quinta-feira, 11 de maio de 2023

Tudo isto existe


E é triste, e é nosso fado, há muito que o sabemos. Maria João Avillez o expressa, com sentimento e arte.

A panache e o gelado

Além da panache do Primeiro Ministro, atrás do biombo do seu gesto, continua o mesmo país que já lá estava. Com as contas certas e o resto errado. Vai ser da sobrevivência de Costa que se trata agora.

MARIA JOÃO AVILLEZ Jornalista, colunista do Observador

OBSERVADOR, 10 mai. 2023, 00:2238

1Ainda este momento político: não duvido que para o PS e (ainda) para muitos portugueses António Costa é um “excepcional” político. Tão hábil em levar qualquer água ao moinho da sua maior conveniência; tão talentoso a negociar a seu favor, tão prodigioso com os seus a ponto de os confundir com o país, tanto jogo de cintura. E há sete anos ao leme, coisa formidável. Logo após a intervenção presidencial na noite de 2 de Maio o PS – ou quase todo o PS – fez constar que rejubilara. O Grande Costa, encenando-se a si mesmo, desafiara o Chefe de Estado, exibira mando, reforçara o poder, impusera novas regras . Costa “derrotara” Marcelo. O eco dos discordantes socialistas desta (alucinante?) tese era uma brumosa surdina frente à arrasadora certeza de uma vitória com carácter definitivo. Sucede que, hélas, uma “bravata” não substitui uma governação, nem um instante de ilusória glória redime a falta de legado governativo. Para além da panache do Primeiro Ministro, atrás do biombo do seu gesto, continua o mesmo país que já lá estava. Com as contas certas e o resto errado. A bravata e a panache esgotaram-se nelas próprias, estampadas contra a imperiosa necessidade de sobrevivência política de alguém atarraxado ao poder com pregos de aço. Claro que será diminuto o núcleo de portugueses que concordarão comigo ou acharão apropriado o mote da “sobrevivência” aplicado ao Primeiro Ministro, mas é lá que me incluo. E onde, ou muito me engano, se inclui também o próprio António Costa que percebeu estar já nessa rota (e não nos intimou ele a também concluir isso mesmo com a “natureza” da sua invectiva contra o Chefe de Estado?) Assim parece: apesar de dominar o Estado, apesar do leque de aumentos ou (fictícias) benesses que abrirá para o povo, dos truques que tirará da cartola para lhe cativar o voto, apesar dos milhões que irá despejar sobre o país nos meses anteriores às eleições europeias. (Dizem que a aplicação do PRR se atrasa a cada dia. É verdade: mas não será sobretudo porque está “guardado” para que com ele e através dele se fazerem fogachos e deitarem serpentinas quando for o tempo eleitoral delas?)

2Em Belém nesse mesmíssimo serão de 2 de Maio não se duvidava que o Chefe de Estado fora um autêntico Chefe de Estado: serenidade institucional, autoridade sóbria, discurso pedagógico, argumentação forte, frontalidade, clareza. Impacto. É verdade. Podia apetecer acreditar. (O Presidente da República resistiu até a, pela “enésima” vez, pronunciar a desacreditada palavra “dissolução”… um feito que lhe foi altamente recomendado horas antes da sua intervenção por um amigo do peito). Mas com sete anos de atraso e 24 horas após a incontida prova de um gelado diante das (devidamente avisadas) câmaras de televisão era legítimo e verosímil que a perplexidade se instalasse: acreditar? Entre a fundamentada perplexidade causada por um, Chefe do Estado e a torpe encenação do outro, Chefe do Governo, fiquei com a perplexidade. Nove dias depois, talvez nem com um, nem com o outro.

É certo que o actual Presidente tem uma invulgaríssima de tão exclusiva “ideia” da instituição presidencial. Das suas funções constitucionais e políticas, do modo como as mobila, dos comportamentos com que as interpreta. Mesmo assim. Não é de todo a mesma coisa para o país e para uma plateia de nove milhões de portugueses ter um Presidente da República que escolheu agir assim do que não ter, e basta relembrar (não foi assim há tanto tempo) os seus quatro antecessores naquela mesma morada: a nenhum ocorreu ter já tirado (talvez nove) milhões de selfies, para pré-garantir ser ininterruptamente amado; a nenhum passou pela cabeça, num momento sério da vida nacional, expor-se de tal modo que permitisse a uma jornalista interrogá-lo publicamente sobre a sua cor partidária de gelados, laranja ou rosa? Um divertissement com assinatura. Não pode acabar bem.

