quinta-feira, 21 de março de 2024

Isso, também não sabemos


Nem o sabiam esses das Confissões, entre as quais Santo Agostinho e Rousseau, que neles se abrem ao sentimento pessoal, o segundo chegando mesmo a condenar o excesso do racionalismo clássico, impondo, sem constrangimento de maior, os dados pessoais, sobretudo os de natureza sentimental, mais valiosos do que o rígido discurso da razão e do rigor iluminista anterior. E hoje, a mais recente psicanálise permite até transformar os livros romanescos de cariz pessoal ou inventivo, em enredos maquiavélicos, de dados fisiológicos acompanhando perversamente o pormenor descritivo, sem que ninguém proteste contra a exuberância.

O Dr. Salles deve estar de saco cheio por conta de tanto ruído ocupando a nossa vida actual, de monocórdica explanação infatigavelmente repetitiva, e daí a sua pretensão em aproveitar regradamente a Fé e a Moral para  a coisa política, que exige pudor, esquecido de que a própria Igreja é um repositório de orações para aplicação bem monocordicamente repetitiva, na desconfiança de que Deus não ouça mesmo.

PEDINDO DEVAGAR

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO 19.03.24

Ou

SURDEZ E ALZHEIMER

– sobrenatural dogmático. o inexplicável em que se acredita sem necessidade de explicação;

Moral – conjunto de regras que, ao nível dos princípios, distingue o bem do mal;

Ética – conjunto de regras que, ao nível dos factos, distingue os bons dos maus procedimentos.

* * *

Moral e Ética constituem Códigos de conduta social e, daí, deverem ser divulgados, mas a Fé constitui o cerne da intimidade pelo que exige pudor. Divulgar a fé passa pelo desbragamento da intimidade e, quando isso se faz na pluralidade pública e repetidamente, parece haver «teu dependência» e apetece chamar  à atenção desses crédulos para o facto de serem escusados tantos pedidos, pois Deus não é surdo nem sofre de Alzheimer.     Março de 2024 Henrique Salles da Fonseca

COMENTÁRIOS:

Antonio Fonseca 20.03.202412:42: É raro ter a dita de ler reflexões tão profundas expressas com tanta economia de palavras. Começa-se a ver agora em Portugal (e pela Europa) a presença de um sector militante, sobretudo de Islâmicos, que vociferam a sua presença em lugares públicos. Para estes, "Chamar a atenção" não fará diferença. É necessário que, desde já, as autoridades, tanto autárquicas como a nível nacional, estabeleçam normas do que é permissível e do que é defeso. Estabeleçam e, sobretudo, apliquem-nas. O "Politicamente Correto" é um Cavalo de Tróia. Obrigado Doutor Henrique Salles da Fonseca.


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