Sendo bem original, será valorizada sobretudo posteriormente, que o diga
Fernando Pessoa, génio só de alguns,
amado, no seu tempo de discreto empregado comercial, mas figura generosamente
original da nossa perenidade nacional. Mas eu gosto de ver as gentes que dão
nas vistas e admiro a sua originalidade, mesmo a, por vezes, impertinente,
desde que seja espectacular.
O Dr. Salles tem outras
intenções com o seu texto – provavelmente uma crítica subentendida aos nossos políticos
presentes e futuros de trazer por casa, que tantas divergências e tantas
semelhanças entre si demonstram, nesse capítulo das vaidades e
susceptibilidades da sua normalidade original, esquecidos do bom-senso na
necessidade de virar a página da actuação política destruidora. Mas eu
aproveito o seu tema para ir buscar à Internet,
fonte da minha orientação cognitiva preferencial, as definições que o texto do Dr Salles
trouxe à minha modesta ânsia de valorização pessoal, de pouco proveito, é
certo, e por isso perfeitamente normal, sem pretensão exibicionista, ao
servir-me do stock alheio.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 18.03.24
Sejamos normais, não queiramos dar
nas vistas pela originalidade.
Abordar temas normais por vias
originais, só pela originalidade, com muita probabilidade, produzirá resultados
anómalos, possivelmente incontroláveis e incómodos.
E mais vale também abordar temas
originais por vias normais, verificarmos a plausibilidade do
resultado e deixarmos o «pó» assentar
até que novas abordagens se revelem tempestivas e não tempestuosas.
Entretanto, depois de amadurecido, o tema deixa de ser original e passa, então
e só então, a merecer, sob muitas cautelas, abordagens originais.
Vem ao caso lembrar Karl Popper e a
sua esquematização do método científico: observação > experiência >
observação >experiência … até se encontrar a verdade que é um ponto no
infinito.
Não
será pelo desprezo da normalidade que se alcançará a verdade, apenas se
incorrerá no caos.
Sejamos,
pois, normais e deixemo-nos de originalidades potencialmente caóticas. A
História que o diga relativamente ao determinismo histórico marxista.
Março de 2024
Henrique Salles da Fonseca
NOTAS DA INTERNET:
(Para justificação do que por aí vai – e foi)
O materialismo surgiu
justamente como uma contraposição ao idealismo. Pois, enquanto o primeiro afirma
que a matéria forma a realidade em que vivemos, o segundo crê que a
realidade é modelada pelas ideias.
O materialismo histórico segue a mesma premissa
materialista: o sujeito social
está condicionado a sua condição material. Ou seja, não são as ideias ou
a sua consciência que determinam o seu ser, mas sua situação material que
define sua consciência. Da mesma forma, o modo de produção económico
determina o desenvolvimento sociocultural e histórico de uma sociedade.
Essa concepção social e filosófica
foi desenvolvida por Karl
Marx e Friedrich Engels, dois filósofos alemães. O conceito foi desenvolvido quando a Revolução Industrial já se havia espalhado por toda a Europa, durante
os séculos XVII e XVIII. Foi nesse cenário, caracterizado pela ascensão
da burguesia que eles buscaram entender
como se davam as novas relações sociais.
O que Marx e Engels notaram foi que
essa classe social se
tornou mais forte e dominante, controlando todo o poder político e económico e
os meios de produção. Os filósofos também identificaram que do outro lado da
moeda estava a classe proletária, que
vendia sua força de trabalho para garantir a sobrevivência.
Desse modo, o materialismo histórico propõe-se buscar
a origem e questionar essa relação
desigual e impulsionar a tomada de consciência de classe
trabalhadora.
O materialismo histórico de Marx e Engels
Karl Marx e Friedrich Engels são os principais
teóricos que discutem o materialismo histórico. Ambos
tiveram a oportunidade de presenciar o crescimento de fábricas e indústrias, e
o processo de urbanização, que veio acompanhado pelo crescimento da desigualdade social, juntamente com inchamento dos espaços
urbanos.
Estava claro que essa nova configuração social se relacionava
com a desigualdade económica das diferentes camadas sociais. Para o materialismo
histórico esses fenómenos sociais tinham respostas nos meios materiais. Sendo
assim, numa sociedade capitalista os
sujeitos são moldados de acordo com a sua situação material ou económica e por
isso eles estarão submetidos a realidades materiais diferentes.
Para compreender o
materialismo histórico, Marx apropria-se de outro conceito, o da dialéctica, que numa definição bem
genérica, se refere ao conflito causado pela contradição entre
teorias. Ela é constituída por quatro elementos fundamentais:
O materialismo contrapõe-se
ao idealismo de Hegel;
O ser humano determina a
consciência;
A matéria não é imóvel, mas
sofre transformações e está-se sempre modificando e influenciando a vida das
pessoas;
O
questionamento das contradições dos factos e da matéria.
A dialéctica
marxista afirma que o indivíduo
modifica a sua história através da práxis, ou da acção, são
as práticas do dia a dia que fazem a mudança e não as ideias. Quando
o homem modifica a matéria, aí ele constrói um outro pensamento e pode formar a
sua realidade. Daí que se origina a luta de classes e faz da dialética a
base filosófica para o materialismo histórico.
Num contexto no qual a classe burguesa detém os meios de produção e a classe proletária recebe um salário para oferecer sua força de
trabalho, a mudança só vai ocorrer através de uma acção ou uma revolta. A menos que a classe trabalhadora faça esse
exercício, a classe dominante vai continuar no poder explorando os seus empregados.
Karl Marx e Friedrich Engels foram dois dos principais
teóricos a influenciar as ideologias político-partidárias de esquerda.
(Imagem:Wikimedia)
Principais características do materialismo histórico
É possível definir alguns elementos da
concepção materialista histórica:
O materialismo
histórico buscou entender
as relações entre o trabalho e a produção de bens materiais ao longo da história;
O homem vai viver as suas
relações sociais segundo as relações económicas, ele não tem autonomia. Essa
afirmação é validada ao observarmos os períodos históricos. Por exemplo, na Idade Contemporânea, a sua relação económica
define se você é patrão ou proletário, na Idade Média,
definia se você era servo ou senhor;
As ideias não influenciam a vida
social.
O Idealismo não consegue realizar nada que de facto modifique a sociedade, só a
práxis;
A evolução histórica acompanha a sucessão dos modos de
produção;
O trabalho media as relações sociais durante toda a
história da humanidade.
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