Mas como o futuro a Deus pertence, apoio-me no presente: o Presidente da República anunciou solenemente que ia mudar. E solene era o local, o speech impresso, o olhar por uma vez um pouco mais fixo no recado e menos vertiginosamente à procura de onde se pousar. Ia mudar: passará a estar supostamente mais atento e a ser supostamente mais severo. Sendo coisa por verificar (a atenção tem sete anos de atraso político e qual o modelo de severidade?) percebe-se o “enjeu”: o anúncio anuncia-nos que o Presidente também percebeu que tem pouco tempo para que a História lhe não seja madrasta. Para que a sua solidão que aqui mesmo e em livro já tanto evoquei como um factor funesto não venha a dar cabo do homem, do intelectual, do político e do Chefe de Estado; para que o seu eleitorado não lhe vire de vez a cara, quando daqui por três anos mas o tempo passa depressa, se despedir daquele Palácio. Ironicamente tão cor de rosa como os anos leves e deslizantes que até hoje ele leva lá dentro. Rosa como as suas paredes, como a cor do PS, como foi até há dias a sua relação com a família socialista. Cor de rosa como um gelado assassino.

3De modo que um, António Costa, vai tentar sobreviver politicamente em duas frentes: como chefe do governo para chegar a Bruxelas, habitat de um possível, previsível e amado destino; como o único chefe da tribo socialista, com tempo e credibilidade para nomear o seu sucessor. Parece evidente, pode não ser fácil.

O outro, Marcelo Rebelo de Sousa irá tentar redimir-se de um passado longo demais “dentro” do PS, da atenção que não teve para com os governos, da severidade que nunca usou para com as esquerdas. Da ferocidade desproporcionada que praticou sempre para com o PSD. Alguém acreditará? O Presidente importar-se-á sempre menos com essa dúvida do que com o veredicto da História.

Falou-se muito — eu também, mea culpa – em ganhadores e perdedores. Hoje com algum recuo e tida alguma reflexão, continuo a achar obviamente o país como ele estava — um caso perdido por mais de uma geração — e não considero que haja vencedores nem vencidos. Há dois cavalheiros que a pátria teve a pouquíssima sorte — essa sim, madrasta — de ver coabitar como número um e numero três do nosso pobre Estado. Há sete anos que penso isto mesmo e que atribuo a essa simultaneidade desastrosa, que tanto agrada a tantos, a causa de quase tudo o que de mais lesivo aconteceu em Portugal (um dia ainda hei-de voltar a este tema).

4Tudo isto faz mal e faz pena mas tenho mais pena do futuro. Faz pior e mais pena pensar no futuro. Com tão inquinado solo, tão fracas sementes, tão maus semeadores, o substantivo quase dói. Não há racionalidade que suporte a sua esperança, nem se vê quem nesse tal futuro, surja como capaz de pensar — e de levar os portugueses a pensar — a pátria como ideia, pertença, obrigação. Largando de vez as amarras desta sonolência demissionária. Tenho até uma sincera, genuína, real aflição antecipada pelos herdeiros políticos do presente. Deste.

Desculpem qualquer pessimismo.

PS: Em Maio fui, noutro Maio saí. Quando entrei a estação noticiosa ainda se chamava TVI 24, agora foi da CNN que me despedi esta semana. Não se pode ter tudo. Passaram exactamente dois anos. Trouxe comigo momentos de enorme, vibrante, brio profissional, outros de inconfessável — por agora – alguma desilusão. Também não se pode querer tudo, mas minha intuição não me costuma deixar mal.

POLÍTICA   MARCELO REBELO DE SOUSA   PRESIDENTE DA REPÚBLICA   ANTÓNIO COSTA

COMENTÁRIOS (de 38)

