Como o dizia Pessoa, como o pensam as “pessoas”
dessa “mascarada” hodierna, de que se ocupa JOÃO PEDRO MARQUES, na sua
excelente análise sobre os crimes literários da piedade porque sim.
Leitores de sensibilidade
As novas gerações arriscam-se a só
conseguir encontrar as versões originais em alfarrabistas, bibliotecas ou nas
estantes dos avós. Sem acesso a elas ficarão com as ideias mais pré-formatadas.
JOÃO PEDRO MARQUES
Historiador e romancista
OBSERVADOR, 06
mai. 2023, 00:1637
O puritanismo politicamente correcto
continua de vento em popa no mundo editorial britânico e depois de Roald Dahl,
Ian Fleming, Enid Blyton, Agatha Christie, chegou a vez de P. G. Wodehouse ser
postumamente censurado. A editora
Penguin Random House alterou passagens das suas novelas por as
considerar “inaceitáveis”. Como era de prever, e está de acordo com o espírito
censório deste absurdo tempo em que vivemos, a linguagem com alusões raciais foi suprimida ou extensamente
modificada, pois os lápis azuis dos chamados leitores de sensibilidade não
deixaram passar nenhuma dessas heresias.
O que é um leitor de sensibilidade? É uma espécie de detector de
metais, de farejador de droga — sem ofensa — ou de filtro de partículas. Um
livro tem várias alusões de natureza racial ou identitária? A editora entrega-o
a pessoas negras e LGBTQI+ para que digam se se sentiram chocados com o que
leram e, em caso afirmativo, que identifiquem o que os chocou. Como começa a
ser da praxe em Inglaterra e nos Estados Unidos, a Penguin Random House
recorreu aos serviços de leitores de sensibilidade, entregou-lhes os livros de
Wodehouse e, em consequência do veredicto desses leitores, alterou-os. Também
fez notas avisando os potenciais compradores das obras — como se eles fossem
acéfalos — que os livros foram escritos há muito tempo e que alguns dos seus
temas, caracterizações e personagens poderão estar “desactualizados”.
À
esquerda há quem cinicamente defenda a tese de que esta forma de censura é,
apenas, um artifício para melhorar a circulação dos livros e torná-los mais
populares. No fundo, uma
jogada de marketing livreiro.
E essa tese seria de considerar se aquilo a que assistimos com a reescrita de
livros não fizesse parte de um movimento muito mais amplo de censura de filmes,
de ideias, de remoção de estátuas, da alteração de títulos de quadros e do puro
e simples cancelamento de pessoas. Há, no Ocidente, um movimento censório
que dá pelo nome de wokismo que quer corrigir as heranças do passado, incluindo
as literárias.
Isto que se passa com os livros de
autores já desaparecidos está certamente a bater forte nas obras de autores vivos
ainda a publicar. Vimos há pouco com
que argumentos uma editora norte-americana recusou a publicação de um livro de Afonso Reis Cabral e eu próprio tive um leve prenúncio disso quando
publiquei o meu
primeiro livro de História
em Inglaterra. O revisor do texto fez pressão para que eu substituísse o termo
“escravo”, como constava no texto original, por “pessoa escravizada”. Estava-se, então, em 2005, nos primórdios
desta fúria revisora a que temos assistido. Se fosse agora talvez a editora
britânica se recusasse a publicar o meu livro caso eu não anuísse — como, de
facto, não anuí — à alteração que me propunham.
Como romancista mas também, ou
sobretudo, como historiador, olho para tudo o que se está a passar nesta área
com pena pelo empobrecimento que decisões editoriais destas implicam, desde
logo em termos de diversidade. A Penguin Random House fez questão de garantir
que as alterações introduzidas aos livros de Wodehouse não vão “afectar a
história”. No seu mural de Facebook,
Eugénia Galvão Teles, a colunista do Expresso, duvidou, e bem, que na Penguin
tenham percebido o que aqueles livros são. “A história não interessa para nada
— escreveu — É a linguagem que torna os livros únicos”.
