Provavelmente não suficiente, num país como este, amigo da brincadeira. Em todo o caso, agradecimentos ao seu autor, JORGE BARRETO XAVIER.
As pernas dos banqueiros alemães
Não tenho as pernas dos banqueiros
alemães, mas quem faz tais ameaças (mesmo dizendo que foi mal interpretado) é
imprevisível. E imprevisibilidade é tudo o que o país não precisa num
primeiro-ministro
JORGE BARRETO XAVIER Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 04
mar. 2024, 00:1633
“Nós temos uma bomba atómica que podemos usar
na cara dos alemães e dos franceses. Ou os senhores se põem finos ou nós não
pagamos a divida. E se o fizermos, as pernas dos banqueiros alemães até tremem.
Estou-me marimbando para o banco alemão que nos emprestou dinheiro nas
condições em que nos emprestou. Estou marimbando-me para que nos chamem
irresponsáveis.” Pedro Nuno Santos, 10 de Dezembro de 2011
O homem que disse estas palavras é
candidato a primeiro-ministro de Portugal.
E isso significa que, desde Mário
Soares, um dos pais da democracia portuguesa, o Partido Socialista está em plano inclinado, sempre a descer de nível. Com António Guterres, tivemos o pântano, Guterres demitiu-se, invocando… a
perda das eleições… autárquicas! Com José Sócrates, tivemos a bancarrota, o Partido Socialista chama a
Troika para Portugal. Com António
Costa, tivemos os casos da Justiça,
António Costa demite-se. Agora, temos
um candidato do Partido Socialista que se afirma fazedor, uma espécie de novo
Fontes Pereira de Melo (fez o quê?). Estamos a falar de um membro do Governo que não reconhece a
autoridade do primeiro-ministro e anuncia, unilateralmente, a localização do
novo Aeroporto de Lisboa. E que, depois de publicamente ser desautorizado pelo
mesmo primeiro-ministro, se mantém alegremente como membro do Governo. O mesmo
membro do Governo que se esquece dos WhatsApp que envia, por vezes relativos a
decisões que são difíceis de esquecer e que mereciam outro procedimento… talvez
um pouco mais formal?
Que personalidade vemos aqui? Não sou
psicólogo, mas alguém que, com todo o ênfase, e enquanto vice-presidente da
bancada parlamentar do Partido Socialista, diz “estou-me marimbando para que nos chamem
irresponsáveis” e que, consistentemente com esta declaração, mais
tarde, enquanto ministro, se
marimba para a autoridade do primeiro-ministro, parece-me, como dizer, um… irresponsável?,
um autoritário que não reconhece compromissos e hierarquias?, um Narciso que
adora ouvir-se e que, no calor do entusiasmo, diz o que lhe vai na alma, ou,
pelo menos, aquilo que a audiência do momento quer ouvir? Bom, mas
não sou psicólogo e, provavelmente, esta interpretação de leigo está muito
longe da… verdade?
Estamos em campanha eleitoral e o Partido Socialista, que, enquanto
Governo de Portugal, foi o maior aliado objectivo do Chega, pela forma como lhe
deu palco através do tratamento que o seu primeiro-ministro e o seu presidente
da Assembleia da República deram a André Ventura, fazendo convergir neste as
atenções da comunicação social (certamente de uma forma inconsciente?), o
Partido Socialista vem agora dizer que a AD se quer aliar com o Chega?
Estamos a falar do mesmo Partido Socialista que nunca disse aos Portugueses que
se ia aliar com a Extrema Esquerda e que, depois de perder as eleições em 2015,
fez essa aliança?
Não, estamos a falar de um outro Partido
Socialista, agora revigorado, com um novo rosto.
Queremos este “fazedor” como primeiro-ministro?
Ou será que nos estamos a marimbar?
Não tenho as pernas dos banqueiros
alemães, mas quem faz ameaças entusiasmadas deste calibre – por mais que,
depois, diga que foi mal interpretado – é imprevisível.
E imprevisibilidade é tudo o que um país
não precisa num primeiro-ministro.
Os Portugueses têm a palavra.
LEGISLATIVAS
2024 ELEIÇÕES
LEGISLATIVAS POLÍTICA PEDRO NUNO
SANTOS
COMENTÁRIOS (de 33)
José B Dias: No que me concerne tenho a
bomba atómica: não voto no PS, já lhes sinto as pernas a tremer e estou-me
marimbando para o PNS! Df: PNS é inapresentável como primeiro-ministro. Um
irresponsável assumido, sem as condições mínimas para o cargo. Eduardo Cunha: Mas o ps sempre foi, é, e será isto. Não me lembro de algum dia o ps
ter apresentado um único ministro capaz em qq área. e o centeno? O Centeno foi
uma história da carochinha. Mexeu se bem, tratou da vida dele. Cativou tudo o
que pôde. Daí a boa figura. Agora é governador da instituição mais inútil que o
país tem (depois do tribunal constitucional). Tristão: Exactamente, isso é. Já agora
acrescento o argumento do Paulo Portas que achei delicioso: ora o próprio
António Costa não confia em PNS pois quando quis ser substituído no cargo de
primeiro-ministro nomeou vários nomes mas não o do PNS. 😎 Luis Oliveira: Pns é só mais um clássico
menino do papá rico. Nunca fez nada de útil na vida, o que sabe fazer é
destrocar notas, é o que tem feito na política… António Cerveira Pinto: A auto-desqualificação do PS
como alternativa democrática tem vindo a destruir o próprio PS desde o tempo em
que Guterres descobriu o pântano. Isto é verdade, independentemente das
aparências contrárias, por exemplo, das que resultam das maiorias absolutas
recentes, mas inúteis, do Partido Socialista, ou do modo como este partido
tem vindo a canibalizar o Estado e a sociedade, como se pretendesse uma espécie
de nova ditadura, mas com cobertura democrática eleitoral. Em suma, a
deriva populista do partido fundado, entre outros, por Mário Soares, é clara.
Só não vê esta evidência quem não quiser, ou estiver na fila de pagamentos
socialistas. Vale, pois, a pena ler este artigo do Jorge Barreto Xavier para
não votar em Pedro Nuno Santos. João Floriano: Este aspirante a PM de quem já
se traçou o perfil psicológico que não é de modo o melhor para assumir um cargo
de enorme responsabilidade, tem sido muito poupado pela CS e até pelos seus
adversários políticos que pouco ou nada o têm confrontado com as suas gaffes,
desde logo a referente aos banqueiros alemães. A expressão «estou-me
marimbando» é muito popular no PS. Ferro Rodrigues marimbava-se ( o
termo é outro mais popular) para o segredo de justiça, PNS marimbava-se para a
dívida e para os credores, quando agora é precisamente o oposto e não há
discurso em que não se fale das virtudes das contas certas, mesmo que sejam
conseguidas à custa do bem estar nacional, ACosta marimbava-se constantemente
nos interesses nacionais em detrimento dos seus interesses pessoais e
partidários, marimbou-se nas reformas estruturais, no progresso, no respeito
pela oposição. O lema do PS devia ser «Marimbando e Andando» e em vez do
clássico punho erguido devia ser um grande manguito para o povo português. Fernando Prata: PNS, um adulto com 46 anos
vividos e cabeça de um miúdo de 16. Consegue ser muito pior do que o Costa, o
que é muito difícil!
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