Gabriela Gop: Mª João Avillez ficará na história do jornalismo português, e poderá até passar as fronteiras; quanto a Mrs a história não dirá nada sobre ele, como a Mª João bem sabe...                          Fernando CE: Brilhante e muito bem escrito ( modestamente ,apreciei).. Também estou desanimado com o país. De Costa nunca tive dúvidas que pouco valia. E teve ele o topete de falar em Cavaco Silva na sua romena de posse.       Por8175: Finalmente, MJA, alguém tem a coragem de dizer que estas duas personagens enterraram o futuro dos meus Netos neste País! Que pena ter demorado o mesmo tempo que demorou ao papagaio real do reino ter o que acho que será sempre uma "investida de manso"! Mas ainda falta pôr o dedo na ferida: é o SOCIALISMO (seja ele PS ou PSD) é que é o problema.          Maria Guedes: Gostei muito do seu artigo, pena que a estória seja tão triste...Estes 2 senhores vão ficar para a História, pelas piores razões, para nossa infelicidade e para a infelicidade das gerações vindouras, sem futuro.              JOHN MARTINS: Destes dois políticos em cena: um deixa-nos um milhão de selfies...o que não é nada; o outro deixa-nos algumas dezenas de casos e casinhos, e alguns sarilhos, o que é ainda pior. Mal vai o palácio de Belém e S. Bento. Fraca herança!!!                   Maria Tubucci: Não é pessimismo, MJA, é realismo. Por acaso interpreto a cena dos gelados do PR, de outra maneira, como uma mensagem subliminar enviada ao PM, do género: “Não penses que como gelados com a testa, tal como costumas fazer aos portugueses. Comigo não. Até hoje, safei-te de inúmeras situações politicamente desastrosas, mesmo sacrificando a minha família política, e tu espetas-me a faca à traição, do mesmo modo que já fizeste a outros políticos anteriores. Não. Agora vais aprender com quantos paus se faz uma canoa, seu fdp, vais pagar bem caras as vacas ao dono”. Sim. O futuro a Deus pertence, mas acho que o PR mudou. Penso que não vai impedir o PM de governar, aliás vai dar-lhe corda suficiente para o “enforcar”, pois o PM foi longe demais, pisou gente demais, destruiu demais. Resta saber se foi desta que PM marrou contra a parede!                  Ediberto Abreu: Excelente descrição da nossa triste realidade. MJ, tardou mas chegou, finalmente, a vê-la.                  João Ramos: Quanto ao Post Scriptum uma conclusão, as nossas televisões vão de mal a pior…                 José Maria Cunha: Muito bom. Cheio de verdade. Tristeza a nossa. Parabéns e os desejos que a saída da CNN não seja o silêncio. Obrigado     João Ramos: Muito bom artigo Maria João, infelizmente também partilho do teu cepticismo, já passou demasiado tempo (7anos) de irresponsabilidade destes dois que nos saíram na rifa, Marcelo não conseguirá resistir a si próprio e Costa e o seu PS são um enxame de mentira. Estamos francamente muito mal servidos!!!              Alberico Lopes: É sempre refrescante ler os artigos desta grande Jornalista, que dá pelo nome de Maria João Avilez! Parabéns, Maria João: desculpe tratá-la assim, mas é este o modo como me apetece sempre tratar uma Senhora por quem tenho o maior respeito e estima! Votos de boa saúde e que continue a dar-nos como privilégio as suas magníficas crónicas! Quanto à de hoje: no que respeita ao sr. Costa, nem sequer me pronuncio: ignoro simplesmente a criatura; já quanto ao sr. Marcelo, só lamento que na 1ª. votação para Presidente, eu tenha sido tão pouco perspicaz que até ajudei à sua eleição e não ter votado no Sr. Henrique Neto. Claro que, para o 2º. mandato, caspite: até consegui que mais cerca de 50 pessoas dos meus contactos não voltassem a cair na esparrela! Para mim, é o 1º. responsável pela degradação a que este pobre País chegou! Ele e o que lhe segurava o guarda-chuva!                         Antonio Sennfelt: Ao cabo de 7 (sete) 7 anos ter-lhe-ão finalmente caído os antolhos?                 Tristão: Sinto-me exactamente como a Maria João, descrente no futuro e cansado desta pequena política. Montenegro, Rui Rocha, e o inenarrável Ventura, constituem uma alternativa pouco mobilizadora e pior ainda, que deixa pouco espaço para sonhar. Apoia-se por não serem socialistas, mas só isso não chega… O país parece estar destinado aos seus mais incapazes. Passos Coelho e Assunção Cristas foram uma espécie de canto do cisne do sistema, nem tudo foi perfeito como é evidente, mas a tendência parece ser baixar o nível até ao infinito.                      