No Reino Unido essa linguagem e a de
outros autores está a ir à viola e esse alisamento das irregularidades —
chamemos-lhe assim — está a apagar as marcas do tempo, as variações e as
permanências ao longo dos anos, ou seja, está a apagar a História. Qualquer um
de nós, quando olha para trás, deve ter ao seu alcance todos os meios para
poder perceber espessura e diversidade, para poder entender que as épocas idas
eram, em vários aspectos, diferentes daquela em que vivemos. A literatura é uma
óptima maneira de o perceber de uma forma muito intensa e autêntica. Quando leio Eça, por exemplo, dou-me
conta de que os códigos de conduta eram diferentes dos nossos, que se usavam
palavras e expressões que raramente ou nunca usamos e que se pensava de forma
pouco parecida com a nossa a respeito de diversas coisas (raça, política,
economia, costumes). Quando se aplainam essas diferenças, quando se substituem palavras
para que o texto fique de acordo com os padrões ideológicos predominantes na
nossa época, tira-se aos potenciais leitores a possibilidade de perceber como é
que a burguesia portuguesa concebia a realidade e falava em termos raciais,
morais ou outros, no final do século XIX.
O argumento de que as editoras
estariam, com estas iniciativas, a defender a finíssima pele das almas
sensíveis, facilmente impressionáveis e escandalizáveis, é um falso argumento. Sempre
houve almas dessas e em certas épocas houve-as em grande profusão e evidência.
Desde inícios do século XVIII, pelo menos, que a literatura de ficção ajudou a
criar o (e se dirigiu ao) leitor sensível. Prestando homenagem ao culto da
sensibilidade e desenvolvendo, também, a noção de benevolência — e de
felicidade decorrente do seu exercício —, novelistas e poetas ajudaram a
construir um tipo de pessoa que Henry MacKenzie imortalizou no romance The Man
of Feeling (1771) e que era, no fundo, alguém capaz de empatizar com o
sofrimento humano. Essas pessoas com o
coração no sítio certo e os sentimentos à flor da pele tinham necessidade de
objectivar a sua sensibilidade e virtude aliviando o sofrimento das vítimas
inocentes, e viram-se, então, muitas delas insurgirem-se contra as injustiças
que eram observáveis no seu tempo: as condições nas prisões, o
tráfico transatlântico de escravos, a chaga do pauperismo e da fome, e por aí
fora. Que me recorde nenhuma dessas pessoas se notabilizou por
advogar a censura de textos alheios. Ou seja, a sua sensibilidade impelia-as à
acção, à tentativa de correcção dos males do mundo, e não a repressão das
palavras dos outros.
O que é novo no wokismo dos nossos
dias não é a sensibilidade, mas sim a utilização pervertida dessa sensibilidade
como desculpa para censurar, cortar, cancelar, alterar aquilo que os outros
escrevem ou escreveram. A pretexto de encontrar aquela palavra que não ofenda
ninguém, esta ânsia correctora do movimento editorial woke irá inspeccionar e
varrer para fora do tempo e da nossa visão os conceitos e os termos que, na
perspectiva do wokismo, devem ser proscritos. Ora a busca dessa palavra que não
ofenda ninguém poderá ser um objectivo político e diplomático, mas não é,
garantidamente, um objectivo literário, nem tem, nessa esfera, mérito ou valor.
Em
Portugal, sentimo-nos, por enquanto, a salvo desta onda de loucura. Quando
lemos as notícias que nos chegam do mundo editorial britânico, sorrimos de
divertimento ou de incredulidade, ou, então, encolhemos os ombros de
indiferença, mas respiramos de alívio por essa onda não ter chegado até nós. Na
minha geração quase ninguém acreditará que ela possa cá chegar, mas essa
convicção é ilusória porque esta não é apenas uma questão cultural é, também,
em boa parte, geracional. É verdade que, entre nós, esta sofreguidão de
reescrever obras literárias não penetra senão marginalmente em pessoas de um
determinado nível etário — digamos que os maiores de 60 anos são geralmente
estanques a essa forma de wokismo. Mas ela penetra como faca quente em manteiga
nas gerações mais novas, sujeitas quotidianamente, a nível escolar e não só, a
uma verdadeira catequização woke.
Aliás, o wokismo vem sendo incutido
entre os jovens já há alguns anos e eu próprio passei por um episódio que o
revela e que talvez venha a propósito contar aqui. De facto, um jovem revisor,
cheio de zelo censório, achou por bem alterar palavras que eu havia escrito sem
me dar conta de que o tinha feito. Onde eu escrevera “pretinha” — pois era
assim que se dizia no século XIX, época que esse livro se passa — ele colocou
“criança africana”. Felizmente, eu leio sempre os textos quando vêm da mão do
revisor e dei-me conta da troca, expus a situação a quem de direito e tudo
voltou à primeira forma.
