode a Igreja ser ainda salva?), livro que foi rapidamente traduzido em várias línguas à excepção, não sei porquê, do Inglês. Mas desde que o início do Pontificado de Francisco, Hans Küng apressou a versão inglesa, autorizando que tivesse um título duplo, inscrito na capa sob duas formas longitudinalmente opostas pelos pés: “Can we save tha Catholic Church?” e “We can save the Catholic Church!”. Aconselho-te a lê-lo (Amazon), pois Küng não se acanha perante a exposição do todas as asneiras e crimes cometidos ou permitidos pela cúpula hierárquica.

E assim por diante… Não me surpreendeu a surpresa e quase incredulidade da nossa presidente: ela, cristã maronita, já devia ser bastante fundamentalista quando se casou numa família onde o lema foi sempre que, em matéria de religião, o que dizem os Papas, Cardeais, Bispos e simples Padres, não se discute.

Saudades à Jette,

Abração,

Sebastião (para acabar em leve rima tão pesada prosa…

 

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