João Floriano > Tristão: Não me lembro de o ter visto assim tão desalentado como agora. Esse desalento, essa falta de esperança apenas favorece o PS e os seus comparsas à espera de serem chamados para um remake da geringonça. Não será fácil acabar com tantos anos de socialismo, de esquerda que nos tem transformado num país de pedintes, de novos emigrantes, desta vez instruidos e competentes, num país onde a intriga substitui o debate político. Os dias vão passando e não se vê nenhuma medida reformista. Esta constante lavagem cerebral sobre as limitações de lideres como Montenegro, Rui Rocha e o inarrável Ventura fazem parte de uma «narrativa» posta a circular pelo PS através da CS. Há partido com mais incompetentes por metro quadrado do que o PS? O que eles têm feito, as aldrabices que têm contado, os esquemas que têm montado, as comédias que têm encenado.... No entanto querem-nos convencer que sem eles o país afunda. Eu penso precisamente o contrário. sem eles o país salva-se. Anime-se Tristão. Pegue na Isolda e leve-a a comer um gelado ao Santini.                    Tristão > João Floriano: Caríssimo Floriano. Bem me tenta alegrar, mas não creio que consiga, temos pela frente uma incompetência sem limites à frente dos destinos do país, mas ao mesmo tempo, embora me custe reconhecer, uma igual incompetência, se quiser ser mais brando, impreparação, do outro lado. Esta constatação nada tem a ver com os media, tenho esta convicção há já algum tempo, no fundo, “ estão bem uns para os outros”. Olha-se para a Europa e restantes países democráticos, o famoso ocidente alargado (agora está na moda esta designação 🙂) e também, salvo raras excepções, há uma degradação visível das lideranças, cujo pináculo é os EUA que mais uma vez vai ter dois candidatos inacreditáveis para o país, ainda, mais rico e poderoso do mundo. Até os vilões, leia-se, ditadores, são de má qualidade 😅 Amanhã já estarei melhor Mario Bastos: Quanto á sua saída da CNNpt, considerando a qualidade do jornalismo praticado por aquele canal, andar por lá dá mais cadastro que curriculum.                   Carlos Chaves:  “(...) daquele Palácio(...)” “Ironicamente tão cor de rosa como os anos leves e deslizantes que até hoje ele leva lá dentro. Rosa como as suas paredes, como a cor do PS, como foi até há dias a sua relação com a família socialista. Cor de rosa como um gelado assassino. Simplesmente genial Maria João, esta sua frase vai ficar na história sobre esta nefasta personagem! Obrigado.                    bento guerra: Há dinheiro até ao fim da Legislatura e mesmo do mandato do "papa-gelados" .Não tenham ilusões, será um empobrecimento à portuguesa, com palmadinhas nas costas   Carlos Fernandes: Confunde-se "habilidade política" com "trafulhice". Confunde-se "manobra de bastidores" com "vigarice". Confunde-se "discurso político" com "mentira". Confunde-se "interesse do país" com "alimentar o bando". Confunde-se "animal político" com "sem vergonha". Confunde-se "faro político" com "viscoso". Quando um povo confunde tudo, acaba por ser ele próprio confundido com uma camada de idiotas úteis.     João Floriano: Em maio entrou, em maio saiu. A CNN vai ficar mais pobre. Maria João Avillez deu-nos momentos magníficos nesta estação com os seus comentários e as suas entrevistas. Uma jornalista muito inteligente, ainda que tenha discordado por vezes das suas opiniões e ainda não lhe ter perdoado o que escreveu sobre o CHEGA na sua crónica anterior. Perder uma jornalista como Maria João Avillez no debate televisivo é mau. Perder mais uma voz de direita num meio cada vez mais colonizado e infestado pela esquerda e pelo PS é ainda pior. Pertenço ao grupo de Maria João Avillez. Não considero que António Costa tenha saído como grande vencedor deste combate político. Temos de nos entreter com alguma coisa e o assunto desta semana tem sido decidir qual o galo que ganhou, qual o que mais bicadas deu, já que Belém e S. Bento estão transformados em capoeiras cada uma com o seu galo garnisé. Há no entanto uma certeza sobre os perdedores: Nós os portugueses, sempre Nós e temos de falar de Nós. Estamos sempre a perder, quando devíamos ser os primeiros a ganhar. Ganhar um país no caminho do progresso, da boa gestão do PRR, da resolução dos graves problemas que nos afligem. Mas estamos cada vez mais longe de isso acontecer. O desentendimento entre PR e PM devia ter servido de oportunidade para um debate sobre o estado da nação. Nada disso, tudo na mesma, porque já se chegou a um ponto em que não vale a pena debater os grandes problemas nacionais. Em vez disso a CS andou uma semana entretida com o simbolismo do gelado do Santini. Só faltou Marcelo ter comido em directo uma rosa, já que parece terem passado os tempos da rosa ao peito.                    