Percebi, na altura, que aquele não era
um simples caso isolado, mas a antecâmara de coisas a vir. E infelizmente essas
coisas já cá estão, ainda que de forma subterrânea e esparsa ou pontual, como
este recente artigo no Observador nos deixa
ver. É verdade que ainda há âncoras muito sólidas que garantem a autenticidade
e integridade da criação literária. O responsável pela
Quetzal, Francisco José Viegas, por
exemplo, promete que a sua editora nunca recorrerá a leitores de sensibilidade,
pessoas que, na sua avaliação — com a qual concordo em absoluto —, não são
senão “controladores ideológicos”, destinados a vigiar a “correcção política”
dos textos, coisa que Francisco José
Viegas considera “abjecta”. É
igualmente verdade que há mais editores que pensam e actuam como ele, mas
também há quem se posicione de forma diferente. Clara Capitão, directora
editorial da Penguin Random House Portugal, por exemplo, assume que já recorreu
a leitores de sensibilidade para filtrar obras de autores actuais.
Fê-lo para garantir que as abordagens “eram as correctas e (que) eram
inclusivas”, e porque acredita que
importam não apenas os conteúdos, mas também a “forma e a linguagem escolhidas
para os veicular.”
Ou seja, a pulsão para alterar os textos
de acordo com os ditames do politicamente correcto e a lupa dos leitores woke
não é algo que fique em exclusivo nos Estados Unidos ou nas ilhas britânicas.
Já podemos avistar essa tendência no nosso país e a minha convicção é que ela
também se assumirá cá em força. Assim sendo, talvez os mais velhos devessem
preparar-se para esse embate. E, entretanto, irem fazendo um esforço pedagógico
para explicar aos mais novos a importância de preservar a autenticidade de
obras literárias, sobretudo as de autores já desaparecidos, que são um produto
do tempo em que foram escritas. De outro modo, essas novas gerações
arriscam-se a só conseguir encontrar as versões originais e autênticas, as
velhas edições destes autores censurados, em alfarrabistas, bibliotecas ou nas
estantes dos avós. Sem acesso a elas ficarão com um léxico mais estreito e com
as ideias mais pré-formatadas.
POLITICAMENTE CORRECTO SOCIEDADE LITERATURA CULTURA EDITORAS MERCADO LIVREIRO LIVROS
COMENTÁRIOS: 37
Catarina Correia da Silva: Excelente artigo.
Infelizmente, a história repete-se e repete-se, alternando os actores. É muito
triste que não se aprenda nada com o passado. Espero que os autores vivos
consigam arranjar forma de, nos contratos com as editoras, prevenirem que
alterem posteriormente os seus textos. E espero que estes livros editados sejam
marcados como tal. O leitor tem o direito se saber se o que escreve é o texto
original ou não. Aguardo, com bastante angústia, o dia em que decidirem alterar
o Escutismo para Rapazes e o Caminho para o Triunfo. Já tentaram
"cancelar" Baden Powell, e haverão de voltar à carga. TIM DO Á: Os livros velhos vão valer mais
à medida que a revolução socialista liberal obscurantista avança para o
totalitarismo sem oposição, no Ocidente. António
Mendes Lopes: Não à compra de
livros editados pela RANDOM PENGUIN HOUSE João Ramos: Estamos a entrar numa nova era de obscurantismo pela mão da esquerda e dos
complexados de esquerda, isto vai de mal a pior… José
Paulo C Castro: Chamam-se tradutores woke. Como em todas as más
traduções, perde-se o sentido original. Há uma forma simples de contornar isto.
Promover uma editora que pugna pela edição do original e que o possa fazer, por
lei, quando a editora que tem os direitos de publicação decide que vai alterar
o original e publicar apenas essa versão. Caso a editora com os direitos decida
publicar as duas, tem de garantir que a edição original fica mais barata que a
traduzida (é lógico, tem menos custos).Ponham isso em lei e podem deixar os
tradutores woke procurar o seu nicho de mercado... O problema não são eles mas
a censura e bloqueio do original feita pela editora que decide
publicar outra versão. Isso tem de ser proibido. Maria Melo: O que está escrito, pintado e
esculpido tem que ver com a sua época, faz parte da História. Ninguém tem o
direito de alterar, de reescrever a História! Cada um pode interpretar como lhe
aprouver, mas não tem o direito de se apropriar daquilo que não lhe pertence,
destruindo ou modificando o que o autor fez. Que falta de respeito!
