E é triste, e é nosso fado, há muito que
o sabemos. Maria João Avillez o expressa,
com sentimento e arte.
A
panache e o gelado
Além da panache do Primeiro Ministro,
atrás do biombo do seu gesto, continua o mesmo país que já lá estava. Com as
contas certas e o resto errado. Vai ser da sobrevivência de Costa que se trata
agora.
MARIA JOÃO AVILLEZ Jornalista,
colunista do Observador
OBSERVADOR, 10 mai. 2023, 00:2238
1Ainda este momento político: não duvido que para o PS e (ainda) para
muitos portugueses António Costa é um “excepcional” político. Tão hábil
em levar qualquer água ao moinho da sua maior conveniência; tão talentoso a
negociar a seu favor, tão prodigioso com os seus a ponto de os confundir com o
país, tanto jogo de cintura. E há sete anos ao leme, coisa formidável. Logo
após a intervenção presidencial na noite de 2 de Maio o PS – ou quase todo o PS
– fez constar que rejubilara. O Grande
Costa, encenando-se a si mesmo, desafiara o Chefe de Estado, exibira mando,
reforçara o poder, impusera novas regras . Costa “derrotara” Marcelo. O eco dos
discordantes socialistas desta (alucinante?) tese era uma brumosa surdina
frente à arrasadora certeza de uma vitória com carácter definitivo.
Sucede que, hélas, uma “bravata” não substitui uma governação, nem um instante
de ilusória glória redime a falta de legado governativo. Para
além da panache do Primeiro Ministro, atrás do biombo do seu gesto, continua o
mesmo país que já lá estava. Com as contas certas e o resto errado.
A bravata e a panache esgotaram-se nelas próprias, estampadas contra a
imperiosa necessidade de sobrevivência política de alguém atarraxado ao poder
com pregos de aço. Claro que será diminuto o núcleo de portugueses que
concordarão comigo ou acharão apropriado o mote da “sobrevivência” aplicado ao
Primeiro Ministro, mas é lá que me incluo. E
onde, ou muito me engano, se inclui também o próprio António Costa que percebeu
estar já nessa rota (e não nos intimou ele a também concluir
isso mesmo com a “natureza” da sua invectiva contra o Chefe de Estado?) Assim
parece: apesar de dominar o Estado, apesar do leque de aumentos ou (fictícias)
benesses que abrirá para o povo, dos truques que tirará da cartola para lhe
cativar o voto, apesar dos milhões que irá despejar sobre o país nos meses
anteriores às eleições europeias. (Dizem que a aplicação do PRR se
atrasa a cada dia. É verdade: mas não será sobretudo porque está “guardado”
para que com ele e através dele se fazerem fogachos e deitarem serpentinas
quando for o tempo eleitoral delas?)
2Em Belém nesse mesmíssimo serão de 2 de
Maio não se duvidava que o Chefe de Estado fora um autêntico Chefe de Estado:
serenidade institucional, autoridade sóbria, discurso pedagógico, argumentação
forte, frontalidade, clareza. Impacto. É verdade. Podia apetecer acreditar. (O
Presidente da República resistiu até a, pela “enésima” vez, pronunciar a
desacreditada palavra “dissolução”… um feito que lhe foi altamente recomendado
horas antes da sua intervenção por um amigo do peito). Mas com sete anos de
atraso e 24 horas após a incontida prova de um
gelado diante das (devidamente avisadas) câmaras de televisão era legítimo e
verosímil que a perplexidade se instalasse: acreditar? Entre a
fundamentada perplexidade causada por um, Chefe do Estado e a torpe encenação
do outro, Chefe do Governo, fiquei com a perplexidade. Nove dias depois, talvez
nem com um, nem com o outro.
