Que põem fim a muita confiança, não na
vida eterna mas na vida terrena actual, de muito deleite, por vezes - em
provável reviravolta - talvez de justiça, dada a violência ultrajante dos
movimentos libertários patetas e patéticos, como origem primeira das
instabilidades actuais, e dos desregramentos na questão da sanidade moral da
responsabilidade humana, segundo os parâmetros doutrinários humanistas dos
primórdios. Um povo e um chefe jovem sobressairão, é certo, neste primeiro
quarto de século: Os ucranianos e o seu chefe Zelensky, para conforto do
espírito e ensinamento exemplar, e consequente desprezo por outras “chefias” mais
“poderosas” nas tais questões como as que essas promovem arrogantemente, sem pejo
nem travão.
A idade da inocência
Despertar de um sonho bom é uma
chatice. Mas não podemos deixar de sorrir perante a ironia que é o quem armou toda esta confusão e se julga um
super-homem, acabar por ser o mais crédulo de nós todos.
ANDRÉ ABRANTES
AMARAL Colunista do Observador
OBSERVADOR, 23 mar. 2025, 00:1827
A União Europeia tem de investir em defesa. Só esta frase mostra o
que mudou desde Janeiro. A ideia de
uma paz permanente em que a União Europeia projectava soft power e não se
sujava com guerras, acabou em três tempos. O conceito era presunçoso
e não passava de uma adaptação subtil, no século XXI, de práticas antigas
em que os europeus falavam com superioridade moral para cima dos outros que não
passavam de selvagens que precisavam de orientação; até Janeiro deste ano, esses outros
não percebiam que as alterações climáticas deviam ser um entrave ao
desenvolvimento das suas economias e à melhoria de vida das respectivas
populações. Eram
necessárias regras e essas regras, naturalmente, seriam ditadas por europeus
cheios de boas intenções que já tinham atingindo um patamar de desenvolvimento
superior ao dos restantes povos. Eram progressistas, claro. E iluminados, acima
de tudo. O século XIX não foi assim há tanto tempo.
Investir em defesa tem uma
consequência imediata que é os europeus terem de sujar as mãos. Descerem ao mundo real onde vivem os demais.
Vamos ter de comprar armas e montar fábricas. Teremos de investir em inovação militar, o que significa usarmos a
ciência para obtermos mais e melhor armamento. Teremos de
treinar soldados e isso passa por inculcar nos jovens um espírito de missão
diferente do que tivemos como certo nas últimas décadas. A
concepção do planeta como um espaço comum partilhado por toda a humanidade, em
que qualquer pessoa pode fazer negócios com quem quer que seja e pode viajar
livremente por onde quiser, está a ser questionado. Ainda esta semana, a Alemanha alertou os seus
cidadãos para a possibilidade de serem arbitrariamente detidos na fronteira dos
EUA. Com o fim da URSS, muitos visitaram a Rússia e a
China. Fiz algumas viagens, mas arrependo-me de não ter aproveitado para conhecer
São Petersburgo, Pequim e o exército de terracota, em Xi’an. Algumas dessas viagens ainda são
possíveis, mas deixaram de poder ser inocentes e tranquilas. A imaginação de um
mundo idílico que os europeus tomavam como certa, acabou.
O investimento em defesa
reavivou a questão do endividamento comunitário e da necessidade da UE se
endividar através da emissão de Eurobonds. Se tal acontecer, e é quase
certo que vai acontecer, fica aberto o caminho para o federalismo europeu. Um
federalismo que abarque os 27 em igualdade, ou um sistema com diferentes graus
de integração, com um centro mais coeso e federado, seguido de outros,
correspondentes a determinadas regiões, com menores níveis de integração. Qualquer que seja a decisão esta
conduzirá a uma realidade muito diferente da que conhecemos, pois será o
regresso na Europa à necessidade do império, do poder centralizado que gere
diversas regiões.
É uma chatice despertar de um sonho
bom, mas a realidade tem a vantagem de não ser permanentemente fictícia. Aliás, é curioso, como após o choque
inicial, os dirigentes europeus se sintam galvanizados com estas alterações.
Depois do receio do que possa
acontecer à Europa há uma vontade de pegar no que se tem e fazer pela vida.
Se com sucesso, a seu tempo veremos. Entretanto, há dias Trump e Putin falaram
ao telefone. É provável que o presidente dos EUA tenha finalmente percebido
que Putin não ou respeita, o seja, não tem medo dele. Não consigo
deixar de sorrir perante a ironia de que aquele que armou toda esta confusão e se
julga um super-homem, acabe por ser o mais crédulo de nós todos.
UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO DEFESA SOCIEDADE
COMENTÁRIOS (de 27)
Tim do A: A Europa vivia na ridícula Disneylândia Woke e acordou
para a realidade. Aquela gente nunca deve ter lido um livro de História. Carlos Chaves: “Agradeçamos” a
Trump por nos ter aberto os olhos e aparentemente nos ter obrigado a acordarmos
da letargia em que nos enfiámos! A falsa paz e amor que o socialismo e a esquerda
nos anunciavam acabou, ou melhor nunca existiu! É mais que tempo que a Europa
tenha um exército Europeu, se o preço a pagar for o federalismo que o seja,
será sempre melhor do que sucumbirmos às mãos de ditadores antidemocráticos e
tornarmo-nos como eles! Rui Lima: A UE acreditava na superioridade do Direito para
resolver todos os conflitos, que as guerras eram coisa do passado, bateu de
frente com a realidade, é doloroso , todos os recursos foram canalizados para o
social, com isso criou o homem que não precisava de trabalhar para viver com
algum conforto, o drama é que com a guerra todos serão obrigados a trabalhar
novamente para comer. João
Floriano: A Europa
chocou de frente com o muro da realidade: um lugar-comum mas que se aplica
perfeitamente no presente caso. E a Realidade é tudo menos bonita. Perdeu a sua
importância diplomática, como se pode ver no modo como Trump e Putin a
afastaram da negociação de um «imaginário» tratado de paz. A Rússia e a China
colonizam grande parte do mundo onde anteriormente a Europa exercia a sua
influência, a NATO é posta em causa e valores que a Europa considerava
inquestionáveis, sobretudo a prevalência do direito internacional foram deitados
ás urtigas: o que conta é a força, a violência. A Rússia e os seus aliados
ameaçam diariamente a Europa com a destruição. Em muitos momentos a Europa é
simplesmente humilhada. E para além das ameaça externas, a Europa enfrenta
ameaças internas. Para quem não viu aconselho o visionamento da reportagem que
passou no canal NOW sobre os Tuk Tuks lisboetas. A baixa de Lisboa já deixou de
ser portuguesa. Aquilo é tudo asiático. Df Correctíssimo. A Europa tem de abandonar os complexos
de superioridade do séc. XIX em que pretendia pregar moral ao mundo. Esse tempo
passou. Há que mirar-se no exemplo de trabalho e organização da China e
fazer pela vida. Como dizia o outro, 'foi bonita a festa, pá', mas acabou.
A festa era boa, mas quem pagava eram os detestados ianques. Sem dinheiro não
há palhaços. Há que acabar com as duplas nacionalidades, direito de solo e colocar os
jovens imigrantes árabes e os outros na Europa no SMO, a jurar bandeira, ganhar
lealdade e a assimilarem-se nos países de acolhimento. Isso contribuirá muito
para a paz externa e interna. Esperemos que com um exército europeu e dívida
comum se caminhe para o federalismo e se mantenha a paz na Europa.... Carlos
Chaves > Rui Lima: "Homens fortes criam tempos fáceis e tempos
fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos
difíceis geram homens fortes." Provérbio oriental! Carlos
Real: Os políticos e comentadores
dos media dizem o que lhes apetece, sem pensarem nos factos. Reagem ao momento,
com ideias fáceis, mas fantasiosas. A Europa é uma casa a arder, com movimentos
nacionalistas cada vez mais fortes. A economia está estagnada e dependente da
China. Num cenário de decadência, alguém com cabeça, acredita que se vai gastar
em defesa, que apenas significa andar atrás do prejuízo? Os EUA, a China e
mesmo a Rússia são verdadeiras potências militares. A Europa desunida é uma
carruagem velha, sem dinheiro, e que corre a 20 à hora. Daqui a uma década
estarão a discutir se a guerra se faz com baionetas ou com carros de bombeiros.
Os outros estarão a usar a inteligência artificial. Os comunistas também pensam
em se actualizarem usando as tácticas do século 19. Não preciso de ir à bruxa
para saber que apenas existe propaganda e ideias no papel. Quando acordarem já
nem existirá UE. Manuel
Magalhaes: Nem sempre
estou de acordo com o articulista, até porque muitas vezes o acho ingénuo ou
sonhador, mas desta vez acertou, o mundo está a ficar cada vez mais perigoso
desde que temos um elefante na sala oval, que como já se começa a provar as
suas asneiras estão aí ao virar da esquina, a Europa Ocidental no seu todo se
não for muito rápida a tomar decisões e efectuá-las, será uma das principais
vítimas de toda esta loucura e falta de senso!!!
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