Pode ser que os homens lúcidos que ironizam e advertem, em repúdio - (“fascista”
dirão os da arbitrariedade moral) – como ALBERTO GONÇALVES - ajudem a prevenir o
caos, trazendo mais lucidez aos que nela se esfregam, nessa tal arbitrariedade
da moral hodierna. A esperança pode muito ainda hoje, não foi só nos tempos da
tal Pandora, semeadora dos males, que ficou a réstia. Venham mais textos… a
dar-nos ânimo - a tal esperança, última da caixa aberta pela atrevida Pandora.
O europeu que deixou de caber nas ex-colónias
começa hoje a não caber na Europa. Não é só no reino da Dinamarca que alguma
coisa apodreceu.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 22
mar. 2025, 00:2012
O
discurso de JD Vance em Munique foi tão desavergonhado e ofensivo que nem daqui
a cem anos haverá um europeu digno desse nome a perdoá-lo, e ainda menos a
compreendê-lo. Cem anos,
ouviram? Cinquenta, vá lá. Quinze? Dois anitos, pronto. Um semestre e não se
fala mais nisso. Um mês e pouco? Pois é: demorou um mês e pouco até
a primeira-ministra da Dinamarca, uma socialista, dar assumida e publicamente
razão ao vice-presidente americano, um não-socialista.
Em entrevista ao site “Politico”, Mette Frederiksen, que estava na
audiência de Munique, concorda com JD Vance quando este considera a imigração
em massa uma ameaça ao nosso, digamos, “modo de vida”. Pelos padrões da
“argumentação” em voga, isto habilita a sra. dona Mette a ser acusada de “islamofobia”, “nacionalismo”, “fascismo”
e, dado que ela também associa o anti-semitismo a sectores da extrema-esquerda
e a certas comunidades de imigrantes, “nazismo” (a linguagem e a memória foram
de tal maneira esventradas que condenar o anti-semitismo é meio caminho andado
para se ser “nazi”). Aliás, a sra. dona Mette beneficia de
semelhantes acusações desde 2019, altura em que começou a endurecer as regras
de hospitalidade, asilo e deportação.
A questão é: irá a tempo? Quer dizer, para os “activistas” do costume
a questão é saber o dia em que vai ocorrer a próxima manifestação pelos
“direitos humanos” em Copenhaga, mas as pessoas que não padecem de ócio
excessivo interessam-se é por perceber se o aperto das fronteiras, intenção
recente e comum a alguns governos da UE e arredores, chegará para solucionar o
problema entretanto criado por uma década de fronteiras escancaradas.
Duvido. Sob o alto patrocínio e a
altíssima irresponsabilidade de Angela Merkel, depois alastrada a um continente
acossado por “líderes” de plástico, sedentos de ilusionismos demográficos e de
ficar bem no retrato do “multiculturalismo”, num ápice a Europa dita ocidental
quase duplicou a quantidade de pessoas chegadas de outras paragens. São demasiadas pessoas para acomodar com
decência ou – acontece bastante – sem decência para se acomodarem, muitas
pessoas para as que cá estavam rejeitarem e para rejeitarem as que cá estavam,
pessoas suficientes para testar o que sociólogos falecidos designavam por
“coesão social” e ver o teste reprovado. Na
Dinamarca e onde calha, a reversão ou a promessa de reversão de políticas
suicidas não implica a reversão das consequências dessas políticas, possivelmente
irreversíveis.
A maçada é que o número de imigrantes nem sequer é o critério
fundamental para aferir a loucura a que descemos. No
discurso do escândalo, JD Vance não identifica exactamente os imigrantes como
uma ameaça: a ameaça, no entender dele, são os senhores que lhes
permitiram a entrada sem ponderação, os senhores que suprimem os factos
desagradáveis e as opiniões “ofensivas”, os senhores que mandam calar, os
senhores que mandam. São estes a causa directa da loucura em curso, e é
deles que, antes de tudo, a Europa se deveria livrar caso os optimistas queiram
guardar uma pontinha de esperança.
Os realistas já não guardam pontinha de nada. Stratford-upon-Avon é
a cidade inglesa onde nasceu e cresceu Shakespeare. Há por lá
uma instituição Shakespeare Birthplace Trust (SBT), fundada em 1847 para cuidar
dos lugares associados ao escritor e, para usar o cliché, promover o seu legado. Talvez cansada da redundância que é a
promoção de um génio universal, a SBT passou a tentar despromovê-lo. Agora a
ideia é questionar a celebração tradicional de Shakespeare, que pelos vistos
mostra apenas uma perspectiva britânica, eurocêntrica e “branca” e ignora
“outras vozes”. Parece-me oportuno: além
de ser intolerável que Shakespeare não fosse aborígene e preferisse
expressar-se em verso iâmbico do que através de tatuagens, não faz sentido evocá-lo sem meter ao barulho três ou quatro líricos do
Bornéu. E é ridículo que os lugares do bardo não
acolham cinco ou seis certames
alusivos aos malefícios da supremacia racial e à lembrança de que “Rei Lear” ou
“A Tempestade” não existiriam sem a contribuição dos zulus. Em suma, o que a SBT
deseja é “descolonizar” o berço de Shakespeare, que num futuro breve pode
perfeitamente acabar geminado com Gaza e convertido à consagração da riquíssima
literatura LGBT da Palestina.
Para a frente, que o caminho faz-se
caminhando – com botas pesadas por cima de séculos de História atroz e gloriosa
e verdadeira. Descoloniza-se Stratford-upon-Avon como se descoloniza o UK como
se descoloniza a Europa em peso. O europeu que deixou de caber nas ex-colónias
começa hoje a não caber na Europa. Não é só no reino da Dinamarca que alguma
coisa apodreceu. E “Hamlet” termina em
sangue.
IMIGRAÇÃO MUNDO EUROPA WILLIAM
SHAKESPEARE LITERATURA CULTURA
COMENTÁRIOS (de 12)
observador censurado: Considerando que: Defesa não existe: foi
entregue aos E.U.A.; Segurança não existe: abriram as fronteiras a toda a escumulha do terceiro
mundo; Indústria não existe: colocaram as fábricas na China; Negócios
Estrangeiros não existe: entregaram a Africa à China; Cultura está errada: é
preciso pedir desculpa aos outros povos; para que é que os europeus pagam
impostos?
Maria Paula Silva: Perfeito. Sempre gostei da Dinamarca. Penso que já
não há muito a fazer, deixámos chegar isto a um ponto que, tal como dizia
Shakespeare em "Rei Lear", " neste mundo os loucos guiam os
cegos". E não há muito a fazer, porque: 1) já são demasiados ;
2) reproduzem-se como coelhos. Enquanto eles têm 10 ou mais filhos (de várias
mulheres), os europeus têm 1, no máximo 2 filhos, ou até nenhum mas cães e
gatos de estimação. Em breve serão mais de 50% da população europeia. Abstenho-me
de imaginar o que será. Adorei os "líderes de plástico". Maus actores. Bem-vindo ao
Reino da Ignorância. (se a sra. Merkel tem grandes responsabilidades no
cartório, não podemos menorizar o papel brilhante dos seus dois
sucessores amantizados, o rei Tony Curry & sua rainha fan der Lies). (ao som de
"Perfect", de Ed Sheeran).
Américo Silva: Procuram-se grávidas que queiram vir parir à
Europa, oferecemos subsídio para a vida, alojamento e nacionalidade.
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