domingo, 3 de março de 2024

Também esse é


Digo, Pedro Nuno dos Santos, um legado e peras, dos vidros partidos de Costa, sem um pingo de vergonha na cara, que falta igualmente ao povo que o elege.

 O legado

Há uma pessoa a quem o peso do legado de Costa enquanto líder do PS versus a ausência de obra como primeiro-ministro se tornou um embaraço nestas semanas. Essa pessoa é obviamente Pedro Nuno Santos.

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 03 mar. 2024, 00:5819

O legado. Não sei quando esse egrégio termo entrou nas nossas vidas. Mas asseveravam e asseveram os socialistas em particular e a esquerda em geral que António Costa tem um legado. Mas porquê senhores, um legado? Porquê esse amor por essa palavra de antanho? Porque o legado é uma herança política e nessa matéria António Costa deixa um legado.  A própria avaliação que ao longo destes anos fizemos sobre António Costa foi sobre o líder do PS, o homem que criou a geringonça, o homem dos equilíbrios, o hábil negociador…  Já sobre Costa primeiro-ministro pouco se falou e menos ainda se avaliou. Enquanto primeiro-ministro António Costa esteve sempre mais focado em usar o Governo para resolver o PS do que em resolver o país.

Sim, o PS recebe um importante legado de António Costa. Oito anos no poder, uma maioria absoluta e  PS como grande partido da esquerda.

Já os portugueses dificilmente conseguirão identificar algo que possam dizer “Foi o Costa que fez”.

É essa substancial diferença entre Costa enquanto líder do PS e Costa enquanto primeiro-ministro que leva a que nos centremos no seu legado pela prosaica razão de que não podemos falar da sua obra.

Há uma pessoa a quem o peso do legado de Costa enquanto líder do PS versus a ausência de obra como primeiro-ministro se tornou um embaraço nestas semanas. Essa pessoa é obviamente Pedro Nuno Santos.

Em Janeiro, uma adolescente morreu depois de embater numa porta de vidro da escola de Seia. O vidro partiu-se em pedaços  com arestas cortantes e pontiagudas  que perfuraram o tórax da jovem de 17 anos. O ministro da tutela achou que era uma questão de “mau gosto” relacionar a morte da jovem com o facto de a escola em causa não ter sofrido obras e considerou que aquele acidente podia acontecer em qualquer local onde existisse vidro.

Não era verdade. Como bem determinam os vários regulamentos sobre construções escolares  o vidro que devia estar naquela porta era vidro de segurança, aquele que ao partir-se se desfaz em pedacinhos mínimos e sem bordos afiados, ou vidro que quando quebra  fica com os fragmentos retidos numa espécie de película interna.

Mas não era isso que acontecia naquela escola de Seia: o vidro era um vidro comum que se parte em lâminas grandes e pontiagudas.

Surpreendentemente isso não acontecia e volta a não acontecer. Segundo uma reportagem publicada na passada semana no Expresso “O vidro que se partiu foi substituído por um igual”  Sim, naquela porta voltou a ser colocado  um vidro que se alguém embater nele se fragmenta em pedaços susceptíveis de provocar cortes e perfurações como aconteceu em Janeiro. Porquê? Porque, explicam as autoridades escolares, o vidro seguro não encaixa no caixilho. E mudar os caixilhos implica uma obra de fundo. E a obra de fundo, depois de atrasos, candidaturas chumbadas  e adiamentos, está agora pendente de um projecto de requalificação financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)…

Resumindo: em Janeiro uma jovem morreu porque a escola tinha um vidro cortante nas portas, mas em Fevereiro soube-se que a escola substituiu o vidro por outro igualmente perigoso. Como foi possível? Como se aceita tudo isto com beatitude? Foi possível porque aquilo que em Janeiro era mau gosto, em Fevereiro passou a facto consumado. Ou seja, em Janeiro  era uma questão de “mau gosto” relacionar a morte da jovem com o facto de a escola não ter sofrido obras, mas em Fevereiro trata-se o assunto como uma “infelicidade” e protela-se a colocação de vidros seguros para o momento em que a escola for objecto das tais obras que anteriormente era de mau gosto invocar. E, como não podia deixar de ser,  espera-se que o PRR financie a requalificação da escola que deixaremos degradar até que daqui a 30 anos outro qualquer PRR a requalifique. E assim sucessivamente enquanto existirem fundos.