É certo que o actual Presidente tem uma
invulgaríssima de tão exclusiva “ideia” da instituição presidencial. Das suas
funções constitucionais e políticas, do modo como as mobila, dos comportamentos
com que as interpreta. Mesmo assim. Não é de todo a mesma coisa para o país e
para uma plateia de nove milhões de portugueses ter um Presidente da República
que escolheu agir assim do que não ter, e
basta relembrar (não foi assim há tanto tempo) os seus quatro antecessores naquela
mesma morada: a nenhum ocorreu ter já tirado (talvez nove) milhões de selfies,
para pré-garantir ser ininterruptamente amado; a nenhum passou pela cabeça, num
momento sério da vida nacional, expor-se de tal modo que permitisse a uma
jornalista interrogá-lo publicamente sobre a sua cor partidária de gelados,
laranja ou rosa? Um divertissement com assinatura. Não pode
acabar bem.
Mas como o futuro a Deus pertence,
apoio-me no presente: o
Presidente da República anunciou solenemente que ia mudar. E solene
era o local, o speech impresso, o olhar por uma vez um pouco mais fixo no
recado e menos vertiginosamente à procura de onde se pousar. Ia mudar: passará
a estar supostamente mais atento e a ser supostamente mais severo. Sendo coisa
por verificar (a atenção tem sete anos de atraso político e qual o modelo de
severidade?) percebe-se o “enjeu”: o
anúncio anuncia-nos que o Presidente também percebeu que tem pouco tempo para
que a História lhe não seja madrasta. Para que a sua solidão que aqui mesmo e
em livro já tanto evoquei como um factor funesto não venha a dar cabo do homem,
do intelectual, do político e do Chefe de Estado; para que o seu eleitorado não
lhe vire de vez a cara, quando daqui por três anos mas o tempo passa depressa,
se despedir daquele Palácio. Ironicamente tão cor de rosa como os anos leves e
deslizantes que até hoje ele leva lá dentro. Rosa como as suas paredes, como a
cor do PS, como foi até há dias a sua relação com a família socialista. Cor de
rosa como um gelado assassino.
3De modo que um, António Costa, vai
tentar sobreviver politicamente em duas frentes: como chefe do governo para
chegar a Bruxelas, habitat de um possível, previsível e amado destino; como o
único chefe da tribo socialista, com tempo e credibilidade para nomear o seu
sucessor. Parece evidente, pode não ser fácil.
O outro, Marcelo Rebelo de Sousa irá
tentar redimir-se de um passado longo demais “dentro” do PS, da atenção que não
teve para com os governos, da severidade que nunca usou para com as esquerdas.
Da ferocidade desproporcionada que praticou sempre para com o PSD. Alguém
acreditará? O Presidente importar-se-á sempre menos com essa dúvida do que com
o veredicto da História.
Falou-se muito — eu também, mea culpa –
em ganhadores e perdedores. Hoje com algum recuo e tida alguma reflexão, continuo
a achar obviamente o país como ele estava — um caso perdido por mais de uma
geração — e não considero que haja vencedores nem vencidos. Há dois
cavalheiros que a pátria teve a pouquíssima sorte — essa sim, madrasta — de ver
coabitar como número um e numero três do nosso pobre Estado. Há sete anos que
penso isto mesmo e que atribuo a essa simultaneidade desastrosa, que tanto
agrada a tantos, a causa de quase tudo o que de mais lesivo aconteceu em
Portugal (um dia ainda hei-de voltar a este tema).
4Tudo isto faz mal e faz pena mas tenho
mais pena do futuro. Faz pior e mais pena pensar no futuro. Com tão inquinado
solo, tão fracas sementes, tão maus semeadores, o substantivo quase dói. Não
há racionalidade que suporte a sua esperança, nem se vê quem nesse tal futuro,
surja como capaz de pensar — e de levar os portugueses a pensar — a pátria como
ideia, pertença, obrigação. Largando de vez as amarras desta sonolência
demissionária. Tenho até uma sincera, genuína, real aflição antecipada pelos
herdeiros políticos do presente. Deste.
Desculpem qualquer pessimismo.
