sexta-feira, 29 de março de 2024

Três belas análises


A do Dr. Salles, seguida pelas dos seus comentadores ADRIANO MIRANDA LIMA e ANTÓNIO. O que me parece é que os cavalos como o de Tróia são sempre refúgio de maquiavelismos que os dos subterfúgios altruístas se apressam a querer desvendar, por espírito maliciosamente inovador, pseudo convicção fanática ou simples burrice pedantemente reverente a cavalgaduras artificiosas, como a que foi imaginada pelo truque do sagaz Ulisses. De facto, contra cavalos, por muito de pau, que sejam – ou talvez por isso mesmo, por terem fuças e o restante corporal, de pau - motivo de admiração e reverência idolátrica  – não há argumentos que colham.

 

DETERGÊNCIAS

Henrique Salles da Fonseca

A BEM DA NAÇÃO, 27.03.24

ou

O NOSSO CAVALO DE TRÓIA

Todos sabemos como as condições do trabalho se pareciam com a escravatura no dealbar da revolução industrial e todos sabemos também como foi árdua a caminhada até ao formidável nível médio de conforto a que chegámos na Europa Ocidental a partir dos finais da II Guerra Mundial.

A penosa caminhada que nos trouxe da servidão inglória ao bem-estar foi semeada por protestos, negociações, ameaças e cedências nem sempre pacíficas mas globalmente proveitosas para o bem comum em regime de liberdade, igualdade e fraternidade - «tout va bien quando finit bien».

De um modo genérico, os confrontos ocorreram entre um «establishment» burguês, conservador, liberal e de inspiração cristã e uma «frente popular» vendedora do serviço laboral para alimentar a prole, reivindicativa por instigação de manipuladores anti-burgueses, anti-liberais, anti-cristãos, em suma, anti-Europa: o mando do «tovarishtsh» («camarada» em russo).

«Trabalhado» pelas «manitas de plata» de pragmáticos como Stalin e Lenin, os teóricos da revolução Marx e Engels obrigaram-nos (aos burgueses de inspiração cristã) a pensar e a defendermo-nos.  Assim nasceram o desenvolvimento económico, o bem-estar global e a NATO para defesa contra o imperialismo russófilo de génese marxista.

À luta de classes marxista, nós contrapusemos a concertação social; à ditadura do proletariado respondemos com a democracia pluripartidária; à revolução constante contrapomos o Estado de Direito; o marxismo proíbe as religiões e nós temos liberdade religiosa; à diabolização do lucro respondemos com incentivo à poupança; a rigidez monolítica nós contrapomos estruturas que se adaptam às novas ocorrências; os regimes ocidentais adaptam-se enquanto os regimes rígidos colapsam ao primeiro safanão.

Com tantas diferenças, colhe perguntar como se justificam esses encontros que por aí se realizam intitulados de «Diálogos entre o cristianismo e o marxismo». Creio que a resposta passa pela lavagem do marxismo aos olhos inocentes ocidentais.

O «politicamente correcto» - a transigência relativamente aos intransigentesé o «cavalo de Tróia» que nos pode derrubar.

Ainda vamos ouvir falar do «diálogo» inter-religioso com o IslãoE a pergunta será sobre quem quererá enganar quem.

E não é necessário sermos violentos com ninguém, basta «não darmos cavalaria».

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

 COMENTÁRIOS (2)

ADRIANO MIRANDA LIMA 28.03.2024 13:25: Bela e excitante viagem o Dr. Salles da Fonseca empreendeu pelo tempo fora e pelo mar encapelado da existência humana. De facto, a Europa Ocidental foi, até hoje, a melhor realização da humanidade e não há sinais de que possa haver réplica onde quer que seja e num horizonte temporal possível e de acordo com o que neste momento se sabe ou se pode estimar. A riqueza e a força da Europa Ocidental estão na sua capacidade de gerar aglutinação na diversidade e heterogeneidade. Mas, por aquilo que é, torna-se, como explica o autor, vulneral a “cavalos de Tróia” como o tal “politicamente correcto” e o tal “diálogo inter-religioso”. Se o “politicamente correcto” é susceptível de reconversão e adaptação às conveniências da sociedade plural e laica, já o “diálogo inter-religioso” é, para mim, uma impossibilidade absoluta e também uma inutilidade.

Antonio 28.03.2024 13:48_ É muito apropriado ver um alerta aos riscos do "Politicamente Correcto" em relação à enxurrada de um elemento de imigrantes partidários de uma corrente fanática do Islão. O "Politicamente Correcto" é o Cavalo de Tróia dos nossos tempos que, aliado a uma interpretação pontual das leis prevalentes nas democracias liberais, impossibilita a adopção de medidas eficazes para cortar o mal pela raiz. O grande erro dos Partidos que advogam um desempenho mais robusto face a essa ameaça, tanto em Portugal como noutros Países Europeus, foi de dar largo a acusações de serem racistas ou simpatizantes do nazismo. (Se na verdade abrigam esses sentimentos, devem se descartar deles porque é o veneno que levará à auto destruição). Ser Patriota, Amar o Ethos que a Nação adquiriu graças a longas e árduas vitórias no caminho da emancipação - política, religiosa, cívica, etc - é mais que Direito, é um Dever dos cidadãos, e não requere a anuência de ninguém, muito menos dos que desejam se hospedar no País (ou na CE). Para ser efectiva, é necessário que a avaliação da capacidade de integração na sociedade seja feita de imediato å fronteira, ao primeiro contacto, para evitar delongas que, experiência indica, podem levar anos a decidir, para, finalmente, se provarem inefectivas.TODOS os Governos dos últimos 30 anos, independentemente da sua feição política, tanto em Portugal como no resto da CE, adoptaram um atitude de negligência, irresponsável ou benigna pouco importa porque o resultado é o mesmo. O colete de ferro que a CE impõe aos membros é um obstáculo sério para o exercício de medidas efectivas. Reconheça-se. Porém nota se o dealbar de uma tomada de consciência pela CE. Virá a tempo e será fiel ao Ethos da Europa Humanista Moderna ou perder-se-á pelo matagal dos piores instintos de que os humanos deram provas de serem capazes ao longo da História e da Geografia deste minúsculo planeta? Obrigado Doutor Henrique Salles de Fonseca. Gostei imenso de ler o seu blog do dia.

 

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