ANTÓNIO COSTA     POLÍTICA     PEDRO NUNO SANTOS     PS

COMENTÁRIOS (de 19)

Luis Miguel: Obrigado Helena por falar no assunto dessa menina mais uma vez. O silêncio dos responsáveis e da CS em geral é revoltante. Eu não imagino a frustração e dor desses Pais. Onde anda o nosso presidente sempre tão disponível para aparecer noutras situações! É muito grave o que aconteceu e é uma vergonha insuportável que não se discuta este assunto e se previna outras tragédias. Não se cale, aquela família merece muito mais de todos nós.                  Paulo Silva: O Dr. muitochinho Costa foi o grande ilusionista das cativações, assistido pelos seus partenaires no BE e PCP, dava com uma mão enquanto tirava com a outra. Os portugueses levaram o seu tempo a perceber o truque, e agora olham atónitos para o estado calamitoso a que chegou o querido estado social...                     observador censurado: Numa altura em que os contribuintes são obrigados a entregar ao governo do Partido Socialista grande parte do seu dinheiro como nunca tinha acontecido e como as escolas sobrevivem graças aos fundos europeus, um juiz sentenciará que a responsabilidade das mortes nas escolas é dos suecos e dos holandeses e, consequentemente, a condenação dos primeiros ministros da Suécia e da Holanda.                  Alfaiate Tuga: Pois….Mas em Seia 49,5% dos que foram às urnas em 2022 votaram PS, muito acima dos 45% do distrito da Guarda e dos 41,4% a nível nacional. E o que é que isto interessa? Interessa muito. Bem sei que a miúda não merecia o acidente e muito menos morrer, não é por aí, mas os 49,5% que votaram PS merecem que o vidro seja substituído por outro igual ao anterior, é que a cruzinha no boletim não é inócua, tem  consequências, positivas ou negativas.  Espero que o eleitorado de Seia que votou PS em 2022, tenham percebido que o governo que ajudou a eleger, se está nas tintas para a segurança dos seus filhos ou netos, pois após um primeiro acidente, em vez de mitigar o risco substituindo o tipo de vidro ou a porta se necessário, criou de novo condições para que possa haver mais vítimas, mantendo a mesma armadilha que vitimou a primeira jovem. A 10 de março veremos como vota o povo de Seia, estou curioso.          Marta Santos: Só a convicção de que não se será responsabilizado é que permite que se actue deste modo! Se alguém morrer na mesma porta, virão dizer: “nós sabíamos que ela era perigosa mesmo assim conformámo-nos com o resultado, se morrer mais alguém, olha, paciência. “ Alguém me explica porque é que eu pago o salário com os meus impostos a alguém que não zela pelas interesses das crianças? Indignação total.               Manuel Martins: Aposto que âs escolas não falta dinheiro para pagar ás organizações das ideologias  que lá vão doutrinar as crianças...                Lápis Afiado: Esta miserável desgraça do vidro mostra ao que isto chegou....foi o estado que matou a jovem com o seu desleixo....mas nem assim corrigiu...o pseudo ministro da educação é um ser ignóbil               Carlos Chaves: Malditos fundos Europeus que alimentam estas "políticas" assassinas e estes políticos mentirosos! Quem serão as próximas vítimas? O legado desta figura é monstruoso, é a mentira, a manha, o desrespeito, a arrogância, a deselegância, a faca nas costas, a legião de seguidores acríticos, a dependência e o controle do Estado... Pôs-nos uns contra os outros... Desgraçou Portugal!

Rui Lima: A história julgará Costa como o pior governante da história de Portugal , o que fez destruirá Portugal dentro de uma geração quem cá estiver vai sentir em todo o corpo as consequências da sua irresponsabilidade , a destruição do SEF é um crime grave , ter destruído uma polícia fundamental que se reforça em toda a Europa é um gesto trágico para o povo português .              Paulo Almeida: Este caso foi esquecido pela comunicação social. Enoja e tenho vergonha de viver num pais que actua assim, típico de uma ditadura. Nem CS, nem partidos, nem o PR têm uma posição nisto. As democracias plenas vêem-se nestes casos, mais do que nos indicadores de corrupção.

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