De António Barreto, impecável nos seus esclarecimentos dedutivos, que me
apetecia transpor integralmente para o meu blog, na sua análise que, como
habitualmente, merece o nosso orgulho, pela elevação do pensamento, num momento
de profunda sensaboria, se não mesmo preocupação, na movimentação partidária, apontando
para um desfecho causador de mais preocupação, menosprezada, é certo, pela
grande maioria dos pretendentes aos cargos políticos da sua ambição. É um texto
antigo já, de 10 de Fevereiro, saído no Público, e tem por título “PERIGOS,
AMEAÇAS e FANTASMAS”, expondo sobre os diversos partidos e a sua importância
relativa ou desconhecida ainda, reservando para o CHEGA um descritivo que numa
seriedade isenta de caricatura, se nos entranha no espírito, em anuência, como
se já tivéssemos sentido idênticos pontos de vista a respeito de um partido que
se entretém sobretudo a denegrir os mais, de modo altissonante, e sobretudo o
tal PSD de que deseja fazer parte, contribuindo esse estouvamento, de
paupérrima facúndia, para que outros partidos se aproveitem disso, em
marginalização do grupo da direita. Eis alguns parágrafos que transcrevo do
texto magnífico de António Barreto:
«……….O partido Chega, pobre em
doutrina e programa, oportunista e provocador como nunca se tinha visto em Portugal,
beneficiando de arguto sentido da ocasião, é o resultado das deficiências da
democracia. Das dificuldades do Estado providência da democracia contemporânea.
Da partidocracia reinante à esquerda e à direita. Vive no abismo que cresceu
entre os Estados e a União Europeia, por um lado, os cidadãos e as instituições
por outro. Caça e pesca nas águas turvas das comunidades nacionais em crise
causada pela globalização. Nunca se ouviu justificar as suas causas na
liberdade individual ou nos direitos dos cidadãos. Nunca se ouviu fundamentar a
sua acção na democracia. O partido denuncia a democracia, não a enriquece nem
alimenta…………… A democracia sem tom nem som, com preocupação pelas intrigas, é
uma vitamina do Chega. O Chega não é um inimigo externo, não vem de fora da
sociedade, muito menos de fora do país: nasce das falhas e das misérias da
democracia portuguesa. Jornais e televisões colocaram-no no centro do mundo. Os
partidos democráticos fizeram dele o inimigo e a ameaça. Não cessam de a ele se
referir. Talvez se queixem um dia. Mas queixam-se da sua própria obra.»
Um pobre país a perder gradualmente a consciência do seu significado em,
apesar de tudo, valores passados, que o tornaram valioso algum dia. Salvam-se,
sim, estes valores da escrita, como António Barreto
e tantos outros escritores da nossa praça, que vão lançando esplêndidas luzes de
conhecimento em jeito de sabedoria e modéstia, que tanto admiramos, e
perdurarão, de certeza, ainda que o país venha a diluir-se, numa Terra cada vez
mais estraçalhada… Pese embora, talvez, o significado mínimo de tal facto
literário, como consequência do estrago geral terreno.
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