PS: Em Maio fui, noutro Maio saí. Quando
entrei a estação noticiosa ainda se chamava TVI 24, agora foi da CNN que me
despedi esta semana. Não se pode ter tudo. Passaram exactamente dois anos.
Trouxe comigo momentos de enorme, vibrante, brio profissional, outros de
inconfessável — por agora – alguma desilusão. Também não se pode querer tudo,
mas minha intuição não me costuma deixar mal.
POLÍTICA MARCELO REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA REPÚBLICA ANTÓNIO COSTA
COMENTÁRIOS (de 38)
Gabriela Gop: Mª João Avillez ficará na
história do jornalismo português, e poderá até passar as fronteiras; quanto a
Mrs a história não dirá nada sobre ele, como a Mª João bem sabe... Fernando
CE: Brilhante e muito
bem escrito ( modestamente ,apreciei).. Também estou desanimado com o
país. De Costa nunca tive dúvidas que pouco valia. E teve ele o topete de falar
em Cavaco Silva na sua romena de posse.
Por8175: Finalmente, MJA, alguém tem a
coragem de dizer que estas duas personagens enterraram o futuro dos meus Netos
neste País! Que pena ter demorado o mesmo tempo que demorou ao papagaio real do
reino ter o que acho que será sempre uma "investida de manso"! Mas
ainda falta pôr o dedo na ferida: é o SOCIALISMO (seja ele PS ou PSD) é que é o
problema. Maria Guedes: Gostei muito do seu artigo, pena que a estória seja tão triste...Estes 2
senhores vão ficar para a História, pelas piores razões, para nossa infelicidade
e para a infelicidade das gerações vindouras, sem futuro. JOHN MARTINS: Destes dois políticos em cena:
um deixa-nos um milhão de selfies...o que não é nada; o outro deixa-nos algumas
dezenas de casos e casinhos, e alguns sarilhos, o que é ainda pior. Mal vai o
palácio de Belém e S. Bento. Fraca herança!!!
Maria
Tubucci: Não é pessimismo, MJA, é realismo. Por acaso
interpreto a cena dos gelados do PR, de outra maneira, como uma mensagem
subliminar enviada ao PM, do género: “Não penses que como gelados com a testa,
tal como costumas fazer aos portugueses. Comigo não. Até hoje, safei-te de
inúmeras situações politicamente desastrosas, mesmo sacrificando a minha
família política, e tu espetas-me a faca à traição, do mesmo modo que já
fizeste a outros políticos anteriores. Não. Agora vais aprender com quantos
paus se faz uma canoa, seu fdp, vais pagar bem caras as vacas ao dono”. Sim. O
futuro a Deus pertence, mas acho que o PR mudou. Penso que não vai impedir o PM
de governar, aliás vai dar-lhe corda suficiente para o “enforcar”, pois o PM
foi longe demais, pisou gente demais, destruiu demais. Resta saber se foi desta
que PM marrou contra a parede!
Ediberto Abreu: Excelente
descrição da nossa triste realidade. MJ, tardou mas chegou, finalmente, a
vê-la. João
Ramos: Quanto ao Post Scriptum uma conclusão, as
nossas televisões vão de mal a pior…
José Maria Cunha: Muito bom. Cheio de verdade. Tristeza a nossa. Parabéns
e os desejos que a saída da CNN não seja o silêncio. Obrigado João Ramos: Muito bom artigo Maria João, infelizmente também
partilho do teu cepticismo, já passou demasiado tempo (7anos) de
irresponsabilidade destes dois que nos saíram na rifa, Marcelo não conseguirá
resistir a si próprio e Costa e o seu PS são um enxame de mentira. Estamos
francamente muito mal servidos!!! Alberico Lopes: É sempre refrescante ler os artigos desta grande
Jornalista, que dá pelo nome de Maria João Avilez! Parabéns, Maria João:
desculpe tratá-la assim, mas é este o modo como me apetece sempre tratar uma
Senhora por quem tenho o maior respeito e estima! Votos de boa saúde e que continue
a dar-nos como privilégio as suas magníficas crónicas! Quanto à de hoje: no que
respeita ao sr. Costa, nem sequer me pronuncio: ignoro simplesmente a criatura;
já quanto ao sr. Marcelo, só lamento que na 1ª. votação para Presidente, eu
tenha sido tão pouco perspicaz que até ajudei à sua eleição e não ter votado no
Sr. Henrique Neto. Claro que, para o 2º. mandato, caspite: até consegui que
mais cerca de 50 pessoas dos meus contactos não voltassem a cair na esparrela!