F. Mendes: Não consegui perceber bem os pontos 2 e 3, deste artigo. MJA faz tantas voltas no que escreve, que parece mais sinuosa que o seu amigo Marcelo. Dá-me ideia, lendo e relendo, que ainda tem alguma esperança que o Marcelo mude alguma coisa, embora 7 anos de marmelada com o Costa e sendo Marcelo como é, tal lhe cause dúvidas; a menos, claro, que Marcelo no futuro seja menos Marcelo por causa do veredicto da História (?!), que pode não ser simpático com alguém de comportamento tão inusitado na "pr". Ufa! Será isto? Se for, resume-se assim: seria bom que o presidente não fosse "o que é" (nas palavras do próprio), e se parecesse minimamente com um titular do primeiro Órgão de soberania de um país civilizado e democrático. Não seria pedir muito. Mas, é esperar demais                      João Floriano > F. Mendes: Bom dia F. O que eu acho de diferente nesta crónica é o desânimo perante a figura de Marcelo Rebelo de Sousa que Maria João Avillez sempre considerou num patamar superior de inteligência. Talvez que finalmente Maria João Avillez tenha compreendido que um professor universitário com fama de intelectual de excelência movido por afectos, não dará à partida garantias como PR de qualidade, sobretudo se o PM tiver o perfil de habilidoso como tem António Costa. Era uma questão de tempo até dois egos enormes se desentenderem. Especulações à parte, a verdade é inescapável: vamos cada vez para pior e também curiosamente falou-se tanto da descrispação que Marcelo veio trazer ao ambiente político em 2016 e tornou-se ele mesmo um motivo para o crescimento de uma crispação ainda maior.                  F. Mendes > João Floriano: Muito obrigado. Concordo com a sua conclusão. E inclino-me para que MJA não dê grande coisa por este personagem, no tocante ao que ele poderá ainda fazer. Que não gosta dos "mandatos" até agora, parece-me evidente. Marcelo não vai gostar de ler este artigo, isso parece-me claro. Mas quem está, de facto, a perder, somos nós.        F. Mendes > Fernando Cascais: Não tinha pensado nessa possibilidade. Duvido que Marcelo mude o seu comportamento de forma significativa. Possivelmente, será menos complacente com o "governo", se perceber que o respectivo desgaste também o afecta. Com sorte, será neutro face à oposição, o que não tem acontecido até agora. Obrigado pela sua resposta.              Fernando Cascais > F. Mendes: Eu também duvido. Durante um mês ou dois, Marcelo andará realmente em confronto aberto com o governo, mas não tardará muito para se fartar, tanto, que não é o seu estilo. Marcelo é um animal político, mas não para andar às marradas com o primeiro-ministro. Por falar em animismos, a nossa imagem, além de ser aquilo que comemos, é também aquilo que pensamos. Por exemplo, Einstein não poderia ter a aparência de um Jerónimo de Sousa, ou, a Sophia de Mello Breyner a aparência da Mariana Mortágua. Os economistas tem ares de economistas e os arquitectos ares de arquitetos. Aqui chegados, não podemos imaginar um Cavaco dos afetos nem um Marcelo eanista fechado no palácio. Marcelo não tem características físicas para a guerra. Tem perfil para entreter um salão, não tem perfil para comandar um batalhão e muito menos para gerir um conflito duradouro. Bem ou mal, Marcelo é um homem de paz com um piquinho a azedo para a intriga.. Maria Cordes > F. Mendes: Claro que não vai mudar. Com a idade, vai piorar. Tirem o cavalinho da chuva. Uma terra em que os avós estão desejosos que os netos emigrem, e tristes pelos filhos que não partiram. Querem maior desgraça!          F. Mendes > Fernando Cascais: Essa sua imagem final, prefiro não comentar. Dou outra, quase tão improvável: conseguir ensinar duas lesmas a dançar o tango! No resto, estamos de acordo: este arrufo de namorados, só dura enquanto interessar ao Costa. Foi ele que o criou, e lá saberá porquê.                F. Mendes > Maria Cordes: Temos que fazer o possível para que assim não seja. Agradeço a sua resposta.       C. Soares: Retrocessos civilizacionais uns atrás de outros! Não será por acaso que Portugal tem o maior número de pessoas com problemas do foro mental. Viver rodeados de egos narcisistas á frente do país, a espezinharem os cidadãos com impostos e figuras tristes, mentiras, favores, dinheiros perdidos nos circuitos de portas giratórias para uma "elite" de imbecis, enquanto a pobreza invade este país! Deviam ter vergonha dos dias em que se clamavam defensores do povo e dos trabalhadores, afinal são iguais àqueles que derrotaram em 25 de Abril de 1974, falta de empatia, egoísmo, e descaramento. Também não estou a ver uma saída fácil desta corrupção activa a todos os níveis. Tenho pena de viver em Portugal!    Graça Ribeiro > C. Soares: Excelente, C. Soares. Num texto curto, conseguiu resumir a triste situação a que todos nós chegámos.

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