Da Ana Margarida. Das suas
férias no Alentejo, onde foi festejar os seus 38 anos. Anos pesados, na ligeireza
amorosa com os seus dois gémeos, Manuel e João, que estão quase a festejar os
seus quatro aninhos, e o Pedrinho, que já vai nos sete, todos meus bisnetos,
com mais o Nuninho da Canta, que anda pelos seis, uma vasta família, como dizia
a minha amiga Órea, quando eu era apenas mãe excelsa de cinco filhos, e ela de
um, o pequeno Lucky. Vidas pesadas, de trabalhos, mas de alegrias sem dúvida, e
o texto que ela colocou no seu blog demonstra bem o amor ultrapassando a
barreira dos trabalhos, amor pela família, amor pelas crianças e as suas brincadeiras,
amor pelos bichinhos de uma natureza criadora, provavelmente anunciando o
recomeçar esvoaçante primaveril, ou a maternidade dos bichinhos monteses, que a
foto expressiva da Ana com um cabritinho ao colo, seguida pelo olhar vigilante
da mãe cabra e do cãozinho acompanhante, acrescenta, em hino festivo de
felicidade, que ela bem descreve no seu texto, a lembrar as músicas que ensina,
nos espaços infantis da sua acção laboral. Uma canção de amor, o texto da Ana,
que recebi no meu gmail, enviado pela sua tia Esmeralda Aleixo. Um texto que
retrata um perfil de amor, no espanto de um mundo causando alegre empatia, ignorados
os desastres, também reais, da inesgotável condição humana:
«ABC
da terra. O sítio onde a roda de crianças não é uma roda, é uma forma
desconhecida e muito variável. Onde há pinos e há rodas. Onde há muita
correria, cavalitas, colo, beijinhos de peixe. Onde há galos verdadeiramente
cantores que, quando ouvem a canção do galo, aparecem para cantar também. Onde
há caracóis para quem cantamos a música do caracol e aranhas para quem cantamos
a música da aranha.
Aqui
a música relaciona-se invariavelmente com o que se passa à sua volta. E por
mais que leve planos, raramente os ponho aqui em prática. Hoje o lençol que
levei para proteger um instrumento musical virou cama e, depois, casulo. Saiu
de lá uma borboleta.
E
fiquei a pensar como é importante estar fora do casulo. É que no meio da semana
atarefada, tenho sempre muito medo de perder a capacidade de ouvir as crianças.
As vezes perco, momentaneamente. E ouvir é a palavra mágica da música. Não se
pode perder palavras mágicas.
Este
fim de semana nasceram por lá duas cabras anãs. Nunca tinha visto tal animal
tão pequenino. Mais um para minha lista de animais esquisitos (e lindos).»
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