Para mim, é o 1º. responsável pela degradação a que este pobre País chegou! Ele
e o que lhe segurava o guarda-chuva!
Antonio
Sennfelt: Ao cabo de 7 (sete) 7 anos ter-lhe-ão
finalmente caído os antolhos?
Tristão: Sinto-me
exactamente como a Maria João, descrente no futuro e cansado desta pequena
política. Montenegro, Rui Rocha, e o inenarrável Ventura, constituem uma
alternativa pouco mobilizadora e pior ainda, que deixa pouco espaço para
sonhar. Apoia-se por não serem socialistas, mas só isso não chega… O país
parece estar destinado aos seus mais incapazes. Passos Coelho e Assunção
Cristas foram uma espécie de canto do cisne do sistema, nem tudo foi perfeito
como é evidente, mas a tendência parece ser baixar o nível até ao infinito. João
Floriano > Tristão: Não me lembro de o ter visto
assim tão desalentado como agora. Esse desalento, essa falta de esperança
apenas favorece o PS e os seus comparsas à espera de serem chamados para um
remake da geringonça. Não será fácil acabar com tantos anos de socialismo, de
esquerda que nos tem transformado num país de pedintes, de novos emigrantes,
desta vez instruidos e competentes, num país onde a intriga substitui o debate
político. Os dias vão passando e não se vê nenhuma medida reformista.
Esta constante lavagem cerebral sobre as limitações de lideres como Montenegro,
Rui Rocha e o inarrável Ventura fazem parte de uma «narrativa» posta a circular
pelo PS através da CS. Há partido com mais incompetentes por metro quadrado do
que o PS? O que eles têm feito, as aldrabices que têm contado, os esquemas que
têm montado, as comédias que têm encenado.... No entanto querem-nos
convencer que sem eles o país afunda. Eu penso precisamente o contrário. sem
eles o país salva-se. Anime-se Tristão.
Pegue na Isolda e leve-a a comer um gelado ao Santini. Tristão > João Floriano: Caríssimo
Floriano. Bem me tenta
alegrar, mas não creio que consiga, temos pela frente uma incompetência sem
limites à frente dos destinos do país, mas ao mesmo tempo, embora me custe
reconhecer, uma igual incompetência, se quiser ser mais brando, impreparação,
do outro lado. Esta constatação nada tem a ver com os media, tenho esta
convicção há já algum tempo, no fundo, “ estão bem uns para os outros”. Olha-se
para a Europa e restantes países democráticos, o famoso ocidente alargado
(agora está na moda esta designação 🙂) e também,
salvo raras excepções, há uma degradação visível das lideranças, cujo pináculo
é os EUA que mais uma vez vai ter dois candidatos inacreditáveis para o país,
ainda, mais rico e poderoso do mundo. Até os vilões, leia-se, ditadores, são de
má qualidade 😅 Amanhã já estarei melhor Mario Bastos: Quanto á sua saída da CNNpt, considerando a qualidade
do jornalismo praticado por aquele canal, andar por lá dá mais cadastro que
curriculum. Carlos
Chaves: “(...) daquele Palácio(...)” “Ironicamente tão
cor de rosa como os anos leves e deslizantes que até hoje ele leva lá dentro.