António Sabbo: O absurdo grotesco de introduzir “leitores de
sensibilidade” é um passo gigantesco para um cenário Orwelliano tipo 1984. José Ramos > António Sabbo: O "ministério da verdade" e os seus esbirros. Manuel Lorena: Mais um excelente artigo do Professor João Pedro
Marques a desmitificar esta nova onda do ''Wokismo'', que pretende renegar os
textos escritos anteriormente, reproduzindo o que se passava nessa altura. João Floriano Ao «apagar» a História, os wokes conseguem a proeza de
ocultar como as sociedades ocidentais evoluíram para bem melhor no caminho de
maior justiça e igualdade. O wokismo é utópico e todos sabemos o que é uma
utopia: caminha-se ao seu encontro sabendo de antemão que nunca lá se chegará.
Os novos guardiães de sensibilidades funcionam apenas parcialmente e nem pela
metade. O mainstream da população ocidental ainda não se enquadra nos padrões
LGBTI+ , no wokismo e não interiorizou ainda costumes, comportamentos e
sentimentos de culpa que insistentemente nos querem fazer sentir com o rótulo
de racistas, entre outros. Por enquanto estes movimentos ainda se circunscrevem
sobretudo nos meios intelectuais e políticos. Mas em breve vão querer alargar a
sua influência no meio empresarial, e aí o cancelamento vai ser mesmo impiedoso
com o afastamento de todos que não pensam de acordo com a cartilha dos novos
tempos e da novilíngua. Em 1771 era perfeitamente aceitável termos um
herói literário cheio de feelings e de empatia. A Revolução Agrária
praticamente coincidente com a Primeira revolução Industrial inglesa deram
origem a uma população desgraçada, explorada, desenraizada, com condições de
trabalho horríveis, impensáveis nas sociedades europeias de hoje, crianças de
tenra idade nos teares e nas minas, mortes prematuras, novas cidades
industriais que não passavam de acampamentos de barracas. Havia motivos para se
ser sensível em 1771. Hoje as condições de vida são completamente diferentes.
Em Portugal já há ventos de mudança que começaram como brisas suaves.
Temos ministérios devotados à causa woke como os da Cultura e da Educação,
permite-se que «activistas pelo clima» perturbem o normal funcionamento das
escolas, até Marcelo Rebelo de Sousa assume compromissos para os quais não foi
mandatado. Não menciono os vários artigos de opinião e intervenções na CS
por parte de reconhecidos comentadores porque respeito a liberdade de opinião e
expressão mesmo quando não concordo. Recentemente surgiu uma proposta para
condicionar o uso de linguagem de ódio online. É verdade que a coberto de
nicknames e todo o tipo de perfis falsos divulgam-se nas redes sociais
verdadeiros exemplos de sociopatia, de ataques à imagem e ao carácter. Tão
úteis por um lado, tão tóxicas por outro, assim são as redes sociais. Mas
desconfio de como esse controle seria feito, sobretudo da nova classe de
funcionários ora atentos e bastante motivados ou distraídos e
prontos para ignorar, dependendo de que lado sopra o vento. Até há uns
tempos atrás lia aqui no Observador comentários sobre teorias da conspiração em
que a destruição do Ocidente estaria em marcha. Pareciam-me exagerados. Hoje já
não. Francisco
Miguel Colaço > João Floriano:
No Portugal de
hoje é impossível prever o passado. João
Floriano > Francisco Miguel Colaço: Bom dia Francisco Excelente frase. Parabéns por a transcrever e parabéns a
dobrar se ela é da sua autoria. bento
guerra > João Floriano: Excelente reflexão, para hora
tão matinal. Penso que a política e o "main stream" de pensamento continuarão
a ser comandados pelas massas e a sua contribuição para o "share" e
audiências, onde o "wokismo" dificilmente entrará João Floriano > bento guerra: Espero que o Bento tenha razão,
embora eu tenha as minhas dúvidas. Parece que não tem nada a ver, mas até tem.
De quando em vez olho para o que se está a passar em Londres e
independentemente de se gostar ou não da monarquia e de quem a representa, o
espectáculo televisivo é soberbo e só me posso sentir feliz com a definição de
imagem, cor e som. Esta geração nova não tem a noção do que era uma
televisão a preto e branco antes de 1980. E ali temos a manifestação mais
anti woke que se possa imaginar. Tudo pela tradição, tudo pela História. O
principe Harry sozinho sem a sua Megan é simbólico. Álvaro
Venâncio: Excelente crónica
que explica com clareza a perversão do wokismo e o que lhe está na génese. E, claro, escrito num português de eleição. Particularmente útil para mim porque fiquei a saber que a editora
portuguesa RANDOM PENGUIN HOUSE PORTUGAL, também já aderiu a este perigoso
movimento censório. E que a editora Quetzal,
liderada por Francisco José Viegas, já anunciou a sua posição contra este
criminoso movimento. bento
guerra: Não sei qual a
extensão dessa nova tendência para controlar o pensamento. A mim ,preocupa-me
mais o que se passa próximo, como este jornal e também vários dos seus leitores MCMCA A: Excelente artigo, o que é a
imagem de marca do autor klaus muller: Se ainda não chegou, vai chegar
essa figura do "leitor do sensibilidade". Só que, em Portugal, não vão
ser as editoras a pagar a essas figurinhas, por exemplo o Mamadú Bá, aquela
ex-deputada vasta do Livre, da Guiné. Nada disso, vão ser os nossos impostos a
pagarem-lhes um bom salário.