Rosa como as suas paredes, como a cor do PS, como foi até há dias a sua relação
com a família socialista. Cor de rosa como um gelado assassino. Simplesmente
genial Maria João, esta sua frase vai ficar na história sobre esta nefasta
personagem! Obrigado. bento
guerra: Há dinheiro até ao fim da Legislatura e
mesmo do mandato do "papa-gelados" .Não tenham ilusões, será um
empobrecimento à portuguesa, com palmadinhas nas costas Carlos Fernandes: Confunde-se "habilidade política" com
"trafulhice". Confunde-se "manobra de bastidores" com
"vigarice". Confunde-se "discurso político" com
"mentira". Confunde-se "interesse do país" com
"alimentar o bando". Confunde-se "animal político" com
"sem vergonha". Confunde-se "faro político" com
"viscoso". Quando um povo confunde tudo, acaba por ser ele próprio
confundido com uma camada de idiotas úteis. João Floriano:
Em maio entrou, em maio saiu. A CNN vai
ficar mais pobre. Maria João Avillez deu-nos momentos magníficos nesta estação com os seus
comentários e as suas entrevistas. Uma jornalista muito inteligente, ainda que
tenha discordado por vezes das suas opiniões e ainda não lhe ter perdoado o que
escreveu sobre o CHEGA na sua crónica anterior. Perder uma jornalista como
Maria João Avillez no debate televisivo é mau. Perder mais uma voz de direita
num meio cada vez mais colonizado e infestado pela esquerda e pelo PS é ainda
pior. Pertenço ao grupo de Maria João Avillez. Não considero que António Costa
tenha saído como grande vencedor deste combate político. Temos de nos entreter
com alguma coisa e o assunto desta semana tem sido decidir qual o galo que
ganhou, qual o que mais bicadas deu, já que Belém e S. Bento estão
transformados em capoeiras cada uma com o seu galo garnisé. Há no entanto uma
certeza sobre os perdedores: Nós os portugueses, sempre Nós e temos de falar de
Nós. Estamos sempre a perder, quando devíamos ser os primeiros a ganhar. Ganhar
um país no caminho do progresso, da boa gestão do PRR, da resolução dos graves
problemas que nos afligem. Mas estamos cada vez mais longe de isso acontecer. O
desentendimento entre PR e PM devia ter servido de oportunidade para um debate
sobre o estado da nação. Nada disso, tudo na mesma, porque já se chegou a um
ponto em que não vale a pena debater os grandes problemas nacionais. Em vez
disso a CS andou uma semana entretida com o simbolismo do gelado do Santini. Só
faltou Marcelo ter comido em directo uma rosa, já que parece terem passado os
tempos da rosa ao peito.
F. Mendes:
Não consegui
perceber bem os pontos 2 e 3, deste artigo. MJA faz tantas voltas no que
escreve, que parece mais sinuosa que o seu amigo Marcelo. Dá-me ideia, lendo e
relendo, que ainda tem alguma esperança que o Marcelo mude alguma coisa, embora
7 anos de marmelada com o Costa e sendo Marcelo como é, tal lhe cause dúvidas;
a menos, claro, que Marcelo no futuro seja menos Marcelo por causa do veredicto
da História (?!), que pode não ser simpático com alguém de comportamento tão
inusitado na "pr". Ufa! Será isto? Se for, resume-se assim: seria bom
que o presidente não fosse "o que é" (nas palavras do próprio), e se
parecesse minimamente com um titular do primeiro Órgão de soberania de um país
civilizado e democrático. Não seria pedir muito. Mas, é esperar demais João Floriano > F. Mendes: Bom dia F. O que eu acho de diferente
nesta crónica é o desânimo perante a figura de Marcelo Rebelo de Sousa que
Maria João Avillez sempre considerou num patamar superior de inteligência.
Talvez que finalmente Maria João Avillez tenha compreendido que um professor
universitário com fama de intelectual de excelência movido por afectos, não
dará à partida garantias como PR de qualidade, sobretudo se o PM tiver o perfil
de habilidoso como tem António Costa. Era uma questão de tempo até dois egos
enormes se desentenderem. Especulações à parte, a verdade é inescapável: vamos
cada vez para pior e também curiosamente falou-se tanto da descrispação que
Marcelo veio trazer ao ambiente político em 2016 e tornou-se ele mesmo um
motivo para o crescimento de uma crispação ainda maior. F. Mendes > João Floriano: Muito obrigado. Concordo com a
sua conclusão. E inclino-me para que MJA não dê grande coisa por este
personagem, no tocante ao que ele poderá ainda fazer. Que não gosta dos
"mandatos" até agora, parece-me evidente. Marcelo não vai gostar de
ler este artigo, isso parece-me claro. Mas quem está, de facto, a perder, somos
nós. F. Mendes > Fernando Cascais:
Não tinha pensado
nessa possibilidade. Duvido que Marcelo mude o seu comportamento de forma
significativa. Possivelmente, será menos complacente com o "governo",
se perceber que o respectivo desgaste também o afecta. Com sorte, será neutro
face à oposição, o que não tem acontecido até agora. Obrigado pela sua
resposta. Fernando
Cascais > F. Mendes: Eu também duvido. Durante um
mês ou dois, Marcelo andará realmente em confronto aberto com o governo, mas
não tardará muito para se fartar, tanto, que não é o seu estilo. Marcelo é um
animal político, mas não para andar às marradas com o
primeiro-ministro. Por falar em animismos, a nossa imagem, além de ser
aquilo que comemos, é também aquilo que pensamos. Por exemplo, Einstein não
poderia ter a aparência de um Jerónimo de Sousa, ou, a Sophia de Mello Breyner
a aparência da Mariana Mortágua. Os economistas tem ares de economistas e os
arquitectos ares de arquitetos. Aqui chegados, não podemos imaginar um Cavaco
dos afetos nem um Marcelo eanista fechado no palácio. Marcelo não tem
características físicas para a guerra. Tem perfil para entreter um salão, não
tem perfil para comandar um batalhão e muito menos para gerir um conflito
duradouro. Bem ou mal, Marcelo é um homem de paz com um piquinho a azedo para a
intriga.. Maria Cordes > F. Mendes: Claro que não vai mudar. Com a
idade, vai piorar. Tirem o cavalinho da chuva. Uma terra em que os avós estão
desejosos que os netos emigrem, e tristes pelos filhos que não partiram. Querem
maior desgraça!
F. Mendes > Fernando Cascais:
Essa sua imagem final, prefiro não
comentar. Dou outra, quase tão improvável: conseguir ensinar duas lesmas a
dançar o tango! No resto, estamos de acordo: este arrufo de namorados, só dura
enquanto interessar ao Costa. Foi ele que o criou, e lá saberá porquê. F. Mendes > Maria Cordes: Temos que
fazer o possível para que assim não seja. Agradeço a sua resposta. C.
Soares: Retrocessos civilizacionais uns atrás de
outros! Não será por acaso que Portugal tem o maior número de pessoas com
problemas do foro mental. Viver rodeados de egos narcisistas á frente do país,
a espezinharem os cidadãos com impostos e figuras tristes, mentiras, favores,
dinheiros perdidos nos circuitos de portas giratórias para uma
"elite" de imbecis, enquanto a pobreza invade este país! Deviam ter
vergonha dos dias em que se clamavam defensores do povo e dos trabalhadores,
afinal são iguais àqueles que derrotaram em 25 de Abril de 1974, falta de
empatia, egoísmo, e descaramento. Também não estou a ver uma saída fácil desta
corrupção activa a todos os níveis. Tenho pena de viver em Portugal! Graça Ribeiro > C. Soares: Excelente, C. Soares. Num texto curto, conseguiu
resumir a triste situação a que todos nós chegámos.
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