Pontifex Maximus: Penso que a sugestão de que os
mais velhos alertam os mais novos para o perigo representado pelos “leitões
sensibilidade” não será suficiente para combater essa nova forma de censura.
Tal como se combate o sistema político com os pés ao votando, esse problema
combate-se com a carteira riscando editoras como a referida no texto… Zapf Dingbats: Artigo notável e que deveria
ser óbvio: não se alteram obras de arte póstumas. A censura woke é apenas a
versão elitista daqueles supostos parolos americanos que se escandalizaram com
a pilinha da estátua de David. Ana Silva: Muito preocupante.
A palavra não é apenas descritiva. Também
criadora através das ideias que transmite, é histórica pois reflecte a História
e de certa maneira cria a História (como o famoso discurso de Churchill sobre o
rumo a tomar pelo Reino Unido diante do avassalador avanço nazi sobre toda a
Europa Continental). A palavra apela à reflexão pessoal de cada indivíduo.
Por tudo isto a palavra tem uma força incalculável. O
próprio Deus-filho é identificado com o Verbo e o Verbo é e está na
origem/criação do Mundo (capítulo I do Evangelho de S. João).
Apercebendo-se
disso, os neo-marxistas (leia-se: utópicos violentos) dos nossos dias pretendem
controlar a linguagem, para controlarem o pensamento. É o pensamento que nos
permite conhecer os factos, consciencializar e tomar opções. É a capacidade de
pensar que nos permite a capacidade de decidir e actuar em liberdade. Em
derradeira análise é, por este meio de normalizar o discurso escrito, impondo o
linguajar woke ou o politicamente correto da intelectualidade de esquerda, que se
condiciona a liberdade de pensar. E isso é um retrocesso civilizacional que não
podemos permitir. Álvaro
Venâncio > Ana Silva: Excelente. Maria Liz: Muito bom. Obrigada. Lembram-se do Ministério da
Verdade? Há-de chegar um tempo em que a História/ o passado não sofrerão
alterações mas será liminarmente apagado assim como a memória de que
aconteceram. Pufff... Só a verdade presente é verdade. Aterrador. Daniel Salgado
Santos: Muito bem... como sempre Maria Nunes: A única forma de combater este ataque à nossa
liberdade, é não comprar os livros destas Editoras. A Humanidade nunca muda. Há
sempre alguns que querem condicionar a liberdade dos outros. Francisco
Miguel Colaço > Maria Nunes: Essa
é a melhor resposta. Nada fala a um editor mais do que armazéns cheios e
encomendas nenhumas. Maria
Liz > Coronavirus corona: Pois. Está tudo ligado. É uma paleta de diferentes
alterações - decisões, decretos, leis em diferentes "departamentos"
da vida das pessoas - parecendo que são completamente independentes entre si. Mas...
não. Todos fazem parte de uma grande tela onde só vão ser usadas as cores que
os Grandes Líderes decidirem - para o nosso bem e para nos protegerem, de quê
mesmo??? Rui
Lima: Hoje nada escapa, a liberdade de
escrever não existe mais, já os escritores que no passado escreveram as suas
obras em liberdade agora os novos censores vão a esses livros retirar o que
para eles não é puro. O Ocidente está a dar tiros nos pés, aplicam princípios
totalitários para purificar a sociedade, mas há uma grande contradição se o
Ocidente é super racista porque todos os povos do mundo querem vir para onde
são insultados? Porque não escolhem os países onde não há racismo, da China aos
países árabes pelo menos lá não se fala disso? Ou será antes uma forma de tirar
dividendos para se aproveitarem do trabalho da 5ª coluna conhecidos por
marxistas que têm por missão destruir as sociedades ocidentais, em nenhuma
outra civilização se acolherem os “outros” com tanta amizade, em França perto
de 80% dos gastos para a juventude não é para jovens franceses, é para
estrangeiros.
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